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Introdução:
“A antropologia visual não é apenas um lugar de produção com e por imagem e som,
ela leva em conta os processos dessa produção no interior de uma reflexão
epistemológica sobre o próprio desenvolvimento da disciplina. Enfim, ela se questiona
sobre as imagens produzidas, externamente a um projeto que participe
deliberadamente da sua área, em lugares e tempos específicos, imagens
eventualmente pertinentes como dados para análise de uma situação particular e/ou
significativos para uma interpretação de modos de abordagem de uma formação
social.” P.20
“Formulações filosóficas do séc. XIX, para além de contradições entre seus autores,
exprimem uma mesma preocupação de abarcar e de compreender o mundo como
totalidade”p.25
“Há , no decorrer do séc. XIX, uma tentativa de colecionar e apreender o mundo, para
reduzir sua aparente diversidade a uma ordem única de classificação mais ou menos
dominadas pela ideia-força do evolucionismo [...] de todo modo, e sem dúvida
desencandeada pelo expansionismo unificador de tempo, uma espécie de obsessão
inventarial anima os pioneiros do cinema e da etnografia: ela se articula no modelo das
ciências naturais e apoia seu projeto de apreensão totalitária do mundo na afinação de
técnicas instrumentais produzidas graças, sobretudo ao desenvolvimento da química,
da óptica e da mecânica.” P27
Desde o inicio o cinema busca abarcar o que é o objeto da etnologia: as práticas do ser
humano nas relações que ele estabelece e enuncia com seus semelhantes e com o
ambiente que o situa e do qual dispõe. P 31
“Sugiro de boa vontade que ela tome como ponto de partida a pertinente e
aparentemente misteriosa observação de Pier Paolo Pasolini: ‘a vida inteira, no
conjunto de duas ações, é um cinema natural e vivo: nisso, ela é linguisticamente o
equivalente da língua oral em sue momento natural ou biológico’. A capacidade de a
ação cinematográfica (digamos antes, em sentido lato, audiovisual) produzir a
realidade e não apenas transcrever, traduzir ou reproduzir a realidade do real, é posta
como uma possibilidade de uma linguagem, no sentido da linguística, isto é, como
sistema geral, e não na banalidade instrumental de um meio de expressão. [...] essa
produção de realidade é ainda apenas uma aproximação: há com efeito em nossa
cultura marcada pelo racionalismo cientifico a tentação de definis os objetos em vez
de avançar na elucidação de uma intenção, no esclarecimento de uma conduta, na
identificação de orientações e na aplicação de processos relacionais e dialógicos. O
cinema eu nos concerne inventa, como dizia justamente Jean Epstein há já cinquenta
anos, uma imagem plausível do Universo.”p 33