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Praticas etnograficas de Mocambique colonial e pos-colonial

outubro 25, 2014


Autor
Mário Valentim Francisco Langa
Dados curiculares do autor
Mario Valentim Francisco Langa, nascido no distrito de Mocuba, província da Zambézia, de
nacionalidede Moçambicana, formado em 2012 pelo centro de formação Youg Africa Beira nos
corsos de Inglês e Electrónica, e em 2013 pelo centro de formacao Care for Life no curso de
informática. Actualmente estudante do segundo ano, do curso de filosófia pela Universidade
Pedagógica de Moçambique.

Agredecimentos
Para a elaboração deste artigo ouveram pessoas que directa ou indirectamente contribuiram, para
que ele se realiza-se, pessoas que com sua vontade de ajudar, transmitiram-me ideias e forças
para chegar até ao fim do mesmo.
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a Deus, por me conceder saúde, vontade, e o bem estar
para trabalhar em pról do trabalho, os agradecimentos especiais vão para meus Pais, que me
deram a ajuda moral, financeira e a compreenção que tiveram na consiliação dos trabalhos de
casa com os da académia.
É importante aqui agradecer tambem ao docente da cadeira de Antópologia Cultural de
Móambicana pelo consedimento do tema para o desnvolvimento do trabalho, e por algumas
fontes bibliograficas por ele concedidas. Agredecer tambem aos meus colegas/amigos, Felix,
Mateus pela discução de alguns temas presentes no artigo.
E por fim agradecer alguem que ajudou nas pesquisas, nos resumos e acompanhou o desenvolver
do trabalho durante a fase inicial ate a final, transmitindo o calor da amizade, forças para
continuar, e muita motivação. Euridce obrigado.

Resumo
Este artigo tem por objectivo levar a conhecer, o contexto histórico das práticas etnogróficas de
Moçambique. As práticas etnográficas tiveram início na era colonial em Moçambique, até a era
pós-colonial. O governo colonial dividio as pesquisas etnográficas em duas fases. A fase da
antrópologia missionária foi levada a cabo por missionários e admistradores locais. Henri-
Alexandre Jonud foi um dos primeiros antrópologos a realizar trabalhos etnográficos em
Moçambique. A era pós-colonial foi marcada pela adoção do marxismo pelo novo governo
independente. A adoção do marxismo no terceiro congresso da frelimo tinha em vista a
igualdade social, centrado nas massas.

Palavras-chave: Moçambique, Etnógrafia, Práticas, Colonial.

Abstract
This article aims to bring to know the historical context of Mozambique ethnography practices.
The ethnographic practices began in the colonial era in Mozambique. The colonial government
divides ethnographic research in two phases. The phase of missionary anthropology was
undertaken by missionaries and local admistration. Henri -Alexandre Jonud was one of the first
anthropologists to conduct ethnographic work in Mozambique. The post-colonial was marked by
the adoption of Marxism by the new independent government. The adoption of Marxism at the
Third Congress of Frelimo had in view social equality, centered on the masses.
Keywords: Mozambique, ethnography, Practices, Colonial.

Introdução
Para qualquer antropólogo que deseje estudar hoje a etnografia moçambicana, partirá desde dos
registos etnográficos mais primatas até os actuais, seguundo uma hierarquia histórica.
Este artigo fala em torno das práticas etnográficas no Moçambique pós-colonial, onde desenrolo
em torno dos contrubutos para a mesma, como é o caso de Henri Jonud, Dias, Junior. Veremos
também as duas fases que caracterizaram as práticas etnógraficas colonial e pós-colonial,
Antropólogos que contribuiram com seus estudos para as práticas da então etnografia de
Moçambique. Veremos aqui tambem, a vertente etnográfica, colonial, pós-colonial (marxismo
antropológico), e o contributo destes pensadores em torno da etnografia em Moçambique.
  
Práticas etnográficas
É importante antes de falar sobre o tema em debate, abordar em torno do que são então as
práticas etnográficas de um modo geral,
“Os estudos etnográficos são uma técnica, proveniente das disciplinas de Antrópologia Social,
que consiste no estudo de um objecto por vivência directa da realidade onde este se insere. Estes
estudos têm mostrado que o trabalho das pessoas é, normalmente, mais rico e complexo do que
o descrito pelas definições dos processos e pelos modelos dos
sistemas” (Wikipédia/práticasetnográficas..)

Henri Alexandre Jonud


Antes de avançar, no tocante as práticas etnográficas de Moçambique, é pertinente falar
aqui do homem que marcou o início das pesquisas etnográficas de Moçambique, falo do
grandioso antropólogo Suíço Henri-Alexandre Jonud.
Fazendo uma analize histórica, notamos que, a Suíça ocidental, terra onde nescera Henri-
Alexander Jonud, sofreu transformações em suas velhas estruturas sociais, da mesma forma que
em toda a Europa ocorreram reviravoltas políticas durante todo o século XIX. “As reviravoltas
estiveram circunscritas aos embates entre a emergência de novas ideias iluministas anti-
religiosas, ao questionamento do renascimento cristão e a laicização do Estado nacional suiço”
( HARRIES, Patrick. p37. 2007)
As relações entre o clero e o Estado na Suíça eram muito íntimas. “Em 1803, depoisde ocorrida
a emancipação do domínio de Napoleão, houve grandiosa celebração dasigrejas pela eleição do
primeiro Grande Conselho. Além disso, o Estado possuía, por voltade 1820, muitos pastores em
seu quadro de funcionários” (ibidem p38)
Foram criadas escolasdominicais. Estas escolas se espalharam as reflexõesquestionadoras
contra as antigas práticas religiosas da igreja catolica, a missao destes missionarios era de
expalhar pelo mundo a mensagem cristã, bem como a promoção contínua da reforma religiosa.
Junod acreditava que sua tarefa etnográfica era a de documentar uma civilização
estagnada. “Era possível que estes indígenas, por causa de quem tínhamos vindo para a África,
aproveitassem com um estudo desse gênero e viessem mais tarde a ser-nos gratos por saberem o
que haviam sido na sua vida primitiva” (JUNOD, 1996:21).
“Existia ainda a convicção de que as sociedades que nãohaviam sido infetadas
pela civilização eram mais propícias a umressurgimento do verdadeiro cristianismo,
estes ,missionarios tal como Junod previlegiavam as sociedades primitivas para a
envangelização”( COELHO. Marcos, p2. 2009)
É neste comtexto que Hemri-Alexandre Jonud vem para Moçambique com o objectivo de
desenvolver trabalhos religiosos (envangelização dos povos), e de um modo pessoas desenvolver
trabalhos antrópologos ligados as práticas etnógraficas de Moçambique.

Práticas etnógraficas de Moçambique colonial


Como podemos notar já no periodo colonial, os portuguesses perucupados com a dominação
das sociedades nas suas colonias, levam a cabo trabalhos etnógraficos que numa primira fase era
efectuada por missionarios, admistradores e voluntarios afins. Estes periodos de recolha de dados
devidiu-se em duas fases:
1.      Fase da antrópologia missionária
Sendo este o priméiro periodo da pesquisa etnografica de  Moçambique, foi levada a cabo
por missionários e admistradores coloniais. “Para o século XIX, constituem referência
incontornável os estudos de Henri-Alexandre Junod, missionário de origem suíça que, além da
leitura de textos de James Georges Frazer (1890), Edward Burnett Tylor (1871) e estudos
realizados por outros missionários em África (as informações fornecidas por Dom Gonçalo da
Silveira e pelo Padre André Fernandes). Henri Junod possuía igualmente uma experiência
científica fornecida pela entomologia”  (HARRIES, Patrick. p233-276. 2007)
Como primeiro entomólogo e botânico em terras africanas, Junod, correndo contra a corrente
dos ventos de mudança e dinâmica cultural, se esforçou em instituir uma “antropologia de
resgate”, virada a capturar os aspectos primitivos dos seres vivos (botânica) e os usos e costumes
dos primitivos (etnologia) antes que a colonização, a modernidade e a rápida expansão da
urbanização os fizessem desaparecer.
“A única obra de relevo e de cunho etnográfico sobre os povos de Moçambique (Sul do Save)
produzida nesta época é a incontornável monografia, tornada hoje clássica, de HenriAlexandre
Junod, redigida entre 1912 e 1913” (Arquivo Histórico de Moçambique. 1996)

2.      Fase da investigação colonial


Esta fase devide-se em dois periodos: 1. a Missão Etnográfica e Antropológica de Moçambique (
1936 e1956/2). 2. Missão de Estudos das Minorias Étnicas do Ultramar Português (1957/1960).
No primeiro periodo intitulado Missão  Etnográfica e Antropológica de
Moçambiqueogoverno colonial em Moçambique desenvolveu pesquisas com objectivo de
conhecer os grupos etnicos habitante em mocambique, seu habitos e costumes, com objectivo de
mominacao. António Augusto Mendes Correia (1888‐1960) e do seu assistente Joaquim
Rodrigues dos Santos Júnior (1901‐1990), ambos médicos e professores na Faculdade de
Medicina na Universidade do Porto, e sob a influência do Dr. Francisco Vieira Machado, então
ministro das Colónias. “conhecimento dos grupos étnicos de cada um dos nossos domínios
ultramarinos, ou seja, a elaboração das respectivas cartas etnológicas” (Decreto-Lei n.º 26 842,
de 28 de Julho de 1936)
Com ojectivos decretos na lei 34.478, publicado em Diário do Governo de 3 de Abril de 1945,
este periodo foi composto por seis fases desenvolvidas no centro de Mocambique.
No segundo periodo intitulado,Missão de Estudos das Minorias Étnicas do Ultramar
Portuguêso governo colonial “admistradores”, ja estavam embuidos de novos discursos sobre a
populacao da colonia, onde ja eram concordantes no discurso quanto aos povos das colonias, e
criam-se decretos de integração dos indígenas no Estado português.
As atenções ficam viradas aos estudos de culturas locais. “Não se tratava mais de medir índices
cranianos ou avaliar provas de esforço físico (robustez para o trabalho); não se tratava mais de
conhecer apenas a disposição social e cultural dos povos de Moçambique, tratava-se sobretudo
de salvaguardar os interesses fundamentais do colonialismo português com vista a facilitar a
gestão social das populações dominadas” (DIAS, 1998: xxvi).
Foi assim que se criou, em Fevereiro de 1957, a Missão de Estudos das Minorias Étnicas do
Ultramar Português, sob o impulso do Professor Adriano Moreira (1922- ), director do Centro
dos Estudos Políticos e Sociais. Contudo, longe de constituir uma realidade, o novo estatuto
“impôs um sistema de exclusão e violência, baseado no sistema do indigenato” (MACANGO,
2002: 110)
Nas suas duas fases, a Missão Antropológica de Moçambique desenvolveu suas actividades em
território nacional durante um período de vinte e três anos (1936-1959) tendo registado 44
trabalhos publicados, dos quais apenas 14 versam sobre a etnografia. Prosperavam “estudos de
antropometria, sobretudo aqueles que diziam respeito ao aproveitamento da força de trabalho e
cujos objectivos são facilmente descortináveis”  (http://www.redalyc.org/articulo.oa?
id=293029097009)

Práticas etnógraficas de Moçambique pós-colonial

O Marxismo e a Antrópologia
Marx tambem se preucupou pelo estudo das sociedades primitivas, preucupando-se com o
surgimento do capitalismo, ele se interessa pelo feudalismo e pelas sociedades primitivas.
Para Marx, a sociedade se divide em infra-estrutura (estrutura económica formada das
relações de produção e da força de trabalho) e supra-estrutura (que se divide em dois níveis: o
nível jurídico-político formado pelas normas e leis que correspondem a sistematização das
relações já existentes e o nível da estrutura ideológica: filosofia, arte, religião, etc., isto é,
conjunto de ideias de determinada classe social para defender seus interesses). De acordo com
este determinismo económico, Marx classifica a sociedade segundo o tipo predominante de
relações de produção.
Os países africanos adoptaram o marxismo, depois das independências. Assiste-se, por exemplo,
em Moçambique a criação de lojas do povo, cooperativas do povo, machambas do povo, o
salário era único para todos os funcionários, aldeias comunais.
A antropologia marxista passou a ser maioritariamente do terceiro mundo e foi adoptada pelo 3º
congresso da Frelimo realizado em Maputo em 1977, pelo seu determinismo económico e por ser
promotora de igualdade de classes. Ela se centra sobre a análise das formas de exploração
(sexual – androcentrismo; laboral – eurocentrismo, etc.); para outros, a diferenciação sexual é
cultural e não biológica. Ela será empregue como expressão da emancipação de uma classe
social oprimida.
As independências dos países africanos fomentam a formação de um homem novo, caracterizado
pela criação de uma nova identidade cultural onde os valores da sociedade tradicional (a etnia, a
tribo e a região) são substituídos pelo nacionalismo.

Conclusão
Desde a era colonial, levantou-se o interesse de estudo sobre as práticas etnógraficas em
Moçambique, pensadores antrópologos como Henri-Alexandre Jonud, Jorge Dias, Junior,
preucuparam-se em estudar os povos habitantes em Moçambique, os chamados povos primitivos,
ums com objectivos religiosos e antrópologos “Henri-Alexandre Jonud”, e outros com
comandados pelo colonialismo para estabelecer trabalhos de cunho atnógrafico em Moçambique
“Jorge Dias e Junior”.
Foi assim que no periodo colonia se controu a antrópologia etnógrafica de Moçambique. Na
vertente pós-colonial, assistimos a adoção do marxismo pelo novo governo de Moçambique
independente, onde as igualidades sociais eram o prato dominante, a valorização do povo e o
abate da teoria capitalista estavam no centro de discossões no terceiro congresso da frelimo
realizado em Maputo no ano 1977.
  
Referenciasbibliograficas
1.      ANPUH – XXV SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA – Fortaleza, 2009
2.      Arquivo Histórico de Moçambique. Usos e Costumes dos Bantus. A vida de uma tribo
do sul de África. 1996.
3.      COELHO. Marcos Vinicius Santos Dias, O Humano, O Selvagem E O Civilizado
discurso sobre a natureza em moçambique colonial, 1876-1918 Universidade Federal
da Bahia. Salvador, 2009
4.      DIAS. Jorge, Os Macondes de Moçambique: Aspectos Históricos e Económicos (1964 Vol. I);
5.      Diário do Governo, 1ª série, no 175.
6.      HARRIES, Patrick. Junod e as sociedades africanas: impacto dos missionários suíços na África
austral. Maputo: Paulinas, 2007.
7.      JUNOD, Henri A. Usos e costumes dos Bantu. Tomo I. Maputo, Arquivo Histórico de
Moçambique, 1996.
8.      Lorenzo MACAGNO, “Luso tropicalismo e Nostalgia etnográfica: Jorge Dias entre Portugal e
Moçambique”, in Afro-Asia no 28, 2002, p. 97-124.
9.      http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=293029097009
10.  http://www.Wikipédia/práticasetnográficas..

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