Você está na página 1de 12

Formando

cidadãos
em Direitos
Humanos
Em um de seus preâmbulos, a Declaração Universal dos Direitos Humanos
(DUDH) afirma que todo indivíduo e todo órgão da sociedade deve se esforçar, por
meio do ensino e da educação, em promover o respeito aos direitos e às liberdades
por ela definidos.

Sob essa perspectiva, qual é o primeiro lugar onde ouvimos, com propriedade,
sobre o direito ao voto, o direito de ser tratado com dignidade e de praticar nossas
escolhas pessoais ou mesmo sobre a história da conquista desses direitos e os deveres
que os acompanham? A resposta é: na escola (ao menos, deveria ser nela)!

A educação em direitos humanos é, por si só, um direito humano fundamental


e que deve ser praticado desde tenra idade. Só assim seremos capazes de formar
cidadãos que pensem no bem coletivo. Afinal, como as pessoas podem usar e defender
os Direitos Humanos se nunca souberem exatamente do que isso se trata?

Por mais que alguns deles pareçam óbvios, há outros que podem ser nebulosos,
principalmente para quem está em fase de formação, como é o caso das crianças
e dos adolescentes.

Direitos Humanos:
o que são?
Ao longo da História, cada sociedade criou e desenvolveu sistemas
para garantir a conciliação de seus membros. Parte dos esforços envolveu a limitação
de direitos e deveres de seus cidadãos. Contudo, foi só em 1948 que as nações se
reuniram e concordaram com um código de direitos obrigatórios e universais, ou seja,
a DUDH.

A partir dela e com o tempo, outros documentos com a mesma proposta


foram acordados, incluindo o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990).

2
Os Direitos Humanos refletem desde as necessidades humanas básicas, como o
direito à vida, à família, a uma casa, à comida, à educação e ao trabalho, até conceitos
menos substanciais e que costumam ser esquecidos, como o direito à cultura, ao lazer,
à igualdade, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à justiça. São eles que estabelecem
os padrões básicos, os direitos mínimos para viver uma vida digna.

É bom lembrar que os Direitos Humanos são igualmente importantes,


complementares e universais. Isso significa que são os mesmos para todos os seres
humanos em todos os países do mundo. Também são inalienáveis, indivisíveis e
interdependentes, não podendo ser revogados jamais.

O que é a
Educação em
Direitos Humanos?
Em 1993, na Conferência Mundial sobre Direitos Humanos, declarou-se que
a Educação em Direitos Humanos é essencial para promover e realizar relações
estáveis e
​​ harmoniosas entre as comunidades, assim como para fomentar a
compreensão mútua, a tolerância e a paz.

Um ano depois, em 1994, a Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU)


estipulou a Década das Nações Unidas para a Educação em Direitos Humanos,
que foi de 1995 até 2004, solicitando a todos os Estados-membros da ONU que
se responsabilizassem por promover a construção de uma cultura universal
de Direitos Humanos.

Em 2004, mais um passo foi dado, e a AGNU instituiu o Relatório de Avaliação


Nacional sobre a Implementação da Terceira Fase do Programa Mundial para
Educação em Direitos Humanos. O Brasil participou dessa fase entre 2015 e 2019,
implementando ações na Educação Básica e no Ensino Superior, inclusive na formação
de professores, educadores e servidores públicos.

Exemplos de ações nascidas daí são o Pacto Universitário, a Revista Científica


de Direitos Humanos, o Programa Nacional de Educação Continuada em Direitos
Humanos e o lançamento da Cartilha Aristeu Guida da Silva — Proteção dos
Direitos Humanos de Jornalistas e de Outros Comunicadores e Comunicadoras.

O relatório pode ser consultado na íntegra aqui.

3
A partir desse histórico, fica mais fácil definir o que é a Educação para os Direitos
Humanos e quais são seus objetivos: trata-se da formação e sensibilização por
informações, práticas e atividades as quais visam munir os estudantes de conhecimen-
tos e competências que os preparem para desenvolver pensamentos, ideias, atitudes e
comportamentos dentro de uma estrutura de aprendizagem participativa e interativa.
Assim, eles se tornarão cidadãos autônomos e críticos, sendo capazes de atuar na
construção e defesa de uma cultura universal de Direitos Humanos.

Importante ressaltar que este deve ser um processo participativo, que


apresente conjuntos de atividades de aprendizagem deliberadamente concebidos
para os conhecimentos de Direitos Humanos. Também é interessante que o trabalho
com esses temas inclua aulas diferenciadas, criativas e elaboradas com diferentes
metodologias e ferramentas, de livros a vídeos, podcasts, músicas e o que mais
aproximar a temática da vivência dos próprios alunos.

O Podcast Arco43, da Editora do Brasil, tem alguns episódios ideais


para desmembrar os Direitos Humanos em temáticas específicas e fazer pensar
em aulas criativas:

• O X da Questão #23 – Somos apenas rapazes e garotas latino-americanos?


• O X da Questão #50 – Qual o impacto da fome na educação do Brasil?
• O X da Questão #54 – Podemos falar sobre política em sala de aula?
• Arco43 #82 | Educação na Periferia: romper a desigualdade é promover inclusão social
• Arco43 #98 | Rima, ritmo e poesia: Funk e Rap na educação
• Arco43 #126 | Educação inclusiva: o desafio de não deixar ninguém para trás
• Arco43 #134 | Leitura na comunidade: conheça a iniciativa do Pró-Saber SP
• Arco43 #137 | Democracia e pensamento crítico na alfabetização e letramento
• Arco43 #139 | Educação multicultural e sua importância em sala de aula
• Arco43 #142 | Manifestações artísticas da cultura brasileira

4
Recursos
sobre Direitos
Humanos para
os educadores

Mais do que ser apenas uma inspiração, a Educação em Direitos Humanos


deve funcionar dentro de uma cultura escolar em que esses direitos são apreendidos,
vividos e operados.

Entretanto, como isso pode funcionar do ponto de vista dos educadores? Como
eles devem se preparar para ensinar sobre os Direitos Humanos? Quais recursos eles
devem ter disponíveis para isso?

É fato que a identidade pessoal, com certeza, será um catalisador para a Educação
em Direitos Humanos, o que poderá influenciar o modo como os professores se veem
e aplicam o tema em sala.

Assim, origens e experiências diversas proporcionam processos e práticas


de ensino-aprendizagem também diversas. A localização social do educador, ou ter
vivenciado discriminação e racismo, entre outras problemáticas, gera empatia, senso de
justiça e outros sentimentos individuais que tendem a inspirar mudanças no coletivo.

Porém, esta não deve ser uma luta apenas dos professores e daqueles que já
passaram por situações traumáticas; deve envolver, ainda, os legisladores, o Estado,
as escolas, as famílias e a comunidade, todos unidos para fornecer aquilo que for
necessário para o trabalho de preparar os alunos para serem donos de seu futuro,
tornando o aprendizado autêntico e trazendo humanidade para a educação.

Um dos recentes exemplos válidos de políticas de mobilização ocorreu em 2021,


quando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, fundamentada em 20 de
dezembro de 1996, foi alterada para incluir conteúdos relativos aos Direitos Humanos e
à prevenção de todas as formas de violência contra a criança, o adolescente e a mulher
como temas transversais dos currículos acadêmicos.

5
Entre seus objetivos, destaca-se justamente o esforço de envolver todos os
agentes presentes na Educação para:
• contribuir com o conhecimento das disposições da Lei Maria da Penha;
• impulsionar a reflexão crítica entre estudantes, profissionais da Educação e a comunidade
escolar sobre a prevenção e o combate à violência contra a mulher;
• integrar a comunidade escolar no desenvolvimento de estratégias para o enfrentamento
das diversas formas de violência;
• abordar os mecanismos de assistência à mulher em situação de violência doméstica e
familiar, seus instrumentos protetivos e os meios para o registro de denúncias;
• capacitar educadores e conscientizar a comunidade sobre a violência nas relações afetivas
e a igualdade entre homens e mulheres, de modo a prevenir e a coibir a violência contra a
mulher;
• promover a produção e a distribuição de materiais educativos relativos ao combate da
violência contra a mulher nas instituições de ensino.

Um dos autores do projeto afirmou que a medida é um trabalho “que, a longo


prazo, vai trabalhar na cultura, na origem e na causa, não no efeito apenas’’. Ainda
assim, é preciso mais recursos, mais formação continuada, mais apoio e mais trabalho
em conjunto para que sua efetividade seja cada vez maior.

Conheça o Plano de contribuição com reflexões para combate à violência contra


a mulher da Editora do Brasil, criado a partir da leitura da obra Minha vida não é
cor-de-rosa, para informar o docente sobre a estrutura jurídica do tema, aprimorar
debates em sala de aula que retratem os direitos e deveres reconhecidos e
fortalecer a importância desses assuntos.

Como os professores
podem trabalhar os
Direitos Humanos
na escola?

Dado que os livros didáticos são parte integrante do processo geral de ensino,
eles podem e devem ser recursos para ajudar a entender os Direitos Humanos, que, de
outra maneira, poderiam parecer abstratos.

Indo um pouco além, os livros paradidáticos são capazes de cumprir esse


papel com igual qualidade, uma vez que, como material complementar ao conteúdo,
agregam perspectivas ao assunto discutido.

6
Você, eu, todos nós –
Direitos Humanos e um futuro comum
Não somos todos iguais; nossa cultura nos faz diferentes, e
reconhecer nossas origens garante autonomia e consciência
de nossos direitos. Estes, sim, deveriam ser iguais para todos.
Contudo, para que isso seja possível, é necessário diálogo e
compreensão sobre a diversidade, algo que apenas se conquista a
partir da empatia, da identificação com o outro.

A educação tem papel fundamental para a emancipação. Por


isso, neste livro, os jovens são convidados a refletir sobre essas e
muitas outras questões dentro – e fora – da sala de aula.

Você, eu, todos nós –


Direitos Humanos e sociedade
Observamos muitas ações para mudar realidades ganhando
força no cenário mundial. A mudança exige a participação de todos
e passa pela ampliação do espaço de debates sobre os Direitos
Humanos. É isso que esse livro propõe: incentivar os jovens a
se aprofundarem, dentro e fora da sala de aula, nas diferentes
questões que perpassam os Direitos Humanos e, assim, ajudarem
na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Racista, eu? -
Afrobrasilidades e a luta antirracista
Dividido em sete trilhas que abordam temas como
racismo estrutural, hierarquias raciais, branquitude, negritude e
colorismo, faces do preconceito, afrobrasilidades e antirracismo
em construção, a obra propõe aos leitores pensar e contribuir
para a transformação social. Com uma proposta teórica
consistente e cuidadosa, o título estimula o debate e a reflexão,
lembrando que não basta não ser racista; temos de ser
antirracistas também.

7
Direitos
Humanos:
prática e teoria
precisam convergir
Professores que tratam seus alunos com dignidade e respeito representam o
ideal da educação por meio dos Direitos Humanos. Esse é o primeiro passo, que deve,
depois, perpassar a capacitação teórica mediante leituras, discussões e informação,
dentro de um currículo que coloca os Direitos Humanos no centro da experiência de
aprendizagem e os torna parte integrante da vida escolar diária.

O respeito aos Direitos Humanos está presente também na maneira como


as decisões são tomadas dentro da escola e para ela, bem como no modo como as
pessoas se tratam, na diversidade do corpo docente, nas escolhas do currículo em
abordar ou não determinados conteúdos, nas atividades curriculares e extracurricu-
lares e até mesmo no próprio ambiente, que deve ser inclusivo e adaptado a todo tipo
de necessidades especiais.

Uma escola verdadeiramente preocupada em fazer sua parte no que se refere


aos Direitos Humanos os vivencia na teoria e na prática. É fundada em princípios de
igualdade, dignidade, respeito e participação; é uma comunidade em que todos têm
espaço para aprender, ensinar, praticar, proteger e serem protegidos.

Quatro ideias sobre como abordar os


Direitos Humanos em sala de aula
1. Use a estrutura da DUDH para levar os alunos a entenderem o progresso
conquistado desde 1948 em termos de proteger os Direitos Humanos e quais
pontos seguem falhando. Observá-la de perto pode motivar os jovens a se
dedicar à causa, promovendo ações nos lugares perto de casa.

Ao estudar a declaração, pergunte à turma o que eles consideram ser os Direitos


Humanos, levantando provocações relacionadas com direitos que não são
geralmente vistos como necessários, tal como o direito à literatura. Sobre
esse tema, o professor, sociólogo e crítico literário Antonio Candido escreveu

8
um excelente ensaio chamado “Direito à Literatura”, que pode servir de
embasamento para pensar a aula.

Proponha uma discussão sobre como os diferentes direitos se conectam às


notícias da atualidade, quem pode salvaguardá-los, quem tem essa obrigação
e como os próprios estudantes podem se comprometer com o assunto.

2. O conceito de “reparação histórica” é complexo e, muitas vezes, mal-interpre-


tado, mas configura medidas que buscam reconhecer violações cometidas
contra um grupo de pessoas e restituí-lo de algum modo. Parte do trabalho é
identificar as causas-raízes para evitar que elas ocorram novamente.

Uma sugestão para tratar desse tema é usar a estratégia de brainstorming para
organizar o conceito com a ajuda das ideias dos alunos. A proposta é escrever as
definições e os exemplos de reparações históricas na lousa, em um quadro ou
em papel e indagar que pensamentos os alunos têm depois de ler a definição,
quais são os tipos de violações que eles acham que precisam de reparações e
como elas são diferentes de outras maneiras pelas quais um país pode responder
a injustiças e outras demandas semelhantes que surgirem.

A dinâmica pode ser realizada por grupos pequenos em um projeto, cujo objetivo
final seria propor uma reparação para algum tipo de injustiça que identifiquem
dentro da comunidade.

3. Quando os primeiros colonizadores chegaram às Américas, as terras por aqui


não estavam vazias; elas eram povoadas por centenas de nações indígenas. Esses
colonos não descobriram terras; em vez disso, eles as tomaram dos indígenas e
violaram os direitos desses povos.

Até hoje, os grupos indígenas continuam lutando pelo direito de existir, de viver
onde pertencem e de manter sua cultura viva. Parte do descaso com que são
vistos vem de total desinformação, o que reforça a necessidade de ir além do Dia
do Indígena e ensinar verdadeiramente sobre os antepassados do Brasil: quem
foram, quem são, quais são seus legados, e por aí vai.

Esse trabalho pode ser feito por meio de um viés criativo, inusitado e curioso.
Por exemplo, proponha um projeto de investigação jornalística e a criação de um
blog que pesquise e responda a essas perguntas.

Um exemplo de temática é a Cidade de Z, que para os historiadores antigos


europeus, era um mito; para os aventureiros de então, um sonho que lhes
custou a vida; e para os dias de hoje, provavelmente uma verdade. Em 2021,
foram encontrados vestígios na fronteira entre o Brasil e a Bolívia que revelaram
mais de 200 aterros geométricos nas proximidades da cabeceira do Amazonas,
colaborando com as teorias de que uma grande civilização viveu e construiu
memórias ali. Investigar o assunto ajuda a trabalhar competências acadêmicas
e envolverá os estudantes em uma trama cheia de mistérios e fatos sobre o
próprio passado.

9
4. O que significa a palavra “privilégio”? Como podemos usar nossos próprios pri-
vilégios para proteger os Direitos Humanos dos outros? Por que essa proteção é
uma das partes mais importantes da defesa dos Direitos Humanos? Responda a
essas dúvidas oferecendo oportunidades para que os alunos exerçam empatia,
conectem-se uns com os outros e reflitam verdadeiramente sobre a experiência
de ter ou não ter privilégios.

A dinâmica proposta é a seguinte: divida a turma em pequenos grupos,


espalhe-os pela sala e entregue uma lista com alguns dos variados privilégios
observados em um mundo desigual.

O trabalho envolverá imaginar que todos vivem em uma realidade em que


nenhum deles tem privilégios, que, por sua vez, poderão ser adquiridos junto ao
professor por um preço por ele fixado.

Distribua alguma quantia de dinheiro fictício de maneira desigual pelos grupos


e explique que essa é a quantidade de dinheiro que terão para usar na
compra de privilégios. Dê alguns minutos para discutirem e escolherem
quais privilégios da lista gostariam de comprar e, depois, peça a cada grupo
que apresente ao restante da classe os privilégios comprados, explicando
quanto dinheiro receberam, quais deles escolheram comprar e por qual razão
se decidiram por eles.

Como abordar o preconceito


em sala de aula?
Apesar de necessário, alguns educadores, às vezes, hesitam em abordar racismo
ou preconceito em sala de aula em razão do desconforto quanto às fortes emoções que
podem surgir ou mesmo por sentirem que não é seu papel, que não têm embasamento
suficiente para discutir o tópico de modo adequado. Porém, não é varrendo o
assunto para debaixo do tapete que será possível lidar com a questão.

Um primeiro passo é fazer a própria lição de casa autorreflexiva sobre racismo,


preconceito, discriminação e afins, por meio de desenvolvimento profissional, leitura
e reflexão, conversas com colegas, palestras e outras capacitações que os preparem
para lidar com gatilhos e sensibilidade. O importante é estar tão disposto a ser um
aprendiz como seus estudantes.

O livro Malaika, força do Congo, da Editora do Brasil, pode ser um bom começo.
Também disponível em formato de audiolivro, esta obra acompanha Malaika, que
nasceu no Congo, país da África repleto de conflitos, desigualdade e influência de
países colonizadores. Guerrilhas e muita violência tornam o país instável e forçam
milhares de pessoas a deixarem seus lares, incluindo Malaika e sua família. A jornada
dessa jovem tão forte e determinada é cercada de percalços e luto, mas também de
muita luta e esperança.

10
Com essa leitura, aprendemos sobre a jornada de um imigrante do seu ponto
de vista transformador, partindo da aceitação do diferente. Afinal, sair de seu lugar de
nascimento pode até ser uma escolha, mas nem sempre é fácil. Quando emigrar é uma
necessidade, medos, traumas e muita preocupação com o futuro são companheiros
certos nessa viagem.

Após olhar para si mesmo, é importante criar um ambiente de sala de aula


seguro e respeitoso antes de abordar o assunto, bem como considerar a composição
racial diversa da turma, propor pensar de modo crítico, falar sobre o que é o racismo
estrutural e o privilégio branco, incentivar a empatia e inspirar a esperança.

Ao ensinar as crianças desde cedo de que não há problema em falar sobre esses
temas, nós as ajudamos a entender, respeitar e apreciar as diferenças entre as pessoas.
Para as crianças da Educação Infantil, que ainda estão aprendendo sobre o que é certo
e errado, fale sobre o que é justo e o que não é. Dê exemplos com os quais possam se
identificar, como: “E se alguém criasse uma regra que dissesse que todos que tives-
sem cabelo escuro teriam de se sentar em um local diferente do restante da turma
na hora do lanche? Isso seria justo?”. Complementando a dinâmica, leiam juntos um
clássico conto sobre preconceito, autoaceitação e a busca por um lar, O patinho feio, e
conversem sobre a trama.

Para as crianças do Ensino Fundamental, use exemplos práticos da vida


cotidiana. Algo como: “Como você se sentiria se presenciasse um colega intimidando
outro por suas diferenças?”. A partir das respostas dos alunos, conecte as perguntas
a exemplos reais de pessoas que foram discriminadas e, principalmente, às
consequências que seus agressores tiveram de enfrentar depois. É importante mostrar
às turmas que a impunidade não deve imperar. Ao fim, proponha a leitura de obras
como Pretinho, meu boneco querido, Cambitos – Uma história de gente fina, Layla,
a menina síria e/ou O Haiti de Jean, nas quais temas como imigração, discriminação,
preconceito e racismo são abordados.

Já para os pré-adolescentes e adolescentes do Ensino Médio, que estão mais bem


preparados para lidar com tópicos difíceis, a proposta pode sair da conscientização
para a ação, propondo pensar em maneiras de ajudar. Por exemplo, como defender
um amigo que sofreu bullying ou foi excluído em razão de alguma característica
diferente? Empodere-os a agir para que se sintam verdadeiramente parte da luta. A
lição de casa pode envolver a leitura de livros como Três dias e mais alguns, O navio
negreiro e outros cantos de Castro Alves e Vento forte, de Sul e Norte.

11
12

Você também pode gostar