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EXTENSÃO EM DIREITOS HUMANOS: Direito e Educação para uma Cultura da

Paz entre os jovens

Brenda Oliveira Santana1

RESUMO:

O presente trabalho de cunho bibliográfico tem como escopo discorrer a respeito da


importância de construir uma cultura da paz entre jovens e adolescentes, mostrando
que é possível desenvolver um projeto extensionista no componente curricular
Extensão em Direitos Humanos do curso de Bacharelado de Direito em parceria com
a Escola Básica. Assim aborda a temática cultura da paz criada pela Unesco
(Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), bem
como trata sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos e os Direitos
Fundamentais presentes na Carta Magna de 1988. Tendo como objetivo mostrar a
importância do diálogo para a resolução de conflitos por meio de conhecimentos
jurídicos a fim de contribuir com a construção da cidadania, respeitando a
pluralidade de sujeitos presentes na sociedade. Para isso traz documentos legais e
autores para fundamentar e sustentar a discussão, como: Brandão (2002),
Benevides (2007), Flores (2014) e Mazuolli (2019).
Palavras-chave: Direito. Educação. Cultura da paz. Direitos Humanos.

1 INTRODUÇÃO:

Através deste artigo defende-se que o componente curricular Extensão em


Direitos Humanos é uma excelente oportunidade para estreitar-se os vínculos entre
Universidade e Comunidade, desconstruindo a problemática exposta por Felipe et al
(2017) de que estes são polos dicotômicos de conhecimento. Graduandos podem e
devem desenvolver projetos extensionistas que levem e tragam aprendizagens
significativas para os sujeitos envolvidos no processo de ensino aprendizagem.

Assim é notória a importância de ampliar as oportunidades acadêmicas que


visem à construção de conhecimento uma vez que sabemos dos variados espaços
que dispõem de campo de atuação para os profissionais da área do Direito, e sabido
ter este ramo uma gama de conhecimentos de fundamental importância para a
formação pessoal e social de todos os sujeitos.

E sendo a Escola Básica, o lugar por excelência de formação de sujeitos e


construção de conhecimento, a parceria entre esses dois campos do saber
1
Graduanda do curso de Bacharelado em Direito pela Faculdade Irecê – FAI.
E-mail: brendaleo_oliveira1@hotmail.com
(Direito/Educação) se constitui num forte construtor de princípios que promovam a
cidadania e respeito à diversidade.

Destarte, como “Os dados estatísticos permitem caracterizar que a violência


incide essencialmente sobre a população jovem do Brasil, e os negros são os mais
vulneráveis” (UNESCO), o tema cultura da paz e para a paz se mostra de grande
importância para ser trabalhado na escola básica.

A partir desta temática se atrela a discussão dos Direitos Humanos,


trabalhando a Declaração Universal dos Direitos Humanos e princípios fundamentais
consagrados na Constituição Federal de 1988. Para que desta maneira se desperte
nos sujeitos em formação à cidadania com consciência política de conhecer seus
direitos humanos, assim como ser cidadão enquanto agente dos seus deveres para
com os outros.

2 POR UMA EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS

A Educação, como bem nos expõe Brandão (2002) acontece em todos os


lugares, em casa, na rua, na igreja, na escola. Este último é apenas o lugar formal
de sistematização do conhecimento. Lugar por excelência, onde todos devem
frequentar para desenvolver competências e habilidades que permitam uma vida
cidadã em todos os seus aspectos, vida pessoal, social, profissional.

Pela sua característica marcante e principal de sistematização do


conhecimento, onde o saber é desenvolvido de forma direcionada e intencional , a
escola é o espaço primordial no qual jovens e adolescentes constroem sua visão de
mundo, seus valores e atitudes.

Assim, a educação formal deve trabalhar não somente na perspectiva de


conteúdos procedimentais, mas também atitudinais, formando sujeitos críticos,
cidadãos conscientes. E a temática Cultura da Paz criada pelo Unesco nos
possibilita esse trabalho. Ela tem como objetivo desenvolver uma educação para a
não-violência, pautada em práticas de resolução de conflitos mediadas pelo diálogo,
a qual fundamenta-se em princípios de tolerância, respeito á vida, aos direitos
individuais e ao pluralismo. Relacionando-se assim diretamente com a educação
para os Direitos Humanos.
A UNESCO nos adverte que:

Mais do que teoria e prática, a não violência deve ser uma atitude
que permeia toda a prática de ensino, envolvendo todos os
profissionais de educação e os estudantes da escola, os pais e a
comunidade, em um desafio comum e compartilhado. Assim, a não
violência integrada confere ao professor outra visão do seu trabalho
pedagógico. A escola deve dar lugar ao diálogo e ao
compartilhamento, tornando-se um centro para a vida cívica na
comunidade.

Nesta perspectiva, o pensamento transcrito acima defende a ideia de que o


caminho para a não violência é o diálogo. Diálogo este que é ponto fundamental
para desenvolver a vida cidadã.

Para isso, o conhecimento de direitos fundamentais e direitos humanos


inerentes a todos devem fazer parte do cotidiano dos jovens. Estes precisam
compreender que apesar das relações humanas serem permeadas por inúmeros
conflitos, a resolução deve perpassar pelo campo do diálogo, da aceitação das
diferenças e respeito pelos seus semelhantes.

É internalizar o que proclama o artigo segundo da Declaração Universal dos


Direitos Humanos quando nos diz que:
Todos têm direito a todos os direitos e liberdades estabelecidos
nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, como raça,
cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou outra, origem nacional
ou social, propriedade, nascimento ou outra condição [...]”.

Mazuolli (2014) nos fala que uma das principais preocupações da Declaração
é a positivação destes direitos mínimos, e dispositivos constitucionais reafirmam
esses direitos. No artigo 5º que abre o título II da Carta Magna intitulado de Direitos
e Garantias Fundamentais encontramos os direitos e deveres individuais e coletivos
que podem ser trabalhados com os jovens.

Nessa linha de raciocínio, defende Flores et al (2014):

A educação em Direitos Humanos, como já foi discutida em outros


textos, significa promover processos que contribuam para a
promoção da cidadania; a qual é constituída e compreendida a partir
do conhecimento dos direitos fundamentais, o respeito à pluralidade
e às diversidades (p.117).

Então, o trabalho pedagógico do professor juntamente com conhecimentos de


estudantes de Direito, que podem vir à discutir sobre a Declaração Universal dos
Direitos Humanos e dos Direitos Fundamentais da CF é uma parceria forte para
construção de conhecimento e desenvolvimento de práticas sociais conscientes,
respeitadoras das diferenças e empáticas aos pares na sociedade.

REFERÊNCIAS
Assembleia Geral da ONU. "Declaração Universal dos Direitos Humanos".
"Nações Unidas", 1948, Paris. Disponível em: http://www.un.org/en/universal-
declaration-human-rights/.

BENEVIDES, Maria Victoria. Educação em Direitos Humanos: de que se trata?


São Paulo: Editora da FEUSP, 2007. Disponível em
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Etica/9_benevides.pdf. Acesso em
01out.2021.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo: Editora Brasiliense, 2002.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.


Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.

Comitê Paulista para a Década da Cultura de Paz: Um Programa da Unesco.


Disponível em: http://www.comitepaz.org.br/a_unesco_e_a_c.htm. Acesso em 01 de
outubro de 2021.

Cultura da Paz no Brasil. UNESCO. Disponível em:


https://pt.unesco.org/fieldoffice/brasilia/expertise/culture-peace. Acesso em 29 de
setembro de 2021.

FELIPE, Severino Pedro; MELO NETO, José Francisco de. Saber popular e saber
científico in MELO NETO, José Francisco de; CRUZ, Pedro José Santos Carneiro
(orgs.). Extensão popular: educação e pesquisa. João Pessoa: Editora do CCTA,
2017, p. 225-255. Disponível em
http://www.ccm.ufpb.br/vepopsus/wp-content/uploads/2018/02/Extens%C3%A3o-
Popular-educa%C3%A7%C3%A3o-e-pesquisa-Editora-CCTA-2017.pdf. Acesso em
24jul.2021.

FLORES, Elio Chaves; GUERRA FERREIRA, Lúcia de Fátima; BARBOSA E MELO,


Vilma de Lurdes. Educação em Direitos Humanos e Educação Para os Direitos
Humanos. 1ª Edição. João Pessoa: UFPB, 2014.

MAZUOLLI, Valerio de Oliveira. Curso de Direitos Humanos. 5ª ed. rev. atual.


ampl. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2018.

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