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In: Uma
história da onda progressista sul-americana (1998-2016). São Paulo: Elefante, 2018.
Peronismo e Kirchnerismo
As questões que orientam a análise das presidências progressistas têm cunho político.
Estes governos
foram efetivamente de esquerda, no sentido de contribuírem para superar a desigualdade
e a dependência?
Qual o alcance e o limite da mudança ensejada? Que relações estabeleceram com o
campo popular e com as
classes dominantes? Em uma perspectiva histórica, é possível identificar uma
funcionalidade política, do
ponto de vista da reprodução da ordem? Quais os nexos entre os processos progressistas
e a reação que se
vislumbra?
Deste ponto de vista, o caráter das gestões petistas foi determinante para modular o
sentido geral do
processo. Além da importância política e econômica do Brasil, o país reivindicou a
liderança de uma
integração regional que procurou modelar à imagem e semelhança da sua política
doméstica. Cumpre,
então, perguntar: quais os interesses subjacentes à integração sul-americana liderada
pelo Brasil? Como
esta liderança interagiu com governos de orientação díspar, como Hugo Chávez na
Venezuela e Álvaro
Uribe na Colômbia? Como interpretar o consenso em torno da criação da Unasul e da
Iniciativa para a
Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA)? O que este processo de
integração regional,
ao qual aderiram todos os países da América do Sul, revela sobre o alcance e o limite da
onda progressista?
E, de modo correspondente, qual o alcance e os limites de uma integração encampada por
governos desta
natureza?
A hipótese central do livro é a de que a onda progressista explicita os estreitos limites
para a mudança
dentro da ordem na América Latina. O ensejo de modificar estas sociedades sem
enfrentar a raiz dos
problemas — que remete à articulação entre dependência e desigualdade legada do
passado colonial —
limitou a mudança à superfície da política. Porém, a alternância eleitoral é funcional à
democracia burguesa
e às classes dominantes, principalmente em momentos em que o padrão de dominação,
descrito por
Florestan Fernandes como o Estado Autocrático Burguês, é chacoalhado.
Deste
ponto de vista, a onda progressista pode ser vista como mais um capítulo da
contrarrevolução permanente
que caracteriza a dominação burguesa na América Latina, porque, a despeito das boas
intenções originais,
ela se impôs como uma lei da gravidade sobre os acanhados propósitos de mudança.
Com este fim, duas estratégias principais são adotadas neste livro: a contextualização
histórica e a dinâmica da luta de classes, que envolve analisar a relação dos governos
com as classes
dominantes e com os setores populares.
Para reconstituir a dinâmica da recente luta de classes nos diferentes países, recorri à
pesquisa de
campo, além da bibliografia disponível.
Portanto, não se trata de um livro em que argumentos encadeados nos sucessivos
capítulos convergem
para uma conclusão que comprova a tese, mas de um livro em que, à maneira do seu
objeto, a tese da
contrarrevolução permanente está em toda parte. A exceção fica para as reflexões
finais, em que apresento
Introdução
A rigor, a eleição de Néstor Kirchner poucos meses após o triunfo de Lula no Brasil marca
o início da onda progressista sul-americana, quando, em 2003, presidentes identificados
com a esquerda assumiram o comando dos dois maiores países da região, somando-se
ao venezuelano Hugo Chávez.
Principal economia da América do Sul até a Segunda Guerra Mundial, a Argentina
passou por uma prolongada inflexão que empobreceu, desindustrializou e
desnacionalizou o país a partir da ditadura que controlou o país entre 1976 e 1983.
Depois, o fundamentalismo neoliberal de Carlos Menem aprofundou os condicionantes
de uma crise que explodiria no começo do século XXI. Embora Kirchner tivesse uma
trajetória convencional nas filas peronistas, foi eleito no contexto da extraordinária
mobilização popular que, em dezembro de 2001, derrubou seguidos presidentes e impôs
a mudança.
Beneficiando-se da moratória e do fim da convertibilidade peso-dólar decretadas em
meio à crise, o governo de Kirchner ensaiou uma retomada desenvolvimentista que, no
entanto, se confrontou com obstáculos de natureza diversa. Na medida em que a
conjuntura internacional favorável às exportações primárias arrefeceu, sua sucessora e
esposa, Cristina Kirchner, adotou medidas controversas, respondendo às dificuldades
econômicas com uma política orientada a reforçar sua autoridade sobre o Estado e os
setores que apoiavam o governo. Processo mais ousado do que o seu correlato brasileiro,
o kirchnerismo sofreu as ambiguidades inerentes à crença em uma burguesia nacional
combinada à tutela sobre o movimento popular, que ressoam ao peronismo com o qual
a esquerda argentina ainda tem contas a acertar.
I. Perón e peronismo
Projetado na política nacional como ministro do Trabalho durante a Segunda Guerra
Mundial, o coronel Juan Domingo Perón (1895–1974), que se tornou general, presidiu a
Argentina em três ocasiões, tendo sido eleito em todas elas. Exerceu dois mandatos
consecutivos entre 1946 e 1955, quando foi deposto por um golpe, e retornou à
presidência em 1973, após um longo exílio. Dentre os períodos em que governou, foi em
seu primeiro mandato que cativou os trabalhadores argentinos, semeando os
fundamentos do peronismo. Este fenômeno político transcendeu o período de vida e as
posições do coronel, imprimindo uma marca indelével na cultura política do país, cujas
reverberações são sentidas até hoje (Murmis & Portantiero,1973).
O período entre a deposição de Perón em 1955 e a ditadura militar iniciada em 1976 foi
marcado por instabilidade política e enfrentamentos sociais. Embora proscrito, o
peronismo teve mais votos que seus concorrentes nas eleições da época, quando
convocou o voto em branco. Expressão da instabilidade prevalente, os dois presidentes
radicais eleitos,32 Arturo Frondizi (1958–1962) e Arturo Illia (1963–1966), não
concluíram seus mandatos - “filiados” à União Cívica Radical, partido de oposição o
peronismo. O governo de Illia foi derrubado em 1966 por um golpe militar que pretendeu
estabilizar a situação por meio de uma “revolução argentina”. Entretanto, o regime
liderado por Juan Carlos Onganía se defrontou com um acirramento dos enfrentamentos
sociais, expressos pelas lutas universitárias, sindicais e também por uma combinação
das duas, cuja expressão maior foi o Cordobazo, em 1969, quando a cidade de Córdoba foi
brevemente tomada por trabalhadores. A insurreição foi violentamente suprimida, mas o
regime caiu em desprestígio e diversos grupos pegaram em armas para enfrentar a
repressão. Os Montoneros peronistas, o Ejército Revolucionario del Pueblo (ERP) e as
Fuerzas Armadas Revolucionarias (FAR), de referencial marxista, surgiram neste
contexto. Contestado por setores de baixo e também por seus pares, Onganía convocou
eleições em 1973, vencidas por uma liderança da esquerda peronista, Héctor Cámpora,
que criou as condições para o retorno de Perón, que assumiria a presidência meses
depois. A esta altura, o peronismo ganhara vida própria. Grupos que assumiam posições
políticas opostas reivindicavam-se peronistas, enquanto o próprio líder manipulava a
todos, conforme sua conveniência. Ao
incitar a esquerda armada ao mesmo tempo em que açulava os setores reacionários,
Perón contribuiu para um clima de confrontação e desordem que, aparentemente,
somente ele próprio poderia aplacar. A funcionalidade do peronismo para o
reestabelecimento da ordem foi o passaporte para o retorno do general.
De volta ao poder, Perón desautorizou o peronismo de esquerda, ao mesmo tempo em
que o paramilitarismo anticomunista recebeu cobertura do governo para atuar. Quando
faleceu, foi sucedido por sua esposa, María Estela Martínez Perón, conhecida como
Isabelita, que governou entre 1974 e 1976, intensificou as ações repressivas e
mostrou escassa aptidão para a presidência. Em 1975, um pacote de medidas
econômicas impopulares conhecido como Rodrigazo disparou o custo de vida e a
inflação, desencadeando a primeira greve geral contra um governo peronista na história
do país (Sartelli, 2007). A insubordinação operária era indício de que a função política do
peronismo se esvaziava.
Ao mesmo tempo, a violência política se tornava cotidiana. Enquanto a Alianza
Anticomunista Argentina, conhecida como Triple A — articulada pelo secretário pessoal
e ministro de Perón, José López Rega —, fazia vítimas selecionadas, as ações
guerrilheiras se multiplicavam. Diante deste clima de guerra civil, um capelão militar
pontificou, no início de 1976, que “o povo argentino cometeu pecados que só podem ser
redimidos com sangue” (Novaro & Palermo, 2007, p. 87). Foi esta a missão assumida
pelas Forças Armadas nos anos seguintes.
Neste cenário, o corralito provocou forte reação também entre a classe média, pois
compreendeu-se que a convertibilidade naufragava, prenunciando a desvalorização das
poupanças bloqueadas. Uma onda de mobilizações, saques e greves sacudiu o país. De
modo inédito, piqueteros eram bem recebidos pela classe média que batia panelas,
ambos exigindo que se vayan todos, ou "fora todos". O presidente Fernando de la Rúa
enfrentou a situação decretando estado de sítio, medida que teve o efeito oposto e
incendiou o protesto popular. A repressão às jornadas de dezembro cobrou 39 mortos,
o presidente renunciou e escapou do palácio presidencial de helicóptero, enquanto
quatro sucessores tombaram sob a fúria popular na semana seguinte.
Naqueles dias, a Argentina experienciou níveis inéditos de mobilização popular, que
caracterizam uma conjuntura revolucionária. Centenas de assembleias de bairro
realizavam-se cotidianamente em todo o país, com adesão massiva. Nestas reuniões de
iniciativa popular discutiam-se os problemas da nação e encaminhavam-se ações
concretas. Na capital, representantes dos assembleístas se reuniam aos domingos no
Parque Centenário na tentativa de articular ações conjuntas. Organizações da esquerda
argentina se somaram ao processo, mas não os lideraram. Pode-se argumentar que esta
foi uma força do movimento, que transcendeu amarras burocráticas, disputas interstícias
e cálculos mesquinhos. Tal característica, porém, também foi sua fraqueza, uma vez
que a ausência de direção dificultou sua organicidade.
As manobras sucessivas para restabelecer a ordem resultaram em um arranjo
parlamentar que conduziu à presidência o peronista Eduardo Duhalde, ex-vice de
Menem, incumbido de completar o mandato do presidente deposto. Embora concebido
como um governo tampão, houve neste período ao menos três acontecimentos
determinantes para os rumos do país. Em primeiro lugar, foi decretada a moratória da
dívida, dando início a um processo de renegociação que seria mantido pelo governo
seguinte. Em janeiro de 2002, a convertibilidade foi abolida, o que implicou em uma
depreciação significativa da moeda argentina.
Estas duas medidas foram fundamentais para o crescimento econômico que veio em
seguida, uma vez que a desvalorização do peso favoreceu a produção nacional e as
exportações, enquanto a moratória disponibilizou vultuosos fundos públicos para
outros fins que não o serviço da dívida. Neste contexto, dois milhões de Plan Jefes y
Jefas de Hogar Desocupados - Programa do governo argentino de transição que
distribuía benefícios assistenciais, seguindo a normativa de um “direito
familiar à inclusão social” - foram distribuídos para mitigar o desemprego e a pobreza,
respondendo a uma demanda piquetera (Gambina, 2017; Sartelli, 2007).
O terceiro elemento determinante foi de natureza política. O assassinato de dois jovens
militantes — Maximiliano Kosteki e Darío Santillán — em junho de 2002 durante uma
manifestação nas proximidades da ponte Pueyrredón, em Avellaneda, cidade da província
de Buenos Aires, foi um ponto de inflexão na extraordinária mobilização popular
argentina. A comoção determinou a antecipação das eleições presidenciais, nas quais
Duhalde desistiu de concorrer no segundo pleito para apoiar seu correligionário Néstor
Kirchner.
Entre a repressão e a desordem, intensificaram-se as pressões de cima e de baixo pela
volta à normalidade, traduzida como a ordem burguesa.
Novamente, o peronismo cumpriria este papel.
Eleito em meio a uma conjuntura revolucionária, o caráter dos governos Kirchner está
relacionado à extensão e aos limites da rebelião que o precedeu. Do ponto de vista da
ordem, o peronismo ressurgiu como uma ferramenta eficaz para retirar a política das ruas
e restaurá-la às instituições. Além disso, o Argentinazo colocou um fim ao caráter
impopular da política imposta desde a ditadura e consolidada pelo terrorismo de Estado,
abalando o neoliberalismo como ideologia incontestada no país (Sartelli, 2007, p. 171).
Nesse cenário, o kirchnerismo pode ser visto como o denominador comum mínimo
possível entre a fúria popular e as demandas da ordem.
A segunda medida importante que precedeu o governo de Néstor Kirchner foi o fim da
política de "convertibilidade" da moeda. Isso resultou em um aumento nos preços e na
quebra do sistema de contratos (Kosacoff, 2010, p. 33). Entretanto, nos anos seguintes, a
competitividade da indústria local aumentou, e as importações se tornaram mais caras, o
que impulsionou a recuperação da indústria e se somou ao aumento das exportações
de commodities para tirar o país da recessão. Entre 2002 e 2007, a indústria cresceu
73,5%, e o PIB aumentou mais de 50%, com uma média anual de 8,5%. Os níveis de
emprego subiram, a pobreza diminuiu e o consumo aumentou. A parcela da população
vivendo abaixo da linha de pobreza, que havia atingido 52% durante a crise, caiu para
20,6% em 2007. Líderes populares recordam que, entre 2005 e 2006, os refeitórios
populares deixaram de ser necessários e as escolas voltaram a funcionar apenas como
instituições de ensino (Movimiento Territorial Liberácion, 2017).
O governo reagiu de forma diversa e controversa a esse novo cenário. Por um lado,
intensificou os gastos sociais para sustentar os níveis de emprego e renda, como
exemplificado pelo programa de renda básica "Asignación Universal Por Hijo", que, por
sua vez, agravou os problemas fiscais. Em resposta, o governo procurou aumentar
suas receitas, mas sem implementar uma reforma tributária abrangente. Medidas como
o aumento das retenções sobre exportações e a estatização do sistema previdenciário
se inseriram nesse contexto. Outra ação controversa, especialmente entre os setores de
esquerda, foi a intervenção no Instituto Nacional de Estatística y Censos (Indec), que
minou a integridade das estatísticas oficiais do país.
Esse cenário indicava que as eleições seriam disputadas, com qualquer um dos
principais candidatos tendo a chance de vencer, o que acabou acontecendo. A tentativa de
reformar a Constituição para permitir que Cristina disputasse uma segunda reeleição foi
abortada devido à derrota do governo nas eleições parlamentares de 2013. As disputas
internas dentro do campo governista levaram à candidatura de Daniel Scioli, um
representante da direita peronista que se destacou na política durante a presidência de
Menem nos anos 1990. O apoio ao kirchnerismo entre a esquerda tornou-se mais
complicado, mas não impossível.
A oposição se uniu em torno da candidatura de Mauricio Macri, que não era afiliado nem
ao partido radical nem ao peronismo, marcando uma política crescentemente centrada
em nomes, como "Mauricio" e "Cristina", em vez da luta por projetos nacionais. - Filho de
uma família que se enriqueceu sob a ditadura, Macri ficou famoso como presidente do
Club Atlético Boca Juniors, despontando para a política nacional como prefeito de
Buenos Aires, onde exerceu dois mandatos.
Scioli venceu o primeiro turno, mas Macri saiu vitorioso no segundo turno, obtendo
pouco mais da metade dos votos. Macri se tornou o primeiro presidente eleito em cem
anos que não era filiado ao radicalismo nem ao peronismo, em uma política que cada
vez mais se concentrava na personalização da liderança. Poucos dias depois, o
bolivarianismo sofreu uma derrota significativa nas eleições parlamentares na
Venezuela, indicando que a onda progressista na América do Sul estava enfrentando
dificuldades.
Reflexões finais
No auge do extraordinário dinamismo da economia argentina na virada do século XIX
para o XX, consolidou-se um movimento operário combativo, com várias expressões
sindicais e partidárias, que pressionou pela democratização da sociedade desde então.
Por outro lado, a história do país foi atravessada pela intervenção dos militares na
política, inclusive quando a tendência era para o reformismo burguês sob a liderança
de Perón. Na trajetória pessoal do general, ele oscilou para posições antipopulares,
revelando os limites da ideologia que representava. No entanto, a penetração do
peronismo nos setores populares dotou este fenômeno político de uma longevidade
singular, transformando-se em uma ideologia multifacetada que serviu a várias
agendas, obstruindo uma política autônoma da classe trabalhadora no país.
Por outro lado, o fracasso econômico da ditadura levou o país à Guerra das Malvinas em
uma tentativa de escapar da situação precária, mas o desastre precipitou o fim do
regime. Pressionado entre as mudanças que o elegeram e as continuidades que o
sustentavam, o governo de Alfonsín não resistiu às tentativas de golpe e à hiperinflação.
Nesse cenário, o peronismo, agora sob o disfarce de "menemismo," assumiu o papel de
resolver as ambivalências presentes na política do país, implementando uma agenda
neoliberal radical que culminou na dolarização da economia. Inicialmente, com a
inflação controlada, a paridade com o dólar e o acesso a crédito e importações baratas,
o governo ganhou popularidade. No entanto, quando a conjuntura favorável
desapareceu, os crescentes déficits comercial e fiscal tornaram evidente a
insustentabilidade do modelo. A economia entrou em recessão, e os indicadores sociais
do país caíram acentuadamente. O governo subsequente rapidamente adotou a lógica do
ajuste estrutural, que só foi interrompida por uma revolta popular que ameaçou
desestabilizar a ordem vigente, mas que se limitou a derrubar alguns presidentes.
Novamente, o peronismo desempenhou um papel, acalmando a agitação nas ruas e
realinhando-a com as instituições. O governo de Néstor Kirchner foi condicionado pela
extraordinária mobilização popular, assim como por duas medidas cruciais que o
precederam: o fim da convertibilidade e o pagamento na dívida externa. O Estado
rapidamente recuperou sua capacidade fiscal, enquanto o aumento dos preços das
commodities ajudou a economia a voltar ao caminho do crescimento.
Nesse contexto, Kirchner flertou com a ideia de um capitalismo nacional, revisitando
elementos do peronismo original. No entanto, essa abordagem encontrou pouca base,
tanto objetivamente como subjetivamente, para se concretizar, embora alguns setores
empresariais tenham se aproximado do governo, lucrando no processo. No entanto, a
indústria não recuperou a posição central que já teve, nem o capital nacional. Em vez
disso, o aumento do cultivo de soja, juntamente com a exploração de minérios e
hidrocarbonetos - incluindo recursos não convencionais, como o fracking - aprofundou a
orientação primária que tem prevalecido desde a "guerra suja," ao mesmo tempo em que
agravou os conflitos socioambientais.