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Escola sem partido e a

“ideologia de gênero”
2º Seminário Internacional Gêneros, Sexualidades e Educação na Ordem do Dia – Interseccionalidades em (Re)Existências
1º Encontro Internacional dos Grupos de Pesquisas em Educação, Gêneros e Sexualidades.

Amanda Mendonça – amandademendonca@gmail.com


Fernanda Moura – fernandapmoura@gmail.com
ESTRUTURA DO CURSO
1. Apresentação do Escola Sem Partido: movimento,
programa e Projetos de Lei;

2. “ideologia de gênero”: chave para mobilizar novos setores;

3. Exposição da conexão entre Escola sem partido e


“ideologia de gênero”

4. O ódio aos professores e a judicialização da educação;

5. Cenário atual – limites e possibilidades.


O ESCOLA SEM PARTIDO

Programa

to
Movimen
MOVIMENTO ESCOLA SEM PARTIDO

(INSERIR IMAGEM E/OU TEXTO)


APRESENTAÇÃO
TRECHOS EXTRAÍDOS DA PÁGINA DO MOVIMENTO ESCOLA SEM PARTIDO

Numa sociedade livre, as escolas deveriam funcionar como centros de produção e


difusão do conhecimento, abertos às mais diversas perspectivas de investigação e
capazes, por isso, de refletir, com neutralidade e equilíbrio, os infinitos matizes da
realidade.

No Brasil, entretanto, a despeito da mais ampla liberdade, boa parte das escolas, tanto
públicas, como particulares, lamentavelmente já não cumpre esse papel. Vítimas do
assédio de grupos e correntes políticas e ideológicas com pretensões claramente
hegemônicas, essas escolas se transformaram em meras caixas de ressonância das
doutrinas e das agendas desses grupos e dessas correntes.

A imensa maioria dos educadores e das autoridades, quando não promove ou apoia a
doutrinação, ignora culposamente o problema ou se recusa a admiti-lo, por cumplicidade,
conveniência ou covardia.
QUEM SÃO
TRECHOS EXTRAÍDOS DA PÁGINA DO MOVIMENTO ESCOLA SEM PARTIDO

Escola Sem Partido, é uma iniciativa conjunta de estudantes e pais preocupados com o grau
de contaminação político-ideológica das escolas brasileiras, em todos os níveis: do ensino
básico ao superior. A pretexto de transmitir aos alunos uma “visão crítica” da realidade,
um exército organizado de militantes travestidos de professores abusa da liberdade de
cátedra e se aproveita do segredo das salas de aula para impingir-lhes a sua própria visão
de mundo.

Como membros da comunidade escolar – pais, alunos, educadores, contribuintes e


consumidores de serviços educacionais –, não podemos aceitar esta situação.

Entretanto, nossas tentativas de combatê-la por meios convencionais sempre esbarraram


na dificuldade de provar os fatos e na incontornável recusa de nossos educadores e
empresários do ensino em admitir a existência do problema.
TRECHOS EXTRAÍDOS DA PÁGINA DO MOVIMENTO ESCOLA SEM PARTIDO

Sabemos que o conhecimento é vulnerável à contaminação ideológica e que o ideal da


perfeita neutralidade e objetividade é inatingível. Mas sabemos também que, como todo
ideal, ele pode ser perseguido. Por isso, sustentamos que todo professor tem o dever
ético e profissional de se esforçar para alcançar esse ideal.

Além disso, pretendemos:

• apoiar iniciativas de estudantes e pais destinadas a combater a doutrinação ideológica,


seja qual for a sua coloração;

• orientar o comportamento de estudantes e pais quanto à melhor maneira de enfrentar


o problema;

• oferecer à comunidade escolar e ao público em geral análises críticas de bibliografias,


livros didáticos e conteúdos programáticos;

• promover o debate e ampliar o nível de conhecimento do público sobre os limites


éticos e jurídicos da atividade docente.
O PROGRAMA
Por uma lei contra o abuso da liberdade de ensinar.
TRECHOS EXTRAÍDOS DA PÁGINA DO MOVIMENTO ESCOLA SEM PARTIDO
A doutrinação política e ideológica em sala de aula ofende a liberdade de consciência do
estudante; afronta o princípio da neutralidade política e ideológica do Estado; e ameaça o próprio
regime democrático, na medida em que instrumentaliza o sistema de ensino com o objetivo de
desequilibrar o jogo político em favor de um dos competidores.

Por outro lado, a exposição, em disciplina obrigatória, de conteúdos que possam estar em
conflito com as convicções morais dos estudantes ou de seus pais, viola o art. 12 da
Convenção Americana sobre Direitos Humanos, segundo o qual “os pais têm direito a que
seus filhos recebam a educação religiosa e moral que esteja de acordo com suas próprias
convicções.”

Essas práticas, todavia, apesar de sua manifesta inconstitucionalidade e ilegalidade,


tomaram conta do sistema de ensino. A pretexto de “construir uma sociedade mais justa” ou
de “combater o preconceito”, professores de todos os níveis vêm utilizando o tempo precioso
de suas aulas para “fazer a cabeça” dos alunos sobre questões de natureza político-
partidária, ideológica e moral.
Escola sem Partido: filhote da nova direita
Eis que surge uma nova combinação:

empresariado

nova direita

setores conservadores

grupos religiosos
“Ideologia de gênero”
• expressão, assim como a notoriedade do tema, adquiriu grande visibilidade social e política após a tramitação do Plano Nacional de Educação –
PNE, aprovado em 2014.

• Defendem que a identidade é definida a partir do nascimento, sexualidade como fruto da natureza humana e tem como argumento central a
preservação da família.

• Gênero, orientação sexual e identidade de gênero são palavras que você, certamente, já escutou onde esperaria encontrar o termo masculino e
feminino. Mas cuidado, porque novos termos no linguajar social podem tentar esconder uma ideologia que visa desconstruir o modelo de família
e sociedade como a conhecemos hoje. (CANÇÃO NOVA, 2014)
O Plano Nacional de Educação
Abril de 2010 – Conferência Nacional de Educação (CONAE) - preparação da proposta do plano.
Novembro de 2010 – Executivo apresenta o plano já bem diferente do inicia
Dezembro de 2010 – O plano chega à câmara.
Março de 2011 – Criada uma comissão especial para o plano composta pela comissão de educação,
cultura, direitos humanos e minorias, seguridade social e família e finanças e tributação.
Outubro de 2012 – Projeto segue para o senado, começa a ser analisado em novembro.
Dezembro de 2013 – O PNE é aprovado no senado e retorna a câmara.
Fevereiro de 2014 – Suas alterações começam a ser analisadas.
Junho do 2014 – O plano é aprovado.

O PNE recebe mais de 3 mil emendas. Número recorde para um projeto de lei.
- A retirada do Gênero do texto
final.

- Lobby da “bancada da bíblia”:


liderado pelos deputados/pastores
Marco Feliciano (PSC-SP), Marcos
Rogério (PDT-RO) e Pastor Eurico
(PSB-PE).

- Entendimento da CNBB de que “a


introdução dessa ideologia na
prática pedagógica das escolas
trará consequências desastrosas
para a vida das crianças e das
famílias”.
O PÂNICO MORAL

É um conceito de sociologia
cunhado por Stanley Cohen, em
1972, para definir a reação de um
grupo de pessoas baseada na
percepção falsa ou empolada de
que o comportamento de um
determinado grupo, normalmente
uma minoria ou uma subcultura, é
perigoso e representa uma
ameaça para a sociedade no seu
todo.
Uso do nome social Social
• PARECER CNE/CP Nº: 14/2017
• Art. 2o Fica instituída, por meio da presente Resolução, a
possibilidade de uso do nome social de travestis e transexuais nos
registros escolares da educação básica.
• Art. 3 Alunos maiores de 18 anos podem solicitar o uso do nome
social durante a matrícula ou a qualquer momento sem a
necessidade de mediação.
• Art. 4 Alunos menores de 18 anos podem solicitar o uso do nome
social durante a matrícula ou a qualquer momento, por meio de seus
representantes legais, em conformidade com o disposto no artigo
1.690 do Código Civil e no Estatuto da Criança e do Adolescente.
Uso do nome social Social

Experiência do CP2:
• Embora a Portaria Nº 2449 não especifique, o reconhecimento à identidade social de
gênero é destinado aos estudantes adultos e adolescentes, conforme estabelece o artigo 8º
da Resolução Nº 12, de 16 de janeiro de 2015, CNCD/LGBT. Pelo Estatuto da Criança e
do Adolescente (ECA), adolescente é aquele que tem idade entre 12 e 18 anos (Art. 2º,
Lei Nº 8069/90). Portanto, o reconhecimento social de gênero dos estudantes com idade
menor do que 12 anos só poderá ser demandado por seus responsáveis legais;
Banheiro
A resolução não tem força de lei, mas é
Resolução do Conselho Nacional
uma recomendação para que as
de Combate à Discriminação e
instituições de educação adotem
Promoção dos Direitos de
práticas para respeitar os direitos de
Lésbicas, Gays, Bissexuais,
estudantes transgêneros. "Ainda não
Travestis e Transexuais
existe no Congresso Nacional um
(CNCD/LGBT) órgão vinculado
marco regulatório que que dialogue
à Secretaria de Direitos Humanos
com anseios da população LGBT"
da Presidência da República
publicada na quinta-feira (12) no
"Diário Oficial da União".
Linguagem Neutra
or es
fe s s
p o
r ra o
a os n t
di o a c o
o ó o arm a
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P T /
REVISTA VEJA
DE 2008
JUDICIALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO
Um cenário com muitos limites...

Mas com algumas possibilidades....


3 DIMENSÕES DA EDUCAÇÃO: DE QUEM É O DEVER DE EDUCAR:

1) Formação da Pessoa Humana 1) Estado


2) Formação do Cidadão 2) Família
3) Formação do Trabalhador 3) Colaboração da Sociedade
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE

Trata-se de três ações diretas de inconstitucionalidade – ADI 5537, ADI 5580 e


ADI 6038 – propostas pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em
Estabelecimento de Ensino – CONTEE; pela Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Educação – CNTE; e pelo Partido Democrático Trabalhista
– PDT, respectivamente, em que se pleiteia a declaração da
inconstitucionalidade da Lei 7.800, de 05 de maio de 2016, do Estado de
Alagoas. A referida norma fundou, no sistema educacional de âmbito estadual,
o programa Escola Livre [...]” (Barroso, 2020)
TESES FIRMADAS PELO STF
Liberdade constitucional de ensinar
pensamento crítico, instrumento de emancipação, ampliar universo
informacional e não reduzir conteúdos políticos ou filosóficos
Ambiente hostil, ameaçador para o docente
Liberdade de expressão X Liberdade acadêmica: direitos distintos,
finalidades distintas; não estão sujeitos aos mesmos limites
Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas
A ideia de neutralidade política e ideológica da lei estadual é antagônica à de
proteção ao pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas e à promoção
da tolerância, tal como previstas na Lei de Diretrizes e Bases
TESES FIRMADAS PELO STF

Concepção de neutralidade altamente questionável

“Se todos somos – (...) – produto das nossas vivências pessoais, quem poderá
proclamar sua visão de mundo plenamente neutra?” (p. 16, Barroso, 2020)

Liberdade constitucional de aprender ⇨ Educando como sujeito de direito


Direito fundamental ao conhecimento
O ser humano não é uma “folha em branco”
Pais não podem limitar o universo informacional de seus filhos ⇨ Educação: dever
do Estado e da família
Educação
• Brasil em
contaDireitos Humanos
com programas e planos elaborados ao longo dos anos 2000,
tais como o o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos
(PNEDH) de 2008, Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH) –
PNDH3, as Diretrizes Nacionais Curriculares para a Educação em
Direitos Humanos do Conselho Nacional de Educação (CNE) de 2012 e
o Plano Nacional de Educação (PNE) de 2014 a 2024.
• Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH) – PNDH3
Decreto nº 7.037, de 21 de Dezembro de 2009
Educação em Direitos Humanos
Atualizado pelo Decreto nº 7.177, de 12 de maio de 2010
Art. 7o Ficam revogadas as ações programáticas “c” do Objetivo Estratégico VI - Respeito às
diferentes crenças, liberdade de culto e garantia da laicidade do Estado – da Diretriz 10: Garantia
da igualdade na diversidade; e “d” do Objetivo Estratégico I – Promover o respeito aos Direitos
Humanos nos meios de comunicação e o cumprimento de seu papel na promoção da cultura em
Direitos Humanos – da Diretriz 22: Garantia do direito à comunicação democrática e ao acesso à
informação para consolidação de uma cultura em Diretos Humanos, do Anexo do Decreto no 7.037,
de 21 de dezembro de 2009.
Formação de Professores
• Nas palavras de Paulo Freire “A prática
preconceituosa de raça, de classe, de gênero ofende a
subjetividade do ser humano e nega radicalmente a
democracia” (2011, p. 36).

• Assim, promover uma educação que afirme os


Direitos Humanos e o respeito a diversidade,
combatendo o racismo, a homofobia e as mais
diversas formas de opressão, é atuar em prol da
democracia.

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