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COM ALTAS
HABILIDADES/
SUPERDOTAÇÃO
Introdução
O ser humano necessita de proteção, independentemente de raça, credo,
religião, etnia, gênero, deficiência ou habilidades. Essa é uma constatação
atual, elaborada à luz da chamada contemporaneidade. Na época das
grandes guerras mundiais, na primeira metade do século passado, os
direitos humanos ainda não haviam sido estabelecidos, e a humanidade
presenciou atrocidades, como o holocausto e a escravidão.
Os direitos humanos são requeridos no convívio em sociedade em
todos os ambientes que nos cercam: família, escola, atendimento educa-
cional especializado, trabalho e lazer. Cotidianamente, exercemos direitos
e deveres. Com os alunos com altas habilidades e superdotação (AH/
SD), não é diferente. Entretanto, por se tratar de uma temática pouco
constante no debate social, ainda há muito a avançar.
Neste capítulo, você vai estudar a Declaração Universal dos Direitos
Humanos, conhecendo a importância desse documento para os sujeitos
com AH/SD e sua inclusão social.
2 Direitos humanos e os sujeitos com altas habilidades/superdotação
A educação é valiosa por ser a mais eficiente ferramenta para crescimento pes-
soal. E assume o status de direito humano, pois é parte integrante da dignidade
humana e contribui para ampliá-la com conhecimento, saber e discernimento.
Além disso, pelo tipo de instrumento que constitui, trata-se de um direito de
múltiplas faces: social, econômica e cultural. Direito social porque, no contexto
da comunidade, promove o pleno desenvolvimento da personalidade humana.
Direito econômico, pois favorece a autossuficiência econômica por meio do
emprego ou do trabalho autônomo. E direito cultural, já que a comunidade
internacional orientou a educação no sentido de construir uma cultura univer-
sal de direitos humanos. Em suma, a educação é o pré-requisito fundamental
para o indivíduo atuar plenamente como ser humano na sociedade moderna.
Confira no link a seguir o artigo “Direito à educação e educação para os direitos hu-
manos”, de Richard Pierre Claude (2005).
https://qrgo.page.link/JtM5f
Artigo 26° - 1. Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser
gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental.
O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional dever ser
generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em
plena igualdade, em função do seu mérito. 2.A educação deve visar à plena
expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos do Homem e
das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância
e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos,
bem como o desenvolvimento das atividades das Nações Unidas para a ma-
nutenção da paz (ASSEMBLEIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS, 1948,
documento on-line).
Verifica-se, por meio das políticas públicas, que ainda há muito para ser
feito, mas, sem dúvida, a década de 1970 foi frutífera para os alunos com AH/
SD no que diz respeito à garantia de direitos pela legislação nacional. Como
lei maior de nosso país, é fundamental que a Constituição Federal aborde essa
temática. O Art. 208 da Constituição Federal constitui importante avanço para
esses alunos: “Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado
mediante a garantia de: (EC no 14/96, EC no 53/2006 e EC no 59/2009): […]
V – acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artís-
tica, segundo a capacidade de cada um” (BRASIL, 1988, documento on-line).
Com o inciso V do Art. 208, entende-se que o atendimento deve ser ofe-
recido a todas as crianças “precoces”, bem como deve ser favorecida sua
inserção e evitar a marginalização e o preconceito. Além disso, todo o País
deve, por meio de suas políticas públicas, estabelecer formas de atendimento
educacional e/ou de saúde, inserção no mercado de trabalho, dentre outros
aspectos, para todas as pessoas.
É essencial que você conheça a Declaração Universal dos Direitos Humanos por
completo. São apenas 30 artigos, que tratam de um tema vasto e complexo: o ser
humano. Ao ler esse documento, você perceberá que muitos de seus artigos não
são cumpridos na prática. Cabe, nesse momento, a reflexão: onde estamos errando?
Acesse a Declaração na íntegra no link a seguir.
https://qrgo.page.link/nxdbG
Negar à criança o direito de confirmar algo que ela já sabe fere os direitos
humanos e principalmente o compromisso com a verdade, ensinamento básico
para qualquer criança. As crianças com AH/SD frequentemente manifestam
seu sentimento de diferença com seus pares; ‘são diferentes às outras e sabem
disto’, talvez sem compreender exatamente essa diferença, mas sim como algo
que, muitas vezes, lhes incomoda ou causa mal-estar.
adaptação curricular;
envolvimento familiar;
atendimento educacional especializado;
formação docente adequada;
conteúdo socioemocional;
diagnóstico adequado;
escola regular.
1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo
menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será
obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem
como a instrução superior, está baseada no mérito.
2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da per-
sonalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos
e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a
Direitos humanos e os sujeitos com altas habilidades/superdotação 7
Para saber mais sobre as características dos alunos com AH/SD, leia a dissertação de
Susana Pérez, intitulada “Gasparzinho vai à escola: um estudo sobre as características
do aluno com altas habilidades produtivo-criativo”. Você pode dar atenção especial ao
capítulo 2.4, “Dos mitos e crenças: sobre como assombrar fantasmas”, que trata sobre
visões inverídicas que acabam prejudicando o desenvolvimento social dos alunos
com AH/SD. Confira no link a seguir.
https://qrgo.page.link/NgQEZ
8 Direitos humanos e os sujeitos com altas habilidades/superdotação
ASSEMBLEIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos.
1948. Disponível em: https://www.ohchr.org/EN/UDHR/Documents/UDHR_Transla-
tions/por.pdf. Acesso em: 24 jan. 2020.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Constituição da República Federativa do
Brasil de 1988. Brasília, DF, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 24 jan. 2020.
CLAUDE, R. P. Direito à educação e educação para os direitos humanos. Sur - Revista
Internacional de Direitos Humanos, v. 2, n. 2, p. 37-63, 2005. Disponível em: http://www.
scielo.br/pdf/sur/v2n2/a03v2n2.pdf. Acesso em: 24 jan. 2020.
MARTINS, R. V. A pedagogia de Freire e Freinet e a prática dos direitos humanos: uma
contribuição para as comunidades indígena e quilombola da cidade de Aquiraz-Brasil.
Salamanca: Ediciones Universidad de Salamanca, 2017.
PÉREZ, S. G. P. B. Gasparzinho vai à escola: um estudo sobre as características do aluno com
altas habilidades produtivo-criativo. 2004. 308 p. Dissertação (Mestrado em Educação)
– Faculdade de Educação, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 2004. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Susana_Perez21/
publication/29732961_GASPARZINHO_VAI_A_ESCOLA_UM_ESTUDO_SOBRE_AS_CA-
RACTERISTICAS_DO_ALUNO_COM_ALTAS_HABILIDADES_PRODUTIVO-CRIATIVO/
links/59f89f7ca6fdcc075ec98fc1/GASPARZINHO-VAI-A-ESCOLA-UM-ESTUDO-SOBRE-
-AS-CARACTERISTICAS-DO-ALUNO-COM-ALTAS-HABILIDADES-PRODUTIVO-CRIATIVO.
pdf. Acesso em: 24 jan. 2020.
SANT’ANA, C. et al. Debates científicos: compreendendo a identidade das altas habi-
lidades/superdotação no Brasil. In: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 12., 2015,
Curitiba. Anais […]. Curitiba, PR: EDUCERE, 2015. Disponível em: https://educere.bruc.
com.br/arquivo/pdf2015/16057_7556.pdf. Acesso em: 24 jan. 2020.
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