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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ

UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR

Centro de Ciências da Saúde – CCS

Curso de Odontologia

Saúde bucal de crianças com deficiências visuais

Joyce Alves Marques – Matrícula: 1121707/9

Fortaleza, CE

Outubro, 2012
Joyce Alves Marques

Saúde bucal de crianças com deficiências visuais

Artigo apresentado como requisito para obtenção de

nota parcial, na disciplina Metodologia do Trabalho

Científico, do Curso de Odontologia do Centro de

Ciências da Saúde da Universidade de Fortaleza.

Orientadora: Profa. Tutora Simone

Fortaleza, CE

Outubro, 2012
Saúde bucal de crianças com deficiências visuais

Joyce Alves Marques1

RESUMO

Alguns pacientes com deficiências possuem um grande empecilho, a falta ou deficiência da visão.
Isso exige uma série de tratamentos diferenciados e um modo alternativo de educação a respeito da
saúde bucal desses pacientes. Como metodologia, utilizou-se a pesquisa bibliográfica, com finalidade de
identificar as atividades lúdico-pedagógicas adaptadas a pacientes com deficiências visuais, observar
a eficácia das mesmas e buscar modos alternativos de aprimorar as técnicas já utilizadas por alguns
dentistas. Essas atividades tem por finalidade proporcionar aos pacientes um maior conhecimento da
cavidade bucal e as técnicas corretas de higienização. Esse artigo tem como base algumas teorias
abordadas por Aida Sabbagh Haddad em seu livro intitulado de “Odontologia para Pacientes com
Necessidades Especiais” e Dawn Brown em sua tese sobre o estudo observacional de cuidados de
higiene oral em pacientes com deficiências visuais. Com esse estudo conclui-se que as atividades
lúdico-pedagógicas resultaram em uma melhora significativa da condição de saúde bucal desses
pacientes, porém poderiam ter sido obtidos melhores resultados caso houvesse uma motivação
continuada.

Palavras-Chave: Saúde bucal. Atividades lúdico-pedagógicas. Deficiência visual. Atividades

educativas.

A deficiência visual não é caracterizada exclusivamente pela ausência total da

visão, mas também pela redução irreversível da capacidade visual. A acuidade

visual será o fator determinante na classificação em cegos ou baixa visão (HADDAD,

2007; SANTOS, 2008 apud COSTA et al. 2010).

Na cegueira há total perda da visão. Já na baixa visão, os portadores

conseguem ler apenas textos com a fonte ampliada ou com o uso de recursos

ópticos especiais. De acordo com os critérios da OMS (Organização Mundial da

1
Acadêmica do curso de Odontologia da Universidade de Fortaleza – UNIFOR. E-mail:
marquesjoyce@yahoo.com.br

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Saúde), essa classificação deve ser realizada baseada no olho que apresente a

melhor correção óptica.

A baixa visão, ou visão subnormal, depende da variedade e intensidade das

funções que são comprometidas, por isso sua definição é complexa. A percepção de

luz e a redução da acuidade visual e do campo visual atrapalham e dificultam o

desempenho das atividades executadas pelo portador da deficiência.

A cegueira e baixa visão apresentam diversas causas, algumas tratáveis,

como o glaucoma, rubéola, sarampo, catarata, retinopatia da prematuridade, entre

outros. A retinopatia da prematuridade é uma das principais causas da cegueira

infantil. Ela consiste na vascularização inadequada da retina e ocorre em recém-

nascidos prematuros.

Devido à deficiência da visão, essas pessoas costumam recorrer a outros

sentidos, como o olfato, a audição e o tato, que acabam tornando-se mais aguçados

(SÁ et al. p. 15).

Devido à necessidade adaptação das técnicas de ensino que explorem os

outros sentidos, a saúde bucal relacionada a deficientes visuais tem sido

negligenciada por diversos profissionais da área da saúde. Não é possível utilizar as

técnicas usuais às crianças com essa deficiência, pois há uma utilização em

abundância de diversos elementos visuais. Portanto, faz-se necessário uma

adaptação dessas técnicas, priorizando o tato por exemplo.

Estudos apontam que crianças com deficiências visuais apresentam uma

saúde bucal mais precária que as crianças que não possuem essa deficiência.

Muitas vezes isso é resultante da falta de preparo tanto por parte dos pais, ou

cuidadores, quanto dos profissionais da área da saúde.

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Em algumas escolas foram aplicadas essas técnicas adaptadas a crianças

com deficiências visuais a fim de explicar a respeito da saúde bucal e da correta

higienização da cavidade oral.

Inicialmente foram realizados exames epidemiológicos para averiguar o

estado da saúde bucal desses pacientes. Realizou-se uma sondagem, para verificar

o Índice de Sangramento Gengival (ISG) e o Índice de Placa (IP). Em seguida, foram

aplicadas atividades educativas adaptadas, a fim de instruir esses pacientes a

respeito da cavidade bucal e sua correta higienização.

Dentre os materiais lúdico-pedagógicos adaptados à esses paciente, foram

utilizados macromodelos, figuras com diversas texturas e alto-relevo e legenda em

braile.

Em cada semana foi realizada uma atividade utilizando atividades lúdico-

pedagógicas e abordando assuntos diferentes.

Fonte: (COSTA et al. 2010)

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Após o término das atividades, realizou-se novos exames clínicos, um após

um período de trinta dias do término das atividades educativas e outro noventa dias

após a primeira intervenção. Esses foram realizados com condutas idênticas às

anteriores.

Quando comparados os valores obtidos nos três exames, pôde-se observar

que o (...) índice de IP reduziu à metade (50%) após a intervenção e

apresentou um leve aumento após 90 dias. Isto mostra que a falta de

continuidade da estratégia impossibilitou que se mantivesse a condição

obtida logo após intervenção (...). Antes da intervenção cinco crianças

apresentaram sangramento gengival, após 30 dias nenhuma criança

apresentou sangramento e após 90 dias quatro crianças voltaram a

apresentar (COSTA et al. 2010, p.3).

Um questionamento levantado foi a respeito de como esses pacientes com

deficiências visuais sabem se a cavidade bucal foi higienizada corretamente, sem a

permanência de resíduos. Muitos relataram que essa percepção se dá através do

tato com as mãos ou com a língua.

Eles também foram indagados sobre a correta higienização da cavidade oral

e a sua importância. Muitos possuem esses conhecimentos, porém apenas alguns

põem em prática muitas vezes devido à falta de auxílio ou desinteresse da família.

Após a análise detalhada desses dados, pode-se concluir que os resultados

foram efetivos, porém há modos de melhorá-los. Caso tivesse sido prolongada essa

intervenção educativa, poderia ter sido obtido melhores resultados a longo prazo,

pois alguns pacientes necessitam de uma motivação contínua e duradoura para a

obtenção de resultados mais efetivos.

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REFERÊNCIAS

BROWN, Dawn. An observational study of oral hygiene care for visually

impaired children. BDS Dental Elective; Scotland, UK; 2008.

COSTA, Francine dos Santos et al. Efetividade de uma estratégia educacional

em saúde bucal aplicada a crianças deficientes visuais. Rio Grande do Sul:

Pelotas; 2010.

GIL, Marta (org.). Deficiência visual – Brasília: MEC. Secretaria de Educação a

Distância, 2000. p 6-9.

HADDAD, Aida Sabbagh. Deficiências Sensoriais e de Comunicação. In:

HADDAD, Aida Sabbagh. Odontologia para Pacientes com Necessidades

Especiais. São Paulo: Santos; 2007. p 253-261.

PREFEITURA do Município Londrina. Autarquia Municipal de Saúde. Manual de

saúde bucal. 1. ed. Londrina, PR: [s.n], 2009.

SÁ, Elizabet Dias de et al. Atendimento educacional especializado em

deficiência visual. Distrito Federal: Brasília; 2007. p. 15-17.

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