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PROCESSOS
EDUCACIONAIS
NÃO ESCOLARES
Introdução
Nossa vida é repleta de experiências de aprendizagem que vão sendo
tecidas por meio da nossa participação nos grupos sociais a nossa volta.
Nessas experiências, vamos nos apropriando dos elementos da cultura
que são produzidos e reforçados nos contextos nos quais estamos in-
seridos. Assim, temos à disposição uma riqueza de oportunidades de
obter conhecimentos de todos os tipos ao longo da vida. Muitas dessas
oportunidades ocorrem nos espaços da educação não formal, propostos
por organizações empresariais, sociais e públicas, com os mais variados
objetivos. Esses espaços nos preparam para aspectos diversos que a
nossa trajetória exige, contribuindo para a formação da nossa identidade.
Neste capítulo, você vai conhecer os múltiplos sentidos envolvidos na
educação não formal, percebendo como o conhecimento é produzido
de forma coletiva nesses espaços e analisando exemplos de práticas
educativas que ocorrem neles.
demais seres que o cercam. Assim, a curiosidade por aprender e a busca pelo
conhecimento passam a fazer parte da nossa existência já desde a nossa mais
tenra infância.
O filósofo e poeta Rubem Alves (2002, documento on-line) descreveu o nosso
anseio por aprender com as seguintes palavras: “[...] o corpo aprende para viver.
É isso que dá sentido ao conhecimento. O que se aprende são ferramentas, pos-
sibilidades de poder. O corpo não aprende por aprender. Aprender por aprender
é estupidez”. Nesse sentido, de forma simples e objetiva, buscamos aprender e
ter conhecimento sobre as coisas com uma intencionalidade prática, com um
objetivo em mente, que possa nos trazer algo e nos torne capaz para alguma coisa.
Como seres incompletos em termos de conhecimentos, sempre estamos em
busca de novos ensinamentos e aprendizagens úteis para aquilo que projetamos
e necessitamos em nossas vidas. Isso pode ser realizado a partir da educação
não formal, uma vez que ela “[...] designa um conjunto de práticas socioculturais
de aprendizagem e produção de saberes, que envolve organizações/institui-
ções, atividades, meios e formas variadas, assim como uma multiplicidade de
programas e projetos sociais” (GOHN, 2014, documento on-line).
O homem anseia por aprender tanto para participar dos grupos sociais em
que se insere quanto para tornar-se autônomo e independente. Dessa forma,
muitos são os espaços onde essa busca pelo conhecimento vai ocorrer, para
além dos muros escolares. Conforme destaca Gadotti (2005, p. 48), “[...] todo
ser vivo aprende na interação com o seu contexto: aprendizagem é relação com
o contexto. Quem dá significado ao que aprendemos é o contexto”. Assim,
podemos extrair importantes informações sobre o processo de aprendizagem
do ser humano: ela se dá na interação com outros seres. Nesse processo, o meio
e as condições sociais, políticas, econômicas, históricas e culturais também
são determinantes e, portanto, devem ser considerados.
Outro ponto importante da constituição da nossa humanidade é o uso
da racionalidade e da capacidade de pensarmos, buscando alternativas para
superarmos as nossas deficiências e aperfeiçoarmos as habilidades que ne-
cessitamos para viver. Cortella (2005, p. 40), ao confrontar a racionalidade
com a sua necessária ação, acrescenta:
natureza integracionista;
caráter emancipatório;
natureza transformadora;
finalidade política/participativa;
natureza contextual.
A educação não formal é aquela que se aprende "no mundo da vida", via os
processos de compartilhamento de experiências, principalmente em espaços e
ações coletivas cotidianas. Nossa concepção de educação não formal articula-
-se ao campo da educação cidadã — a qual no contexto escolar pressupõe a
democratização da gestão e do acesso à escola, assim como a democratização
do conhecimento. Na educação não formal, essa educação volta-se para a
formação de cidadãos(ãs) livres, emancipados, portadores de um leque diver-
sificado de direitos, assim como de deveres para com o(s) outro(s).
Perceba que há ações da educação não formal em locais e espaços que nem imaginamos.
Ao realizar o serviço militar obrigatório, por exemplo, os jovens de 18 anos, quando
selecionados, ingressam nas Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) e ali
permanecem por no mínimo 10 meses, aprendendo sobre os ofícios que assumiriam em
caso de combate na defesa da Nação. Nesses espaços, os jovens terão todo um aparato
de instruções militares e de outras questões para as suas vidas futuras, o que também
acaba contribuindo, em muitos casos, para a sua formação e constituição como adultos.
Educação não formal 5
Forma de
Tipo de Base do O que valida o Quem transmite
aquisição do
conhecimento conhecimento conhecimento? o conhecimento?
conhecimento
(Continua)
6 Educação não formal
(Continuação)
Forma de
Tipo de Base do O que valida o Quem transmite
aquisição do
conhecimento conhecimento conhecimento? o conhecimento?
conhecimento
mudança;
comunicação;
compartilhamento;
práticas;
integração;
adaptação;
competição;
cultura.
O Movimento pela Base é um grupo não governamental que, desde 2013, reúne
entidades, organizações e pessoas físicas, de diversos setores educacionais, que
têm em comum a causa da Base Nacional Comum Curricular. O Movimento pela
Base acredita que a BNCC, assim como outras políticas públicas e estratégias, é
essencial para melhorar a equidade e a qualidade da Educação do país. O papel do
Movimento pela Base é gerar insumos e evidências para qualificar o debate público
sobre a causa, observar a qualidade dos processos de construção e implementação
do documento, participar dos momentos coletivos de construção desta e de outras
políticas correlatas, por meio de leituras críticas, audiências e consultas públicas,
zelar pela qualidade e disseminar materiais e informações que apoiem redes e
escolas a concretizarem a implementação com foco na aprendizagem dos alunos.
Perceba que esse “movimento” apresenta ações intencionais e pedagógicas não
formais que educam sobre os aspectos curriculares, dando suporte a várias
organizações, incluindo a escola.
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ALVES, R. Sobre moluscos e homens. Folha de São Paulo, fev. 2002. Disponível em: ht-
tps://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1702200208.htm. Acesso em: 19 nov. 2019.
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Leitura recomendada
CHILDFUND BRASIL. Apadrinhar uma criança transforma o mundo. Belo Horizonte: [S.
n.], 2019. Disponível em: https://www.childfundbrasil.org.br/contato/. Acesso em: 19
nov. 2019.
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