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(organização e coordenação)
A Numeração em
Moçambique
1
ISBN: 978-1-4357-2634-5
www.lulu.com
http://stores.lulu.com/pgerdes
2
Paulus Gerdes
A Numeração em
Moçambique
2ª edição
2008
3
Ficha técnica
Distribuição:
Vide: http://stores.lulu.com/pgerdes
ou procure ‘Paulus Gerdes’ na página www.lulu.com
4
Conteúdo
página
Prefácio 7
1 Enquadramento 9
1.1 Sistemas africanos de numeração 9
[Paulus Gerdes & Marcos Cherinda,
1993]
1.2 Sobre a história da numeração falada 32
[Paulus Gerdes, 1980]
2 Fontes escritas sobre a numeração e a 39
contagem em Moçambique
2.1 Numerais na língua Makonde (1) 39
[M. Viegas Guerreiro, 1963]
2.2 A contagem entre os Makonde 42
[M. Viegas Guerreiro, 1966]
2.3 Numerais na língua Makonde (2) 46
[E. Mpalume & M. Mandumbwe, 1991]
2.4 Numerais na língua Yao 50
[Miguel Viana, 1961]
2.5 A contagem entre os Yao 53
[Manuel Amaral, 1990]
2.6 Numerais na língua Nyanja 58
[Missionários da Companhia de Jesus,
1964]
2.7 Sentido numérico Cheua 61
[A.Rita-Ferreira, 1966]
2.8 Numerais na língua Nyungwe 63
[Victor Courtois, 1887]
2.9 Numerais em Makhuwa-Lóhmé, Cóti e 68
Árabe
[António Pires Prata, 1960]
2.10 Numerais na língua Sena 79
[J. Torrend, 1900]
2.11 Numerais na língua Shona (Ndau) 82
[D. Dale, 1968]
5
página
2.12 Numerais na língua Tshwa 85
[J.A.Persson, 1932]
2.13 Numerais na língua Chope 90
[Luís Feliciano dos Santos, 1941]
2.14 Numerais na língua Tonga e o ‘sentido 97
matemático’
[Henrique Junod, 1934]
2.15 Numerais na língua Changana 101
[Armando Ribeiro, 1965]
2.16 Numerais em Tsonga (Changana) 104
[Bento Sitoe, 1985]
2.17 Numerais na língua Ronga 109
[José Quintão, 1951]
2.18 Numerais na língua Swazi 113
[D. Ziervogel, 1952]
2.19 Numerais na língua Zulu 116
[Clement Doke, 1927]
3 Fontes orais sobre a numeração e a 119
contagem em Moçambique
3.1 Quadros da numeração falada nas línguas 119
bantu de Moçambique
3.2 Métodos populares de contagem em 134
Moçambique
[Abdulcarimo Ismael & Daniel Soares,
1993]
4 Tabelas e mapas comparativos relativos à 141
numeração falada em Moçambique
[Abílio Mapapá & Evaristo Uaila, 1993]
5 Numeração e educação 155
5.1 Numeração falada como recurso na 155
aprendizagem da Aritmética
[Jan Draisma, 1993]
5.2 Algumas reflexões para estimular o debate 176
e a investigação
6
Prefácio
7
15 de Agosto de 1993
8
Cap. 1: Enquadramento
Capítulo 1
Enquadramento
1
Texto: Paulus Gerdes; Desenhos: Marcos Cherinda. Cf. Gerdes, P.
& Cherinda, M.: Contar en Africa, El Correo de la UNESCO, Paris,
Nov. 1993, 37-39.
9
A Numeração em Moçambique
completamente novas para indicar números quando se avança com a
contagem de quantidades maiores, foi a de compor numerais novos a
partir de numerais verbais existentes, apoiando-se nas relações
aritméticas entre os números envolvidos.
10
Quadro 1.1
Exemplo dum texto elaborado na escrita Bété
(Fonte: Niangoran-Bouah, p. 203)
11
Quadro 1.2
Numeração na língua Bété (Costa do Marfim)
(Fonte: Tro, p. 64-65)
numeral estrutura
1 blo
2 sô
3 ta
4 mono
5 n’gboua
6 gbeplo 5+1
7 gbosso 5+2
8 gbota 5+3
9 kodablo
10 kogbo
11 kogbo-blo 10+1
12 kogbo-sô 10+2
13 kogbo-ta 10+3
14 kogbo-mono 10+4
15 kogbo-n’gbouo 10+5
16 kogbo-gbeplo 10+5+1
17 kogbo-gbosso 10+5+2
18 kogbo-gbota 10+5+3
19 kogbo-kodablo
20 goloblo 20x1
21 goloblo-ya-blo 20x1 + 1
22 goloblo-ya-sô 20x1 + 2
30 goloblo-ya-kogbo 20x1 + 10
34 goloblo-ya-kogbo-mono 20x1 + 10 + 4
40 golosso 20x2
50 golosso-ya-kogbo 20x2 + 10
56 golosso-ya-kogbo-gbeplo 20x2 +10 + 5+1
60 golota 20x3
70 golota-ya-kogbo 20x3 + 10
80 golomono 20x4
90 golomono-ya-kogbo 40x4 + 10
100 golo-n’gbouo 20x5
12
Quadro 1.3
Numeração na língua Bambara (Guiné, Mali)
(Fonte: Almeida, p. 404)
numeral estrutura
1 kelén
2 fulá, flá
3 sabá
4 maani
5 duru, dulu
6 woro
7 wolomilá, wolonglá
8 seegi
9 konontó
10 tan
20 mugan, tan-fulá 20, 10x2
30 mugan-ni-tan 20+10
40 debé
50 debé-ni-tan 40+10
80 kemé
90 kemé-ni-tan 80+10
Quadro 1.4
Numerais na língua Bulanda
(Fonte: Schmidl, p. 192)
numeral estrutura
6 gfad 6
7 gfad nign foda 6+1
8 gfad nign sibn 6+2
9 gfad nign habn 6+3
10 gfad nign tasila 6+4
11 gfad nign kif 6+5
12 gfad nign fad 6+6
13
Os Bulanda (África ocidental) utilizam seis como base: sete
exprime-se por 6+1, oito por 6+2, etc. [Vide o quadro 1.4]. Os Adele
(Togo) contam ‘koro’ (6), ‘koroke’ (6+1=7), ‘nye’ (8) e ‘nyeki’
(8+1=9) (Schmidl, p. 192).
No seio dos Huku do Uganda as palavras para 13, 14, 15 podem
ser formadas adicionando a doze 1, 2 ou 3. Por exemplo, 13 exprime-
se por ‘bakumba igimo’, significando ‘doze mais um’. As alternativas
decimais 10+3, 10+4 e 10+5 eram também conhecidas (Schmidl, p.
177, 178).
Uma das vantagens de utilizar um número pequeno – como 5 –
como uma das bases dum sistema verbal de numeração, reside no facto
de que pode facilitar a execução oral ou mental de cálculos onde a
resposta ainda não tinha sido memorizada. Por exemplo, 7+8 seria
(5+2) mais (5+3). Como 2+3=5, acha-se a resposta 5+5+5, 10+5, ou 5
multiplicado por 3.
O princípio duplicativo
14
Cap. 1: Enquadramento
Quadro 1.5
Thomas Fuller, escravo africano e prodígio em cálculo
(Fonte: Fauvel & Gerdes)
Quadro 1.6
Multiplicação por duplicação repetida
Quadro 1.7
A aprendizagem do processo de contar no seio de crianças
Chaga (Tanzania)
(Fonte: Raum, 1967, p.397, 268-269)
Quadro 1.8
Exemplos dos princípios subtractivo e aditivo na numeração Yoruba
(Fonte: Tro, p.182-184)
Numeral estrutura
16 eerin din logun 4 até 20
17 eeta din logun 3 até 20
18 eegi din logun 2 até 20
19 ookan din logun 1 até 20
20 ogun
21 ookan le logun 1+20
34 eerin le logban 4+30
35 aarun din logoji 5 até 20x2
Variações
Quadro 1.9
Numeração em línguas da Guiné Bissau
(Fontes: Almeida, 389-440; Béart, p.736)
18
Cap. 1: Enquadramento
Os Bijagó têm um sistema decimal puro; os Balante usam um
sistema quinário-vigesimal (5-20); os Manjaco têm um sistema
decimal, com excepção de numerais compostos como 6+1 para 7 e
8+1 para 9; e os Felup empregam um sistema decimal-vigesimal em
que o princípio duplicativo é usado em formas tais como 4+3 para 7 e
4+4 para 8.
Às vezes alguns numerais verbais são adjectivos, enquanto outros
são substantivos. Caso isto aconteça, podem aparecer estruturas para
os numerais verbais que não correspondem directamente a uma adição,
multiplicação ou subtracção. Por exemplo, na língua Tshwa
(Moçambique central) sessenta exprime-se por ‘thlanu wa makumi ni
ginwe’, isto é ‘cinco dezenas mais uma (dezena)’.
19
A Numeração em Moçambique
Quadro 1.10
A contagem por gestos no seio dos Yao
(Fonte: Amaral, p. 437).
1 2
3 4
5 6
7 8
9 10
20
Cap. 1: Enquadramento
Os Makonde do Norte de Moçambique, no entanto, começam a
contagem pela mão direita com apoio do indicador da mão esquerda
[Vide o quadro 1.11]. Para representar “cinco” faz-se um punho com a
mão direita. De seis até nove, a representação é simétrica relativa a de
“um” até “quatro”, isto é, inverte-se o papel das mãos. Agora o
indicador da mão direita aponta os dedos da outra mão. Juntando dois
punhos representa-se dez.
O método de contagem por gestos adoptado pelos Shambaa
(Tanzania, Quénia) utiliza o princípio duplicativo [Vide o quadro
1.12]. Indicam “seis” estendendo os três dedos externos de cada mão;
“sete” ao mostrar quatro dedos na mão direita e três na mão esquerda,
e “oito” mostrando quatro em cada mão.
Para exprimir números maiores que dez, os Sotho (Lesotho)
empregam homens diferentes para indicar as centenas, dezenas e
unidades. Por exemplo, para representar 368, a primeira pessoa
levanta três dedos da mão esquerda representando três centenas, a
segunda levanta o polegar da mão direita para representar seis dezenas,
e a terceira levanta três dedos da mão direita para indicar oito unidades
[Vide o quadro 1.13]. De facto, aqui trata-se de um sistema posicional
porque depende da posição de cada pessoa, conforme indica unidades,
dezenas, centenas, milhares, etc.
Quadro 1.13
A representação de 368 na contagem por gestos dos Sotho
(Fonte: Raum, 1938, p. 20)
21
A Numeração em Moçambique
Quadro 1.11
A contagem por gestos no seio dos Makonde
(Fonte: Guerreiro, p. 14-15)
1 2
3 4
5 6
7 8
9 10
22
Cap. 1: Enquadramento
Quadro 1.12
A contagem por gestos no seio dos Shambaa
(Fonte: Schmidl, p. 173)
1 2
3 4
5 6
8
7
23
A Numeração em Moçambique
A utilização de dedos e mãos para contar pode constituir uma
explicação possível para a escolha de cinco e dez para base de sistemas
de numeração verbal. O uso de bases pode ter sido estimulado
também por práticas de contagem acelerada. Por exemplo, cesteiros
Makonde contam a quantidade de tiras de planta no fundo dos cestos
‘likalala’ quatro por quatro, em vez de uma por uma [Vide o quadro
1.14].
Quadro 1.14
A contagem quatro por quatro na cestaria Makonde
4 4
4 4 4
24
Cap. 1: Enquadramento
Quadro 1.15
Mulobuó com dobras
Quadro 1.16
Fio com nós
25
A Numeração em Moçambique
utilizam-se dois fios; faz-se um nó no primeiro fio a cada lua cheia que
passa; uma vez feitos doze nós, faz-se um nó num segundo fio para
marcar o primeiro ano, etc. (Soares, p. 4).
26
Cap. 1: Enquadramento
Quadro 1.17
A representação de números no jogo “koti zigi”
(Fonte: Béart, p. 714)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Quadro 1.18
A representação de números no seio dos Fulbe
(Fonte: Ale)
1 10
50 100
27
A Numeração em Moçambique
Por exemplo, a configuração seguinte foi encontrada em frente da
casa dum proprietário
VVVVVVXII,
mostrando que possuía 652 vacas (Ale, p. 35-38).
5= 6=5+1= 7=5+2=
8=5+3= 9=5+4=
e
9=5+4=
A estrutura simétrica de um dos símbolos para 11 e de um para 13
pode ser observada:
11 = 3 + 5 + 3 = e 13 = 4 + 5 + 4 =
Duplicação pode ser observada na transição de
6=
para
12 = 6 + 6 =
28
Cap. 1: Enquadramento
Quadro 1.19
Exemplos de numerais em pesos monetários dos povos Akan
(Fontes: Niangoran-Bouah, p.253; Mveng, p. 33)
10
11
12
13
14
15
20
29
A Numeração em Moçambique
Quadro 1.20
Unidades dos pesos monetários dos Agni
(Fonte: Niangoran-Bouah, p. 267)
1 bazien = 2 banzan
1 mêtêba = 2 bazien = 4 banzan
1 adjarikwa = 2 mêtêba = 8 banzan
1 smalé = 2 adjarikwa = 16 banzan
1 balé = 2 smalé = 32 banzan
1 araen = 2 balé = 64 banzan
1 bêna = 2 araen = 128 banzan
Referências
30
Cap. 1: Enquadramento
Fauvel, John & Gerdes, Paulus (1990), African slave and calculating
prodigy: Bicentenary of the Death of Thomas Fuller, Historia
Mathematica, New York, 17, 141-151.
___ (1992), Escravo africano e prodígio em cálculo: Bicentenário da
morte de Thomas Fuller, AMUCHMA, Revista sobre a História da
Matemática em África, Maputo, 1, 37-48.
Guerreiro, M. (1966), Os Macondes de Moçambique: sabedoria,
língua, literatura e jogos, Lisboa.
Mveng, R. (1980), L’art et l’artisanat africains, Editions Clé,
Yaoundé.
Niangoran-Bouah, G. (1984), The Akan world of gold weights, Les
Nouvelles Editions Africaines, Abidjan, Vol.1.
Raum, Otto (1938), Arithmetic in Africa, Evans Brothers, Londres.
___ (1967), Chaga childhood - a description of education in an east
African tribe, Oxford University Press, Londres.
Schmidl, Marianne (1915), Zahl und Zählen in Afrika, Mitteillungen
der Anthropologischen Gesellschaft, Viena, 35(3), 165-209.
Soares, Daniel (1992), Sobre métodos populares de contagem em
Moçambique, Relatório LEMEP, Universidade Pedagógica, Beira.
Torday, Emil & T. Joyce, T. (1911), Notes ethnographiques sur les
peuples communément appelés Bakuba, ainsi que les peuplades
apparentées - Les Bushongo, Annales du Musée du Congo Belge,
Ethnographie, Série III, Tome II, Fasc.I, Bruxelas.
Tro, Gueyes (1980), Étude de quelques systèmes de numération en
Côte d’Ivoire, (publicação do autor), Abidjan.
Weule, Karl (1970), Native life in East Africa (1909), Negro
Universities Press, Westport.
31
A Numeração em Moçambique
1.2 Sobre a história da numeração falada 2
O Homem soube sempre contar?
mas:
mune wa ‘um quarteto mune wa ‘um quarteto de
vanhu de pessoas’, misinha árvores’,
quatro pessoas quatro árvores
2
Primeira parte do artigo Sobre a origem histórica do conceito de
número, da autoria de Paulus Gerdes, publicado em Ciência e
Tecnologia (Maputo, Vol.1, 1980, 53-57), reeditado como TLANU
mini-brochura nº 5 (Maputo, 1986) e reproduzido em BOLEMA
(Rio Claro, Brasil, Especial Nº 1, 1989, 35-50).
3
Um numeral (cardinal) falado é uma palavra para indicar um
número, ou seja, para indicar uma determinada quantidade.
32
Cap. 1: Enquadramento
Esta diferença linguística sugere uma origem diferente. Por
outras palavras, num passado remoto os antepassados dos actuais
povos Bantu só tinham igualmente numerais para ‘um’, ‘dois’, e ‘três’.
Ainda se pode tentar refugiar numa explicação racista, suspirando:
“...mas o Homem civilizado sempre soube contar”. Que orgulho tinha
o colonizador da sua pretendida civilização! No entanto, também esta
explicação se evapora como água perante o Sol da linguística. No
português, as palavras ‘um’ e ‘dois’ conhecem também uma forma
feminina, a saber ‘uma’ e ‘duas’, enquanto que os outros numerais não
a conhecem, e, ainda por cima, a palavra ‘três’ está relacionada com a
palavra francesa ‘très’, que significa ‘muito’ e com a palavra latina
‘trans’, que significa ‘para além’; quer isto dizer, que, de igual modo,
os antepassados dos povos europeus somente sabiam contar um pouco:
‘um’, ‘dois’, ‘muito’.
33
A Numeração em Moçambique
Exemplo hipotético
Comparações
4
Ao comparar, deste modo, duas quantidades chama-se, na
matemática actual, pôr numa correspondência biunívoca os dois
conjuntos: a cada elemento do primeiro conjunto faz-se
corresponder, duma maneira biunívoca, um elemento do outro
(por exemplo, a cada asa corresponde uma gazela).
5
Vide Schmidl, M., Zahl und Zählen in Afrika, Mitteilungen der
anthropo-logischen Gesellschaft in Wien, Viena, 1915, Vol.45,
p.168
34
barriga’, dizendo respeito aos nove meses da duração duma gravidez.6
Adjectivos
Substantivação
6
Vide Zaslavsky, C., Black african traditional mathematics, The
Mathematics Teacher, Reston (EUA), 1970, Nº 4, p.346
7
Vide Conant, L., The number concept, Nova Iorque, 1896, p.87
35
qual deriva a palavra portuguesa ‘cálculo’), riscos em pedras ou ossos,
etc. Perto de Ishango, no actual Zaire, foram encontrados vestígios de
tais riscos paralelos feitos entre 9000 e 6500 a.C. 8 Mais recentemente
foi encontrado numa cave nos Montes Libombo, na fronteira entre a
Suazilândia e a África do Sul, um osso em que foram feitos 29 riscos
paralelos e que data de, aproximadamente 35.000 a.C., constituindo
“um dos vestígios mais antigos da actividade matemática”. 9
É possível que noutras sociedades estas formas de comparar
precedessem e estimulassem essa substantivação dos numerais.
Resumo esquemático
8
Vide Zaslavsky, C., Africa Counts, Boston, 1973, p.19
9
Vide Bogoshi, J. e outros, The oldest mathematical artefact, The
Mathematical Gazette, Londres, nº 71, 1987, p.294
10
Compare Aleksandrov, A., A general view of mathematics,
Mathematics, its contents, methods and meaning, Nova Iorque,
1969, Vol.1, p.10
36
Cap. 1: Enquadramento
objecto considerado
como um todo
|
Comparar tal como um corvo tantos...como uma
| | ave tem asas
| | |
37
Mapa 1
Distribuição geográfica de algumas línguas e dialectos
Tanzania i
ahi l
Sw
onde
Mwani
Yao
Mak
Nyanja
Malawi
akhuwa
Zambia
M
N
a Ch yanja
Yao
g
n D eu / ak
M
Se
Shona emaa h u wa
e
gw
e
Lohm
un
ti
Lolo
Co
Ny
abo
Se C huw
na
Zimbabwe Shona/
Ndau
Oceano Indico
ana
-Chang
Tshwa
Git o n g a
Tsonga
Africa do Sul
e
Chop
Ronga
Swazi
Suazilandia
Zulu
38
Cap. 2: Fontes escritas
Capítulo 2
Fontes escritas sobre a numeração e a contagem em
Moçambique
CARDINAIS:
um -mo
dois mbili, -vili
três natu, -tatu
quatro ncheche
cinco mwanu
seis mwanu na -mo
sete mwanu na mbili, -vili
oito mwanu na natu, -tatu
nove mwanu na ncheche
dez kumi
onze kumi na -mo
doze kumi na mbili, -vili
treze kumi na natu, -tatu
catorze kumi na ncheche
quinze kumi na mwanu
dezasseis kumi namwana na -mo, etc.
vinte makumi mavili
vinte e um makumi mavili na -mo, etc.
39
A Numeração em Moçambique
vinte seis makumi mavili na mwanu na-mo, etc.
trinta makumi matatu
quarenta makumi ncheche
cinquenta makumi mwanu
sessenta makumi mwanu na limo
setenta makumi mwanu na mavili
oitenta makumi mwanu na matatu
noventa makumi mwanu na ncheche
cem makumi kumi ou
imia (imo)
40
Mapa 2
Distribuição geográfica dos falantes da língua
Makonde
Tanzania
Malawi
Zambia
Zimbabwe
Oceano Indico
Africa do Sul
Suazilandia
41
2.2 A contagem entre os Makonde
Fonte: M. Viegas Guerreiro, Os Macondes de Moçambique, Lisboa,
1966, Vol. 4, 14-17
1 imo
2 mbili
3 nnatu
4 ncheche
5 mwanu
6 mwanu na imo
7 mwanu na mbili
8 mwanu na nnatu
9 mwanu na ncheche
10 kumi
2. Na linha 23 o autor fala em “números”, onde devia empregar a
expressão “numerais”. Porquê?
3. O leitor concorda ou não com a afirmação “Não tem numeração
escrita” (linha 42)?
4. Na linha 46 seria mais vulgar dizer-se “contar quantidades” em
vez de “contar números”. Está errado dizer-se “contar números”?
5. A língua Makonde utiliza as bases de “cinco” e “dez”. Compare
com o agrupamento de riscos, nós e pedrinhas (linhas 42-53).
6. Conforme as linhas 59-66, os homens sabiam em geral contar
mais do que as mulheres. Quais podem ter sido as razões que
contribuíram para tal situação?
45
2.3 Numerais na língua Makonde (2)
Fonte: Estêvão Jaime Mpalume & Marcos Agostinho Mandumbwe,
Nashilangola wa shitangodi sha Shimakonde, Guia da língua
Makonde, Núcleo da Associação dos Escritores Moçambicanos
de Cabo Delgado, 1991, p. 100-101, 103, 106
46
13 kumi na natu
14 kumi na nceshe
15 kumi na mwanu
16 kumi na mwanu na imo
20 makumi mavili
21 makumi mavili na imo
30 makumi matatu
40 makumi nceshe
Adição
Subtracção
Multiplicação
47
Divisão
48
Cap. 2: Fontes escritas
Mapa 3
Distribuição geográfica dos falantes da língua
Yao
Tanzania
Malawi
Zambia
Zimbabwe
Oceano Indico
Africa do Sul
Suazilandia
49
A Numeração em Moçambique
2.4 Numerais na língua Yao
Fonte: Miguel J. Viana, Dicionário de Português - Chi-Yao e Chi-Yao
- Português, Memória do Instituto de Investigação Científica de
Moçambique, Lourenço Marques, 1961, Vol. 3, 1-172, p. 16-17
Numerais cardinais:
1 -mo
2 -widi, -wili
3 tatu
4 mcheche
5 msano
6 msano na (ou bambu) -mo
7 msano na (ou bambu) -widi, etc.
8 msano na (ou bambu) tatu
9 msano na (ou bambu) mcheche
10 likumi
11 likumi kwisa (ou bambu) -mo
12 likumi kwisa (ou bambu) -widi ,etc.
13 likumi kwisa (ou bambu) tatu
14 likumi kwisa (ou bambu) mcheche
15 likumi kwisa (ou bambu) msano
16 likumi kwisa (ou bambu) msano na -mo
17 likumi kwisa (ou bambu) msano na -widi, etc.
18 likumi kwisa (ou bambu) msano na tatu
19 likumi kwisa (ou bambu) msano na mcheche
20 makumi gawidi
21 makumi gawidi kwisa (ou bambu) -mo
22 makumi gawidi kwisa (ou bambu) -widi, etc.
50
23 makumi gawidi kwisa (ou bambu) tatu
24 makumi gawidi kwisa (ou bambu) mcheche
25 makumi gawidi kwisa (ou bambu) msano
26 makumi gawidi kwisa (ou bambu) msano na -mo
27 makumi gawidi kwisa (ou bambu) msano na -widi, etc.
28 makumi gawidi kwisa (ou bambu) msano na tatu
29 makumi gawidi kwisa (ou bambu) msano na mcheche
30 makumi gatatu
31 makumi gatatu kwisa gatatu kwisa (ou bambu) -mo
32 makumi gatatu kwisa (ou bambu) -widi, etc.
33 makumi gatatu kwisa (ou bambu) tatu
34 makumi gatatu kwisa (ou bambu) mcheche
35 makumi gatatu kwisa (ou bambu) msano
36 makumi gatatu kwisa ( (ou bambu) msano na -mo
40 makumi mcheche
42 makumi mcheche kwisa (ou bambu) -widi, etc.
46 makumi mcheche kwisa (ou bambu) msano na -mo
47 makumi mcheche kwisa (ou bambu) msano na -widi, etc.
50 makumi msano
60 makumi msano na limo
70 makumi msano na gawidi
73 makumi msano na gawidi kwisa (ou bambu) tatu
78 makumi msano na gawidi kwisa (ou bambu) msano na
tatu
80 makumi msano na gatatu
90 makumi msano na mcheche
99 makumi msano na mcheche kwisa (ou bambu) msano na
mcheche
100 lichila
102 lichila kwisa (ou bambu) -widi, etc.
110 lichila kwisa (ou bambu) likumi
116 lichila kwisa (ou bambu) likumi kwisa (ou bambu)
msano na mo
127 lichila kwisa (ou bambu) makumi gawidi kwisa (ou
bambu) msano na -widi, etc.
199 lichila kwisa (ou bambu) makumi msano na mcheche
200 machila gawidi
51
283 machila gawidi kwisa (ou bambu) makumi msano na
gatatu kwisa (ou bambu) tatu
1000 machila likume.
1965 machila likumi kwisa (ou bambu) msano na mcheche
kwisa (ou bambu) makumi msano na limo kwisa (ou
bambu) msano.
2000 machila makumi gawidi
Exemplos:
2.5 A contagem entre os Yao
Fonte: Manuel Gama Amaral, O povo Yao, subsídios para o estudo de
um povo do noroeste de Moçambique, Instituto de Investigação
Científica e Tropical, Lisboa, 1990, p.437-439
53
A Numeração em Moçambique
cima, faz-se um gesto para a frente, como quem vai depositar alguma
coisa e diz-se “likumi kwisa nsano”, quinze.
De quinze a dezanove segue-se o mesmo processo utilizado de
dez a catorze. Ao chegar a vinte, com a mão direita aberta, faz-se o
gesto de quem se vai apoderar de alguma coisa (neste caso a contagem
até quinze) seguindo-se um duplo batimento de mãos e pronunciando
“makumi gawili”, vinte. As dezenas seguintes são assinaladas por
três, quatro, etc., batimentos de mãos, seguidos da indicação da
terceira, quarta, etc., dezenas.
Likumi, dez, parece ter origem nas palavras “ligasa”, mão aberta,
e no verbo “kuwika”, juntar.
A seguir relaciono os numerais cardinais, em língua Ciyao, a
partir de um até mil:
1 cimo
2 iwili
3 itatu
4 ncece
5 nsano
6 nsano nacimo
7 nsano nawili
8 nsano naitatu
9 nsano nancece
10 likumi
11 likumi kwisa cimo
12 likumi kwisa iwili
13 likumi kwisa itatu
14 likumi kwisa ncece
15 likumi kwisa nsano
16 likumi kwisa nsano nacimo
17 likumi kwisa nsano naiwili
18 likumi kwisa nsano naitatu
19 likumi kwisa nsano nancece
20 makumi gawili
21 makumi gawili kwisa cimo
22 makumi gawili kwisa iwili
23 makumi gawili kwisa itatu
54
24 makumi gawili kwisa ncece
25 makumi gawili kwisa nsano
26 makumi gawili kwisa nsano nacimo
27 makumi gawili kwisa nsano naiwili
28 makumi gawili kwisa nsano naiwili
29 makumi gawili kwisa nsano nancece
30 makumi gatatu
31 makumi gatatu kwisa cimo, etc.
40 makumi ncece
41 makumi ncece kwisa cimo, etc.
50 makumi nsano
51 makumi nsano kwisa cimo, etc.
60 makumi nsano nalimo
61 makumi nsano nalimo kwisa cimo, etc.
70 makumi nsano nagawili
71 makumi nsano nagawili kwisa cimo, etc.
80 makumi nsano nagatatu
81 makumi nsano nagatatu kwisa cimo, etc.
90 makumi nsano nancece
91 makumi nsano nancece kwisa cimo, etc.
100 licila
101 licila kwisa cimo, etc.
200 macila gawili
201 macila gawili kwisa cimo, etc.
300 macila gatatu
301 macila gatatu kwisa cimo, etc.
400 macila ncece
500 macila nsano
600 macila nsano kwisa cimo
700 macila nsano kwisa gawili ou
macila nsano nagawili
800 macila nsano kwisa gatatu ou
macila nsano nagatatu
900 macila nsano nancece
1000 macila likumi.
55
Comentários e questões para reflexão
Mapa 4
Distribuição geográfica dos falantes da língua
Nyanja
Tanzania
Malawi
Zambia
Zimbabwe
Oceano Indico
Africa do Sul
Suazilandia
57
A Numeração em Moçambique
2.6 Numerais na língua Nyanja
Fonte: Missionários da Companhia de Jesus, Elementos da Gramática
Cinyanja, Junta de Investigações do Ultramar, Lisboa, 1964, p.
56-58
Numerais cardinais:
1 +modzi
2 +wiri
3 +tatu
4 +nai
5 +sanu
6 +sanu ndi + modzi
7 +sanu ndi +wiri
8 +sanu ndi +tatu
9 +sanu ndi +nai
10 khumi
11 khumi ndi +modzi
12 khumi ndi +wiri
16 khumi ndi +sanu ndi +modzi
20 makumi awiri
21 makumi awiri ndi +modzi
60 makumi asanu ndi limodzi
61 makumi asanu ndi limodzi ndi
+modzi
75 makumi asanu ndi awiri ndi +sanu
100 dzana ou makumi khumi
200 madzana awiri ou
makumi khumi kawiri
(duas vezes dez dezenas)
1000 cikwi ou
madzana khumi (dez centenas)
58
Observação:
Exemplo:
87 pessoas (5 dezenas + 3 dezenas + 5 unidades + 2 unidades de
pessoas) seria: anthu makumi asanu ndi atatu, kudza mphambu zisanu
ndi ziwiri, ou anhtu makumi asanu ndi atatu, kudza anthu asanu ndi
awiri , e não simplesmente: anthu makumi asanu ndi atatu ndi asanu
ndi awiri, porque pela igualdade de características de concordância de
anthu (pessoas) e makumi (dezenas) tanto se poderia entender: 5
dezenas + 3 dezenas + 5 dezenas + 2 dezenas de pessoas (=150
pessoas), como 5 dezenas + 3 dezenas de pessoas +5+2 pessoas (=87
pessoas).
59
A Numeração em Moçambique
Mapa 5
O Distrito de Macanga
Tanzania
Malawi
Zambia
Zimbabwe
Oceano Indico
Africa do Sul
Suazilandia
60
Cap. 2: Fontes escritas
2.7 Sentido numérico Cheua
Fonte: A.Rita-Ferreira, Os Cheuas da Macanga, in: Memórias de
Investigação Científica de Moçambique, Lourenço Marques,
1966, Vol. 8, p. 259
1 -modzi
2 -wiri
3 -tatu
4 -nai
5 -sanu
10 -khumi
100 -dzana.
2.8 Numerais na língua Nyungwe
Fonte: Victor J. Courtois, Elementos de Grammática Tetense (1887),
1890, p.39
Numerais Cardinais.
São aqueles que indicam o número. Tomam o prefixo dos nomes que
determinam.
0 paribe, ou papezi
1 posi; e bodzi, modzi, quando
adjectivo indefinido
2 piri
3 tatu
4 nai
5 xanu
6 tant’atu
7 chinomue
8 sere
9 f’emba
10 k’umi
11 k’umi na ibodzi
12 k’umi na ziwiri
13 k’umi na zitatu
14 k’umi na zinai
20 mak’umi mawiri
21 mak’umi mawiri na ibodzi
22 mak’umi mawiri na ziwiri
23 mak’umi mawiri na zitatu
30 mak’umi matatu
31 mak’umi matatu na ibodzi
40 mak’umi manai
50 mak’umi maxanu
60 mak’umi matant’atu
70 mak’umi manomue
80 mak’umi masere
90 mak’umi maf’emba
63
100 dzana
101 dzana na ibodzi
110 dzana na k’umi
120 dzana na mak’umawiri
200 madzana mawiri
300 madzana matatu
500 madzana maxanu
900 madzana maf’emba
1000 churu
2000 bzuru bziwiri
3000 bzuru bzitatu
10000 bzuru k’umi, etc.
Observação:
A contabilidade do preto é simples e limitadíssima. Procede
sempre por dezenas, e por cada uma dá um nó numa corda, ou um
golpe num pau, ou, ainda, junta umas pedrinhas. É pelas dezenas que
faz suas contas.
Mapa 6
Distribuição geográfica dos falantes da língua
Nyungwe
Tanzania
Malawi
Zambia
Zimbabwe
Oceano Indico
Africa do Sul
Suazilandia
65
A Numeração em Moçambique
Mapa 7
Distribuição geográfica dos falantes da língua
Makhuwa-Lóhmé
Tanzania
Malawi
Zambia
Zimbabwe
Oceano Indico
Africa do Sul
Suazilandia
66
Cap. 2: Fontes escritas
Mapa 8
Distribuição geográfica dos falantes da língua
Cóti
Tanzania
Malawi
Zambia
Zimbabwe
Oceano Indico
Africa do Sul
Suazilandia
67
A Numeração em Moçambique
2.9 Numerais em Makhuwa-Lóhmé, Cóti e Árabe
Fonte: António Pires Prata, Gramática da Língua Macua e seus
Dialêctos, Cucujães, 1960, p. 118-145
69
67 Para a composição de números usam-se das copulativas ni e na,
cujo significado é “e” ou “com”.
Ni é de língua macua e na provém de língua estranha.
Na sobreposição dos números digitos 1, 2, 3, 4, 5, 10, 20, 30 e 40
emprega-se na ou ni, podendo-se dizer thanu na mosa ou thanu ni
mosa (6), prevalecendo na no litoral e ni no interior, depois de 10.
71
A Numeração em Moçambique
72
MACUA CÒTI ÁRABE
MACUA CÒTI ÁRABE
75
MACUA CÒTI ÁRABE
MACUA CÒTI ÁRABE
77
Mapa 9
Distribuição geográfica dos falantes da língua
Sena
Tanzania
Malawi
Zambia
Zimbabwe
Oceano Indico
Africa do Sul
Suazilandia
Cap. 2: Fontes escritas
2.10 Numerais na língua Sena
Fonte: J. Torrend, Gramática do Chisena - A grammar of the
language of the lower Zambezi, Missão de Chipanga,
Chipanga, 1900, p. 81-83
Os numerais cardinais
um -bodzi
dois -wiri
três -tatu
quatro -nai
cinco -xanu
seis -tant’atu
sete -nomeu
oito -sere
nove -femba
com os três seguintes
quantos? -ngasil
o mesmo identicamente -bidzibodzi
muitos -zinji
são adjectivos.
Nota-se que k’umi, dez, pl. makumi; dz-ana, cem, pl. ma-dz-ana; e
chikui, mil só se empregam como substantivos.
Os números cardinais de um a nove têm também formas de
substantivos. Tratados como tais os seguintes pertencem à classe MU-
A:
um posi
dois piri
três tatu
cinco xanu
seis tant’atu
oito sere
nove femba
79
A Numeração em Moçambique
À classe CHI pertencem
quatro chi-na
sete chi-nomue
80
Mapa 10
Distribuição geográfica dos falantes da língua
Shona (Ndau)
Tanzania
Malawi
Zambia
Zimbabwe
Oceano Indico
Africa do Sul
Suazilandia
81
2.11 Numerais na língua Shona (Ndau)
Fonte: D. Dale, S.J., Shona Companion, Mambo Press, Zimbabwe,
[1968], 1986, p. 230-231
Numerais Cardinais:
82
Cap. 2: Fontes escritas
100 soldados: masoja zana/ zana ramasoja
1000 soldados: masoja chiuru/ chiuru chamasoja
83
Mapa 11
Distribuição geográfica dos falantes da língua
Tshwa
Tanzania
Malawi
Zambia
Zimbabwe
Oceano Indico
Africa do Sul
Suazilandia
84
Cap. 2: Fontes escritas
2.12 Numerais na língua Tshwa
Fonte: J. A. Persson, Outlines of Tshwa Grammar (with practical
exercises), Inhambane Mission Press, 1932, p.52-54
Numerais cardinais
85
86
Cap. 2: Fontes escritas
Nota:
Sendo este sistema de numeração tão incómodo, está a ser
substituído por números portugueses, exceptuando quando se utilizam
numerais abaixo de dez ou quantidades capazes de se exprimirem em
dezenas ou centenas exactas.
87
A Numeração em Moçambique
88
Cap. 2: Fontes escritas
Mapa 12
Distribuição geográfica dos falantes da língua
Chope
Tanzania
Malawi
Zambia
Zimbabwe
Oceano Indico
Africa do Sul
Suazilandia
89
A Numeração em Moçambique
2.13 Numerais na língua Chope
Fonte: Luís Feliciano dos Santos, Gramática da Língua Chope,
Imprensa Nacional de Moçambique, Lourenço Marques, 1941,
p. 95 - 100
Os numerais cardinais:
Observações:
93
A Numeração em Moçambique
Intchanu uà silonda ni tchimuètcho, ou silonda sà
ntchanu ni tchimuètcho, seis feridas.
Intchanu uà timbua ni imuèi, ou timbua tà ntchanu ni
imuèio, seis cãis.
b) - A -mbidi e a -raru deve antepor-se a característica
nominal da classe a que pertence o substantivo que
determinam. Exemplos:
Intchanu uà miti ni imbidi (f. dial. ni mimbidi), ou
miti ià ntchanu ni imbidi (ou mimbidi), sete aldeias.
Intchanu uà titiho ni tiraru, ou titiho tà ntchanu ni
tiraru, oito dedos.
c) - A mune apenas se antepõe a preposição ou conjunção
ni (com ou e). Exemplo:
Intchanu uà malembe ni mune, ou malembe à
ntchanu ni mune, 9 anos.
NB. - Como se depreende da exposição feita e dos
exemplos citados, na classe das unidades de 1 a 3 os
substantivos precedem esses numerais.
Nas unidades 4 e 5 os substantivos tanto podem preceder
como seguir os numerais, sendo preferível a primeira
forma.
Na classe das unidades de 6 a 9 os substantivos tanto
podem preceder como ser intercalados entre ntchanu e -
muè-, -mbidi, -raru, ou mune. Preferível é esta segunda
forma.
Se o número representa qualquer dezena, centena ou
milhar, seu excesso de unidades, o substantivo coloca-se
ou no princípio ou no fim. Exemplos:
Makume mambidi à mindonga, ou mindonga ià
makume mambidi, 20 árvores.
Madzana manbidi à seketa, ou siketa sà madzana
manbidi, 200 ananases.
Madzana mararu à timbua, ou timbua tá madzana
mararu, 300 cãis, etc.
94
Cap. 2: Fontes escritas
Se o número representa qualquer centena com excesso de
dezenas, ou qualquer milhar com excesso de centenas ou
dezenas, o substantivo colocar-se-á no fim, concordando
com o último numeral-substantivo. Exemplo:
Didzana ni makume mambidi à mipama, 120
bofetadas.
Finalmente, se o número contém além disso unidades,
estas indicam-se depois do substantivos, que se coloca a
seguir à classe das dezenas.
95
A Numeração em Moçambique
Mapa 13
Distribuição geográfica dos falantes da língua
Tsonga (Changana)
Tanzania
Malawi
Zambia
Zimbabwe
Oceano Indico
Africa do Sul
Suazilandia
96
Cap. 2: Fontes escritas
2.14 Numerais na língua Tonga e o ‘sentido matemático’
Fonte: Henrique A. Junod, Usos e costumes dos Bantos (1934),
Lourenço Marques, 1974, Vol.2, p.151, 152, 153-154, 576-577
100
2.15 Numerais na língua Changana
Fonte: Armando Ribeiro, Gramática Changana (Tsonga), Editorial
“Evangelizar”, Caniçado, 1965, p. 165-167, 175
101
tintiho tinharu três dedos
lembe liñwe um ano
malembe manharu três anos
wurimba bziñwe uma armadilha
marimba mambirhi duas armadilhas
chicomu chiñwe uma enxada
bsikomu bsimbirhi duas enxadas
kuhanya kuñwe uma vida
Exemplos:
Observações (p.175):
103
A Numeração em Moçambique
2.16 Numerais em Tsonga (Changana)
Fonte: Bento Sitoe, Morfologia dos nominais dependentes II: O
sistema qualificativo em Tsonga, Cadernos Tsonga, nº 8,
Faculdade de Letras, Universidade Eduardo Mondlane,
Maputo, 1985, p.7-10 (revista pelo autor em 1993)
Mune, ntlhanu, khume, dzana, gidi e khulu são nomes. Ligam-se aos
nomes que quantificam com o emprego do extra prefixo de
dependência da classe a que estes numerais pertencem e adicionam-se
por meio da conjunção ni ou na.
Mune e ntlhanu pertencem ao género mu-mi (classes 3 e 4):
Mune wa malembe quatro anos
Ntlhanu wa timbuti cinco cabritos
Eka makume mambirhi kuna em vinte quantos ‘cincos’
mintlhanu yingani? há?
105
345 livros madzana manharhu ya tibuku ni mune wa makume
ni ntlhanu
900 livros ntlhanu wa madzana ni mune (wa madzana) ya
tibuku
999 livros ntlhanu wa madzana ni mune ya tibuku ntlhanu wa
makume ni mune ni ntlhanu ni mune
1000 livros gidi ra tibuku (ou khulu ra tibuku)
1100 livros gidi ra tibuku ni dzana
1111 livros gidi ra tibuku ni dzana ni khume ni yin’we
1985 livros gidi ra tibuku ni ntlhanu wa madzana ni mune ni
ntlhanu wa makume ni manharhu na ntlhanu
100000 livros dzana ra magidi ra tibuku
1000000 gidi ra magidi ya tibuku
livros
8.livros: tibuku ta nhungu
9 livros: tibuku ta kaye
10 livros: tibuku ta khume
11 livros: tibuku ta Khumen’we
12 livros: tibuku ta khumembirhi
15 livros: tibuku ta khumentlhanu
16 livros: tibuku ta khumetsevu
20 livros: tibuku ta khummbirhi/makumembirhi
21 livros: tibuku ta khumbirhin’we/makumenbirhin’we
30 livros: tibuku ta khunharhu/makumenharhu
90 livros: tibuku ta Khukaye/makhumekaye
100 livros: tibuku ta dzana
101 livros: tibuku ta dzanariwe
113 livros: tibuku ta dzana khumenharhu
500 livros: tibuku ta dzantlhanu/madzanantlhanu
1000 livros: tibuku ta gidi
1111 livros: tibuku ta gidi dzana khumen’we
100 000 livros: tibuku ta dzagidi/ magididzana
107
Mapa 14
Distribuição geográfica dos falantes da língua
Ronga
Tanzania
Malawi
Zambia
Zimbabwe
Oceano Indico
Africa do Sul
Suazilandia
2.17 Numerais na língua Ronga
Fonte: José L. Quintão, Gramática de Xironga (Landim), Agência
Geral das Colónias, Lisboa, 1951, p. 73-75
1 (huku) yiñwe
2 (tihuku) tibirji
3 (tihuku) tirjarju
4 mune wa (tihuku)
5 nthanu wa...
6 nthanu wa ... na yiñwe
7 nthanu wa ... na tibirji
8 nthanu wa ... na tirjarju
9 nthanu na mune wa (tihuku)
10 khume dja (tihuku)
11 khume dja ... na yiñwe
12 khume dja ... na tibirji
13 khume dja ... na tirjarju
14 khume na mune wa (tihuku)
15 khume na nthanu wa (tihuku)
16 khume na ntlhanu wa ... na yiñwe
17 khume na ntlhanu wa ... na tibirji
18 khume na ntlhanu wa... na tirjarju
19 klhume na ntlhanu na mune wa (tihuku)
20 makume mabirji ya (tihuku)
21 makume mabirji ya ... na yiñwe.
22 makume mabirji ya ... na tibirji
23 makume mabirji ya ... na tirjarju
109
24 makume mabirji na mune wa (tihuku)
25 makume mabirji na nthanu wa (tihuku)
26 makume mabirji na nthanu wa ... na yiñwe
27 makume mabirji na nthanu wa ... na tibirji
28 makume mabirji na nthanu wa ... na tirjarju
29 makume mabirji na nthanu na mune wa (tihuku)
30 makume marjarju ya (tihuku)
40 mune wa makume ya (tihuku)
50 mthanu wa makume ya (tihuku)
60 nthanu wa makume na khume djiñwe dja ...
70 nthunu wa makume na makume mabirji ya ...
80 nthanu wa makume na makume marjarju ya ...
90 nthanu wa makume na mune wa makume ya ...
99 nthanu wa makume na mune wa makume na nthanu na
mune wa
100 dzana dja tihuku
101 dzana dja (tihuku) na yiñwe
120 dzana na makume mabirji ya ...
150 dzana na nthanu wa makume ya ...
200 madzana mabirji ya ...
300 madzana marjarju ya ...
400 mune wa madzana ya ...
500 nthanu a madzana ya ...
600 nthanu wa madzana na dzana djiñwe dja ...
700 nthanu wa madzana na madzana mabirji ya ...
800 nthanu wa madzana na maryarju wa madzana ya ...
900 nthanu wa madzana na mune wa madzana ya ...
1000 khume dja madzana ya..., etc.
Nota:
A gente nova diz bidji em vez de birji, parecendo que birji seja um
som de transição.
rjarju, também muita gente a substitui por nharju.
111
A Numeração em Moçambique
Mapa 15
Distribuição geográfica dos falantes da língua
Swazi
Tanzania
Malawi
Zambia
Zimbabwe
Oceano Indico
Africa do Sul
Suazilandia
112
Cap. 2: Fontes escritas
2.18 Numerais na língua Swazi
Fonte: D. Ziervogel, Grammar of Swazi, Witwatersrand University
Press, Johannesburgo, 1952, p.53-54
O adjectivo “enumerativo”
classe
1 munye muni muphi
2 banye bani baphi
3 munye muni muphi
4 minye mini miphi
5 linye lini liphi
6 manye mani maphi
7 sinye sini siphi
113
8 tinye tini tiphi
9 (y)inye (y)nii (y)iphi
10 tinye tini tiphi
11 lunye luni luphi
14 bunye buni buphi
15 kunye kuni kuphi
17 kunye kuni kuphi
Mapa 16
Distribuição geográfica dos falantes da língua
Zulu
Tanzania
Malawi
Zambia
Zimbabwe
Oceano Indico
Africa do Sul
Suazilandia
115
2.19 Numerais na língua Zulu
Fonte: Clement Doke, Textbook of Zulu grammar, Longmans
Southern Africa (1927), Johannesburgo, 1968, p. 325-327
classe classe
1 umuntu munye 5 inkabi inye
2 umuthi munye 6 uthi lunye
3 i:hashi linye 7 ubuso bunye
4 isilo sinye 8 ukudla kunye
2 -bili
3 -thathu
4 -ne
5 -hlanu
Numerais compostos:
Exemplos:
abantu abali i:shumi nanye (onze pessoas)
izinkomo ezingamashumi amabili (20 vacas)
amakhosi aamashumi (ou angamashumi) amabili (20 chefes)
amabutho ayi:khulu (100 soldados)
imithi eyinkulungwane (mil árvores)
amabutho ayizinkulungwane eziyisikhombisa namakhulu
ayisithupha namashumi ayisishiyagalolunye nane (7694
soldados)
Cap. 3: Fontes orais
Capítulo 3
Fontes orais sobre a numeração e a contagem em
Moçambique
119
A Numeração em Moçambique
120
Swahili Makonde Yao
20 ishirini makumi mabili makumi mawidi
30 salasini makumi manatu makumi matatu
40 arbaini makumi ncheche makumi
mcheche
50 amsini makumi mwanu makumi msanu
60 sitini makumi mwanu makumi msano
na mo na mo
70 sabini makumi mwanu makumi msano
na mabili na widi
80 samanini makumi mwanu makumi msano
na manatu na tatu
90 tisaini makumi mwanu makumi msano
na mcheche na mcheche
100 mia imiya lichila
200 mia mbili dimia mbili machila mawidi
1000 elfu yelupo machila makumi
121
Mwani Makhuwa / Cóti
Lóhmé
123
124
125
126
127
128
129
131
Chope Ronga
1 mué -ñwe
2 mbiri birji
3 raru rjarju
4 mune mune
5 ntchanu nthanu
6 ntchanu ni mué nthanu ni -ñwe
7 ntchanu ni mbiri nthanu ni birji
8 ntchanu ni raru nthanu ni rjarju
9 ntchanu ni mune nthanu ni mune
10 gume khume
11 gume ni mué khume ni -ñwe
12 gume ni mbiri khume ni birji
13 gume ni raru khume ni rjarju
14 gume ni mune khume ni mune
15 gume ni ntchanu khume ni nthanu
16 gume ni ntchanu ni khume ni nthanu ni -
mué ñwe
17 gume ni ntchanu ni khume ni nthanu ni
mbiri birji
18 gume ni ntchanu ni khume ni nthanu ni
raru rjarju
19 gume ni ntchanu ni khume ni nthanu ni
mune mune
Chope Ronga
20 makume mambidi makume mabirji
30 makume mararu makume marjarju
40 mune uà makume mune wa makume
50 ntchanu uà makume thanu wa makume
60 ntchanu uà makume thanu wa makume na
khume
70 ntchanu uà makume thanu wa makume na
makume mabirji
80 ntchanu uà makume thanu wa makume na
makume marjarju
90 ntchanu uà makume thanu wa makume na
mune wa makume
100 dzana dzana
200 madzana mabidi madzana mabirji
1000 khulu khume dja madzana
133
3.2 Métodos populares de contagem em Moçambique 1
Introdução
1
Elaborado por Abdulcarimo Ismael e Daniel Soares na base de um
inquérito realizado no seio de estudantes da Universidade
Pedagógica.
Milundu é usado também para contar os meses de gravidez duma
mulher; assim se consegue determinar o período do parto, que é depois
de 9 meses. Vilundu é também usado para controlar a duração de
construção duma casa, a duração do desenvolvimento duma criança até
se sentar, andar, etc.
Para grandes caçadas que normalmente duravam mais do que
uma semana, as pessoas daquela região do país levavam uma peça de
capulana ou corda de aproximadamente um metro. Para cada dia que
passava era feito um nó naquela peça, de tal forma que no fim de
caçada se contavam o número de nós e se sabia quanto tempo tinha
levada a caçada. Nalgumas regiões de Cabo Delgado onde se nota
uma certa influência da religião Islâmica, o método malundu é usado
na contagem de meses do calendário Islâmico. Para se saber quando é
o mês de jejum, ou seja o mês de Ramadan, toma-se como referência o
período anterior de jejum. Quando a lua nova aparece, imediatamente
depois do mês de jejum, é feito um nó; nos meses seguintes são feitos
nós de cada vez, até se terem 11 nós; o 12º nó corresponde então ao
novo mês de jejum. Malundu é também usado para controlar a idade
duma criança. Assim, se uma criança nasce no 5º mês do calendário
Islâmico, só se faz um vilundo passados 12 meses lunares, ou seja
quando aparece o 5º mês seguinte.
Nluthó ou Nlutché (língua makhuwa-lomwé), que também
significa “nó”, é um método de contagem em nós utilizado na
Província de Nampula, fundamentalmente para contar animais
domésticos e também nalguns casos para a contagem do tempo. Neste
caso concreto conta-se o tempo que vai da data da morte duma pessoa
até 40 dias, altura em que se deve fazer a cerimónia do defunto
denominada “Arybaini” (em língua árabe), segundo a religião
Islâmica. Após o falecimento vão-se fazendo nós numa corda para
cada dia que passa, o que permite saber-se exactamente o dia da
cerimónia do defunto.
No caso de contagem de animais domésticos os nós são feitos
numa corda; na corda são atados tantos nós quantas cabeças de gado
existem no curral. Quando, de manhã cedo o gado vai ao pasto, é
contado à medida que sai do curral através dos nós, e ao anoitecer,
depois do pasto, o gado é novamente contado à medida que vai
entrando no curral. Deste modo pode-se fazer um controle exacto do
gado. De realçar que este método é também usado para a contagem e
135
A Numeração em Moçambique
controle de quantidades de outro tipo de animais domésticos tais como
cabritos, galinhas, patos, etc.
Há factos que nos levam a crer que este método de contagem era
utilizado em vários outros contextos. Em Nampula era utilizado por
trabalhadores assalariados para a contagem dos dias de trabalho, o que
lhes permitia depois comparar com o salário que recebiam e saber se o
salário era real ou não.
Fundzu ou mafundzu (língua ronga), é uma forma de contar por
nós, vulgarmente utilizada na província de Maputo para contar animais
que uma família possui. Para cada cabeça de gado que certa família
possuísse, esta fazia um nó numa corda de sisal; o número de nós
correspondia ao número de cabeças de gado. Se nascessem mais
animais, eram feitos mais nós na corda; se morressem, por doença, ou
se fossem abatidas para o consumo, ou se fossem vendidas tantas
cabeças, era desatado um número correspondente de nós. No caso
duma família que possuísse mais do que uma espécie de animais
domésticos, existia uma corda para cada espécie.
138
Cap. 3: Fontes orais
O jogo de cartas Nthezó é um dos mais populares divertimentos
em regiões da Província de Nampula tais como Memba e Ilha de
Moçambique. Antes do início de cada jogo é feito, numa folha de
papel, um desenho para cada equipa. Este desenho consiste em três
tracinhos com mais ou menos a mesma medida que se intersectam no
meio, formando assim, mais ou menos, diagonais dum hexágono. No
fim de cada série do jogo a equipa vencedora, que é a que tiver mais
pontos, coloca uma bolinha numa das extremidades das linhas; no fim
de tantas voltas a equipa que tiver ganho mais voltas é declarada
equipa vencedora do jogo. No entanto, em certas ocasiões não contam
tanto, as voltas que são realizadas, mais sim o número de partidas
ganhas. Assim, no caso de terem sido realizados muitos jogos,
compara-se o número de círculos, isto é, grupos de seis pontos ganhos
e quem tiver mais círculos é automaticamente vencedor. Se se
verificar que as equipas têm o mesmo número de círculos de seis
pontos, são contados os pontos restantes e ganha a equipe que tiver
mais pontos restantes.
Mbara, que significa “parte do cacho de cocos” numa palmeira
que se parece com a casca de feijão verde, é também usado para contar
o número de palmeiras escaladas num certo período de tempo durante
a colheita de cocos na Província de Inhambane.
Antes do início da colheita os trabalhadores preparam um Mbara.
À medida que vão escalando as palmeiras de onde colhem os cocos
eles vão pegando no Mbara e fazendo marcas com ajuda duma faca ou
catana; a marca é feita não como um simples risco, mas sim na
margem do Mbara, de tal forma que no fim se pareça com dentes dum
animal. No fim de cada jornada de trabalho, o número de golpes no
Mbara corresponde ao número de palmeiras escaladas.
Okwenhenha (língua makhuwa) é um meio de contar por riscos
feitos no chão, na areia, utilizado na Província de Nampula, para
contar o número de tiras de palhas evitando-se assim enganos na
feitura de cestos, permitindo que o cesto apresente uma forma bonita.
Os riscos são agrupados desta feita em 4, perfazendo 2 subgrupos de
dois a dois, todos formando por sua vez dois grupos de riscos paralelos
cruzados.
139
A Numeração em Moçambique
Contagem por pauzinhos
Considerações finais
140
Cap. 4: Tabelas e mapas
Capítulo 4
Tabelas e mapas comparativos relativos à numeração
falada em Moçambique 1
1
Elaborado por Abílio Mapapá e Evaristo Uaila na base de um
inquérito realizado no seio de estudantes da Universidade
Pedagógica.
141
A Numeração em Moçambique
O Mapa 4.1 indica as regiões do país em que os numerais para
“um” têm a mesma raíz. É de notar que tanto os numerais para “dois”
como os para “três” têm em todo o país a mesma raíz.
O Mapa 4.2 indica as regiões do país em que os numerais para
“quatro” têm a mesma raíz.
O Mapa 4.3 indica as regiões do país em que os numerais para
“cinco” têm a mesma raíz.
O Mapa 4.4 indica as regiões do país em que os numerais para
“dez” têm a mesma raíz.
O Mapa 4.5 indica as regiões do país em que os numerais para
“cem” têm a mesma raíz.
142
Cap. 4: Tabelas e mapas
Tabela 4.1
Numerais simples nas línguas bantu de Moçambique
1 2 3
143
Tabela 4.1
Numerais simples nas línguas bantu de Moçambique
(continuação)
4 5 6
2
Existe outra variante da língua Changana, que se usa na África do
Sul, onde se tem os seguintes numerais simples: (6) tsevu, (7)
nkombo, (8) nhungu, e (9) kaye.
Tabela 4.1
Numerais simples nas línguas bantu de Moçambique
(continuação)
7 8 9
Makonde
Yao
Makhuwa
Lolo
Chuwabo
Nyanja /Cheua
Senga
Tshwa
Tsonga /
Changana
Gitonga
Chope
Ronga
Swahili saba nane tisa
Còti -sabá -nane -tísya
Nyungwe -chinomwe -sere -f’emba
Sena -nomeu -sere -f’emba
Shona / Ndau -nomwe -sere -pfemba, -
pfumba
Zulu -isikhombisa -isisshiyagalombili -isishiyagalolunye
145
Tabela 4.1
Numerais simples nas línguas bantu de Moçambique
(conclusão)
10 100
3
Na língua Senga, o numeral para “cem” tem a forma de 10 x 10,
dizendo-se makumi-kumi.
146
Cap. 4: Tabelas e mapas
Tabela 4.2
Estrutura dos numerais nas línguas bantu de Moçambique
Numerais
Swahili
Còti
Base Nyungwe Forma
10 Sena simples 10xF
Shona /
Ndau
Zulu
Makonde
Yao
Makhuwa
Base Lolo 5+P 10xF 10x5 + 10xf
10 Chuwabo
com Nyanja /
base Cheua
auxiliar Senga
5 Tshwa 5x10+4x10
Tsonga / 5x10 ou
Changana + (5+4) x10
Gitonga 10xF Fx10 10xf
Chope 5x10+4x10
Ronga
147
Mapa 4.1
Distribuição geográfica dos numerais para “um”
-moja
Tanzania
-mo
-mo
Malawi
-modzi
Zambia
-mosa
-mo
-modzi
i
ot
-bodzi
-m
-moy
-posi
-bodzi
Zimbabwe
-posi
-possa Oceano Indico
-nwe
Africa do Sul -n’we
-mue
Suazilandia -nwe
-nye
148
Cap. 4: Tabelas e mapas
Mapa 4.2
Distribuição geográfica dos numerais para “quatro”
-nne
Tanzania
-nsheshe
-msheshe
Malawi
Zambia -nai
-sheshe
-nai
ne
-n
-nai
Zimbabwe
-na Oceano Indico
e
mun
Africa do Sul -na
ne
mu
Suazilandia
-ne
149
Mapa 4.3
Distribuição geográfica dos numerais para “cinco”
Tanzania nu
-tha
-nw
-msano
an
Malawi
u
Zambia -sanu
-sanu -thanu
-shanu
Zimbabwe
-shanu
Oceano Indico
ntlhanu
anu
Africa do Sul
ntch
libhandre
Suazilandia nthanu
-hlanu
150
Cap. 4: Tabelas e mapas
Mapa 4.4
Distribuição geográfica dos numerais para “dez”
Tanzania
kumi
kumi
Malawi
Zambia
mulocko’
kumi
khumi
k’umi i khumi
m
ku
k’umi
Zimbabwe
gumi
Oceano Indico
khume
Africa do Sul k’humy
gume
Suazilandia khume
i:shumi
151
A Numeração em Moçambique
Mapa 4.5
Distribuição geográfica dos numerais para “cem”
Tanzania
ia
m
lichila imiya
dzana
Malawi licila
Zambia
emia
dzana mia
dzana
zana
dz-ana
Zimbabwe
zana Oceano Indico
na
Africa do Sul
dza
Suazilandia
i:khulu
152
Cap. 4: Tabelas e mapas
Mapa 4.6
Distribuição geográfica dos sistemas de numeração
Tanzania
Malawi
Zambia
Zimbabwe
Oceano Indico
Africa do Sul
Suazilandia
Base "10"
Base "10" com base auxiliar "5"
153
A Numeração em Moçambique
154
Cap. 5: Numeração e educação
Capítulo 5
Numeração e educação
1
Autor: Jan Draisma.
2
A LEMEP funciona na Delegação da Beira da Universidade
Pedagógica e visa formar um grupo de especialistas do ensino da
Matemática para o nível primário. Pensa-se que os futuros
graduados deste curso poderão ser docentes de Matemática e
Didáctica de Matemática nos vários cursos de formação de
professores primários. Todos os estudantes da LEMEP são
professores primários experientes (dos 1º e/ou 2º grau) e uma parte
dos estudantes tem também experiência como instrutores de
(Didáctica de) Matemática nos Centros de Formação de
Professores Primários.
155
A Numeração em Moçambique
Resp.: “Por exemplo, exercícios do tipo (escrevendo) 300+500.
Aqui os alunos têm facilidade porque já adicionam três
mais cinco; 1000+5000 (escreveu), têm também
facilidade. Mas para 1000+500 (escreveu), por exemplo,
é um pouco difícil. O aluno é capaz de escrever:
1000
+ 500
Só quando o número de zeros for igual é que há
facilidade.”
1000 100 10 1
1 0 0 0
5 0 0
1 5 0 0
156
A diferença de pensamento entre os dois professores é que o
primeiro, quando se fala de mil mais quinhentos, imagina
automaticamente os numerais escritos, e vê que os alunos se podem
enganar, se não alinharem correctamente os algarismos; enquanto que
o segundo professor se limita a ouvir os numerais falados, concluindo
que a tarefa é muito fácil: mil mais quinhentos é igual a mil e
quinhentos. Usando os numerais falados, a “operação” limita-se à
substituição da palavra “mais” pela palavra mais simples “e”,
enquanto que as parcelas continuam inalteradas.
O professor entrevistado pensa que a multiplicação mil vezes
quinhentos é mais fácil porque, neste caso, a colocação dos numerais
escritos não é importante: basta acrescentar três zeros ao numeral
escrito 500; para isto não é necessário alinhar os factores algarismo
por algarismo.
Como é que seria a operação 1000 x 500, se fosse feita por
palavras? Teríamos mil vezes quinhentos é igual a quinhentos mil. A
“operação” consiste na troca da ordem dos factores e na eliminação da
palavra vezes. Qual é a operação mais simples, aquela que é feita com
os numerais escritos ou a que é feita com os numerais falados?
Este simples exemplo mostra que a maneira de resolver um
problema aritmético depende do tipo de símbolos usados: quando se
usam os símbolos escritos, compostos por algarismos, fazendo o
cálculo algarismo por algarismo, é necessário respeitar certas regras de
colocar os símbolos e de operar com eles. Mas quando se usam
símbolos falados — palavras — o cálculo torna-se muito diferente.
No presente texto vamos comparar com mais pormenor a aritmética
escrita com a aritmética falada, e veremos que o uso de numerais
falados pode constituir um recurso importante para as crianças
passarem a dominar com mais facilidade os exercícios básicos da
adição e da subtracção.
157
7+9 = 16) e as diferenças correspondentes (à soma 7+9 = 16
correspondem os exercícios básicos da subtracção 16 - 7 = 9 e 16 -
9 = 7). Há autores que preferem falar de factos básicos em vez de
exercícios básicos. As expressões exercícios básicos ou problemas
básicos parecem mais correctas para a criança que ainda não
memorizou os resultados. Para esta criança, 7 + 9 = ? é um problema a
ser resolvido. Mas a partir do momento que os resultados estiverem
memorizados, deixam de ser exercícios ou problemas e passam a ser
factos numéricos básicos.
3 596
+ 17 283
158
Cap. 5: Numeração e educação
dificuldades em conseguir este domínio, temos dado muita atenção ao
tema nas aulas e trabalhos práticos da LEMEP.
159
162
Exemplo 1:
Como se calcula oralmente vinte mais quarenta?
Em língua Portuguesa:
Os numerais vinte, quarenta e sessenta são simples; dentro do
sistema de numeração são palavras novas. Estes numerais são o
resultado de uma simplificação de expressões mais antigas que
significavam dois dezes, quatro dezes e seis dezes. Nas palavras
quarenta e sessenta ainda é possível reconhecer as palavras quatro e
seis respectivamente.
Os numerais vinte, quarenta e sessenta têm uma forma
invariável: não conhecem uma forma para o plural, nem para
masculino /feminino.
Em língua Dema:
Os numerais para 20, 40 e 60 são expressões compostas por duas
palavras:
20 — makhumi mawiri (= dezes dois = 10 x 2)
40 — makhumi manai (= dezes quatro = 10 x 4)
60 — makhumi matanthatu (= dezes seis = 10 x 6)
163
Nestas expressões, a palavra makhumi é o plural do substantivo
khumi; vê-se que se trata do plural pelo prefixo ma-. As palavras
mawiri, manai e matanthatu são adjectivos que devem apresentar o
prefixo ma-, correspondente à palavra makhumi a que se referem. Este
tipo de combinação de palavras tem um significado multiplicativo:
makhumi manai significa dezes quatro ou seja, 10 x 4 (respeitando a
ordem usada em Dema).
Assim, os numerais em Dema são compostos e, como tal, mais
longos do que em língua portuguesa. Contudo, eles são compostos por
numerais conhecidos, enquanto em língua portuguesa se trata de
expressões novas. Em língua Dema, todos os múltiplos de 10, a partir
de 20 até 90, são formados da mesma forma.
Tanto em Dema como em Português, o sistema de numeração
tem a base “dez”; isto é, os números 1, 2, 3, ..., 10 são representados
por expressões simples, diferentes.
Em língua Ronga:
Por isso, vinte mais quarenta é igual a dois vezes dez mais quatro
vezes dez, o que dá seis vezes dez.
Em linguagem simbólica:
20 = 2x10; 40 = 4x10;
por isso, 20 + 40 = 2x10 + 4x10 = 6x10
Assim, a segunda parte do cálculo coincide com o cálculo feito em
Dema. Mas para se poder fazer o cálculo desta maneira, é necessário
interpretar vinte como dois vezes dez, e quarenta como quatro vezes
dez. Por isso, o cálculo de 20 + 40 em língua portuguesa é mais
complexo do que em Dema. Na prática, muitas pessoas acabam por
memorizar, em língua portuguesa, as somas dos múltiplos de dez, no
limite 100. Assim, pode parecer que as pessoas calculam mas
depressa em Português do que em Dema, porque são capazes de dizer
imediatamente o resultado. Mas esta maior rapidez é resultado de um
esforço maior: primeiro o esforço maior de calcular a soma, no período
em que ainda não se conhece de cor o resultado; depois o esforço de
memorizar os resultados deste tipo de somas.
Em Dema o cálculo limita-se à aplicação do exercício básico 2 +
4 = 6 em combinação com a propriedade distributiva, não havendo
qualquer necessidade de memorizar algo mais do que os exercícios
básicos.
Em Ronga o cálculo limita-se também ao uso de um facto básico
2 + 4 = 5 + 1 e a aplicação da propriedade distributiva; apenas o
exercício básico em Ronga é diferente do exercício básico em Dema
ou Português.
Exemplo 2:
Como se calcula 8 + 5?
167
A Numeração em Moçambique
ter completado cinco dedos. O último numeral pronunciado
corresponderá à soma de oito e cinco.
168
Cap. 5: Numeração e educação
6 + 7 = ?
tanu na modha na tanu na mbili dhinkala kumi na tharu
5+1 + 5+2 = (5+5) + (1+2)
Um caso um pouco mais difícil é o cálculo de sete mais nove:
7 + 9 = ?
tanu na mbili na tanu na nai dhinkala kumi na tanu na
modha
5+2 + 5+4 = (5+5) + (5+1)
Neste último caso, para além de juntar os dois cincos, foi usado
um exercício básico típico das línguas com numeração em base cinco:
mbili na nai dhinkala tanu na modha (2+4 = 5+1).
As implicações educacionais dos últimos exemplos merecem
especialmente atenção. Muitos alunos da escola primária têm
dificuldade em encontrar as somas de dois números dígitos, quando
esta ultrapassa dez. Como já foi referido, é frequente ver crianças a
fazerem contagens de dedos para determinar somas do tipo 7 + 9,
mesmo na 3ª, 4ª ou até na 5ª classe. Mas muitos destas crianças
conhecem os numerais falados da sua língua materna. De uma forma
geral, as línguas faladas ao Norte do Rio Zambeze e as línguas faladas
ao Sul do Rio Save usam a base auxiliar “cinco”, para além da base
“dez”. Estamos convencidos de que muitas crianças poderiam aplicar
com naturalidade os cálculos usando os numerais da sua língua
materna; isto pode ser feito, mesmo se as aulas se realizam em língua
portuguesa. Não há nenhuma razão para limitar as crianças aos meios
didácticos tradicionais: dedos, pauzinhos, pedrinhas ou tracinhos.
Todos os conhecimentos das crianças devem ser aproveitados de uma
maneira racional, para conseguir que estas passem a dominar os
exercícios básicos da adição.
Pode parecer que as línguas que usam a base auxiliar “cinco”
oferecem mais possibilidades de cálculo do que as línguas que usam
apenas a base “dez”. Contudo há uma forma de se fazer os cálculos
aproveitando a base “cinco”, mesmo quando se usam numerais falados
da base “dez”: através de gestos com as duas mãos.
169
Por exemplo, a soma seis mais sete pode ser calculado da
seguinte maneira:
1. representa o número seis levantando uma vez um punho fechado
(cinco) seguido pelo levantamento de um dedo;
2. representa o número sete, levantando o outro punho fechado,
seguido pelo levantamento de dois dedos;
3. a soma dos dois números obtém-se lembrando-se dos dois
punhos levantados (5 + 5 = 10), aos quais se juntam os três
dedos levantados.
Este cálculo gestual pode ser mais rápido do que a contagem
pelos dedos que muitas crianças praticam: começando pelo sucessor de
sete, dizendo oito, nove, dez, onze, doze, treze. Por cada numeral
pronunciado levanta-se um dedo; quando a criança tiver 6 dedos
levantados, terá chegado ao resultado e o último numeral pronunciado
será o resultado.
171
outros grupos toda a discussão era feita em Tsonga, com excepção do
cálculo com fracções, para as quais eram usados os nomes em Inglês.
Para nós era uma prova muito concreta, de que a Matemática
elementar pode ser feita em Tsonga (Changana). Mas sabíamos
também que os nossos estudantes da UP em Beira não seriam capazes
de fazer este tipo de discussão matemática nas suas línguas maternas:
quase todos os seus conhecimentos e experiência matemática
dependem do uso da língua portuguesa.
175
A Numeração em Moçambique
5.2 Algumas reflexões para estimular o debate e a
investigação
A História da Matemática mostra que, por diversas vezes, a
escolha da linguagem, de expressões e símbolos, tem sido
extremamente importante para poder conceber e compreender novas
ideias e relações. Uma escolha feliz pode facilitar o pensamento e o
raciocínio. Uma escolha feliz pode facilitar o ensino e a
aprendizagem. Uma escolha bem reflectida pode democratizar o
acesso ao conhecimento científico da Humanidade: mais pessoas em
condições de o alcançar.
A importância da numeração falada para a aprendizagem foi
frisada na secção anterior. Nesta secção apresentaremos algumas
reflexões relativas à numeração falada em Moçambique, fruto do
debate no seio da nossa equipa de educadores matemáticos integrados
no Projecto de Investigação ‘Etnomatemática’.
Uma tendência no desenvolvimento da numeração nas línguas
bantu de Moçambique
As línguas não são estáticas. As línguas estão em movimento.
Tanto ao nível das sociedades e de grupos humanos menores, como ao
nível de indivíduos, inventam-se novas palavras e novas construções.
Relativamente à numeração nas línguas bantu de Moçambique,
nota-se uma tendência para contrair numerais; alguns exemplos
clarificarão este fenómeno da contracção. Na língua Makonde foi
introduzida uma forma curta, resultado de contracção, para se referir
ao numeral ‘seis’: mwanaimo em vez da forma em extenso mwanu na
imo. Na língua Nyungwe encontra-se a forma contraída
makhumaxanu (cinquenta) ao lado da versão original makhumi
maxanu. Na tabela 5.1 apresentam-se alguns exemplos fornecidos
pelos estudantes da LEMEP. 3 O processo de encurtar numerais
compostos não está parado, e pode ser continuado. Por exemplo, o
referido numeral makhumaxanu pode ser encurtado para khumaxanu,
se lhe retirarmos o prefixo do plural. No entanto a ‘simplificação’ ou
‘abreviação’ deve evitar obviamente que se crie confusão com outros
3
Licenciatura em Educação Matemática para o Ensino Primário
(Delegação da Universidade Pedagógica na Cidade da Beira).
176
Cap. 5: Numeração e educação
numerais. A forma reduzida khumaxanu deve ser diferente da forma
reduzida para khumi na cixanu (quinze).
Tabela 5.1
(1ª parte)
MAKONDE MAKONDE
por extenso com contracções
1 imo imo
2 mbili mbili
3 natu natu
4 nceshe nceshe
5 mwanu mwanu
6 mwanu na imo mwanaimo
7 mwanu na mbili mwanambili
8 mwanu na natu mwananatu
9 mwanu na nceshe mwananceshe
10 kumi (likumi limo) kumi (likumi limo)
11 kumi na imo kumnaimo
12 kumi na mbili kumnambili
13 kumi na natu kumnanatu
14 kumi na nceshe kumnanceshe
15 kumi na mwanu kumnamwanu
16 kumi na mwanu na imo kumnamwanaimo
17 kumi na mwanu na mbili kumnamwanambili
18 kumi na mwanu na natu kumnamwananatu
19 kumi na mwanu na nceshe kumnamwananceshe
20 makumi mavili makumavili
30 makumi matatu makumatatu
40 makumi nceshe makunceshe
50 makumi mwanu makumwanu
60 makumi mwanu na limo makumwanalimo
70 makumi mwanu na mavili makumwanamavili
80 makumi mwanu na makumwanamatatu
matatu
90 makumi mwanu na nceshe makumwananceshe
100 imia imo; imia imo;
makumi kumi makumi kumi
177
Tabela 5.1
(2ª parte)
CHUWABO CHUWABO
por extenso com contracções
1 modha modha
2 bili bili
3 tharu tharu
4 nai nai
5 tanu tanu
6 tanu na modha tanamodha
7 tanu na bili tanabili
8 tanu na tharu tanatharu
9 tanu na nai tananai
10 kumi kumi
11 kumi na modha kumi na modha
12 kumi na bili kumi na bili
13 kumi na tharu kumi na tharu
14 kumi na nai kumi na nai
15 kumi na tanu kumi na tanu
16 kumi na tanu na modha kumi na tanamodha
17 kumi na tanu na bili kumi na tanabili
18 kumi na tanu na tharu kumi na tanatharu
19 kumi na tanu na nai kumi na tananai
20 makumi meli makumeli
30 makumi mararu makumararu
40 makumi manai makumanai
50 makumi matanu makumatanu
60 makumi matanu na makumatananimodha
nimodha
70 makumi matanu na meli makumatanameli
80 makumi matanu na makumatanamararu
mararu
90 makumi matanu na manai makumatanamanai
100 zana zana
Tabela 5.1
(3ª parte)
1 emoza emoza
2 pili pili
3 tharu tharu
4 cece xexe
5 thanu thanu
6 thanu na moza than’namoza
7 thanu na pili than’napili
8 thanu na tharu than’natharu
9 thanuna cece than’naxexe
10 nloko nloko
11 nloko namosa nloko nimosa
12 nloko napili nloko nipili
13 nloko natharu nloko nitharu
14 nloko naxexe nloko nixexe
15 nloko nathanu nloko nithanu
16 nloko nathanu namosa nloko nithan’namosa
17 nloko nathanu napili nloko nithan’napili
18 nloko nathanu natharu nloko nithan’natharu
19 nloko nathanu naxexe nloko nithan’naxexe
20 miloko mili miloko mili
30 miloko miraru miloko miraru
40 miloko micece miloko mixexe
50 miloko mitanu miloko mitanu
60 miloko mitanunamosa miloko mithan’namosa
70 miloko mitanunapili miloko mithan’napili
80 miloko mitanunatharu miloko mithan’natharu
90 miloko mitanunatsheshe miloko mithan’natsheshe
100 emiya emiya
179
Tabela 5.1
(4ª parte)
NYUNGWE NYUNGWE
por extenso com contracções
1 posi posi
2 piri piri
3 tatu tatu
4 nai nai
5 xanu xanu
6 tandhatu tandhatu
7 cinomwe cinomwe
8 sere sere
9 pfemba pfemba
10 khumi khumi
11 khumi na cim’bodzi khumi na cim’bodzi
12 khumi na ciwiri khumi na ciwiri
13 khumi na citatu khumi na citatu
14 khumi na cinai khumi na cinai
15 khumi na cixanu khumi na cixanu
16 khumi na citandhatu khumi na citandhatu
17 khumi na cinomwe khumi na cinomwe
18 khumi na cisere khumi na cisere
19 khumi na cipfemba khumi na cipfemba
20 makhumi mawiri makhumawiri
30 makhumi matatu makhumatatu
40 makhumi manai makhumanai
50 makhumi maxanu makhumaxanu
60 makhumi matandhatu makhumatandhatu
70 makhumi manomwe makhumanomwe
80 makhumi masere makhumasere
90 makhumi mapfemba makhumapfemba
100 dzana dzana
A língua materna e o ensino
181
A Numeração em Moçambique
cuja estrutura se aproxima mais da estrutura da numeração nas línguas
bantu de Moçambique que utilizam apenas a base ‘dez’. A segunda
fase explicativa sugerida está em concordância com a estrutura do
sistema de numeração escrita posicional-decimal, quer dizer, a ordem
dos termos corresponde à notação escrita decimal-posicional. Nesta
proposta utiliza-se “dezes” como plural de “dez” em analogia com a
formação do plural de palavras como rapaz, cartaz, nariz, vez, etc.
Tabela 5.2
182
Importância da numeração falada
Hoje em dia muitos professores primários em Moçambique
pensam que a Aritmética é feita apenas com numerais escritos.
Parece-nos extremamente importante que tanto professores primários
como o cidadão em geral se convençam de que a numeração falada em
qualquer língua constitui uma fonte riquíssima de ideias matemáticas
(de cálculo). É necessário pois explorar ao máximo as possibilidades
que as línguas maternas oferecem.
183
A Numeração em Moçambique
Tabela 5.3
1ª variante 2ª variante
(forma explicativa)
1 mó mó
2 ili ili
3 tatu tatu
4 né né
5 sanu sanu
6 sanumó tanta
7 sanuíli nomwe
8 sanutatu sere
9 sanuné femba
10 kumi kumi
11 kumi-mó kumi-mó
12 kumi-ili kumi-ili
13 kumi-tatu kumi-tatu
14 kumi-né kumi-né
15 kumi-sanu kumi-sanu
16 kumi-sanumó kumi-tanta
17 kumi-sanuíli kumi-nomwe
18 kumi-sanutatu kumi-sere
19 kumi-sanune kumi-femba
20 ilikumi ilikumi
21 ilikumi-mó
30 tatukumi
40 nékumi
50 sanukumi
60 tantakumi
67 tantakumi-nomwe
70 nomwekumi
80 serekumi
90 fembakumi
100 zana
200 ilizana
300 tatuzana
400 nezana
184
500 sanuzana
583 sanuzana-serekumi-
tatu
600 tantazana
700 nomwezana
800 serezana
900 fembazana
1000 kulu
Contribuições e reacções
185