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Amanda Noventa

1ª edição
2017
Projeto gráfico
Guilherme Wanke

Fotos
Arquivo pessoal da autora

Todos os direitos desta edição reservados à Amanda Noventa


Impresso no Brasil
A todos os meus leitores que abrem
mão de tentações diárias para viver
uma experiência de viagem.
Nota da autora
A ideia do livro surgiu de um texto que você vê a seguir publicado
no meu blog do Estadão chamado “Não comprei na Zara. Gastei
na viagem”. O texto foi um sucesso viralizado na internet e a partir
dele descobri muita gente querendo falar sobre o assunto - seja para
concordar e contar a sua própria história ou apenas para desabafar
porque também precisa de mais controle nos gastos supérfluos.

Apesar do título, o livro não é sobre você parar de comprar na Zara ou


em qualquer outro lugar. Também não é sobre comprar mais barato
em qualquer outra loja. O livro é sobre você não comprar o que não
precisa e evitar o excesso se você estiver querendo guardar uma grana
para viajar.

Aqui eu quis reunir algumas práticas pessoais que tenho aprendido


e adotado ao longo dos anos para gastar menos no que não devo.
Além disso, eu sou uma simpatizante do modo de vida minimalista
que é basicamente abrir mão do excesso para conseguir focar no
que é realmente importante para a vida. Portanto, neste livro eu
relato também alguns momentos de desapego que já tive e a minha
impaciência para acumular o que não uso.

A segunda parte do livro, é como o bônus depois do ônus: sugestões e


ideias para você economizar no planejamento e durante a viagem.

É importante dizer que não houve acordo publicitário com qualquer


marca citada no livro.

Eu sei que muitas pessoas preferem comprar e ter coisas ao invés de


viajar. E tudo bem, cada um tem sua escolha. Mas se esse é o seu caso,
talvez o livro não seja para você.

Eu também gostaria de poder comprar tudo o que eu tenho vontade e


ainda viajar para onde quisesse. Mas se assim como eu, você sempre
teve que abrir mão de alguns gastos para conseguir viajar, então
estamos na mesma página. Aliás, já pode virar para a próxima.

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Não comprei na
Zara. Gastei na
viagem.*
Na semana passada, acompanhei uma amiga à loja da Zara para trocar
um presente. Dei uma olhada nas coisas, vesti uma jaqueta, tirei a
jaqueta, vi que tudo estava mais barato depois do Natal, dei mais uma
olhada nas roupas e, finalmente, pensei: “Ufa, não estou precisando de
nada”. E assim saí da loja como entrei, de mãos vazias.

Quem acompanha o blog sabe que o dinheiro que ganho é


prioritariamente para pagar contas, em seguida pagar minhas viagens
e só depois é que vêm as compras. É uma escolha pessoal. Tem gente
que tem dinheiro para fazer os dois e tem gente que prefere fazer
compras a viajar.

Eu não vou mentir, adoro comprar também. Mas hoje está bem
fácil gastar trezentos reais numa comprinha inocente na Zara. E, se
você parar para pensar, trezentos reais equivalem a uma semana
de hospedagem na Tailândia, dois bons jantares na Europa, uma
passagem de avião pelo Brasil, um ticket de trem para Machu Picchu...
quando você percebe, já gastou uma viagem inteira só em compras.

Resistir não é fácil. O que tem funcionado para mim na hora da


dúvida entre comprar ou não é me fazer duas perguntas: 1) Eu estou
realmente precisando disso? / 2) Eu amei muito isso?

Recentemente adotei um novo hábito. Caso acabe comprando peças


novas, me desfaço de outras que estão no meu armário (afinal,
armários não crescem de tamanho, não é mesmo, amigas?).

Na minha última viagem à Tailândia, fiz o caminho inverso. Em cada


parada, ia me desfazendo das roupas que havia levado na mochila.
*Texto originalmente publicado no blog Amanda Viaja do Estadão em 03 de janeiro
de 2016.

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Levei pouco mas, ainda assim, achei que havia levado demais.
Portanto, deixei uma muda de roupas em Koh Lanta, mais um vestido
em Pai, duas camisetas em Chiang Mai... E, no fim da viagem, ganhei o
direito de repor o espaço na mala depois de uma passada na H&M. Lá
gastei pouco comprando apenas o que precisava - não doeu no bolso
e nem na consciência. Mas não repor ainda é muito melhor e mais
econômico.

Não dá para reclamar que não sobra dinheiro para viajar se você
gasta trezentos reais todo mês no que não precisa. Querer viajar todo
mundo quer. Mas poupar dinheiro ainda é a maneira mais eficiente
de transformar o “querer” em “poder” – e de você deixar de ser um
sonhador para se tornar um realizador.

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Sumário

PARTE I: não comprei na zara


Eu adoro comprar │15
Mudança de vida│17
Resistindo às compras│23
Desapega│29
Minha casa, minhas coisas│33
Desapego Digital│41
Vida sem carro│43
A gente não quer só comida, mas quase│47
Relacionamento│51
Dicas minimalistas para a vida│53
Controle de gastos na prática│59
Grana Extra│61

PARTE II: gastei na viagem


Não, eu não viajo o mais barato que eu posso│65
Na hora de escolher o destino│67
Passagens aéreas│69
Para se hospedar│73
Mala e mochila minimalistas│77
Vamos passear│85
Viajar não é sinônimo de fazer compras│89
Bon appétit! │95
Conectada? Nem tanto│99
Economia compartilhada nas viagens│101
Para você gastar na viagem │105
Agradecimentos│107

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Parte I
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Eu adoro
comprar

Eu não sou consumista, mas adoro comprar.

Gosto de comprar aquilo que me cai bem, que uso muito, que preciso,
que morro de amores e, a mais difícil de todas, que o preço seja justo.
Como essa é a maneira que compro a maioria das coisas que tenho,
comprar é quase sempre uma experiência prazerosa para mim. Tem
coisa pior do que comprar algo com um dinheiro que você não tem,
chegar em casa e perceber que você não precisa daquilo, ver aquela
parcela no cartão todo santo mês e se arrepender da compra? O que
era para ser bom, acaba virando peso na consciência.

Nem sempre é perfeito, mas tenho tentado comprar de forma mais


consciente tanto roupas e acessórios, como no supermercado ou bens
de maior valor. Até hoje, por exemplo, não tive um carro em São Paulo
porque acho completamente dispensável na minha vida. Seria uma
compra tão, mas tão errada que me renderia um prejuízo e peso na
consciência para sempre. Se hoje eu tivesse um carro, certamente o
venderia como muita gente anda fazendo (e, ainda assim, sairia no
prejuízo porque é o que carros fazem na sua vida).

Não sou uma especialista em economia, mas acho que consegui


alcançar um equilíbrio de consumo e organização na minha vida
sem precisar de mudanças radicais. Nunca precisei ficar um ano sem
comprar para me desafiar no consumismo. Consigo resistir às compras
numa boa, me desapegar do que não quero mais, sei fazer uma
mala light, sou organizada e não ligo para qualquer status de “ter”.
Consequentemente, sou feliz com a forma que gasto o meu dinheiro.

Mas aprendi a ser assim porque o dinheiro sempre foi limitado. E


quando o dinheiro é limitado você tem que estabelecer prioridades e

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decidir como você vai gastar. Mesmo quando eu era dependente dos
meus pais, em casa só comprávamos roupas quando precisávamos.
E assim fui crescendo e aprendendo que, para conseguir realizar as
minhas viagens, também seria necessário pensar melhor em como
gasto o meu dinheiro.

A sua prioridade pode não ser viajar, pode ser comprar um


apartamento. Ou talvez você seja de fases e a cada hora tenha um
objetivo diferente. Não tem problema. Mas mantenha em mente que
neste livro, apesar de dar algumas sugestões que se encaixam para
diversas situações, lá no fundo sempre vou estar me referindo às
viagens como objetivo final. Porque é isso que eu tenho em mente
quando coloco as moedas no cofrinho.

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Mudança de vida

Viajar passou a ser a minha prioridade desde que comecei a ganhar


dinheiro - e isso foi lá nos Estados Unidos, onde eu ganhava pouco,
mas pagava minhas contas, tinha o luxo de um carro e ainda sobrava
um dinheirinho para viajar. Quando decidi voltar a morar no Brasil,
coloquei na cabeça que precisaria de um emprego que me rendesse
X reais para que eu continuasse viajando. Não deu certo e, para
piorar, o custo de vida em São Paulo era ainda mais alto do que o de
Minneapolis. Eu não conseguia manter o mesmo padrão que tinha nos
Estados Unidos e muito menos continuar viajando.

Teve muita frustração nessa época e muito mimimi. Mas assim


aprendi uma das coisas mais importantes e que venho praticando em
momentos diversos: às vezes, é preciso mudar o padrão de vida.

Muita gente quer viajar, comprar apartamento, carro ou seja lá qual


for o objetivo, mas poucos estão dispostos a dar dois passos pra trás
no padrão de vida. Poucas pessoas estão dispostas a abrir mão da
manicure semanal, do salão mensal, dos almoços-eventos da empresa
onde trabalham e de muitos outros detalhes da rotina. É muito
mais fácil reclamar que não tem dinheiro e que viajar é caro do que
parar para analisar o seu dia-a-dia e observar no que vem gastando.
Autossabotagem.

Nessa época que voltei para o Brasil, eu não tinha escolha e não era
só para viajar, não. Era também para viver em São Paulo. Meus pais
não moram na capital, então as coisas eram piores ainda. Nos Estados
Unidos, eu morava sozinha, mas agora tinha que dividir apartamento
para conseguir pagar o aluguel, carro não era uma opção, compras
nem pensar e assim foi por um ano, até eu conseguir encontrar outro

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emprego que me pagasse melhor. Aliás, outra coisa que aprendi – que
me desculpe o RH de empresas de todo o Brasil – foi que a melhor
maneira de aumentar o salário é mudando de emprego. Está aí outra
coisa que pouca gente está disposta a fazer, mexer os pauzinhos,
atualizar o currículo e buscar novas e melhores oportunidades
no mercado de trabalho. É chato, eu sei. Mas no meu caso, nunca
consegui dentro de uma empresa ter um aumento de salário
significativo que compensasse o salário de um novo emprego.

Mesmo com melhores salários, nunca deixei de lado o hábito de


analisar qual gasto é dispensável na minha rotina. Tem sempre alguma
viagem que quero fazer e, consequentemente, uma nova estratégia de
corte de gastos. E esse processo não precisa ser sofrido, não, do tipo
“nunca mais vou poder fazer a minha unha no salão”. Pensa como algo
temporário, depois você volta, abre mão de outra coisa e assim vai. É a
melhor maneira de manter o equilíbrio financeiro como um hábito na
sua vida.

Quer ver como funciona? Vamos dizer que você queira economizar
R$2000 para comprar uma passagem aérea. Vou colocar aqui alguns
exemplos de como você pode cortar os seus gastos por um período de
no máximo três meses sem nenhum esforço radical e economizar o
valor necessário para a passagem:

Academia = R$150/mês
Como economizar: trancando por um mês.

Economia = R$150

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Manicure = R$25/semana
Como economizar: fazendo duas vezes por mês e não toda
semana durante dois meses.

Economia = R$100

Bar, balada ou jantar = R$150/noite


Como economizar: Sair apenas um dia da semana ao invés de
dois dias durante um mês.

Economia = R$600

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Almoço diário = R$25
Como economizar = fazendo ou levando o próprio almoço
durante dois meses.

Economia = R$800

Mercado semanal = R$150/semana


Como economizar = reduzir o valor da sua compra semanal em
R$30, não comprando o desnecessário e fazendo escolhas mais
inteligentes durante três meses.

Economia = R$360

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Total economizado = R$2010

O que eu corto em momentos de economia

Academia - porque viajar é sempre uma boa desculpa pra parar de


malhar;

Diarista - porque fazer faxina pode ser uma terapia;

Cortar cabelo naquele lugar que não é o meu salão preferido, mas
resolve a questão;

Manicure e pedicure - porque fazer as unhas no sábado à tarde pode


ser uma boa terapia;

Baladas que nunca fui e jantares que sempre vou;.

Uber em excesso - se der para ir de metrô, é assim que eu vou;

TV a cabo, porque é mais cara do que Netflix (mas se apertar muito,


corta o Netflix também);

O plano do meu celular, talvez transformando em pré-pago.


Aproveitando o tópico, você não precisa ter um iPhone;

Almoços da firma - levo marmita para o trabalho e deixo o vale-


refeição para almoços especiais;

Deixo de morar sozinha (essa é a mais difícil para mim e que já tive
que fazer anteriormente). Mas voltar a morar com os pais, dividir
apartamento ou colocar o apartamento para alugar no Airbnb podem

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ser boas alternativas durante o período. Mas vou falar melhor sobre
isso mais pra frente;

E não dá para esquecer do básico a ser feito: apagar sempre as luzes,


desligar aparelhos eletrônicos domésticos que não estão sendo usados
e, quando viajo, desligo a régua cheia de tomadas ligadas gastando
energia. A conta vem no fim do mês.

Difícil eu viver sem

Uma casa bem localizada e com fácil acesso ao metrô;

Um bom jantarzinho fora de casa aqui ou ali de vez em quando;

Meu cachorro Godofredo que dá gasto grande, mas um amor ainda


maior.

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Resistindo às
compras
Não sei se é o meu espírito mão-de-vaca, mas acho tudo caro. Às vezes
encontro algo interessante, mas, se o preço me assustar, fica fácil
desistir. Sou daquelas que acham a coisa linda até descobrir quanto
vale. Isso naturalmente acaba me afastando de comprar o que não
preciso.

Dias atrás, entrei na Zara para olhar algumas coisas (olhar eu sempre
olho) e vi uma bota de que gostei (botas são o meu ponto fraco). Todos
sabemos que o material da Zara não é dos melhores, principalmente
nos sapatos, que acabam desbotando fácil. Mas têm bom design e
preço barato com relação a outras lojas de sapato. No entanto, dessa
vez levei um susto. A bota custava R$450! Tem que ter coragem para
comprar uma bota por esse preço na Zara, uma loja de fast fashion. Eu
não tive.

Mas, para ilustrar como funciona esse meu “sistema” pessoal de


decidir fazer uma compra, vamos supor que eu não tivesse me
assustado com o preço e estivesse pensando em comprar.

Para começar, faço uma análise mais profunda para ver se o preço
é justo. Comparo com outras marcas, com outros produtos da loja,
quanto paguei por tal bota que eu tenho, etc. Se concluo que o preço
está bom, que é justo e pagável, parto para a próxima pergunta: mas
eu amei muito?

Amar muito é fundamental, porque se eu não amo, não uso. E se eu


não uso, joguei meu dinheiro fora.

Depois de chegar à conclusão de que amei muito e vou usar pra


caramba “porque combina com aquela calça” começo a me questionar:
mas eu preciso mesmo dessa bota?

Bom, eu já tenho bastantes botas, né? Mas elas estão ficando feias
e vou ficar sem opção de uma melhor para ir a uma reunião ou sair.

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Talvez essa seja aquela bota que vou usar nos próximos meses (ou
anos) em várias ocasiões.

(Tenho isso de usar muito a mesma coisa o tempo todo. Acho ótimo,
porque é sinal de que foi uma boa compra, o produto é mesmo bom,
eu amei e estava precisando).

Escrevendo assim, parece cansativo todo esse meu processo na hora


de fazer compras – investigar se o preço é justo, se gostei de verdade e
se estou precisando. Mas tudo acontece rapidinho, em segundos, e já
se tornou um hábito automático.

Outras técnicas que ajudam são experimentar e ver que não fica tão
bem assim no corpo e, na dúvida, dar uma voltinha pela loja antes de
passar no caixa. Assim, dá tempo de o impulso de compra ir embora.
Já aconteceu de eu estar com a sacola cheia de coisas prontas para
pagar, desistir no meio do caminho e deixar tudo por ali mesmo. Até a
próxima, Zara.

Comprar roupas talvez seja o gasto mais frequente e bobo no universo


feminino, porque é fácil de comprar e quase feito por impulso. Mas, se
você ampliar isso para coisas maiores – carros, decoração, eletrônicos
–, dá para usar o mesmo pensamento do “eu preciso?” e “eu amei?”.
(Spoiler: ninguém precisa de um iPhone. Existem celulares mais
baratos, com câmeras melhores, que duram mais e não quebram a tela
na primeira derrubada do aparelho no chão).

Tudo o que quero de material é resistível; por isso resisto. Se não


resisto e acabo comprando, é porque foi uma decisão bem pensada.

Minhas regras de compras

* Roupas “da moda” são as maiores furadas da economia,


porque a moda passa. Franjas, saias mullet, batom preto,
saltos transparentes e outras invenções que você vai
deixar de usar rapidinho. E aí a gente já sabe: dinheiro
jogado fora. Não é difícil ter um radar para conseguir
enxergar o que eu só vou conseguir usar agora e o que
vou continuar usando por um bom tempo. Por isso eu

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compro aquilo que realmente é do meu gosto, que me
sinto confortável em usar e com as cores que eu gosto.
Já me conheço pra saber que não gosto de estampas,
brilhos, penduricalhos, salto alto, etc. Então já nem
arrisco comprar essas coisas. Elas ficam bem para outras
pessoas, não para mim.

* Evito comprar roupas muito baratas. Priorizo boa


qualidade a preço barato. Gosto de comprar marcas em
que confio, sei que o material é bom, o design é bacana
e que vão durar por um bom tempo. Não compro pela
marca, nunca me preocupei com isso. Mas com o tempo
descobri que comprar o que é mais barato não vale a
pena para roupas e acessórios – as roupas desbotam,
encolhem e acabam não durando nada. Uma amiga
minha que trabalha numa empresa de marca fast fashion
brasileira diz que há exceções, que eles têm fornecedores
com roupas de melhor qualidade e outras nem tanto.
Segundo ela, o segredo é entrar numa loja e garimpar.
Às vezes faço isso, mas normalmente acabo pagando um
pouco mais nas minhas roupas porque sei que elas me
vestem melhor e vão durar mais. O mesmo cuidado eu
procuro ter com promoções. Nos anúncios de promoções,
somos induzidos a comprar logo, por impulso. E é aí que
corremos o risco de comprar algo que não vamos usar. A
promoção pode fazer com que você economize 25%, mas,
se você sair da loja sem comprar nada, vai economizar
100%.

* O mesmo vale para sapatos. Não sei se você já reparou,


mas sapato ruim fica feio, amassado e gasto bem rápido.
Eu costumava comprar esses sapatos baratos mesmo
assim. Depois que comecei a comprar sapatos de boa
qualidade e boas marcas, percebi que eles duram por
muito mais tempo e permanecem bem mais bonitos.

* Como o Brasil tem praticamente apenas uma estação


do ano – o verão – isso ajuda a economizar e não ter

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que comprar roupas novas a cada estação. Para o mini
inverno que existe no Brasil, eu acho que basta um
sobretudo básico preto que cabe em qualquer ocasião e
deixa você mais bonita, uma blusinha de malha bonita
para usar por baixo do sobretudo (é com ela que eu vou
ficar quando chegar num lugar e tirar meu sobretudo),
um jeans, uma echarpe pro pescoço, porque você não
precisa de algo pesado como um cachecol, uma bota
(de preferência baixinha e de cano baixo, que dá para
usar com tudo), calça e blusa de moletom bem grandes
e macias para ficar em casa, meias grossas para ficar em
casa também, um gorro e talvez um par de luvas para
fazer um charme (mas você não vai morrer de frio se não
tiver uma). Pronto, é isso. Não dá pra cair na tentação das
roupas de inverno das lojas. Elas sempre mostram roupas
da moda de inverno, o que é tendência. Ou seja, sempre
com algo diferente que você não vai mais querer usar no
próximo ano.

* Não sou uma grande fã de maquiagem e talvez por


isso não consiga entender quem tem tantos produtos
diferentes. Eu tenho apenas um primer, uma base líquida,
um blush, um rímel, um batom vermelho, um lápis de
olho, duas sombras de olho, dois demaquilantes – todos
de uma marca top do mercado e que são ideais para o
meu tom de pele. Com exceção das sombras de olho, tudo
está sendo usado com alguma frequência, são suficientes
e uma compra que valeu a pena.

* Não uso muita maquiagem, mas sou preocupada com a


minha pele. Tenho 3 cremes recomendados pela minha
dermatologista, um protetor solar com base fator 70, um
protetor solar comum fator 50, um sabonete líquido para
limpar a pele que fica próximo ao chuveiro para que eu
use no banho, um outro sabonete líquido para lavar a pele
pela manhã e um luxo que é a água termal (totalmente
dispensável segundo minha dermatologista).

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* Tenho poucas bolsas – uma de marca gringa (a cara),
outra que comprei num brechó em San Telmo, Buenos
Aires, outra de marca brasileira, que uso no dia a dia e
duas para festas.

* Demorou um tempo, mas finalmente descobri as cores


e modelos de roupas que mais gosto de usar. Passei
muito tempo comprando roupas que não tinham nada
a ver comigo e percebendo que, depois de um tempo,
mal as tinha usado. Ao descobrir o que realmente gosto
de vestir, ficou mais fácil fazer compras certeiras e mais
enxutas, porque acabo usando mais o que tenho. Uso
sempre as mesmas coisas, até elas ficarem gastas demais.
Se você achar isso muito boring, dá para variar o look nos
acessórios – bijuterias, lenços, bolsas, etc.

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Desapega

Primeiro, a gente compra tuuuudo para depois se desfazer de tudo. É


assim que funciona. Coisas são descartáveis.

Para as roupas, tenho um armário pequeno que divido com o meu


namorado (e a parte dele sempre é mais vazia). Às vezes, me irrita não

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ter espaço para as minhas coisas, mas essa falta de espaço me obriga
de tempos em tempos a ter que separar tudo o que não estou usando
e a me desfazer de alguma forma. E por mais que as minhas compras
sejam bem pensadas, não são perfeitas. Há muito a descartar e a
maioria são roupas e acessórios que mal usei.

E como se descarta? Você pode doar ou vender em brechós. Eu tento


fazer assim: o que é muito bom, custou caro e mal usei eu tento vender
para compensar o dinheiro jogado fora. Se a roupa for básica, vai para
doação.

Apesar de todo momento de limpeza do armário ser um confronto


com a verdade (eu comprei mal, engordei ou tenho que me desfazer de
algo que adoro porque está velho) o processo não é difícil para mim.
Me desfazer das coisas é a melhor forma de manter tudo organizado.
Marie Kondo, a rainha da organização e autora do livro “A mágica da
arrumação” diz que a melhor forma de começar o descarte é tirando
absolutamente tudo do armário. Só depois de tirar tudo é que você
vai começar a separar o que vai descartar. Quando a pilha do descarte
estiver pronta, então você organiza o restante no armário. Não preciso
dizer que você tem que ser sincero consigo mesmo para terminar essa
tarefa com sucesso, né?

Se esse processo for difícil pra você, vou tentar facilitar com essa
pergunta: você quer um armário só com roupas que você ama? Então,
você tem que descartar aquelas de que não gosta e que já não caem
bem em você. Essa é a melhor maneira de vestir apenas as suas roupas
favoritas todos os dias.

Os carros que tive, sempre consegui mantê-los limpos e organizados.


A última vez que tive um carro, trabalhava numa fazenda e usava uma
bota (alguém consegue imaginar?). No fim de todos os dias, eu tirava a
minha bota antes de entrar no carro e a colocava num tapete específico
para não sujar o resto do carro de terra. Aí, era só colocar um tênis,
que já ficava no carro, ligar o som e pegar estrada. Era algo chato que
eu tinha que fazer todos os dias, mas com o qual me habituei para que
a minha vida ficasse melhor – e mais limpa. Assim como nossa casa, o
estado do nosso carro também reflete o que está se passando na nossa

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vida. Um carro bagunçado só pode mostrar que a nossa vida está
caótica. Além dessa reflexão, se você tiver um carro organizado, é mais
fácil conseguir se concentrar na estrada sem ter que se preocupar com
a bagunça a sua volta.

Livros são o meu ponto fraco. É difícil me desfazer deles. Alémde os


livros terem algum conteúdo que me interessa para alguma pesquisa
ou que me tocou quando li, adoro como objetos de decoração. A
prateleira de livros é um canto que gosto de olhar, gosto de mexer e
uso bastante. Outros livros estão espalhados pela casa. Acho que gosto
da energia deles por aí.

Tenho o Kindle para e-books e adoro, recomendo. Comprei quando


voltei dos Estados Unidos para morar no Brasil porque queria
continuar lendo os livros no idioma inglês. Hoje, faço assim: os livros
que não faço questão de ter fisicamente, compro como e-book. Aqueles
gringos que eu quero muito, que são de um autor que eu gosto ou que
tenham um projeto gráfico bacana eu compro no formato impresso
em alguma grande livraria por aqui, ou espero para comprar quando
viajar. Já livros brasileiros, compro sempre no formato físico. Bom,
toda essa enrolação foi só para não te contar que quase não descarto
livros. Mas vamos passar para o próximo tema.

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Minha casa,
minhas coisas

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Adoro viajar na mesma proporção que gosto de ter um lugar para
voltar. Minha casa é o meu descanso, o lugar onde me reconecto e
onde estão as coisas materiais que têm algum significado pra mim.
Nos momentos de transição de vida, em que tive que passar um tempo
na casa dos meus pais ou de amigos, me sentia perdida. Gosto do meu
espaço, do meu canto para escrever e ficar só. Ter uma casa mantém
certo equilíbrio na minha vida de viajante – viajo para desapegar,
volto para manter os pés no chão.

Desde que deixei a casa dos meus pais, aos dezenove anos, para fazer
faculdade, mudei de casa por dez vezes em quatorze anos. Não estou
falando de casas provisórias. Estou falando de contrato de aluguel,
caminhão de mudança, compra de móveis e contas pra pagar.

Como são cidades e países diferentes, somados a momentos


financeiros diferentes, nunca consegui manter os mesmos móveis e
artigos de decoração. A minha primeira casa, durante a faculdade, eu a
dividia com uma amiga que também não tinha grana. No lugar do sofá,
colocamos um colchão na sala para as pessoas se sentarem. Morro
de vergonha só de lembrar. Num desses episódios de “precisamos de
móveis mas não temos dinheiro”, Dani e eu trouxemos pra casa uma
poltrona toda rasgada que encontramos na rua, colocamos uma manta
por cima e pronto; havia mais um lugar para sentar além do colchão.
Como decoração, também usávamos um carrinho de supermercado
no meio da sala. Veio pra casa num dia em que compramos muita
coisa no mercado e precisamos do carrinho para levar tudo pra casa.
Mas a nossa grande atração era uma geladeira amassada num formato
que ninguém conseguia entender. Eu explico: quando a compramos,
o carreto foi entregá-la e não percebeu que a geladeira não passava
no portão do prédio. Assim, entrou a todo vapor com a pick-up pela
garagem e a nossa geladeira levou um amassado bem no meio dela.
Passamos a faculdade inteira assim. Mas sempre felizes.

Minhas casas seguintes foram nos Estados Unidos e, como eu


trabalhava e ganhava meu próprio dinheiro, elas já foram melhores,
repletas de baratezas da Ikea – uma loja de móveis e decoração sueca
que tem filiais em várias partes do mundo e apresenta peças com
design legal e preços bem acessíveis.

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Quando vendi tudo e fui para o Havaí

Depois de alguns anos morando em Saint Paul/Minneapolis, eu


andava numa fase em que tentava decidir os meus próximos passos –
se voltava para o Brasil ou se me mudava para Nova York.

Já que, independentemente de minha decisão, eu teria que deixar meu


apartamento , resolvi colocar toda a mobília e decoração à venda.

Comecei anunciando tudo no Craig´s list, um site tosco e eficiente

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para anunciar muitas coisas, inclusive móveis usados. Com o anúncio
no ar, todos os dias alguém vinha buscar alguma coisa, uma cadeira
estilosa, depois o sofá, o quadro rosa da parede, depois a mesa de
jantar que nem era tão bonita, a televisão, cama e assim foi seguindo
até o último item, que era o colchão. No último dia, tive que pedir um
inflável emprestado à vizinha para poder dormir (colchão este que
acabou esvaziando no meio da noite e me deixando no chão).

No apartamento vazio bateu uma tristeza por não ter mais aquelas
coisas, era o fim da minha casa. O apartamento de Saint Paul não era
o primeiro da minha vida, mas era o mais importante. Foi nele que
morei completamente sozinha pela primeira vez, que comprei todas as
coisas que queria ter numa casa e que me acolheu nos invernos mais
pesados e solitários que já vivi.

Mas, pensando racionalmente sobre toda essa mudança, enquanto


observava aquele colchão murcho na sala, fiquei me perguntando:
pra que comprar tanta coisa para uma casa se depois a gente tem
que desmontar? Como eu vivia mudando de cidade, era sempre a
mesma história de ter que me desfazer de tudo em cada mudança. E
esse raciocínio foi me levando naturalmente à conclusão de que não
fazia sentido comprar tanto ou do mais caro para uma casa. A vida é
mutável e o apego material é dispensável.

Um mestre espiritual chamado Gurdjieff diz que costumamos colocar


uma etiqueta emocional nas coisas. Por exemplo, aquela cama que eu
tinha em casa não era apenas uma cama. Mas a primeira cama que
um dia eu escolhi sozinha numa loja que gostava, montei sem ajuda
de ninguém, orgulhosa com as minhas conquistas e independência.
Esta teoria funciona também para os souvenirs que compramos numa
viagem e colocamos uma etiqueta emocional – toda vez que olhamos
para ele, lembramos da viagem. O sentimento de ter comprado aquilo
é bom. Mas o apego dificulta a nossa visão da realidade – de que coisas
são apenas coisas, sem valor intrínseco.

O desapego do meu apartamento teve um final feliz. Converti todo


o dinheiro da venda dos móveis em uma viagem para o Havaí. Sem
nem saber do clichê “não colecione coisas, colecione experiências”, lá

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fui eu trocar móveis, decoração e tranqueiras por praias paradisíacas,
mergulho com tubarões e aparelhos de snorkeling. Foi quando eu
aprendi que fazia mais sentido gastar o meu dinheiro com viagens
e experiências do que comprando coisas. Essa lição eu nunca mais
esqueci.

Hoje

Os minimalistas dizem que você não precisa encher a sua casa de


bugigangas decorativas ou pendurar quadros na parede só porque
dizem por aí que é necessário decorar uma casa. Eles recomendam que
você só coloque um objeto na casa se ele realmente trouxer alguma
alegria.

Eu concordo, mas com cautela. Se concentrar apenas em objetos que


nos trazem alegria me parece o ideal, mas também não gosto de uma
casa muito vazia. Acho legal ter um quadro na parede branca para
deixar o apartamento com vida.

Eu tento encontrar algum equilíbrio. Na minha sala, por exemplo,


tem o pôster do filme Pulp Fiction, o meu preferido, e um quadro que
comprei no Moma, em Nova York, há alguns anos. Estão em paredes
diferente e ambos me trazem boas lembranças. Ao lado do quadro
do Moma está um quadro inútil, sem valor sentimental algum. Me
desapegaria dele facilmente, mas a parede ficaria tão estranha. Posso
compensar com algum outro desapego da casa?

Na cozinha não tenho muita coisa. Não tenho, por exemplo, a


batedeira colorida que todo mundo deseja porque eu nem sou de
cozinhar. Assar bolo então... acho que nunca. Também não tenho
uma máquina da Nespresso porque, além de ser mais cara do que as
outras, não sou uma amante do café. Tenho outra máquina, de marca
diferente, que faz alguns cappuccinos e lattes que eu tomo todas as
manhãs. Ela não é linda e nem tem status por aí, mas cumpre a sua
função. Também não tenho um jogo de panelas maravilhoso; tenho o
suficiente para cozinhar no meu limite. Tenho um jogo de quatro taças
de vinho, porque gosto de vinho e recebo visitas que também gostam.
Minha geladeira não é de inox, mas uma que comprei usada há cinco

37
anos, pequena, em ótimo estado.

Minha televisão não é smart. Meu namorado quer comprar uma e


vive soltando essa indireta aqui em casa, mas eu finjo que ele não está
falando comigo.

Morando de aluguel

Na lista de prioridades, comprar apartamento talvez esteja em último


lugar. Falta dinheiro, falta vontade. Me parece um compromisso muito
grande, pé no chão demais e uma sensação de que serei obrigada a
pertencer a um único lugar. O espírito livre que me habita não está
preparado para isso.

Eu quero mudar de cidade, mudar de país, e alguém me contou


que comprar apartamento só é um bom investimento se for para
morar. Não sei se é verdade, mas como tenho um perfil financeiro
conservador, prefiro não arriscar.

Ao longo desses anos, tenho tentado conciliar preço de aluguel com


boa moradia e localização. Em São Paulo, optei por não ter carro.
Então, morar bem localizada e próxima a um metrô são coisas de que
não abro mão. Eu gosto de morar bem, principalmente agora que
trabalho em casa em tempo integral.

A maneira mais barata de se morar é com os pais, claro. Mas isso


está fora de cogitação, já que meus pais não moram em São Paulo. E,
mesmo se morassem, acho que já estou grandinha para voltar a morar
com eles – saí de casa há quinze anos. Mas entendo quem volta a
morar com a família se tem um objetivo em mente . Nada mal passar
um tempo diminuindo gastos enquanto você se planeja para um ano
sabático, por exemplo.

A outra maneira mais barata de morar é dividindo apartamento. Fiz


isso por muito tempo, até que cansei. Foram várias as razões, mas a
principal delas é que gosto de ficar sozinha.

Depois veio o Pedro, que rapidamente se instalou no meu apartamento


de 35m2, e lá ficamos acampados por mais de um ano, até que um

38
dia ele disse ‘chega’. Em um mês, estávamos nos mudando para um
apartamento maior e melhor. Pra mim não mudou muita coisa do
ponto de vista financeiro, já que a minha parte do aluguel morando
com o Pedro é o mesmo valor de aluguel que eu pagava sozinha antes
num apartamento e prédio piores. Então, só vi vantagens.

A minha vida atualmente tem um certo conforto de planos a curto


prazo. Não estou planejando nenhuma reviravolta para tão breve.
Mas, se eu fosse você, eu faria assim:

* Se o seu objetivo é uma viagem longa, como um ano


sabático ou um intercâmbio, o esforço é maior. Uma
voltinha pra casa dos pais por certo período seria uma
ótima ideia. Coloque no papel o objetivo e o período que
você vai fazer esse esforço, por exemplo: “vou morar por
um ano com os meus pais para no outro ano viajar pelo
mundo”. Se morar com os pais é impossível, talvez a
solução seja dividir o apartamento com outras pessoas.
Em uma das vezes que planejava mudar de cidade, deixei
de morar sozinha e fui atrás de um apartamento em que
eu não tivesse muitos compromissos. Não queria nome
nas contas, no contrato, nem nada. Queria apenas um
quarto. Acabei encontrando alguém que tinha um quarto
disponível e lá morei por alguns meses. A ideia é que você
encontre maneiras de economizar no seu aluguel, que
geralmente é a nossa maior conta da vida. Quanto maior
for o seu esforço, mais rápida é a chance de você realizar
o seu objetivo.

* Se o plano for algo menor, a curto prazo, como as


próximas férias, seu esforço pode até ser menor, mas
também é mais limitado. Não sei o quanto suas férias
de quinze dias são importantes pra você a ponto de
voltar pra casa dos seus pais ou dividir seu apartamento,
por exemplo. Mas uma ideia que eu gosto bastante,
que dá resultado e nem é tão radical assim é anunciar

39
o apartamento ou quarto no Airbnb para ganhar uma
grana extra. Eu já fiz isso algumas vezes e convenci um
amigo a fazer o mesmo, expulsando o seu roommate,
que só dava problema, e alugando o quarto vago por
temporada. Deu tão certo pra ele que nem precisa alugar
o quarto o mês inteiro para pagar suas contas. No meu
caso, enquanto eu viajava, aluguei o antigo apartamento
em que morava para algumas pessoas. Trancava tudo o
que era pessoal dentro de malas, comprei lençóis novos
e toalhas apenas para os hóspedes e, quando tinha uma
viagem com data marcada, alugava o meu apartamento.
Também tenho alguns amigos que moram sozinhos,
alugam o apartamento inteiro no Airbnb e fogem para a
casa dos pais durante esse período.

40
Desapego Digital

No elevador, sou aquela que está checando o celular. No restaurante,


na rua, no sofá de casa, enquanto cozinho e queimo o arroz… Às
vezes, já nem sei mais o que eu estava fazendo ali, no celular. Passo
do Facebook para e-mail para Instagram para Snapchat e Twitter. E
repito. Me perco.

Eu adoro a internet e a tecnologia, mas ela consegue tirar o meu foco


do momento, da vida, de ler um livro e de coisas importantes que
preciso fazer.

Uma das propostas do minimalismo é passar a usar a tecnologia como


ferramenta ao invés de passatempo. O celular e a internet podem ser
ótimos para nos comunicarmos com as pessoas que amamos, tirar
fotos de lugares lindos, usar o GPS para chegar em algum lugar ou
pagar uma conta pelo aplicativo do banco. Mas é muito fácil pegar o
celular para fazer uma dessas coisas e acabar se perdendo no meio de
tantas redes sociais, memes e timelines sem importância.

O desapego digital pode não ter interferência direta no que você


economiza, mas te dá mais tempo para focar no que realmente
importa: seus objetivos e como você vai fazer para alcançá-los.

É o que digo sobre tentar emagrecer: só consigo se estiver totalmente


focada, pensando nisso o tempo todo, em cada coisa que como, em
cada movimento físico que eu faço. Se eu não tiver esse foco, não
consigo. É a mesma coisa na hora de guardar grana para viajar. E se
você, que é mais esperta e focada do que eu, consegue emagrecer com
dedicação nos exercícios físicos e dieta, você vai conseguir atingir a sua
meta para viajar também. Foco é a palavra, amiga.

Me policiar para não ficar no celular o tempo todo é a parte mais

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difícil. Mas eu conto com a ajuda do meu namorado, que mora comigo
e, toda vez em que estou no celular por horas desnecessárias, me
diz na maior tranquilidade “deixa o celular um pouco de lado, não
precisa ver isso agora”. Sua calma faz com que eu me sinta uma
pessoa horrível, quase fútil, e logo deixo o celular de lado porque
realmente não preciso. A blogueira americana Leandra Medine, do
site Man Repeller, escolheu o sábado como o dia do detox digital.
Sem whatsapp, sem instagram, snapchat, nada. Estou pensando em
copiar...

Além do tempo no celular, vira e mexe eu faço uma faxina tecnológica:


apago coisas do meu computador , salvo outras em HD’s e deixo de
seguir páginas e pessoas que já não acrescentam na minha vida. Tive
essa ideia porque houve uma época em que entrava no facebook
e morria de depressão com o excesso de informações e opiniões.
Hoje, de tempos em tempos, reviso a lista de pessoas e páginas que
acompanho e deixo de seguir algumas, se necessário. Essa foi a
maneira saudável que encontrei de me manter nas redes sociais, já que
eu gosto delas, além de serem ferramentas de trabalho. Uma atitude
que mantém a minha mente mais limpa e organizada, mais focada no
que realmente importa.

Vamos começar juntas, agora, desligando o celular até cansar de ler o


livro.

42
Vida sem carro

Este carro não sobreviveu ao inverno.

Quando me mudei para os Estados Unidos, logo depois de me formar


na faculdade, tive o meu primeiro carro, ou melhor, os meus três
primeiros e últimos carros.

Com o dinheiro do estágio que eu fazia lá, comprei um Corsica 1986.


Durou três semanas. Em seguida, comprei um Mazda Protege 2003,

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que usei durante dois anos, mas tive que trocá-lo depois de enfrentar
a maior nevasca que já vi. O carro encalhou na neve, foi empurrado
por outro carro pelo para-choque, acelerei demais até estourar o
escapamento e, por fim, o carro teve que ser puxado por uma corda até
chegar em casa. Depois dessa maratona, ele não aguentou e teve que
ser trocado, desta vez por uma Sportage 4x4 – tração nas quatro rodas
não é luxo para quem mora em Minneapolis.

Eu adorava ter carro! Adorava ligar o som e dirigir. Contudo, onde


eu morava não havia outra opção para ir até o trabalho. De qualquer
forma, meus gastos não eram exagerados e sustentáveis :

Seguro: US$100/mês

Gasolina: US$70 /mês

Manutenção: US$100/mês

Quando voltei de Minneapolis para São Paulo, a ideia de ter um carro


nem passou pela minha cabeça. Voltei sem emprego. Quando consegui
um, ganhava tão pouco que mal conseguia pagar o aluguel.

Eu morava na região da Avenida Paulista, trabalhava na Avenida


Paulista e assim não havia necessidade de ter um carro. O meu
segundo emprego em São Paulo, também na Paulista (que sorte) ainda
excluía qualquer ideia de gastar com isso.

Já o terceiro emprego era longe – no bairro do Limão. Levava em


torno de uma hora e meia de “busão” para ir e mais uma hora e meia
para voltar.

Cogitei comprar um carro e conversei com o meu pai a respeito. Ele


disse que, com o dinheiro que eu gastava para viajar, dava para dar
entrada num veículo. Desisti da ideia. Assunto encerrado. O jeito foi
continuar indo de ônibus para o trabalho, pois das minhas viagens eu
não abriria mão.

Não era fácil, porém eu sempre me recusei a – permita-me a expressão


adolescente – “entrar no sistema” de alguns paulistanos e pagar uma

44
fortuna para ter um carro em troca de mais conforto. De transporte
público me acostumei e nunca me arrependi.

Quando decidi mudar de apartamento para procurar um maior junto


com o meu namorado, a única coisa de que tínhamos certeza era
que teria que ser próximo à estação de metrô. E assim saí do metrô
Trianon-Masp para o metrô Faria Lima. Se eu tivesse escolhido uma
outra região menos central e mais barata, talvez pudesse bancar um
carro. No entanto , entre morar bem e ter um carro, prefiro morar
bem. Essa foi a minha escolha.

O transporte público de São Paulo ainda tem muita coisa para


melhorar. As linhas do metrô são curtas e não incluem muitos lugares
da cidade. Os ônibus não têm ar-condicionado e, por experiência
própria, não é fácil ficar dentro de um ônibus parado no trânsito em
pleno verão tropical. Só de lembrar, escorre uma gota de suor da
minha testa. E os táxis sempre foram caros.

Só depois é que o Uber foi aparecer nas nossas vidas. Primeiro o


‘Black’, depois o ‘X’ e depois o ‘pool’. E aí é que ficou mais fácil e mais
barato andar em São Paulo.

Se antes já havia contas e teorias explicando que compensa mais


andar de táxi do que ter carro em São Paulo, agora as pessoas
passaram a realmente vender seus carros para andar de Uber. Uma
amiga disse que o que ela gasta de Uber mensalmente é o que ela
gastava de gasolina quando tinha um carro. Faça as contas incluindo
seguro, IPVA, licenciamento, gasolina, manutenção, estacionamento e
me diga se não sai mais barato utilizar outro meio de transporte.

Outra amiga passou a ir para o trabalho de bicicleta. Comprou uma


cestinha para colocar as suas coisas e foi. E já ouvi o caso de algumas
outras pessoas que fazem o mesmo ou até utilizam a bicicleta elétrica.

Eu me transporto basicamente a pé, de metrô e de Uber. São Paulo


não precisa de mais um carro e minha conta bancária não precisa de
mais um gasto.

Quando eu e meu namorado queremos ir para o litoral, alugamos um


carro para o fim de semana. E quando quero visitar meus pais que

45
não moram na capital, vou de ônibus ou pego carona com alguém que
esteja indo para a mesma cidade. Existem grupos no Facebook que
ajudam você a fazer isso e até aplicativo de celular que une motorista à
carona de forma segura. Qualquer uma dessas opções é mais barata do
que ter carro.

Se você não mora em São Paulo e/ou em cidades que não têm metrô
ou Uber, por exemplo, entendo que você tem menos opções. Ainda
assim, dá para pensar numa maneira de poupar com transporte.

Meus pais moram em São Carlos, cidade do interior de São Paulo com
300 mil habitantes, e vivem reclamando do trânsito. Não existe metrô,
não existe Uber e as pessoas chegam a ter de dois a três carros por
família. Aí eu fico me perguntando: para uma cidade relativamente
pequena, será que não dá para compartilhar uma carona com
alguém do trabalho? Será que não dá para o marido deixar a esposa
no trabalho e vice-versa? Será que não dá para utilizar a bicicleta?
E trazendo tudo isso para a sua esfera: será que você não consegue
colocar em prática uma dessas ideias aí na sua cidade? Assim todo
mundo sai economizando.

O que eu aprendi:

* Morar perto do transporte público faz com que a


necessidade de ter carro seja reduzida;

* Morar numa região menos centralizada pode fazer com


que você gaste mais com transporte;

* Quando eu quero viajar para perto, alugo um carro ou


pego carona;

* No Brasil ter carro sai muito, muito caro.

46
A gente não quer
só comida, mas
quase

47
Na minha fatura do cartão de crédito o que mais se encontra são
restaurantes, bares, supermercados e afins. Além de precisar comer
para viver, como boa moradora da cidade de São Paulo, gosto de
sair pra jantar. Fazer o que se a cidade tem uma infinidade de
restaurantes? Mais até do que Nova Iorque! Eu não consigo nem
conhecer todos os restaurantes do meu bairro.

Quando voltei dos Estados Unidos para morar no Brasil, tive meu
primeiro emprego de verdade no país. Achei maravilhosa essa ideia de
vale-refeição, mas esquisitérrimo que ninguém conseguia se manter
no valor diário do VR. Ao invés de as pessoas almoçarem em algum
lugar que coubesse no orçamento diário, elas adicionavam o valor
que faltava, que muitas vezes era o dobro. Tudo bem que em muitos
lugares o valor do VR é baixo, mas acho que na maioria das vezes é
comodismo mesmo – já vi funcionários de empresas onde o VR é de
R$35 e as pessoas se sentem à vontade almoçando num lugar onde
a conta é R$50. É como uma amiga minha que tem plano de saúde
pago pela empresa mas só vai em consultas particulares. Eu achei
esquisito esse esquema do VR, mas acabei entrando na mesma onda.
O problema é que a gente gasta mais.

Você, de outra cidade, pode me falar depois se aí onde você mora é


assim também, só que em São Paulo a gente costuma se compensar
pela rotina difícil que levamos. “Poxa, foi tão difícil chegar no trabalho
hoje com esse trânsito e com o chefe enchendo o saco que a gente
merece um almoço especial”. Na última empresa que trabalhei,
chamávamos de “almoço feliz” e rolava sempre na sexta-feira. Mas
todo dia era dia de gastar, mesmo com a empresa oferecendo um
refeitório (horrível, se isso justifica).

O brasileiro consegue tornar um simples almoço de trabalho


num evento. Nos Estados Unidos, todos (do estagiário ao diretor)
levávamos uma lancheira (lancheira mesmo) com o nosso almoço e
comíamos na própria mesa num intervalo de trinta minutos. Não é a
maneira mais saudável, já que você mal se desliga do trabalho durante
o almoço, que deveria ser um momento mais tranquilo. Entretanto,
era supereconômico. Todas as noites eu preparava um lanchinho, uma
comidinha rápida, colocava tudo na lancheira e levava no dia seguinte

48
para o trabalho. Aos poucos vejo o hábito da marmita pegando por
aqui também, mas ainda falta muito para se tornar um costume.

Trabalhando em casa, veio um novo desafio: cozinhar para


economizar. Justo eu, que não gosto de cozinhar, comecei a ver
isso como uma obrigação, já que estaria em casa o dia todo. Não
funcionou. Faltou vontade e, principalmente, faltou tempo. Hoje,
faço um esquema de comprar algumas refeições congeladas saudáveis
prontas e acabo fazendo só algum complemento básico em casa. Tem
dia em que almoço fora, mas aí procuro um lugar baratinho.

Uma grande falha na minha vida é a boa alimentação. Praticantes do


minimalismo dizem que uma vida mais simples é também uma vida
saudável. E o minimalismo começa primeiro com a limpeza material
e depois se estende para outras áreas da vida, como alimentação,
exercícios, etc. Não é fácil manter a simplicidade da vida a esse ponto
– é preciso se planejar diariamente e ter foco. Como sou ansiosa e
quero fazer muitas coisas ao mesmo tempo, a alimentação saudável é
sempre uma das últimas da lista. Porém, enquanto não consigo atingir
esse nível, resumo aqui algumas coisas que aprendi sobre economia
com a alimentação:

* Evitar o desperdício. A culinarista Rita Lobo tem uma série


ótima no seu canal do Youtube, Panelinha, chamada “O que
tem na geladeira”. Em cada episódio, ela apresenta receitas
variadas para o mesmo legume ou verdura comprados na
feira, evitando o desperdício.

* Na feira é mais barato comprar verduras e legumes,


principalmente se você chegar na hora da xepa, que é quando
os feirantes querem vender tudo logo porque precisam fechar
suas barracas.

* Nos restaurantes, nunca ter vergonha de levar o que sobrou


para a casa. Esse costume eu aprendi quando morei nos
Estados Unidos, onde é super normal sair do restaurante
com uma sacolinha. Hoje faço o mesmo aqui no Brasil sem
vergonha de ser feliz.

* Ir para o mercado com uma lista do que precisa comprar

49
para não acabar comprando mais do que devia. Dizem que
também não é bom levar crianças ao supermercado porque
elas querem tudo e você acaba não resistindo.

* Não fazer compras no mercado com fome. Eu tinha o péssimo


hábito de ficar com fome e correr pra padaria comprar coisas
que são bem mais caras. Percebi que comprava tudo o que
tinha no mercadinho ao lado da minha casa e parei com essa
mania.

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Relacionamento

Quando vi o Pedro pela primeira vez, ele estava pagando drinks para
todo mundo num hostel em Cusco. Para todos os hóspedes. Pediu para
o cara do bar montar a pirâmide de shots de ‘Bloody bomb’, acendeu
a tocha de fogo típica do drink enquanto tocava “Thrift Shop” do
Macklemore & Ryan Lewis e pagou uma conta de bar de R$1500.

Eu nunca vi alguém fazer isso na vida.

Pedro, além de muito generoso, gasta pra caramba. Ele sempre teve
aquela ideia de que dinheiro tem que fluir, tem que gastar. E foi
namorar justo uma muquirana.

Pedro quer uma TV nova. Eu digo não. Pedro quer almoçar fora todos
os dias. Eu digo não. Pedro quer um carro. Eu digo não.

Desde que começamos a namorar, ele mudou bastante. Tem mais


responsabilidade com o próprio dinheiro, pensa no futuro, pensa na
gente. Ainda assim, gasta muito mais do que eu e com menos peso na
consciência.

Como fazemos para conciliar a nossa vida financeira nesse


relacionamento? Pedro e eu dividimos tudo. Houve uma época em
que ele pagava a maior parte dos gastos corriqueiros, mas há algum
tempo começamos a anotar todos os gastos da casa e de lazer num
caderninho (porque nós somos old school e planilha é muito chato),
e, em certa época do mês, nós fazemos os acertos. Isso faz com que
seja justo para os dois e funciona bem para que possamos controlar
os nossos gastos. Antes de morar comigo, Pedro morava com a
família. Portanto, nunca soube quanto era uma conta de luz, conta
do supermercado, etc. Eu sempre tive que alertá-lo sobre os gastos
de uma casa. Agora ele já consegue ter uma noção quando as coisas

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aumentam de preço (mas continua deixando a luz acesa).

Eu sempre brinco que o meu desejo era que o Pedro tivesse morado
sozinho antes de morar comigo para que não precisasse conversar
sobre essas questões domésticas. Mas, como não é o nosso caso, acho
que a melhor forma é conversando com paciência. Eu também procuro
sempre deixar claro qual é a minha situação financeira para que ele
tente acompanhar o meu ritmo de gastos. 

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Dicas minimalistas
para a vida

Para mudar a maneira como estamos consumindo, a melhor maneira


de começar é refletindo sobre os nossos hábitos do dia a dia que, de
tão comuns, esquecemos de questioná-los.

Tenho lido bastante coisa sobre o assunto ao longo dos anos e


encontrei o site “The Minimalists”, de Joshua Fields Millburn e Ryan
Nicodemus, que começaram a viver e a escrever sobre ter uma vida
menos “coisas” e mais “significado”. No site, com vários posts sobre o
assunto, considero algumas sugestões importantes para ajudar com o
caminho a seguir em busca de uma vida mais simples e significativa:

1. Como a sua vida pode ser melhor com menos coisas?

Esta é a primeira pergunta que você deve responder antes de


começar a descartar coisas. Ter um objetivo é importante para
conseguir manter o foco e a razão é diferente para cada pessoa.
Para você, ter menos pode significar ter mais tempo com a
família, ou menos stress, ou melhorar as finanças ou melhorar
seus relacionamentos.

2. Tudo o que você tem deve ter um propósito ou trazer alegria para a
sua vida.

Se não significar nada na sua vida, então você tem que estar
disposto a descartá-lo. E não é porque significou alguma coisa
ontem que continuará sendo importante amanhã. Portanto, é
sempre bom se perguntar se aquele objeto tem mesmo algum
valor na sua vida.

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3. Comece seu dia com uma pequena vitória: arrume a cama.

Uma missão cumprida logo cedo define como o resto do seu


dia vai fluir estabelecendo um padrão de sucesso levando você
para um dia mais produtivo acima de tudo. Além disso, quando
você voltar pra casa no fim do dia, vai se deparar com um quarto
mais tranquilo e relaxante. Um dia de sucesso começa com a sua
primeira vitória.

4. Estabeleça um ritual simples pela manhã.

Depois de fazer sua cama, estabeleça quais são as outras cinco


coisas que você quer fazer na próxima hora. Depois de um
tempo, essas coisas se tornarão hábitos que te levam a um dia
mais produtivo. Os cinco hábitos que estabeleci são: brincar
e cuidar do Godofredo (meu cachorro), tomar café, arrumar
a cama, cuidar da minha pele, responder e-mails e escrever.
Segundo os minimalistas, você pode adicionar algo que goste
depois desses cinco rituais como uma recompensa por tudo.
Ainda estou definindo minha recompensa.

5. Tire a TV do seu quarto.

Já faz parte da nossa cultura fazer várias coisas ao mesmo


tempo. Mas e se você deixar a cama reservada para fazer uma
coisa só – relaxar, dormir, transar ou qualquer outra coisa para
a qual ela realmente tenha utilidade? Deixe a TV para outro
momento, para outro ambiente. Deixe o celular de lado e relaxe.
É confortável fazer uma só coisa de cada vez.

6. Torne mais fácil o ato de descartar coisas colocando uma caixa de


doações na sua casa ou garagem.

Pode parecer uma besteira, mas isso ajuda muito na hora de


descartar as coisas. Na portaria do meu prédio há uma caixa
enorme para doações. Então, é tão fácil eu encontrar alguma

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coisa que não uso em casa e já colocar nessa caixa. Muitas vezes
deixamos de doar porque não sabemos onde colocar aquilo.
Portanto, assim como você tem um lugar para lixo reciclável em
casa, faça também um para descartes e doações.

7. Desacelere.

Estamos o tempo todo ocupados, parecendo zumbis com os


eletrônicos de um lado para o outro. Além disso, vivemos
em um mundo onde o nosso valor é medido pela nossa
produtividade, eficiência e nível de trabalho. Henry David
Thoreau disse uma vez: “Estar ocupado não é suficiente. A
questão é: por que nós estamos ocupados?”. Os minimalistas
adaptam essa frase para: “Estar ocupado não é suficiente.
A questão é: no que nós estamos focados?”. Existe grande
diferença entre estar ocupado e estar focado. O primeiro
envolve o típico conceito de ”qualquer coisa que mantenha
nossas mãos ocupadas e que nos mova”. Estar focado envolve
atenção, consciência e intenção naquilo que se está fazendo.

8. Elimine papéis e fotos digitalizando tudo.

Eu gostava da época em que nós revelávamos as fotos e em


seguida colocávamos tudo num álbum. Acho que as fotos
acabavam tendo um significado maior. Eu tenho poucos álbuns
de fotos em casa, mas meus pais têm vários. Digitalizar as fotos
e documentos me parece uma boa ideia se você ou sua família
estiverem determinados a eliminar caixas.

9. Uma mesa de trabalho limpa é a base para um ambiente calmo.

Eu lembro dessa lição todos os dias quando sento para


trabalhar. Gosto de organização, mas nunca consegui manter
minha mesa de trabalho limpa. Post-its, canetas, livros, diversos
cadernos de anotação e papéis que nunca consigo usar ou

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jogar fora. Um dos problemas dessa bagunça na mesa é que ela
acaba criando maior ansiedade no nosso trabalho (e nós não
precisamos de mais, né?). A dica dos minimalistas é colocar
tudo dentro de uma caixa e ir retirando os itens conforme você
for precisando durante uma semana. Tudo o que você deixou
dentro da caixa pode ser descartado. Com menos itens, é tão
mais fácil conseguir manter a organização, o foco, e se manter
calmo.

10. Organize a gaveta ou armário das bugigangas.

Não tem nada de errado em ter uma gaveta ou armário cheio de


bugigangas (úteis), mas não significa que esse espaço precisa ser
bagunçado. Que tal de tempos em tempos, talvez de três em três
meses, você limpar e arrumar essa gaveta também descartando
o que não precisa? É como fazer uma curadoria de bugigangas,
deixando tudo organizado.

Outras pessoas para se inspirar com o minimalismo

Além dos minimalistas Joshua Fields Millburn e Ryan Nicodemus,


existem outras pessoas que podem trazer alguma inspiração para
você consumir menos e focar no que realmente precisa. Deixo aqui as
minhas favoritas:

Nathalia Arcuri

Autora do blog e canal do Youtube ‘Me Poupe!’, a Nath (já me sinto


íntima) era jornalista, mas acabou se especializando em Planejamento
Financeiro. Hoje, ensina tudo sobre finanças, investimento e como
poupar dinheiro de um jeito engraçado e simples de entender. Já
aprendi muito sobre finanças com ela. Sempre que tenho alguma
dúvida, corro no canal dela para ver se tem alguma coisa sobre o tema.

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Cristal Muniz

Autora do blog ‘Um ano sem lixo’, a Cristal decidiu aprender como
viver sem produzir lixo ou o mais próximo possível disso. Sua meta
é zerar o lixo que precisa ir para o aterro sanitário, ou seja, os não
recicláveis. No seu blog, ela ensina vários novos hábitos e alternativas
para simplificar a vida e produzir menos lixo.

Marie Kondo

É autora de quatro livros sobre arrumação; o mais famoso deles é A


mágica da arrumação – a arte japonesa de colocar ordem na sua
casa e na sua vida. Quando você lê o livro, logo vem o pensamento de
que ela é uma obcecada. Mas sabe que ajuda?! Marie Kondo também
dá palestras e é consultora, sendo que existe uma lista de espera de
três meses para contratar seus serviços.

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Controle de
gastos na prática

Economistas vão falar para você fazer uma planilha, os digitais vão
dizer que já existem aplicativos para isso e seu avô vai contar que
marca tudo num caderninho. Eu prefiro dizer para você escolher a
forma que se adaptar melhor para conseguir controlar os seus gastos.
Digo isso porque eu, que não sou nenhuma especialista, já tentei
todas essas opções acima e algumas outras e a única que deu certo foi
fazendo uma conta das minhas finanças e gastos com papel, caneta e
calculadora na mão.

Repito: escolha a maneira que funcionar melhor para você. E


não precisa ser complicado ou tecnológico, não precisa conter gráficos
e informações complexas. Só precisa fazer com que você trabalhe
regularmente com esse controle. A planilha, por exemplo, não dá certo
pra mim porque, além de odiar planilhas, acho um saco preenchê-
las. Eu posso começar uma hoje e no mês que vem já esqueci que ela
existe.

Quando eu tinha menos dinheiro do que tenho hoje, anotava


todos os dias cada real que havia gastado. Funcionava muito bem
para me controlar e me organizar, já que, vendo as listinhas dos reais
anotados, me dava a impressão de que havia gastado demais. Com o
tempo e conforme o dinheiro foi entrando, deixei esse hábito de lado.
Hoje, faço isso apenas durante as minhas viagens, sem ser muito
radical, funcionando mais para poder informar os leitores quanto
gastei ao fim de cada viagem. Mas a grana anda tão curta que sabe que
estou pensando em voltar a esse caderninho no dia a dia?

Eu também checo a fatura do meu cartão de crédito todo mês.


Num momento da minha vida em que ganhava pouco e gastava mais

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do que o meu salário, me enrolei toda com o cartão e tinha medo de
olhar a fatura todos os meses. Hoje, confiro todos os itens, vejo onde
estou gastando mais. Se tenho alguma coisa parcelada, gosto de olhar
quanto falta pagar e uso até caneta grifa-texto para destacar algumas
coisas. É uma fatura organizada. E ter apenas a versão digital dela
pode ser mais ecológico, mas não funciona para mim. Gosto de ver no
papel, anotar e guardar, se achar necessário.

Quando você achar que está gastando demais, tente fazer um


rastreamento para descobrir se há algo que você pode cortar. É muito
importante para a sua saúde financeira saber onde você gasta o seu
dinheiro.

Peça ajuda a um amigo, à sua mãe, namorado para que


ajudem você a controlar seus gastos. Nem todo cinema precisa ter
pipoca, nem toda volta no shopping precisa terminar com uma
sacolinha, nem todo fim de semana precisa ter um bom restaurante.
Peça a alguém te ajudar com esses controles. Às vezes, gastamos
dinheiro e nem percebemos.

Se você já tem alguma grana guardada, aproveite para colocar


em algum tipo de investimento que você não possa retirar por um ano
ou por certo período. Isso ajuda você a não gastar sua reserva e ainda
obter algum retorno.

Não precisa ser complexo, precisa funcionar. E para isso é


importante ter foco, pensar em cada gasto todos os dias. Funciona
como uma dieta para emagrecer. Estabeleça um objetivo e organize-se
para alcançá-lo.

60
Grana Extra

Já economizou tudo o que tinha para economizar, não tem mais onde
se apertar? Começou a achar que nada vai dar certo, que você não vai
conseguir fazer sua viagem e que é melhor gastar tudo na Zara mesmo
ou no próximo iPhone? Vamos fazer uma grana extra!

Quais são as suas habilidades? O que você sabe fazer que pode gerar
uma grana extra?

É boa na cozinha? Não é difícil vender seus quitutes por aí. Tenho uma
amiga que faz uma renda extra com doces. Investiu num curso e hoje
é uma especialista em brigadeiros. Vai super bem. Se você não sabe
como começar, dê o start enviando amostras para algumas pessoas-
chaves que possam divulgar seu trabalho. Também pode deixar
amostras em bares, lanchonetes e padarias como um teste. Mão na
massa!

Manja de computação? Uma das coisas mais úteis hoje em dia é um


programador. Eu pago uma boa grana para um carinha que eu nem
conheço ao vivo para programar e consertar as coisas no meu site.

Faz faculdade, é professor, fluente num idioma? Sempre tem gente


precisando de aulas particulares e de reforço.

Dá pra você virar Uber, alugar seu carro, trabalhar meio período num
café ou bar e até virar passeador de cachorros. Uma amiga minha é a
passeadora oficial de cachorros do bairro.

Na minha época mais “duranga” caiu do céu um trabalho de tradução


indicado por uma amiga minha. Assim, eu trabalhava o dia todo no
meu emprego comum, chegava em casa à noite e ficava traduzindo
vídeos e textos. Era uma boa grana extra mensal.

61
Hoje, existem vários grupos no Facebook com anúncios de “freelas” e
jobs buscados pelas pessoas. Já vi muita gente se conectando através
desses grupos. Use a tecnologia a seu favor. Mais pra frente, em
outro capítulo, vou citar outros exemplos do que você pode fazer para
ganhar uma grana extra relacionados à economia compartilhada.

E nada disso precisa ser permanente. Você pode fazer por um tempo,
até alcançar o seu objetivo, estabelecendo metas e prazos.

Eu li um educador financeiro dizendo na revista Exame que muita


gente corre atrás de uma renda extra, mas 20% a 30% dos gastos de
uma família acabam sendo com supérfluos e itens excessivos. Mas,
você não! Você já está focado em mandar todo esse dinheirinho para
a poupança da viagem. Nem me apareça com sacolinhas da Zara
depois…

Quem quer dá um jeito . Quem não quer arranja alguma desculpa


para não fazer. Eu sei que no Brasil nós temos esse probleminha de
status, de nos acharmos bons demais para fazer bicos. Mas uma das
características principais do bom viajante é não se importar muito
com o que os outros pensam. É por isso que ele gasta o seu dinheiro
em viagens sem culpa, viaja sozinho, vai para lugares que não são da
moda e corre atrás da sua grana para viajar. E esses dias vi a notícia de
que a Sasha Obama, filha do ex-presidente americano Barack Obama,
estava fazendo um bico num restaurante nas últimas férias. Se até
ela, que é filha de um dos homens mais poderosos do mundo, está
trabalhando sem vergonha, por que você está se achando bom demais
para fazer um bico?

62
Parte II
Não, eu não viajo
o mais barato que
eu posso

Viajar pode até parecer um tema livre, mas está cheio de gente
querendo ditar como você deve ou não viajar. Uma delas é com relação
aos gastos de uma viagem. Sempre que eu posto alguma coisa sobre
valores, aparece alguém para me dizer que gastou bem menos naquela
viagem ou que o hostel que ficou é mais barato ou que tal restaurante

65
é caro. Fica difícil fazer um textão no Instagram ou no Snapchat
explicando que eu não procuro a maneira mais barata de viajar, mas
sim aquela que é a melhor experiência para mim.

Existe uma diferença entre gastar com consciência e ser pão-duro


durante uma viagem. Ser pão-duro é você chegar no destino e abrir
mão de experiências que fazem parte daquela viagem só porque você
não quer ou não pode gastar. Quando eu vou para a Itália, não quero
ficar cozinhando no meu hostel. Eu quero comer os mais diversos tipos
de massas e pizzas que puder. Se for para chegar lá e não poder fazer
isso, prefiro nem ir.

Um exemplo de que a falta de dinheiro me faz mal quando viajo é


minha ida à Tailândia acreditando no conto de que tudo por lá era
muito barato . É barato, mas não tanto quanto imaginei e que pintam
por aí. Existem passeios para certas ilhas e templos importantes que
custam caro. Uma boa hospedagem para alguém viajando sozinho
também saiu mais caro. E a Tailândia – me desculpem mochileiros
– não foi um lugar que gostei de passar perrengue. Areia e calor de
quarenta graus não podem ser misturados com perrengue na minha
vida. E assim foram quarenta dias de tanta economia naquela viagem
que comecei a me irritar porque não podia ter mais conforto. Voltei
cansada e de saco cheio daquele lugar. Mas aprendi muito sobre
minhas preferências e gastos em viagens.

Prefiro levar para a viagem o consumo consciente que tenho no


meu dia a dia. Me permito um bom jantar, economizo no almoço se
precisar, não compro lembrancinhas desnecessárias, não gasto com
passeios ruins que me levam à pior experiência, procuro sempre ficar
num quarto privado de um bom hostel ou hotel, porque gosto de
dormir bem, e ainda dou gorjeta se o país for de gorjeta. Eu já sei do
que gosto numa viagem e nem sempre é o mais barato. E tudo bem,
pois eu procuro a melhor experiência.

66
Na hora de
escolher o
destino

A regra número um para quem quer economizar no destino é escolher


uma data fora da alta temporada. Verão é sempre alta temporada
em qualquer lugar do mundo. Férias também. Não só os preços de
passagens aéreas e hospedagem ficam mais caros nessa época como
também os gastos internos.

Por isso, que tal réveillon na Alemanha ou Itália? Longe do verão e dos
lugares trendy de fim de ano.

As companhias aéreas têm datas específicas para seus preços de alta


temporada começarem e terminarem. Um rato de viagem ligaria para
a companhia aérea que pretende voar perguntando quais seriam essas
datas exatamente. Cada companhia tem a sua.

67
Viajar na baixa temporada tem a vantagem dos preços, mas também
uma outra coisinha que eu adoro: os lugares são menos lotados.
Viagem no contrafluxo é a minha viagem preferida. Pouca gente gosta
de frio, neve e tranquilidade.

A regra do contrafluxo também pode ser aplicada para lugares da


moda. Já percebeu como nós viajamos sempre para lugares onde
todos estão indo? Pode reparar: houve o momento Tailândia, que
se expandiu pela Ásia inteira; as Maldivas foram descobertas agora
pelos novos ricos; Cartagena e San Andrés vieram para ficar, e sinto
uma movimentação intensa para Portugal ultimamente. Quanto
maior a demanda para esses lugares, quanto mais eles percebem
que estão na moda, mais alto ficam seus preços para programas
turísticos e armadilhas para o turista. Quando percebo essa tendência,
prefiro deixá-los para um outro momento. O mundo é enorme, e não
precisamos ir para onde todos estão indo. Seja criativo. Abra o mapa-
múndi e faça suas próprias escolhas.

Muitas vezes escolhemos o destino, mas outras vezes é ele que nos
escolhe. Quem nunca comprou passagem para algum lugar só porque
estava em promoção? Tenho uma amiga que comprou para três países
diferentes num só bug. Além da promoção, o câmbio desvalorizado de
outros países também ajuda. Foi assim que a Ásia ficou famosa entre
os brasileiros – os voos para o outro lado do mundo ficaram mais
baratos, cheios de promoção e o nosso câmbio é mais forte frente a
moeda tailandesa.

68
Passagens aéreas

69
Por voos baratos já fiz algumas besteiras. Dormir no aeroporto é a
mais frequente, aquela que sempre prometo não fazer novamente.
Mas, não adianta. Ao ver um preço mais barato na minha frente,
esqueço a promessa e lá estou eu com uma conexão longa e noturna
nas mãos novamente. No aeroporto de Kuala Lumpur até havia uma
espécie de cama em cápsula para você dormir. Contudo, infelizmente,
esse conforto ainda não chegou à maioria dos aeroportos.

Uma vez, consegui uma passagem para Paris por US$700 em pleno
carnaval. Que sorte! Porém, com conexão em Nova York na ida e na
volta. É como fazer duas viagens, o dobro do tempo! Tudo para fugir
do carnaval pagando barato.

Na Ásia, achei o preço dos voos internos tão baixos que não confiei
na segurança do avião. Como pode um voo com passagens a US$10
ter um bom piloto e uma boa aeronave? Quando se trata de voar de
avião, você não encontra profissionalismo da minha parte – morro de
medo. Quase embarquei num trem de 36 horas de viagem do norte da
Tailândia até a Malásia. Tudo para não entrar num voo low cost.

Só que, às vezes, milagres acontecem. No aeroporto de Santiago,


consegui convencer uma companhia aérea a alterar um dia do meu
voo sem custo nenhum. Voltava do Atacama cansada demais para
passar mais tempo em Santiago. Conversei com a companhia aérea e
embarquei no voo seguinte. Viajar com frequência faz isso, você acaba
compreendendo o funcionamento das companhias aéreas de alguma
forma. Só o medo é que continua, mas nessas horas é melhor deixar
a emoção de lado e pensar de maneira racional. Como desvendar os
mistérios para conseguir uma passagem mais barata?

* Hoje, as promoções de passagens são facilmente


divulgadas através da internet e aplicativos de celulares.
Siga essas páginas nas redes sociais e baixe os aplicativos
para que você receba notificações de promoções. Além de
ajudar na pesquisa e compra, eles te ajudam a entender
melhor como funciona a dinâmica de preços de passagens
aéreas.

70
* Existem sites muito eficientes na hora de pesquisar uma
passagem, com diferentes ferramentas que incluem
gráfico de preços, análise de datas e companhias aéreas.
Use e abuse dessas ferramentas antes de comprar uma
passagem.

* Seja flexível com as datas da viagem. Negocie no seu


trabalho, mantenha as opções abertas; e por que
não escolher a data em função de uma promoção de
passagens que você encontrou?

* Cadastre-se nos programas de milhas das companhias


aéreas. Com o acúmulo de milhas, dá até para conseguir
uma viagem de graça.

* Utilize os pontos gerados no seu cartão de crédito para


convertê-los em milhas. Verifique com o seu banco se o
seu cartão tem parceria com programas de fidelidade de
companhias aéreas. Assim, tudo o que você gasta com
cartão de crédito (eu não uso mais dinheiro) vira pontos
que depois viram milhas.

* Quando na Europa ou Ásia, utilize as companhias aéreas


low cost, ou seja, aquelas com voos mais baratos sem
serviço de bordo e que você paga para despachar a
bagagem. É possível voar de Kuala Lumpur para Bangkok
por US$30, por exemplo. Eu comprei um pacote da
AirAsia por US$160 e com ele voei para onze destinos
diferentes dentro da Ásia. Dizem que o Brasil está em
busca de uma companhia aérea low cost. Tomara. Melhor
para nós, consumidores.

* O que pouca gente faz é assinar a newsletter de


companhias aéreas. Eu assino a de companhias aéreas
nacionais e sempre recebo os voos em promoção para o
fim de semana ou alguma novidade que vale a pena.

* Comprar passagem com muita antecedência é besteira


e ansiedade. Alguns estudos afirmam que, na hora de
comprar uma passagem de voo internacional, fica mais

71
barato se você comprar em torno de 53 dias antes da data
da viagem. Para passagens nacionais, 30 dias. Pela minha
experiência, o preço mais barato gira em torno disso
mesmo. Mas não aposte todas as suas fichas nisso e fique
de olho.

72
Para se hospedar

Do luxo...

...ao lixo.

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Nem sempre hotel, nem sempre Airbnb, nem sempre albergue. Eu
procuro escolher minhas hospedagens de acordo com a viagem que
estou fazendo. Se eu vou passar uma semana em Budapeste, por
exemplo, prefiro ter uma experiência mais local, me sentir ambientada
na cidade e assim escolho ficar numa casa ou apartamento. Mas se
for uma viagem mais rápida, ou estiver fazendo um mochilão, dá para
encarar um hostel rapidinho. Em caso de cansaço, gasto um pouco
mais e pego um quarto privado. Mas se viajo com o meu namorado,
procuramos um hotel ou um hostel boutique para ficarmos mais à
vontade e curtirmos uma lua-de-mel.

Vou do lixo ao luxo. Luxo também porque meu trabalho tem me


levado a alguns hotéis cinco estrelas e, não vou negar, é muito bom
tomar um banho de banheira com vista para o mar de vez em quando.
Mas, se fosse para pagar com o meu dinheirinho suado, acho que não
conseguiria. E, se você está lendo esse livro, provavelmente está na
mesma situação. Sendo assim, vamos falar aqui de hospedagens que
todos nós podemos pagar.

* Você pode usar sites específicos para fazer suas reservas


em hostels. Os que eu mais uso são hostelworld.com e
hostels.com. Mas, uma dica bacana: hostels costumam
cobrar mais barato se você chegar e pegar o seu quarto na
hora. Isso ajuda no orçamento de quem tem flexibilidade
de tempo.

* Para reservar hotéis, o Booking funciona bem. Mas na


Ásia você pode utilizar o Agoda, que funciona melhor.

* Para se hospedar na casa de alguém sem pagar nada,


utilize os sites Couchsurfing e Stay4Free. Mas, se
você precisar se hospedar por muito tempo, pode ser
incômodo tanto para você quanto para o anfitrião.

* Preste atenção na hora de escolher um resort. Os mais


populares têm equipe de entretenimento, comida não tão
boa e tudo em grandes quantidades, mas que deixam a
desejar na qualidade. Costumam funcionar para famílias,

74
mas nem tanto para casais ou para quem viaja sozinho.
Escolha bem o seu.

* Se você tem uma casa, pode utilizar o site Home


Exchange. Lembra do filme O amor não tira férias,
com a Kate Winslet e Cameron Diaz? Elas trocam suas
casas por um tempo, uma em Los Angeles e a outra
em Londres. Adoro essa ideia! Assista ao filme para se
inspirar que vale a pena.

* Alguns sites têm programas que oferecem hospedagem


e refeições em troca de trabalho. Os mais famosos são:
Workaway, WWOOFing e Worldpackers.

* Uma coisa que aprendi: se você vai para um país mais


desenvolvido, sua hospedagem pode ser mais modesta. Se
vai para um país menos desenvolvido, é melhor investir
um pouco mais na hospedagem.

75
76
Mala e mochila
minimalistas

77
A mala é o item menos importante da viagem e uma das coisas que as
pessoas mais se preocupam. Vamos deixar essa questão mais simples?

Quando você for fazer a sua mala, é simples: faça da maneira que
achar melhor e, quando pensar que terminou, retire metade do que
você colocou. Você sabe que não vai usar tudo aquilo, e carregar
excessos é sempre um desprazer.

Carregue consigo seus itens mais valiosos para que o ladrão tenha
uma péssima surpresa ao abri-la e não encontrar nada que justifique o
roubo.

O cadeado é bom, mas não fundamental – dificulta, mas não impede


que abram a sua mala. A minha mochila não tem nem como trancar,
mas também não tem nada de bom para o ladrão. Outro dia, me
perguntaram se a mochila não suja demais durante a viagem. Suja, ela
foi feita pra isso.

Mala extraviada é um incômodo, no entanto não pode estragar sua


viagem. Leve uma muda de roupa na bagagem de mão ou então
compre algo novo quando chegar ao hotel. Se a mala nunca aparecer
ou chegar quebrada, a companhia aérea tem que te ressarcir. Mas,
lembre-se: lá não tinha nada de valioso. Era só uma mala com algumas
roupas.

A bagagem de mão é mais importante: ali está o seu dinheiro,


documentos de viagem, eletrônicos e qualquer outro item de valor. Se
eu fosse você, me preocuparia mais em colocar um cadeadinho nela
do que na bagagem despachada. Já ouvi história de itens roubados da
mala de mão, principalmente quando ela não fica no bagageiro mais
próximo de você. Mas, calma, não precisa deixar de dormir no avião só
pra ficar de olho na mala. Cadeado e bagageiro acima do assento já te
ajudam.

Assim como a mala despachada, a bagagem de mão também não


precisa ir cheia de tralhas. Leve somente o que você precisa (e não o
que você quer). E o que você precisa, no fundo no fundo, é somente
dinheiro e passaporte (às vezes nem passaporte). Todo o resto você
encontra para comprar durante a viagem.

78
Na hora de fazer a mala

* Dobrar muito a roupa ou fazer rolinhos só vai deixar


sua roupa amassada e com mais volume na mala. Tente
colocar a roupa estendida.

* Considere lavar roupa na viagem. Sempre tem uma


máquina no hostel, uma lavanderia por perto e um
serviço de lavanderia no hotel (na ordem do mais barato
para o mais caro).

* Para uma viagem de inverno é um casaco no corpo e


outro na mala. Mas se for viagem de uma semana, só
um no corpo já funciona. Prefira levar acessórios como
echarpes e gorros para variar no look, ocupando menos
espaço.

* Sacos que embalam a roupa à vácuo funcionam bem.


Gosto de usá-los quando tenho muito volume.

* Existem malas específicas para carregar garrafas, mas


se você não tiver uma delas, é só colocar a garrafa bem
apertada entre as roupas. E rezar...

* Toalhas são dispensáveis, já que são oferecidas nos hotéis


ou hostels.

* Shampoo, condicionador e mais algum creminho, você


leva os em potinhos bem pequenos, especiais para
viagens.

* Perfume só se você não viver sem. E leve um vidrinho


beeeem pequeno, de viagem mesmo.

79
Só levei uma mala de mão para passar uma
semana em Barbados.

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Bagagem de mão

* Uma carteira de viagem contendo: passaporte, carteira


internacional de vacinação dependendo do lugar onde
vai, dinheiro e camisinhas.

* Caneta para preencher todo e qualquer documento e não


ter que pedir emprestado para o vizinho no avião.

* Celular carregado (sempre) com suas informações de voo


e hospedagem fáceis de achar (eu tiro print de tudo).

* Carregador de celular para carregar em qualquer tomada


que encontrar num momento de urgência.

* Um livro ou um kindle, que é mais leve.

* Lenços umedecidos.

* Protetor labial, pois a boca pode ressecar durante o voo.

* Remédio para enjoo, desses que fazem você dormir.

* Qualquer eletrônico que você não pode perder porque


tem seu valor: máquinas fotográficas, computadores,
tablets… Mas aí a gente já começa a exagerar. Se você não
for blogueira de viagem, não precisa de nada disso. Talvez
a máquina fotográfica, se você gostar de tirar fotos. Do
contrário, um celular com boa câmera já ajuda.

* O que todo mundo leva e eu dispenso são aqueles


travesseirinhos de pescoço. Acho que eles mais
incomodam do que trazem conforto. E hoje os voos
internacionais tem um suporte para cabeça nas poltronas
que não deixam você escorregar para o ombro do vizinho.
Para os voos nacionais, você não precisa de travesseiro,
vai…

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82
Tudo o que é dispensável

* Salto. A não ser que você vá a um jantar de gala.

* Kit manicure. Limite-se a uma lixa.

* Computador (a não ser que você seja blogueira de


viagem).

* Todos aqueles produtos de beleza da sua rotina de beleza


em casa.

* Maquiagem. Leve um protetor solar com base e protetor


labial que dá uma corzinha e escolha entre um rímel ou
blush.

* O unicórnio da sala.

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Vamos passear

Machu Picchu.

Talvez os passeios sejam os itens mais delicados de uma viagem. Um


passeio ruim podem colocar tudo a perder. Imagina se você cai na
cilada de um daqueles tours de guia com bandeirinha te dizendo para
onde ir e o que fazer?

Ser tratada como um turista robô nunca é legal. Já caí num desses no
interior do México porque não havia outra opção viável para conhecer

85
o deserto de Oaxaca. Mas quando chegamos na Riveira Maya, eu e
as minhas amigas decidimos fugir de todos os turistas de Cancun e
alugar um carro para conhecer uma das sete maravilhas do mundo:
Chichén Itza. A maioria das pessoas vai com o ônibus turístico, guia e
bandeirinha. Porém, de carro fomos rindo, comendo, ouvindo nossas
músicas e transformando tudo em risadas. O turismo independente
também tem a vantagem de deixar você livre com horários, se quiser
ficar mais ou sair mais cedo.

Fiz a mesma coisa em Barbados, no Caribe. Eu e uma amiga decidimos


explorar a ilha de carro, dispensando qualquer van turística que
havia por lá. Fizemos uma road trip pela ilha passando por todos os
pontos e lugares que tínhamos interesse, deixando a viagem bem mais
original.

Grupo turístico só em casos indispensáveis e pouco práticos. Em


Cusco, por exemplo, não há outra maneira de fazer os passeios ao
redor da cidade sem aderir ao que eles chamam de boleto turístico,
um passe que leva você aos pontos principais com guia e transporte.
A outra maneira seria alugando um carro, mas é pouco prático e nem
sei se existe essa possibilidade em Cusco. No Atacama, a mesma coisa.
Dá para alugar carro, mas talvez seja pouco prático e lá você acerta
no turismo se escolher uma boa agência para te levar de um lugar ao
outro sem parecer um turista bobo.

Na minha primeira viagem sozinha, fui a São Francisco, na Califórnia,


e peguei um daqueles ônibus de city tour que rodam pela cidade
toda e você sobe e desce quando quer. Passei três dias fazendo isso.
Foi legal para uma primeira experiência sozinha, mas hoje olho para
aquela viagem e percebo o quanto fiquei limitada. Não precisava, pois
em São Francisco dá para fazer um turismo bacanérrimo de forma
independente, assim como em muitos outros lugares. Por isso adotei a
regra: se a cidade tem capacidade turística para ter um ônibus desse,
ela tem capacidade para um turismo independente. Seja de metrô, de
Uber, de táxi. Quase sempre o ônibus turístico é dispensável.

Mas a minha maneira favorita de turistar ainda é sair andando


sem compromisso, sem listas do que fazer e sem horário. Além da

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independência, esse tipo de passeio é de graça.

E, para aproveitar melhor o seu passeio e economizar ao mesmo


tempo, tenho algumas sugestões:

* Muitas cidades oferecem atrações gratuitas em certas


datas do mês. Antes de viajar, verifique as datas de
museus, shows e atrações que você tem interesse e
programe-se para visitá-los no dia gratuito (lembrando
que pode ter fila).

* Se você for estudante, não esqueça sua carteirinha


internacional. Muitos estabelecimentos ao redor do
mundo dão desconto aos estudantes.

* O cartão city pass, que é oferecido pelo turismo de muitas


cidades, pode ter um ótimo desconto se você quiser fazer
o turismo básico do local.

* Quando estiver planejando visitar atrações como museus


e exposições, verifique se você consegue comprar o
ingresso pela internet. Pode sair pelo mesmo preço e
ainda evita que você perca tempo nas filas

* Algo que todo mundo esquece, inclusive eu: observe as


datas da sua viagem para verificar se o destino para onde
você está viajando não tem nenhum feriado nacional. Os
feriados podem deixar tudo mais lotado, caro e chato. Na
Cidade do México, fiquei mais de duas horas na fila do
Museu Frida Kahlo porque era Páscoa e eu nem atentei
nesse detalhe.

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Viajar não é
sinônimo de fazer
compras

Minha bolsa comprada em San Telmo.

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Um estudo feito pela momondo em 2016 mostra que os brasileiros são
os viajantes mais consumistas do mundo. Cerca de 98% retornam da
viagem com produtos novos.

Eu entendo que certos produtos sejam mais caros no Brasil e que


muitas vezes vale a pena comprar no exterior, porém não entendo
quem viaja e só fica em função disso. Quase tudo que tenho no meu
guarda-roupa também foi comprado no exterior, já que no Brasil os
preços são surreais ou a qualidade é duvidosa. Mas aprendi a comprar
durante uma viagem sem que isso tire o foco do real propósito de
viajar. Quer ver algumas sugestões?

Reserve um horário (uma tarde ou uma manhã) para fazer compras


e limite-se a esse horário. Essa coisa de ficar passando todo dia numa
loja só faz você perder a sua viagem. Levar uma listinha com o que
você precisa também ajuda a impor limites aos gastos. Não tem coisa
pior do que chegar ao Brasil e perceber que você trouxe um monte de
tranqueiras que nunca vai usar e, ainda por cima, ficar se lembrando
delas a cada olhada na fatura do cartão. Novos tempos, amigos.
Precisamos repensar nossas compras.

Além de hora certa para fazer compras, também existe lugar certo. Eu
tenho minhas preferências de acordo com o lugar que vou.

Os Estados Unidos são o meu preferido para comprar, provavelmente


por eu ter morado lá. Tenho as minhas lojas preferidas e sei onde
ir quando quero encontrar alguma coisa. Além disso, a principal
vantagem é que tudo mais barato, as lojas são grandes e possível
encontrar produtos de melhor qualidade. Meu cabeleireiro no Brasil
já avisou: se quiser comprar marca de shampoo opular, compre nos
Estados Unidos porque aqui não funciona. As roupas que comprei nos
Estados Unidos há mais de cinco anos continuo usando-as até hoje.

Na Europa, o mais delicioso é ir atrás de brechós, cheios de roupas


diferentes, marcas famosas e tudo por um precinho melhor. É aquele
tipo de coisa que você compra e tem uma história por trás. Buenos
Aires, a nossa little Europe na América do Sul, me dá a mesma
sensação. Comprei uma bolsa antiguíssima num brechó em San
Telmo, de boa qualidade e ótimo estado por apenas R$60, e tem até

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um cheiro de história por trás.

Um lugar difícil para comprar é na Ásia. Numa viagem à China, fui


com uma mala enorme e vazia, achando que voltaria cheia de coisas.
Mas até nas lojas de fast fashion foi difícil comprar: as roupas são
muito pequenas em função do tamanho das asiáticas. Haja garimpo.

Os brasileiros têm uma tara pelo free shop. Já percebeu como o do


Brasil está sempre lotado? Depois de uma viagem e voo longos, é
preciso muita energia para passar por ele.

E quando você quer alguma coisa que é mais barata no exterior mas
não pode viajar pra lá? Só em caso de urgência é permitido você
pedir que tragam algo pra você. É um incômodo para quem tem
que comprar, ocupa lugar na mala e ainda há o risco de ser pego
na alfândega com a muamba. Mas principalmente, repetindo, é um
incômodo. Imagina que, no meio da viagem, a pessoa vai ter que
parar o que está fazendo para procurar algo para você e ainda ter que
carregar aquilo na mala depois. Já ouvi histórias de terror de gente
que teve que trazer carrinho de bebê pra amiga, computador, tênis e
ficar pulando de loja em loja até achar um relógio cafonérrimo que
ficou na moda por muito tempo entre os brasileiros (está aí mais
um motivo para você não pedir esse relógio). Mas se quem estiver
viajando oferecer, garantir e insistir que pode trazer pra você numa
boa (sim, tem que ser a soma dos três itens), nesse caso você aceita.
Para não dar trabalho, compre on-line e mande entregar no hotel do
viajante. Funciona super bem e não incomoda. Ah, mas tem que ser
algo pequeno e que não ocupe espaço na mala do outro, tá?

Souvenir

Na mesma pesquisa que citei anteriormente sobre os brasileiros serem


o mais consumistas, mostrou-se também que 66% compram porque
querem lembranças do local e 60% compram para presentear amigos e
familiares.

No entanto, de que maneira podemos deixar de comprar “só uma


lembrancinha” inútil para quem vai receber e conseguir presentear

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com algo que realmente tenha algum significado emocional?

Eu aposto nos cartões postais. São baratos, fáceis de achar e enviar. E


quem recebe sempre gosta. Em tempos digitais, é legal você ver uma
mensagem de carinho escrita de próprio punho e com um carimbo
internacional. Eu sempre ando com o endereço de amigos e gosto de
fazer essa surpresa de vez em quando.

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Comprar para carregar

Quando eu decidi sair dos Estados Unidos para voltar a morar no


Brasil, me bateu um pânico: como eu viveria sem poder comprar todas
as coisas que eu gostava e a preços tão baixos?

Fiz o que muita gente costuma fazer numa simples viagem: saí
comprando tudo o que via pela frente de roupas, eletrônicos e objetos
de decoração. Só de roupas e calcinhas eu tinha um estoque para os
três anos seguintes. Chegaria no Brasil desempregada, mas voltei com
um Macbook debaixo do braço e todos os seus acessórios “essenciais”.
Também não sabia onde iria morar, mas já tinha decoração para todos
os cômodos da casa.

Cogitei mandar tudo por container, mas ficava muito caro para enviar
ao porto na Flórida, já que eu morava no norte do país, fronteira com
o Canadá. Então, comprei malas gigantes. Foram seis malas enormes
para caber tudo o que eu havia comprado. Além de gastar com cada
uma das malas, eu também gastei com excesso de bagagem no voo.
Não quero nem lembrar quanto foi, mas não compensou o que eu
havia economizado nas compras.

Quando eu cheguei ao aeroporto de Guarulhos com as seis malas, não


conseguia nem carregá-las. Um funcionário da companhia aérea teve
que me ajudar empurrando um carrinho. Lembro que a polícia federal
não me parou na alfândega, mas quando percebeu que o rapaz atrás
de mim estava carregando as minhas coisas eles me chamaram. Olhei
pra trás e o querido que me ajudava só falou: “vai, vai, vai…”. E assim
continuei andando como se não fosse comigo.

Chegando em casa… Quantas compras erradas. Quantas coisas que


não precisava e que nunca usei. Quanto exagero e dinheiro jogado
fora. E para piorar: onde enfio todas essas seis malas gigantes?

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94
Bon appétit!

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Eu não consigo ignorar a culinária local e ficar só cozinhando no
hostel. Gastronomia também é cultura. Imagina ir ao Peru e só comer
pão com queijo? Ou ir à Itália e fazer um macarrão com qualquer
molho de tomate na panela velha do hostel? Quem pode deve gastar
com café-da-manhã, almoço e jantar nos lugares mais deliciosos
que encontrar. Quem não pode basta manter o equilíbrio. Eu sou do
segundo time. Escolho uma refeição do dia para comer com prazer e
nas outras eu como qualquer coisa (dica: McDonald’s é a “qualquer
coisa” mais encontrada mundo afora para economizar durante a
viagem ou te salvar de comidas exóticas).

Uma das vantagens de ficar em casa ou apartamento é poder


cozinhar e ainda assim sentir uma experiência local. Fazer compras
no supermercado de um país estranho é mais legal do que subir em
qualquer torre famosa que a cidade tenha. Se você for a uma feira
local, vai turistar da maneira mais autêntica. O hostel também tem
a vantagem de permitir que o hóspede cozinhe, mas, para evitar
bagunça e desperdício de tempo com limpeza, você pode apenas
preparar um lanche. Se quero economizar, compro algumas coisas no
mercado, deixo na geladeira e levo lanchinhos para os passeios. Na
Patagônia Argentina, eu fazia isso: lanchinho de queijo com mortadela
todos os dias. No dia em que isso me encheu o saco, saí para almoçar
um cordeiro acompanhado de uma taça de vinho, sem dó. Porque
viajar tem que ser prazeroso.

E se precisar de mais dicas apetitosas...

* Na hora de escolher uma das refeições do dia para ser


especial, opte pelo almoço, se quiser economizar. Os
restaurantes costumam oferecer um menu especial e mais
barato para almoçar em quase todo lugar do mundo.

* Evite fazer as refeições numa área turística. Além de os


restaurantes serem mais caros, a comida geralmente não
é a melhor.

96
* Se não sabe onde ir, peça sugestão ao pessoal que
trabalha no hotel ou hostel em que você está. Descreva
mais ou menos que tipo de lugar você procura com
relação a preços e ambientes para a sugestão ser mais
assertiva. Mas, fique esperto, pois alguns restaurantes
mantêm certa amizade com as hospedagens para
receberem indicações. Você deve perceber se isso
acontecer.

* O Peru é um exemplo de lugar em que até dá para você


fazer todas as refeições num restaurante – café, almoço e
jantar. A comida é tão barata e tão farta… E foi eleita uma
das melhores gastronomias mundiais. Fica a dica.

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98
Conectada? Nem
tanto

Wi-fi no meio do deserto boliviano.

99
Você pode até ativar o roaming internacional ou comprar um cartão
SIM se não quiser ficar sem internet por nem um minuto sequer
durante a viagem. Mas eu acho muito chato. Vocês sabem, com essa
história de blog eu tenho que manter minhas redes sociais ativas,
principalmente durante as viagens.Mesmo assim, eu coloco limites
para a conexão virtual e utilizo apenas o wi-fi quando encontro
disponível em algum lugar. Dessa maneira, consigo curtir a minha
viagem, me preocupando em ver mais e postar menos.

Quando fui a Cuba, praticamente não havia internet no país. Assim,


passei dez dias desconectada e utilizei o velho e bom recurso de ligar
para a minha família avisando que estava tudo bem. Na China, mesma
coisa. Mais tarde, durante a minha travessia do Atacama, no Chile,
para o Salar de Uyuni. na Bolívia, mais quatro dias sem conexão
nenhuma com o mundo além do deserto. Não senti saudades.

Se eu que tenho blog não preciso ficar conectada o tempo todo, você
também não precisa. Vai por mim, você vai aproveitar mais a sua
viagem se colocar limites para si mesmo. E você ainda ganha de
presente uma sensação que pouco temos no dia a dia: a liberdade de
não ter que ficar no celular.

100
Economia
compartilhada nas
viagens

Me hospedando num Airbnb em Copenhagen.

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Você pode até não dar bola ainda para a economia compartilhada, mas
já vou logo avisando que esse papo de dividir o que você tem está só
começando.

O termo apareceu em 2008 durante a crise econômica, na qual o


mercado percebeu que o modelo superconsumista que vínhamos
utilizando não era nada sustentável.

Então, a aquisição da consciência de reutilizar, reciclar e distribuir


começou a ficar mais forte entre as pessoas, a ponto de começarmos a
criar um ambiente colaborativo. Os mais famosos, para você entender
melhor do que se trata, são o Uber e Airbnb, este para compartilhar
casas e aquele para carros.

O que mais gosto na economia compartilhada é o senso de


comunidade que se criou. Não é só compartilhar, ganhar dinheiro e
pronto. É o entendimento de que somos uma comunidade onde um
pode ajudar o outro. Aquele papo que rola com o cara com quem
você divide o Uber pool e o Airbnb, com seus respeitados reviews
entre hóspedes e anfitriões etc; todos que participam entendem a
colaboração que rola naquele ambiente.

Nas viagens, a economia compartilhada fica bem visível, onde você


acaba se conectando com mais pessoas pela mesma causa. Todo
mundo se ajuda e ainda economiza. Vamos falar um pouquinho sobre
isso.

“Posso ficar na sua casa?” - Hospedagem

Os mais conhecidos mundo afora são o Airbnb e Wimdu nos quais


você pode ficar na casa de alguém em qualquer lugar do mundo sem
burocracia e por um valor determinado pelo “locador”. Você pode
escolher se quer uma casa inteira só pra você ou apenas um quarto
vazio da casa. Eu já vivi os dois lados dessa experiência: já aluguei
o meu próprio apartamento e também já fiquei no apartamento de
outros, e ambas as experiências funcionaram muito bem. No Brasil,
também existe o Alugue Temporada. E não dá para esquecer o
Couchsurfing, como mencionei no capítulo sobre hospedagem, que

102
é um site no qual anfitriões oferecem um espaço que tenham na casa
para que outras pessoas possam se hospedar.

Tours e Experiências

Eu adoro a ideia do site Vayable, que reúne passeios e experiências


oferecidos por moradores locais para que você conheça melhor
a cidade. Para Londres, por exemplo, existem desde os passeios
tradicionais, como um walking tour por Notting Hill, até degustação
de chás, história dos pubs londrinos, uma personal shopper só de lojas
vintage, etc. O que mais gostei foi o fato de oferecer experiências que
às vezes você nem sabe que existem, porque são coisas que só os locais
conhecem e sabem que é legal. Cada passeio tem o seu preço, data
disponível para agendar, fotos, descrição da pessoa que vai dar esse
tour, reviews, etc.

Refeições

O Eat With é um site no qual as pessoas oferecem jantares em suas


próprias casas. Geralmente, são pessoas que estudaram culinária ou
gostam de cozinhar. O site funciona como se fosse um cardápio de
experiências de jantares que acontecerão nos próximos dias. Você
pode ler sobre o cardápio, o perfil do anfitrião, o local e ainda os
reviews de pessoas que participaram previamente de jantares com
aquele anfitrião. Uma das coisas mais legais é a possibilidade de
confraternizar com pessoas do mundo todo, ouvir música, tomar um
bom vinho…

Transporte entre uma cidade e outra

Você pode usar muito bem o aplicativo BlaBlaCar na Europa e


Canadá, e agora também no Brasil, facilitando e barateando a vida
de quem viaja de uma cidade a outra. O aplicativo conecta carona e
motorista. A ideia é simples: se você vai viajar para tal cidade e tem
lugar disponível no seu carro, é só divulgar o trajeto no aplicativo.

103
Assim, quem estiver indo para o mesmo lugar pode pegar uma carona.
O legal é que o custo da viagem é dividido e sai barato para todo
mundo, além de você conhecer novas pessoas.

Seu cachorro enquanto você viaja

Viajar é um dos meus maiores empecilhos na hora de decidir ter um


cachorro. Como fica o meu cãozinho nessas horas? No Brasil, quem
vem ajudando as pessoas que tem cachorro e precisam viajar são
os sites Pet Hub e Dog Hero. Neles, por meio de perfis, reviews e
necessidade, você escolhe um anfitrião para ficar com o seu cachorro.
Dá até para você visitar a casa da pessoa antes de deixar o seu
cachorro lá. Se você adora cachorro, mas não tem o seu, pode se tornar
um anfitrião.

Aluguel de Materiais Esportivos

Acho esse legal porque muitas vezes acabamos fazendo uma viagem
que envolve algum esporte e não estamos preparados. O site Spinlister
ainda não está no Brasil. Entretanto, quando você viaja, pode utilizar
o site para alugar uma bike, SUP, ski ou snowboard. O aluguel/
empréstimo também é baseado nos perfis dos usuários, dos produtos,
preços e reviews.

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Para você gastar
na viagem

Talvez você termine esse livro inspirada a economizar o máximo que


puder, consciente de que não precisa de um monte de coisas que
andou comprando e que vai dar um tempo de shopping.

Ótimo! Minha missão com o livro estará cumprida neste caso.

Mas saiba que no caminho muitas tentações vão aparecer: sua


amiga vai te chamar para aquela festa no sábado cujo ingresso custa
R$200, você vai precisar de uma calça nova e o novo iPhone será
lançado. Nem sempre você vai conseguir resistir e nem sempre serão
inutilidades. O mais importante é que você mantenha o equilíbrio e
não se esqueça do seu objetivo final: viajar.

Não houve uma viagem em que eu tenha me arrependido do gasto


que tive com ela (em algumas eu até queria ter mais dinheiro para
aproveitar melhor as experiências).

Já publiquei por aí alguns estudos que mostram que viajar traz mais
felicidade do que bens materiais. No entanto, já que estamos aqui eu e
você no final deste livro, deixa eu falar um pouco das minhas próprias
emoções sobre o assunto.

Nenhuma roupa que eu tenha comprado me trouxe a sensação de


satisfação de uma viagem. Veja você que mesmo a bolsa do Mark
Jacobs que eu tanto desejava, a mais cara que comprei, hoje está
esquecida no armário.

Nada que eu tenha comprado me ensinou tanto quanto qualquer


viagem que eu já fiz. Eu aprendo sobre o mundo, sobre as pessoas e
sobre mim.

Das coisas que me desfiz, nenhuma faz falta. Nem o carro (além de ser

105
um alívio não ter que pagar o IPVA no início do ano). As roupas que
eu fui deixando pelo caminho durante a minha viagem na Ásia, nem
lembro quais foram.

Não houve uma viagem em que eu tenha me arrependido do gasto


que tive com ela (em algumas eu até queria ter mais dinheiro para
aproveitar melhor as experiências).

Portanto, quando a tentação de gastar com algo desnecessário


aparecer e você não resistir, tudo bem. Mas não deixe que a futilidade
se torne um hábito. Ela não combina com a sua próxima viagem.

106
Agradecimentos

Gostaria de agradecer a todos que colaboraram para que este livro


acontecesse: aos meus leitores pelo incentivo diário pedindo mais um
livro; ao Guilherme Wanke, meu amigo que mais uma vez trabalhou
na capa e diagramação com dedicação; ao Renato Capella pela revisão
caprichada e à minha família, que me ajuda na matemática e logística
dos livros.

Mas o livro não seria possível se não fossem as pessoas que


contribuíram para a campanha de financiamento coletivo. Meus
agradecimentos, em ordem alfabética:

Acácia Lopes Freire, Adalgiza Ferreira Menezes dos Santos, Adeline


Fernandes, Adriana De Castro Correia da Silva, Adriana Setti, Adriano
Ferreira de Arruda, Adriano Lemos, Adriano S Freitas, Alana Lima,
Aldeny Moura, Alessandra Luisa Coelho da Silva, Alessandra Silva
Anyzewski, Alexandra Godoy Rosa, Alexandre Donda, Alexandre
Freitas, Aline Bissoloti, Aline Marino do Nascimento, Aline Pereira,
Alyanne Tamires, Alyne Campos, Amanda Damarys Silva, Amanda De
Oliveira Santos, Amanda Horie Cardoso, Amanda Parrela, Amanda
Trintim, Amanda Vasconcellos Vieira, Ana Beatriz Rosário, Ana
Candida Oliveira, Ana Carolina Amâncio de Araújo, Ana Carolina
Pazo, Ana Claudia Assis, Ana Claudia de Souza Medeiros, Ana
Cotellessa, Ana Flávia Piazentin S T Lima, Ana Kanitz, Ana Lucia
Soave da Silva, Ana Luiza Rossi, Ana Maria Prates da Silveira, Ana
Paula Coutinho, Ana Paula de Oliveira Monteiro, Ana Paula ENES,
Ana Paula Lovo, Ana Paula Perillo, Ana Paula Ribeiro, Ana Virgínia
Santos Leite, Anderson Hideki Yamamura, Andre Santos Zanon,

107
Andreia Dias Berigo, Andreia Zola, Andreza Serra, Anekelle Brito
Figueiredo, Angélica Campos de Oliveira Soldi, Ariane Precoma,
Aryadnne Braun da Silva van de Graaf, Aubirlene Lubek, Bárbara
Romão, Beatriz Castralli Ducci de Souza, Bianca Aparecida Chaves,
Bianca Cristina da Silva, Bianca da Silva Bahia Bahia, Brenda Lopes,
Bruna Chamlian, Bruna da Silva Andrade, Bruna Freitas Santos,
Bruna Leite Mazurchi, Bruna Luise Müller, Bruna Nascimento, Bruna
Nogueira, Bruna Odppes, Bruno Oliveira, Camila Andrade, Camila
Campos Rodrigues Maia, Camila Carneiro de Oliveira, Camila Carolina
de Carvalho, Camila Chiariello, Camila da Silveira Perrud, Camila
Lima, Camila Schweig, Camila Souza, Camila Tanabe, Carla Chaves,
Carla Fernandes Soares, Carla Kanamaru, Carla Silva Sena, Carlos
Eduardo Freitas Costa, Carlos Seki, Carmen Lucia Souza Ballesteros,
Carol Paceli, Carolina Maciel, Carolina Medeiros Gomes, Carolina
Scucato, Carolina T More, Caroline Fernandes Pinto, Caroline Simões,
Caroline Tuna Quintal, Carolline Gregório Santos de Souza, Cassiana
Rodrigues, Cássio Alexandre, Catharina Vale, Celia Regina Bocci da
Silva, César Rodrigues, Charly Opolinski Fagundes, Christiane Almada
Faria, Cibelle Bueno, Cínthia Brenand Bauer, Cinthia Tufaile, Cintia
Elena Nicolau, Clarice Menezes, Clarissa Bravo Marinho Braga,
Claudia Baum Boeira, Claudia Souza de Oliveira Marques, Cristina
Araujo, Cynthia Aparecida dos Santos Silva, Daniel Faria, Daniel
Olimpio, Daniela Almeida, Daniela Martins, Daniele Brune, Daniele
Miras Melenchon, Danielle I S Pessoa Gomes, Danielle Rodrigues
Avelino, Dayane Rodrigues Couto de Souza, Daysianne Amaral,
Debora de Sousa Natal, Debora Grechi Rotundo, Débora Santiago,
Denise Machado, Denize Adriana Larrubia Guillen, Diana Saori,
Diandra Silva, Dilane Vieira Silva, Eduardo Monteiro, Elaine Crozatti,
Elaine Wzorek, Eli Olegario de Aquino, Eliane Maciel, Eliane Ribeiro
de Oliveira, Eliene de Fátima Nonato, Elisa Baldassar Barbosa,
Elisangela Silva, Ellen Kuhnert, Emilia Ventura, Emily Divino,
Emmanuelle Maria Dias Peixoto, Emmanuelle Quites, Erik Galdino,
Erika Rodrigues, Evana Izabely Ribeiro, Eveline Oliveira, Fabiana
Chaves Travençolo, Fabiana Ofugi, Fabianna Rosa, Fabio Coelho,
Fabricio Koiti Senoo, Fabrício Mallmann, Fausto Morabito, Felipe
Cancas, Felipe Fontes, Felipe Junnot Vital Neri, Felipe Silva Santos,

108
Fernanda Beuren, Fernanda De Melo Oliveira, Fernanda Gomes
Miranda, Fernanda Lépore Ramon, Fernanda Maria Danin de Araujo,
Fernanda R Castro, Fernanda Serafim, Fernanda Yukari Minami,
Fernando Montes, Felippe Torres, Flávia Genari Murad Carolino,
Flavia Nascimento dos Santos, Flavio Jose Regis Paulo Neto, Floriana
Passos, Franciele R Araujo, Francine Silva Cardoso, Frederico Grohe
Schirmer, Gabriela Farias, Gabriela Meira Maia, Gaia Passarelli,
Giovana Branda Pauletti, Giovanna Jambersi, Gisele Borges, Gisele
Milena Da Rosa Lupiani, Giselli Aldaiane A. Rocha, Giulia Covre,
Giuliana Paduan, Glacidalva Cesar Araujo de Andrade, Gleide Morais
dos Santos, Glilma Carla de Faria Fonseca Fonseca, Guilherme
Makoto Mizutani, Gustavo Guedes, Gustavo Hassen, Gustavo
Inocencio, Gustavo Lopes, Hannah Viviane Severo dos santos Zanon,
Helder do Prado Nascimento, Helena Roldão, Hermes Lopes, Iana
Dürr, Iara da Conceicao de Souza, Ilka Cybelle Muniz Cabral, Inês
Azevedo, Ingrid Pires Leite de Melo, Isabela Piovezan, Isabella Rucos,
Isabella Togniolli, Isabelle Gonçalves do Rosário Dias, Isabelle
Maturana, Ives Silva, Janaina Ribeiro, Janderson Ferreira da Silva,
Jaqueline Ruivo Rabello de Lima, Jaqueline Weijer, Jenifer Carolina
Rosa, Jeronymo Lahyre M Rosado Neto, Jessica Cabral da Silva Lima,
Jessica Seabra Bastos, Jéssica Verissimo da Silva, Joâo Bezerra, José
Arthur Brasileiro de Souza Neto, José Henrique Siqueira, Joyce da
Silva, Julia Pecci, Juliana Aparecida de Almeida Rios, Juliana Ávila,
Juliana Batista de Oliveira, Juliana Beserra, Juliana Contaifer, Juliana
Eisenhardt Escaleira, Juliana Gouveia, Juliana Gulka, Juliana
Magalhães, Juliana Rodrigues Pereira, Juliana Wissinievski Gomes,
Jussara Simoes, Kamila Kanashiro, Kamila Peres, Karen Fernanda
Correia, Karen Menegheti de Moraes, Karin Duque, Karin Henrique,
Karin Vieira, Katia Seligman, Keila Macedo, Késsia Nathaly Pinheiro,
Laís Machado Bitencourt, Lara Mendes Jacob, Larissa Adao, Larissa
Almeida Dias, Laura Rocha, Letícia Barros Freire, Letícia Queiroz,
Leticia Senna, Lia Cerezuela, Liane Maria Martins, Lidiane Silva, Liège
Andréa Zomignani de Kantt, Lilian Cardoso, Livia de Matos, Lívia
Rodrigues, Lívio Drumond Guerra, Lizete Coqueto Kalid, Lorena Sá
Nascimento, Luana Parreira Pires, Lucas Fonseca, Lucas Gomes
Botelho, Lúcia Helena Uchôa, Luciana Janson, Luciana Pereira,

109
Luciana Tupinamba, Lucimara Rodrigues, Ludmy Paiva, Luís Antônio
de Souza Casali, Luis Pertile, Luisa Campos, Luísa Schardong, Luiza
Almeida, Luiza Araujo Costa Silva, Luiza Darido da Cunha, Luiza
Trindade Diz, Luize Branca Fachin, Maiara Zaltron, Maíra Soares
Salomão, Maira Yuriko Rocha Miura, Maisa Alves Rezende, Manuela
Evangelista da Silva, Mara Rejane Gomes Elias, Marcela Nering,
Marcela Potsch, Marcella Nunes dos Santos, Marcelle Marinho,
Marcia Alfaia, Márcia Flores Enick, Marcia Maciel, Marco Aurelio
Alves, Marcos Faber Marabesi, Marcos Felipe Carmo Silva, Marcos
Paulo Ferro, Maria Auxiliadora S C M de Souza, Maria Carolina Araujo
Pedroso, Maria Carolina Zanatta Costa, Maria Dalva Sobral Martins,
Maria Drumond, Maria Fabiana Brito Santos, Maria Heloisa Machado
Soares, Mariana Guimarães Merçon, Mariana Leitão, Mariana Lima de
Andrade, Mariana Pedrosa, Mariana Simoes, Mariana Tanganeli,
Mariana Viana Faria de Oliveira, Mariane Soares Lage, Marianne
Gehringer, Marina C Sampaio, Marina Canuto Spiandorello, Marina
Weber, Marise Correia de Oliveira, Marizandra Banderó Miguel,
Marriete Ferreira Morais da Silva, Mary Andrade, Mayara Greggio
Sant Anna, Mayara Ultramar, Meline Varela Lima Saraiva, Michela
Pires, Michele Nascimento, Michele Oliveira, Micheli Rogalski,
Michelle Albuquerque, Michelle Mussio, Michelle Stephanou, Michelly
Bang Gaieski Alfonso, Mithiane Cordova de Oliveira, Monica Silva da
Cunha, Monise Tolentino dos Santos, Munique Garcia, Nádia Corrêa,
Nádia Galdino, Nadima Chalup Ribas, Naej Picanço Bassini, Natalia
Alves Feitosa, Natália Cristina Benício, Natália Negretti, Natália
Vasques Vicentini de Freitas, Natalie Endo Kabakura, Nathália
Fernandes Dantas, Nathalia Nunes, Nathalia Vitorino, Nelci Zanon,
Nilsen Azevedo, Núbia Gomes, Oscar Ricardo de Andrade Nobrega,
Osvanilson Costa Paiva, Paloma Souza, Pâmela Gilmara Casas, Paola
Padilha Silveira, Patricia Balvocius, Patricia ferreira dos santos,
Patricia Luiz de Araujo, Patricia Mesquita dos Santos, Patricia
Mueller, Patricia Ramos Rodrigues, Patrícia Righetto, Paula Notini,
Paula Sakai, Paulo Perussolo, Priscila Andrade, Priscila Conceição,
Priscila Guilhen Gonçalves, Priscila Pôjo dos Reis, Priscila Raiana
Brenner, Priscila Souza Fortuna, Priscilla Favalli, Priscilla Harume
Fernandes, Priscilla Novaes Viana, Rachel Medeiros Bores, Rafael

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Reis, Rafaela A de Carvalho, Rafaela Cardoso, Rafaela Chagas Silva,
Rafaela Cursino, Rafaela Graciliano, Rafaela Marinho, Rafaela
Tomaselli, Rafaella Alves de Oliveira, Rain Tenille S Prates Rooke,
Raissa Campos Costa Ferreira, Raquel Nakazato, Rayza Jansen,
Regina Sales, Reginaldo da Silva Livramento, Renata Barbosa da Silva
Cruz, Renata da Martins, Renata Dantas, Renata Godinho, Renata
Graeser, Renata Lopes Gomes de Oliveira, Renata Paranhos, Renata
Pedrosa Gomes, Renata Rocha, Renata Souza, Renata Ucha Campos,
Rita de Cássia Andreota, Roberta Santos, Rodrigo Aparecido Lima
Batista, Rodrigo Roberto Barros, Romilda Sartori, Rosiane
Albuquerque, Roxane Almeida, Rubem Ferresi Jr, Rutiele de Moraes,
Sabrina Fares, Sabrina Sanny Moreira Fontes, Samanta Elea Soares,
Samara Pinheiro, Sandra Kina, Sara Fernandes Figueiredo dos Santos,
Sergio Aragão, Silvana Silva, Silvia Machado, Simone Oliveira Chaves,
Simone S Santos, Sinda Morgade, Solange Maria Barbosa de Souza,
Sonia Gammaro, Sônia Maria Bueno Pauletto, Soraia Pereira da Silva,
Stefanie Moreira Vicente Ferraz, Stella Maria Souza, Suelen Cristian
de Freitas Morais, Suélen Lionzo, Sunny Kelma O Miranda, Taline
Coradini, Talita de Andrade Dantas, Talita Tânia Ribeiro, Talita
Trombin, Talyta Nara de Oliveira Monteiro, Tania Mara Stahlke, Tania
Silva, Tatiana de Souza Fernandes, Tatiana Rioli, Tatiana Rodrigues
Silva, Tatiane Lima, Telma Araujo Souza, Tereza Raquel de Sá Freire
Miranda, Thainá Castillo Salin, Thainá Kedzierski, Thais Anjos
Correia, Thais Cerpa, Thais Souza Nunes, Thalita Scharr Rodrigues,
Thamy Pimenta, Thatiane Ferrari, Thelma Alves, Thiago Tôca Santos,
Tiago Spack, Tuane Linhares, Ulyana de Almeida Correia, Vanessa
Batista, Vanessa Becker, Vanessa Cristina Santos, Vanessa Levin,
Vanessa Zago de Oliveira, Vania Eliza da Cunha, Veridiana Sedeh,
Verônica Coelho, Victor Lima da Silva, Vinícius Nunes Dantas,
Virginia Rezende Santos, Vitoria Teixeira Cabral, Vivian L D B Giglio,
Viviane Filiú, Walmira Bezerra dos Santos, Willian Crisostomo,
Wilson Alexandre da Silva, Yuri Anne Tanaka Miyadaira e Yuri
Rodrigues.

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