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INTRODUÇÃO
O-lá!
Você sabia que seu cérebro
anda te sabotando?

É incrível como podemos não


ser racionais quando o assunto
é dinheiro.

Poucos aspectos da existên-


cia humana são mais guiados
por emoções do que a nossa
relação com o dinheiro.

Podemos até dizer que, em


questões financeiras, um
percentual muito significativo
das nossas decisões não tem
lógica.

Isso é comprovado desde a


década de 70, quando Daniel
Kahneman e Amos Tversky
revolucionaram a concepção
de como a nossa mente funcio-
na.

Seus estudos provaram a


existência de “vieses cogniti-
vos”, os desvios no proces-
so mental que influenciam
nossas decisões e nos levam a
interpretações irracionais ou
distorcidas.
Essa descoberta rendeu a Daniel Kahneman o Prêmio Nobel de
Economia.

O psicológico do investidor é a variável mais difícil de gerenciar,


por isso, é fundamental para quem vai investir, seja no curto,
médio ou longo prazo, conhecer as armadilhas psicológicas do
nosso cérebro e como lidar com elas para que não influenciem
sua tomada de decisões quando se fala em dinheiro.

Ao investir, a psicologia é uma daquelas coisas sobre as quais


você não pode simplesmente ler, mas entender o máximo que
puder e praticar.

E foi justamente por isso que preparamos esse material “novinho


em folha”.

Nele, você vai conhecer cinco armadilhas em que a mente


humana pode cair facilmente durante a vida investidora.

Boa leitura!
O QUE É A PSICOLOGIA
DOS INVESTIMENTOS?
Muita gente pensa que decisões de investimentos são feitas de
forma totalmente racional, mas isso é uma ilusão.

A psicologia mostra que o ser humano toma vários atalhos


mentais na hora de tomar decisões. No mundo dos investimentos,
não é diferente.

O ato de investir, assim como as demais atividades exercidas pelos


seres humanos, nem sempre obedecem o caminho mais lógico.

Há pequenos truques que nosso cérebro prega sem nem mesmo


termos consciência disso e influenciam na tomada de decisões.

O cérebro engana a si mesmo através, por exemplo, de vieses e


heurísticas.

Os vieses são padrões de julgamento equivocados. Já as heurís-


ticas são atalhos para tomar decisões mais rapidamente.

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Tudo isso é estudado e descri- Os indivíduos fazem um
to por uma área do conheci- cálculo mental e tendem a dar
mento chamada economia peso maior para o presen-
comportamental. te em relação ao futuro. Pras
pessoas, de forma geral, é mais
Na teoria econômica clássi- difícil abrir mão de um benefí-
ca, sempre se pensava que, cio presente (o consumo) do
diante das opções, os agentes que de um benefício futuro
econômicos escolheriam (a aposentadoria), ainda que
racionalmente a melhor. Ou racionalmente ele saiba que
seja, o consumidor saberia deve poupar.
quais os melhores produtos
para comprar e o que fazer Tenho certeza que as fichas
com o seu salário. estão caindo aí na sua cabeça
agora, né?
É aí que entra a economia
comportamental pra dizer que Neste momento, é bem provável
não é bem assim que a coisa que você esteja fazendo uma
funciona. retrospectiva mental, lembran-
do de várias decisões equivo-
Ela explica por que as pessoas cadas que quase fizeram você
priorizam o consumo no meter os pés pelas mãos. Pode
presente em vez de economi- ser que até tenham feito, e isso
zar para a aposentadoria. é mais comum do que você
imagina!
Isso porque é muito mais
próximo e palpável o prazer
presente em vez do possível
sofrimento no futuro.

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O que importa é que, a partir de agora, você está mais conscien-
te. E com a ajuda desse material, vai aprender como se proteger
dessas armadilhas.

A partir de hoje #CEREBROATENTO, hein!

Lembre-se: investir bem é dominar a técnica e dominar também


a si mesmo.

Mas você só saberá como se comporta ao investir, investindo.

E entender esses padrões de distorção de julgamento que aconte-


cem no nosso cérebro, e nos fazem desviar da lógica para tomar
decisões irracionais sem percebermos, é um ótimo primeiro passo.

A seguir, você vai conhecer cinco mais perigosos.

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1. ANCORAGEM
O que é o viés de ancoragem? Como o viés de ancoragem afeta
as decisões?
É uma denominação dada por
psicólogos e pesquisadores do Parece confuso, né?
comportamento humano a um
fenômeno que explica por que Fica difícil entender como o viés
os primeiros dados recebidos de ancoragem afeta nossas
sobre determinado assunto decisões sem citar exemplos.
servirão como base para uma Por isso, vamos a eles.
tomada de decisão posterior.

Isso não significa dizer que as O viés de ancoragem nas


informações passadas depois finanças.
não sejam assimiladas ou
levadas em conta, apenas que O viés de ancoragem pode
a primeira mensagem vira acontecer em qualquer fase
uma base para as posteriores. da nossa vida, pois estamos

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sujeitos a estímulos o tempo Só depois você vai ver se o
todo, inclusive na hora de desconto é de fato vantajo-
consumir. so, e muitas vezes mesmo
após o desconto, o valor final
Imagine que você está passan- está semelhante ao valor de
do pela prateleira de biscoitos mercado.
do supermercado e bate o olho
em um pacote a 10 reais. Super Muitas vezes, porém, essa
caro. reflexão é tardia: ocorre
quando a compra por impulso
Logo ao lado, há um pacote por já aconteceu. Você já fez o
5 reais. Nem é tão caro assim… PIX, passou o cartão ou tirou o
dinheiro do bolso!
A verdade é que seu cérebro
ancorou a informação nos 10
reais e aceitou que o pacote
de 5 seria uma boa compra…
mesmo que haja um pacote
por 3 reais, lá na prateleira mais
baixa, que você não viu pois já
tinha tomado sua decisão.

Pára um minuto pra pensar


em quantas vezes você não foi
seduzido por um anúncio que
dizia “40% de desconto”.
Quer ter mais dinheiro
Pode ter sinceridade e não pra investir? Saiba como
sinta vergonha de assumir. controlar seus impulsos
Afinal, esse é um comporta- com a mestra da economia
mento natural e influenciado, comportamental!
mais uma vez, pelo efeito de
ancoragem.

A primeira informação vista e


assimilada é a promoção ou o
anúncio atrativo, e isso já deixa
você entusiasmado, tentado a
comprar.

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A ancoragem nos investimentos. VALOR DA COTA DE ENTRADA
de um fundo de investimentos
O mesmo raciocínio vale para ao tomar a decisão depois de
as aplicações financeiras. manter a aplicação ou de se
desfazer dela.
Digamos que você decida
investir na Bolsa de Valores e O efeito resultante pode
comece a comparar o preço ser a manutenção de uma
das ações. posição perdedora à espera
de uma recuperação até o
Enquanto os papéis de uma preço original, mesmo que
EMPRESA A estão custando as perspectivas futuras não
R$ 100, os de uma EMPRESA B indiquem essa possibilidade.
valem R$ 80. Com base nessas
informações, você escolhe Existe também a situação em
alocar recursos na segunda que a pessoa define mental-
opção por considerá-la mais mente uma faixa de valores
barata. como “justa” com base nos
valores de mercado de uma
O preço das ações acaba ação durante determinado
sendo o viés de ancoragem período.
na sua tomada de decisão, a
informação preliminar que A partir de então, avalia se as
baseia a sua escolha. cotações futuras do papel
estão caras ou baratas apenas
Só que você não considera comparando-as com a faixa
que as companhias A e B não anterior, o que pode gerar
têm relação entre si. Por isso, decisões duvidosas de investi-
deixar-se levar apenas pelo mento.
valor dos papéis pode ser um
grande erro. A ancoragem se deve princi-
palmente a um mecanismo
É muito comum a ancoragem relacionado à forma como
se basear em valores. E essa a nossa mente funciona: o
é uma das grandes falhas de priming.
quem investe.

Outra tendência comum é o


investidor se ancorar no PREÇO
DE COMPRA de um papel ou no

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Priming é o efeito da enorme capacidade associativa da nossa
mente, que faz com que palavras, conceitos e números evoquem
outros similares, um após o outro, numa reação em cadeia.

Ou seja, uma palavra é mais rapidamente lembrada, e se torna


mais disponível na nossa mente, se tiver conexão com outras
vistas ou ouvidas em um momento recente. É também o proces-
so pelo qual experiências recentes nos predispõem, de forma
automática, a adotar determinado comportamento.

Como evitar o viés da ancoragem?


Para evitar o viés da Ancoragem, é recomendável que você:

• Preste especial atenção a valores tomados como referên-


cia, verificando se têm fundamento sólido ou se são arbitrá-
rios, utilizados simplesmente como âncoras;

• Mantenha-se atualizado quanto aos valores tomados


como base de comparação, como as taxas de câmbio,
inflação e CDI, entre outras, para evitar basear sua decisão
em indicadores que não se aplicam ao cenário atual;

• Questione suas premissas, certificando-se de que sejam


realmente relevantes para a tomada de decisão e de que
não sejam utilizadas apenas para suprir uma possível lacuna
de informação;

• Evite tomar decisões financeiras por impulso e sem


informações suficientes, sabendo que, na falta de base
racional, sua mente irá apelar para o que estiver mais
facilmente à disposição, porém nem sempre a seu favor.

• Analise: Os números não mentem jamais.

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2. AVERSÃO À PERDA
Fala a verdade!

Imagine um jogo de cara ou


coroa: se der cara, você perde
R$100, caso dê coroa, você
ganha R$150. Você aceitaria
esta aposta?

E se os valores fossem: se der


cara, você perde R$100, caso dê
coroa, você ganha R$250? Você
aceitaria esta aposta?

Temos certeza que nas duas


situações, você não iria aceitar.

Apesar de o valor esperado


da aposta ser positivo, o medo
de perder é maior do que a
recompensa pelo ganho.

O que é o viés da aversão à


perda?
A Aversão a Perda é um viés
comportamental que nos faz
atribuir maior importância às
perdas do que aos ganhos, nos
induzindo frequentemente a
correr mais riscos para tentar
reparar eventuais prejuízos.

Estudos já provaram que


somos 2 vezes mais impacta-

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dos psicologicamente pela possíveis armadilhas disfar-
perda do que pelo ganho. çadas de “oportunidades
imperdíveis”.
Num exemplo concreto, para
cada R$ 1.000 reais que você Além disso, a Aversão à
perder, precisaria ganhar R$ Perda pode fazer o investidor
2.000 para que seu psicológico insistir em investimentos sem
“ficasse em paz”. perspectiva futura de melhora,
seja pelo medo da dor de ter
O ser humano odeia perder! Dá prejuízo ou pela recusa em
uma pausa aqui pra refletir se admitir eventuais erros na
não é verdade… escolha da aplicação.

E aí? Perder dói, né? Outro efeito potencialmente


prejudicial desse viés é fazer o
E essa aversão à perda traz um investidor liquidar precipitada-
problema maior: mente as posições lucrativas e
ainda promissoras, por receio
As pessoas odeiam tanto de perder o que já foi ganho.
perder que elas aceitam
assumir mais risco só para não
precisar perder.
Como evitar o viés da aversão à
Um exemplo muito comum perda?
nos investimentos é o seguin-
te: o investidor que sofreu uma Para evitar o viés da aversão
perda em determinado ativo, à perda, é recomendável que
pode ficar muito mais propen- você:
so a assumir risco de outro lado
para tentar compensar essa • Procure se informar e avaliar
perda, ou de não sair de uma até que ponto seu compor-
ativo que perdeu o fundamen- tamento financeiro se origina
to, pelo fato de não querer ter realmente de uma escolha
prejuízo. racional ou se está orientado
pelo medo de perder;
Essa assimetria na forma
como as perdas e ganhos são • Reavalie periodicamente seu
sentidos nos leva também ao portfólio. Para isso, imagine
medo de desperdiçar boas que seus investimentos tenham
oportunidades de investimen- sido transformados em dinhei-
to, nos deixando expostos a ro e se pergunte em qual deles
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você investiria novamente, sob as condições atuais. Dependendo
da resposta, pode ser o caso de liquidar alguma posição, mesmo
que implique em perdas, partindo para alternativas mais promis-
soras, a fim de recuperar os eventuais prejuízos;

• Evite conferir cotações com frequência excessiva, especial-


mente de investimentos de longo prazo, pois isso aumenta o grau
de ansiedade e pode gerar uma falsa necessidade de tomar
decisões a cada consulta;

• Estabeleça uma estratégia de investimentos baseada em


análises confiaveis e tente se manter nela, definindo os limites
aceitáveis para prejuízos e para os ganhos (os stops). Focar no
processo, ao invés de se preocupar com o que está acontecendo
no momento, diminui a possibilidade de tomar decisões precipi-
tadas nos momentos em que notícias ruins estejam provocando
pânico no mercado;

• Antes de reforçar uma posição perdedora (novas compras


destinadas a baixar o custo médio de aquisição), avalie se a
decisão não surgiu pura e simplesmente de um desejo de recupe-
rar ou de evitar prejuízos;

• Diversifique seus investimentos, pois as aplicações lucrativas


podem oferecer alívio para o sentimento de perda provocado
pelas que derem prejuízo;

Diversificar a carteira é um mantra


de quem investe! Mas como escolher
no meio de tantas possibilida-
des? Aqui tem 3 dicas pra te ajudar
a ter uma carteira equilibrada.

• Evite tomar decisões financeiras sob pressão e desconfie de


discursos do tipo “se não decidir agora, perderá uma oportunida-
de única”.

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3. VIÉS DE CONFIRMAÇÃO
Essa armadilha psicológi- Ou seja, se confrontarmos
ca descreve a tendência aquilo que já sabemos com um
das pessoas interpretarem conhecimento novo, as nossas
informações de forma a confir- crenças e certezas têm um
mar suas próprias convicções. peso maior.

Acontece quando uma pessoa O viés de confirmação nos


possui uma crença pré-exis- investimentos.
tente e à medida que notícias
ex ternas vão chegando, O erro de muitos investidores
às vezes com informações é não embasar suas decisões
divergentes, a mente dessa nos dados.
pessoa começa a fazer uma
filtragem automática de modo Buscam apenas informações
que ela seleciona somente que validam suas opiniões e
aquelas informações que ignoram qualquer teoria que
confirmam a crença inicial. as invalidem.

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Por exemplo, alguém que já tenha desenvolvido uma relação de
confiança e satisfação com uma empresa como consumidora,
tende a atribuir uma importância maior às opiniões favoráveis
sobre aquela empresa do que às desfavoráveis e, consequente-
mente, fica mais propensa a investir em seus papéis, ainda que se
depare com análises negativas e advertências.

De modo contrário, se um investidor teve uma má experiência


com um determinado tipo de aplicação, a informação que recebe
confirmando aquela impressão tem maior valor pra ele do que
outra contradizendo sua opinião – ainda que esta esteja baseada
em dados insuficientes para uma avaliação consistente.

Vamos ver um exemplo prático do viés de confirmação.


Suponha que um determinado investidor acredite muito na
empresa XPTO3. Na cabeça dessa pessoa, hoje ela é uma grande
oportunidade e que vai trazer bons lucros para quem investir e
então ele começa a fazer pesquisas sobre a empresa e recebe
informações conflitantes de diversas fontes: algumas citam que
a empresa tem sim muito potencial e que pode trazer bons lucros.

Já outras fontes citam que ela é uma empresa muito endividada,


com problemas de governança e que tem tudo para dar errado.

Então a mente desse nosso investidor, dominada pelo viés de


confirmação, começa a desmerecer essas informações negativas
sobre a empresa e dá um peso muito grande para as informações
que confirmam o que ele já acreditava antes.

E o pior: nosso investidor


não percebe que isso está
acontecendo. Ele acredi-
ta que está tomando uma
decisão racional baseada nas
pesquisas que fez, quando na
verdade ele está tomando
uma decisão tendenciosa e
enviesada.

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Como evitar o viés de confirmação?
Para evitar o viés de confirmação é recomendável que você:

• Tente perceber as situações em que isso pode acontecer


com você, avaliando de que forma sua mente dá preferência
a ideias que confirmam as suas;

• Pesquise bastante, pois saber pouco faz com que nossa


mente tente preencher as lacunas de informação com dados
que não necessariamente refletem a realidade e a tomar
decisões sem dispor de elementos suficientes para tanto;

• Compare informações de diferentes fontes, a fim de não


aceitar qualquer informação como verdadeira, simplesmente
por falta de base para comparar;

• Quanto mais dados, melhor. Se as informações são diversas,


busque os números. Balanços, resultados, desempenho. Uma
decisão baseada em dados e não opiniões tende a ser mais
precisa;

• Procure discutir suas ideias com outras pessoas que tenham


posições diferentes e saber os motivos que embasaram suas
decisões de investimento, a fim de poder analisar a mesma
questão de outros pontos de vista;

• Peça auxílio de uma pessoa de confiança e que realmente


entenda do assunto na hora de tomar decisões financeiras
importantes.

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4. EXCESSO DE CONFIANÇA
O viés da Autoconfiança Excessiva leva a pessoa a confiar exagera-
damente em seus próprios conhecimentos e opiniões, além de
superestimar sua contribuição pessoal pra tomada de decisão.
A armadilha aqui é sempre tender a acreditar que sempre está
certa em suas escolhas e atribuir seus eventuais erros a fatores
externos.

Mas…

NÃO SE ILUDA: VOCÊ


PROVAVELMENTE NÃO
É ‘ACIMA DA MÉDIA’ Fonte: Revista Galileu

Este viés deriva, entre outros


motivos, de acreditar-
mos que a informação em
nosso poder é suficiente
para a tomada de decisão,
que somos mais hábeis
em controlar os eventos
e riscos do que realmen-
te somos ou, ainda, que
possuímos capacidade de
análise acima da média.

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Esse viés tem relação estrei- Muitos acreditam na sua habili-
ta com o viés de Confirmação dade de conseguir vencer o
(que você conheceu anterior- mercado e fazer movimenta-
mente), segundo o qual a ções que gerem lucro acima
pessoa dá mais valor àquilo da média quando, na verdade,
que confirma suas ideias do vencer o mercado e fazer isso
que ao que as contraria – o que com consistência exige muito
alimenta sua autoconfiança – conhecimento e experiência.
sendo incapaz de medir o grau
do próprio desconhecimento. O perigo do excesso de
autoconfiança está no fato do
A confiança que uma pessoa investidor começar a acreditar
deposita em suas próprias demais nas próprias avalia-
crenças depende mais da ções, sentindo então confiança
narrativa que é capaz de de ter uma grande exposição
construir com os dados em poucos ativos e subesti-
disponíveis – por mais escassos mando a necessidade de
e imprecisos que sejam – do diversificar.
que da quantidade e qualidade
desses dados. (E você já aprendeu que um
dos segredos para o sucesso
Para piorar, adicione nessa nos investimentos é, justamen-
equação a forte tendência da te, a diversificação).
mente humana de identificar
padrões naquilo que é aleató-
rio.

O excesso de confiança nos


investimentos
No mundo dos investimentos,
esse comportamento não é
diferente.

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Como evitar o viés do excesso de confirmação?
Para evitar o excesso de confiança, é recomendável que você:

• Se preocupe com a confiabilidade das fontes e com a qualidade


da informação recebida, e certifique de que você dispõe de todos
os dados necessários e suficientes para a tomada de decisão;

• Questione sua própria competência, discutindo sua estratégia


de investimento com pessoas de sua confiança ou com profissio-
nais isentos, que não possam se beneficiar das recomendações
oferecidas;

• Tome cuidado com o excesso de autoconfiança que normal-


mente chega com os lucros. Examine se o resultado positivo pode
realmente ser atribuído a uma estratégia vencedora, que pode ser
repetida no futuro, ou se foi fruto de fatores fora do seu controle
(como um evento macroeconômico, por exemplo);

• Crie um diário de registros, sempre com a data e as situações


em que tomou decisões erradas, a fim de revisá-las posterior-
mente, identificando o que precisa corrigir e tendo consciência de
que você também é capaz de cometer erros, como todo mundo,
ao invés de apenas buscar justificativas em causas externas;

Uma coisa é certa: você vai errar! E tá tudo bem,


faz parte do processo de aprendizagem.

Pode até parecer que não, mas eu já fiz péssimas


escolhas pro meu dinheiro. Aqui eu te conto quais
foram meus maiores erros pra você não repeti-los.

• Diversifique seus investimentos, e evite “colocar todos os


ovos na mesma cesta” e assumir riscos desnecessários.

Lembre-se: Por mais experiência de mercado que você tenha, se


veja como um eterno aprendiz. O excesso de confiança já levou a
grandes prejuízos.

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5. EFEITO MANADA
É muito bom quando suas
atitudes são tomadas baseadas
num raciocínio lógico, seja no
mercado financeiro ou em
qualquer área da sua vida, mas
nem sempre é assim que as
coisas acontecem.

Isso porque as pessoas tendem


a se sentirem desconfortáveis
em não fazer parte de um todo.

Essa tendência, o tal efeito


manada, acontece quando um
número de pessoas segue o
movimento de outros grupos,
sem qualquer tipo de justificati-
va original para isso.

O comportamento de manada
sempre esteve muito presente
nas nossas vidas e vem do desejo
de se sentir incluído em grupos
sociais ou de simplificar uma
tomada de decisão baseada no
“conhecimento de muitos”.

O desejo de participar de uma


comunidade faz parte da
evolução humana, já que na
natureza, aquele que vive em
grupo tem maiores chances de
sobrevivência.

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Por isso, sem se dar conta, as pessoas realizam uma ação
simplesmente porque as outras estão fazendo.

Às vezes o motivo é o puro medo do fracasso.

O efeito manada nas situações cotidianas


Podemos perceber esse efeito no nosso comportamento em
diversas situações da vida.

Por exemplo: digamos que você está na frente de dois restauran-


tes. Um está vazio e o outro tem fila de espera.

Qual você escolhe?

A tendência é que escolha o que tem mais gente, porque acredita


que, se outros já escolheram, deve ser melhor.

Outro exemplo: quando decidimos comprar aquela roupa que


todo mundo está usando. Mesmo que não faça tanto o seu estilo,
você está seguindo essa tendência.

Ou então quando grande parte da sociedade diz que um determi-


nado produto ou marca é bom, parece muito mais seguro adquirir
também, pois ele possui uma aprovação coletiva.

“Não tem como dar errado”, é o que pensamos, pois seguir a


manada nos poupa esforços de validar aquele produto e traz um
maior sentimento de segurança.

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Olha só:
O efeito manada nos investimen-
tos Você vê no noticiário econômi-
co que o número de investido-
Segundo esse viés, as escolhas res na B3 cresceu mais de 90%
individuais são realizadas em 2020.
sobre influência social, pois
as pessoas não conseguem Se você ainda não investe em
avaliar se devem seguir aquele ações, ao ler esta notícia, sua
grupo ou não, então conside- primeira sensação é de que
ram mais cômodo investir está perdendo oportunida-
naquilo que todos estão des. A reação é querer entrar
investindo. de imediato e comprar o que
alguém te disse que está em
Ora, se todos estão compran- alta e todos estão comprando.
do ações de um determina-
do lugar, então é garantia de Mas se todo mundo já está
sucesso acompanhar eles, não comprando, há uma grande
é mesmo? probabilidade de você entrar
no fim dessa festa e só pegar a
A resposta é NÃO! comida fria ou ajudar a limpar
o salão.
Ao invés de analisar o mercado
e tomarem notas das suas
próprias decisões, os investi-
dores preferem agir como
manada. E esta não é uma
atitude inteligente pois, além
dos preços e valores dos ativos
ficarem desalinhados, você
também perde toda a sua
individualidade.

Outro fator que pode ser


determinante para cair no
efeito manada é o medo de
não ganhar dinheiro enquanto
os outros enriquecem.

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Infelizmente, esse tipo de comportamento é muito comum no
mercado de capitais, apesar dos riscos. Quando o Ibovespa está
em alta, todo mundo quer comprar ações, afinal, ninguém quer
ficar de fora dos ganhos.

E funciona do mesmo jeito na situação contrária. Quando o Iboves-


pa começa a cair, todos querem vender e evitar perdas.

Como se não bastassem os riscos individuais, o efeito manada


também contribui para a existência de bolhas especulativas,
quando as bolsas sobem abruptamente, ou quando ocorrem
grandes quedas, sem que essas ocorrências estejam ligadas a
fundamentos lógicos

Conclusão: o efeito manada faz investidores apostarem em ações


altas e quando o mercado quebra, eles então ficam obrigados a
vender no mercado em baixa.

E comprar na alta e vender na baixa é um dos piores pecados que


você pode cometer nos investimentos. Então, cuidado e olho vivo
pra não não seguir o bando!

Como evitar o efeito manada?

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Para evitar o efeito manada, é recomendável que você:

• Pesquise, estude e informe-se para fazer seus investimentos e


ganhar dinheiro na Bolsa de Valores, o conhecimento é fundamen-
tal. Quanto mais você souber, mais fácil fica todo o processo. Antes
de tomar uma decisão busque o máximo de informação possível.

• Avalie os riscos envolvidos, analisando indicadores fundamen-


talistas. Se for preciso, busque auxílio de um profissional.

• Mantenha o foco no sua estratégia de investimentos


Se bater o impulso de comprar ou vender junto com a multidão,
lembre-se do seu plano de investimentos e das razões que te
fizeram investir ou não nesse ativo.

Caso não haja grandes mudanças nas perspectivas desse investi-


mento, talvez faça mais sentido mantê-lo mesmo que esteja
passando por um período de volatilidade.
(Percebeu que estratégia e conhecimento são a chave pra tudo?)

• Controle as emoções: Um dos maiores desafios para ter sucesso


na bolsa de valores é controlar as emoções e agir da forma mais
racional possível. Embora as emoções façam parte da natureza
humana, fazer investimentos na emoção pode ser muito perigoso.

• Duvide do senso comum: Não tome decisões importantes


baseado na opinião dos outros, mesmo que esta seja uma pessoa
experiente e renomada, ou porque todo mundo está fazendo a
mesma coisa. Pesquise e use toda a informação que você tiver a
sua disposição para tomar a sua própria decisão.

• Não seja “do contra” só por ser: Existem situações em que a


sua decisão bate com o que a maioria faz, outras não. Não se
deixe levar pela manada só porque todos estão, nem vá contra a
multidão só por ir. Faça sempre o que você identificou que é certo,
independente do lado.

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AGORA VOCÊ NÃO VAI CAIR MAIS EM NENHUMA
DESSAS ARMADILHAS
E aí, você aprendeu muito com
esse conteúdo? Espero que sim!
1.suas
Cuidado para não ancorar
Você viu como o nosso próprio decisões e escolhas em
cérebro pode nos levar a dados e fatos sem relação.
distorções em nossa percep-
ção, julgamentos incorretos e
decisões irracionais. Que ironia, 2.so.Perder faz parte do proces-
não? Se tiver que abrir mão, está
tudo bem, mas não deixe a
aversão à perda te fazer perder
E que a melhor forma de se
dinheiro ou ótimas oportuni-
proteger disso é sabendo que dades.
essas armadilhas existem
e investindo, afinal, você só
saberá como seu cérebro se
comporta, na prática.
3. Atenção às crenças
pré-existentes. Pesquise e
compare diferentes fontes, e
Depois desse “intensivo” de se exponha a pontos de vista
psicologia dos investimentos, diferentes do seu.
tenho certeza que você está
mais preparada e preparado
para investir com muito mais 4. Não peque pelo excesso de
sabedoria! autoconfiança.

Pega aqui a colinha com as


cinco lições que você aprendeu, 5.doSeemtodo mundo está seguin-
se precisar fazer uma consulta uma única direção, não
quer dizer que ela é a correta.
rápida:
Permaneça fiel à sua estraté-
gia de investimentos.

25
PRESTA ATENÇÃO!

Pra saber como cuidar melhor do seu dinheiro e ter


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