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Práticas etnográficas

É importante antes de falar sobre o tema em debate, abordar em torno do que são então as
práticas etnográficas de um modo geral,

“Os estudos etnográficos são uma técnica, proveniente das disciplinas de Antrópologia Social,
que consiste no estudo de um objecto por vivência directa da realidade onde este se insere. Estes
estudos têm mostrado que o trabalho das pessoas é, normalmente, mais rico e complexo do que o
descrito pelas definições dos processos e pelos modelos dos sistemas”
(Wikipédia/práticasetnográficas..)

Henri Alexandre Jonud

Antes de avançar, no tocante as práticas etnográficas de Moçambique, é pertinente falar aqui do


homem que marcou o início das pesquisas etnográficas de Moçambique, falo do grandioso
antropólogo Suíço Henri-Alexandre Jonud.

Fazendo uma analize histórica, notamos que, a Suíça ocidental, terra onde nescera Henri-
Alexander Jonud, sofreu transformações em suas velhas estruturas sociais, da mesma forma que
em toda a Europa ocorreram reviravoltas políticas durante todo o século XIX. “As reviravoltas
estiveram circunscritas aos embates entre a emergência de novas ideias iluministas anti-
religiosas, ao questionamento do renascimento cristão e a laicização do Estado nacional suiço”
( HARRIES, Patrick. p37. 2007)

As relações entre o clero e o Estado na Suíça eram muito íntimas. “Em 1803, depoisde ocorrida a
emancipação do domínio de Napoleão, houve grandiosa celebração dasigrejas pela eleição do
primeiro Grande Conselho. Além disso, o Estado possuía, por voltade 1820, muitos pastores em
seu quadro de funcionários” (ibidem p38)

Foram criadas escolasdominicais. Estas escolas se espalharam as reflexõesquestionadoras contra


as antigas práticas religiosas da igreja catolica, a missao destes missionarios era de expalhar pelo
mundo a mensagem cristã, bem como a promoção contínua da reforma religiosa. Junod
acreditava que sua tarefa etnográfica era a de documentar uma civilização estagnada. “Era
possível que estes indígenas, por causa de quem tínhamos vindo para a África, aproveitassem
com um estudo desse gênero e viessem mais tarde a ser-nos gratos por saberem o que haviam
sido na sua vida primitiva” (JUNOD, 1996:21).

“Existia ainda a convicção de que as sociedades que nãohaviam sido infetadas pela civilização
eram mais propícias a umressurgimento do verdadeiro cristianismo, estes ,missionarios tal como
Junod previlegiavam as sociedades primitivas para a envangelização”( COELHO. Marcos, p2.
2009)

É neste comtexto que Hemri-Alexandre Jonud vem para Moçambique com o objectivo de
desenvolver trabalhos religiosos (envangelização dos povos), e de um modo pessoas desenvolver
trabalhos antrópologos ligados as práticas etnógraficas de Moçambique.

Práticas etnógraficas de Moçambique colonial

Como podemos notar já no periodo colonial, os portuguesses perucupados com a dominação das
sociedades nas suas colonias, levam a cabo trabalhos etnógraficos que numa primira fase era
efectuada por missionarios, admistradores e voluntarios afins. Estes periodos de recolha de dados
devidiu-se em duas fases:

1.      Fase da antrópologia missionária

Sendo este o priméiro periodo da pesquisa etnografica de  Moçambique, foi levada a cabo por
missionários e admistradores coloniais. “Para o século XIX, constituem referência incontornável
os estudos de Henri-Alexandre Junod, missionário de origem suíça que, além da leitura de textos
de James Georges Frazer (1890), Edward Burnett Tylor (1871) e estudos realizados por outros
missionários em África (as informações fornecidas por Dom Gonçalo da Silveira e pelo Padre
André Fernandes). Henri Junod possuía igualmente uma experiência científica fornecida pela
entomologia” (HARRIES, Patrick. p233-276. 2007)

Como primeiro entomólogo e botânico em terras africanas, Junod, correndo contra a corrente dos
ventos de mudança e dinâmica cultural, se esforçou em instituir uma “antropologia de resgate”,
virada a capturar os aspectos primitivos dos seres vivos (botânica) e os usos e costumes dos
primitivos (etnologia) antes que a colonização, a modernidade e a rápida expansão da
urbanização os fizessem desaparecer.
“A única obra de relevo e de cunho etnográfico sobre os povos de Moçambique (Sul do Save)
produzida nesta época é a incontornável monografia, tornada hoje clássica, de HenriAlexandre
Junod, redigida entre 1912 e 1913” (Arquivo Histórico de Moçambique. 1996)

2.      Fase da investigação colonial

Esta fase devide-se em dois periodos: 1. a Missão Etnográfica e Antropológica de Moçambique (


1936 e1956/2). 2. Missão de Estudos das Minorias Étnicas do Ultramar Português (1957/1960).

No primeiro periodo intitulado Missão Etnográfica e Antropológica de Moçambiqueogoverno


colonial em Moçambique desenvolveu pesquisas com objectivo de conhecer os grupos etnicos
habitante em mocambique, seu habitos e costumes, com objectivo de mominacao. António
Augusto Mendes Correia (1888‐1960) e do seu assistente Joaquim Rodrigues dos Santos Júnior
(1901‐1990), ambos médicos e professores na Faculdade de Medicina na Universidade do Porto,
e sob a influência do Dr. Francisco Vieira Machado, então ministro das Colónias. “conhecimento
dos grupos étnicos de cada um dos nossos domínios ultramarinos, ou seja, a elaboração das
respectivas cartas etnológicas” (Decreto-Lei n.º 26 842, de 28 de Julho de 1936)

Com ojectivos decretos na lei 34.478, publicado em Diário do Governo de 3 de Abril de 1945,
este periodo foi composto por seis fases desenvolvidas no centro de Mocambique.

No segundo periodo intitulado,Missão de Estudos das Minorias Étnicas do Ultramar Portuguêso


governo colonial “admistradores”, ja estavam embuidos de novos discursos sobre a populacao da
colonia, onde ja eram concordantes no discurso quanto aos povos das colonias, e criam-se
decretos de integração dos indígenas no Estado português.

As atenções ficam viradas aos estudos de culturas locais. “Não se tratava mais de medir índices
cranianos ou avaliar provas de esforço físico (robustez para o trabalho); não se tratava mais de
conhecer apenas a disposição social e cultural dos povos de Moçambique, tratava-se sobretudo
de salvaguardar os interesses fundamentais do colonialismo português com vista a facilitar a
gestão social das populações dominadas” (DIAS, 1998: xxvi).
Foi assim que se criou, em Fevereiro de 1957, a Missão de Estudos das Minorias Étnicas do
Ultramar Português, sob o impulso do Professor Adriano Moreira (1922- ), director do Centro
dos Estudos Políticos e Sociais. Contudo, longe de constituir uma realidade, o novo estatuto
“impôs um sistema de exclusão e violência, baseado no sistema do indigenato” (MACANGO,
2002: 110)

Nas suas duas fases, a Missão Antropológica de Moçambique desenvolveu suas actividades em
território nacional durante um período de vinte e três anos (1936-1959) tendo registado 44
trabalhos publicados, dos quais apenas 14 versam sobre a etnografia. Prosperavam “estudos de
antropometria, sobretudo aqueles que diziam respeito ao aproveitamento da força de trabalho e
cujos objectivos são facilmente descortináveis” (http://www.redalyc.org/articulo.oa?
id=293029097009)

Práticas etnógraficas de Moçambique pós-colonial

O Marxismo e a Antrópologia

Marx tambem se preucupou pelo estudo das sociedades primitivas, preucupando-se com o
surgimento do capitalismo, ele se interessa pelo feudalismo e pelas sociedades primitivas.

Para Marx, a sociedade se divide em infra-estrutura (estrutura económica formada das relações
de produção e da força de trabalho) e supra-estrutura (que se divide em dois níveis: o nível
jurídico-político formado pelas normas e leis que correspondem a sistematização das relações já
existentes e o nível da estrutura ideológica: filosofia, arte, religião, etc., isto é, conjunto de ideias
de determinada classe social para defender seus interesses). De acordo com este determinismo
económico, Marx classifica a sociedade segundo o tipo predominante de relações de produção.

Os países africanos adoptaram o marxismo, depois das independências. Assiste-se, por exemplo,
em Moçambique a criação de lojas do povo, cooperativas do povo, machambas do povo, o
salário era único para todos os funcionários, aldeias comunais.

A antropologia marxista passou a ser maioritariamente do terceiro mundo e foi adoptada pelo 3º
congresso da Frelimo realizado em Maputo em 1977, pelo seu determinismo económico e por ser
promotora de igualdade de classes. Ela se centra sobre a análise das formas de exploração
(sexual – androcentrismo; laboral – eurocentrismo, etc.); para outros, a diferenciação sexual é
cultural e não biológica. Ela será empregue como expressão da emancipação de uma classe
social oprimida.

As independências dos países africanos fomentam a formação de um homem novo, caracterizado


pela criação de uma nova identidade cultural onde os valores da sociedade tradicional (a etnia, a
tribo e a região) são substituídos pelo nacionalismo.

Conclusão

Desde a era colonial, levantou-se o interesse de estudo sobre as práticas etnógraficas em


Moçambique, pensadores antrópologos como Henri-Alexandre Jonud, Jorge Dias, Junior,
preucuparam-se em estudar os povos habitantes em Moçambique, os chamados povos primitivos,
ums com objectivos religiosos e antrópologos “Henri-Alexandre Jonud”, e outros com
comandados pelo colonialismo para estabelecer trabalhos de cunho atnógrafico em Moçambique
“Jorge Dias e Junior”.

Foi assim que no periodo colonia se controu a antrópologia etnógrafica de Moçambique. Na


vertente pós-colonial, assistimos a adoção do marxismo pelo novo governo de Moçambique
independente, onde as igualidades sociais eram o prato dominante, a valorização do povo e o
abate da teoria capitalista estavam no centro de discossões no terceiro congresso da frelimo
realizado em Maputo no ano 1977.

  Referencias bibliograficas

1.      ANPUH – XXV SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA – Fortaleza, 2009

2.      Arquivo Histórico de Moçambique. Usos e Costumes dos Bantus. A vida de uma tribo do
sul de África. 1996.

3.      COELHO. Marcos Vinicius Santos Dias, O Humano, O Selvagem E O Civilizado discurso
sobre a natureza em moçambique colonial, 1876-1918 Universidade Federal da Bahia. Salvador,
2009
4.      DIAS. Jorge, Os Macondes de Moçambique: Aspectos Históricos e Económicos (1964 Vol.
I);

5.      Diário do Governo, 1ª série, no 175.

6.      HARRIES, Patrick. Junod e as sociedades africanas: impacto dos missionários suíços na
África austral. Maputo: Paulinas, 2007.

7.      JUNOD, Henri A. Usos e costumes dos Bantu. Tomo I. Maputo, Arquivo Histórico de
Moçambique, 1996.

8.      Lorenzo MACAGNO, “Luso tropicalismo e Nostalgia etnográfica: Jorge Dias entre
Portugal e Moçambique”, in Afro-Asia no 28, 2002, p. 97-124.

9.      http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=293029097009

10.  http://www.Wikipédia/práticasetnográficas..

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