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Introdução

No presente trabalho irei falar do Estado de Gaza, com capital em Chaimite,que resultou da
conquista do sul de Moçambique por exércitos Nguni, chefiados por Sochangana, o Manicusse
(1821- 1858). Combinando a estratégia da guerra de conquista, com a política de assimilação das
populações autóctones. Sochangana criou os alicerces de um novo território, que, na sua extensão
máxima, abrangia as regiões situada entre a baia de Maputo e o rio Zambeze. Com a sua morte em
1858, sucede – lhe o seu filho Maucue. Uma vez no trono, Maucue hostiliza os seus irmãos, em
particular Mzila, reinos vizinhos e comerciantes que estavam interessados no comércio do marfim.
Estes, por sua vez, dirigidos por Mzila e contando com apoio de alguns membros da aristocracia
Nguni, de comerciantes de Lourenço Marques e do Governador de Lourenço Marques, Onofre de
Andrade, organizam uma coligação que vence Maueue (1861-64). Deste modo, o grupo supracitado,
tem como objetivo, o aprofundamento do Estado de Gaza, desde a sua origem até a organizacão
político-administrativa.
O Mfecane e o Estado de Gaza
O Mfecane
O Estado de Gaza surgiu no século XIX na região sul de Moçambique.
Até essa altura não tinha existido na região qualquer forma de organização de tipo estadual.
Existiam apenas chefaturas e pequenos reinos que nunca tinham mais de 20000 habitantes. Esta
situação alterou-se a partir de 1821 com a criação do estado de Gaza, culminando um processo
iniciado na actual África do Sul que ficou conhecido por Mfecane e que teve grandes repercurssões
políticas em toda a região Austral da África.

 Mas o que foi Mfecane?


O Mfecane foi um período de lutas e mudanças políticas que aconteceram na Zululândia
(África do Sul). Durante essas lutas, vários reinos foram desaparecendo, tendo ficado dois: o
reino de Nduandue, chefiado por Zuide, e o reino de Mtetua, liderado por Dinguisuaio.

Entre 1816 e 1821, estes reinos lutaram entre si. Numa das primeiras guerras, Dinguisuaio foi morto,
mas Tchaca, um dos chefes militares do rei morto, conseguiu obter a vitória.
Muitos chefes do reinos Nduandue fugiram de Tchaca, principalmente Sochangane Manicusse, que,
mais tarde, em 1821, fundou o Império de Gaza, logo após derrotar os reinos do sul de
Moçambique.

Causas do Mfecane:
Entre vários factores o Mfecane deveu-se a essencialmente a dois factores:

 O crescimento do comércio com a baía de Maputo o que levou a conflitos entre linhagens
pelo controlo das rotas comerciais e;
 A crise ecológica seguida de seca e fome nos princípios do século XIX que conduziu a
disputas pela posse de recursos naturais mais favoráveis a agricultura.

O Estado de Gaza
Foi constituído por Macussse, também conhecido por Sochangane , rntr os rios Limpopo e Zambeze
e teve a maior parte do território localizada no actual território de Moçambique.

Manicusse, fundador e rei de Gaza entre 1821 re 1858, foi bem sucedido numa conquista em que
soube se apoiar numa política de assimilação que lhe permitiu pôr jovens guerreiros incorporados no
sul a lutar pela expansão e defesa dos seus domínios.

Após a mortede Sochangane em 1858 subiu ao poder se filho Maueue, que a partir de 1859 resolveu
atacar os seus irmãos mais velhos possuidores de territórios mais vastos comm vista a ampliar o seu
escasso património. Mzila foi o único irmão que conseguiu fugir e fixar-se no Transvaal. Maueue
hostilizou ainda os vizinhos, reinos vassalos e caçadores de elefantes vindos de Lourenço Marques.

Mzila assumiu o poder em 1864 até a sua morte em 1884, quando foi substituído por seu filho
Ngungunhane mudou seu mandato (em 1889), Ngungunhane mudou de novo a capital, desta feita
para Mandlakazi

Em 1895 o estado de Gaza, no reino de Ngungunhane, caiu diante do avançados portugueses.


Localização
No seu auge o império de Gaza integrava a baía de Maputo e o rio Zambeze, actuais províncias de
Maputo, Inhambane, Gaza, Manica e Sofala.

Organização Político-Social e Aparato Ideológico


No Estado de Gaza, existia uma nítida divisão em classes sociais.
Na estrutura social tínhamos os nguni puros , membros da linhagem real, seguidos dos
mabulundlela (altos funcionários do Estado); depois os ndau ; seguiam-se os tonga; os cativos
chamados tinhoiko (cabeças) e os membros das chefaturas dominadas.

A ação do rei era limitada, para as grandes questões contava com a intervenção da rainha mãe, dos
conselheiros, da aristocracia dominante, dos governadores provinciais e dos comandantes militares.
O rei simbolizava a unidade do Estado e a lealdade política.
Para além dos poderes civis, político e militar, ele era o representante religioso máximo do seu povo,
cabendo-lhe a missão de dirigir as cerimóniais mágico-religiosas.

O Ubunkosi constituiu o padrão cultural do Esatdo de Gaza.


Caracteriza-se por incluir algumas instituições de organização política interna, uma posição especial
para mãe do rei, certos rituais como nkwaya/nqwaya. Por volta da lua nova do mês de Fevereiro,
era comum a prática de “medicinas de guerra” e a realização de festas onde se faziam louvores ao
rei nos poemas em língua nguni. Também eram celebradas as festas de monarquia e dos primeiros
frutos, geralmente para indicar o início das colheitas.

Organização Económica
As principais actividades económicas das populações eram a agricultura (mapira, meixoeira, milho,
etc), caça e pesca.
Uma parte dos produtos da agricultura destinavam-se ao pagamento dos tributos.
Mas o marfim e dinheiro ganho na África do Sul após o ínicio da migração para as minas também
pagavam o tributo.
O comério a longa distância era praticado neste império. Trocava-se o marfim conseguido a partir da
caça ao elefante por tecidos e artigos de ferro e cobre. Outras actividades produtoras eram a olaria,
a cestaria (fabrico artesanal de cestos), a metalurgia de ferro,etc.
Outra fonte de rendimento era o trabalho dos cativos nas propriedades dos chefes.
A criação de gado e o comércio foram outras actividades praticadas no Estado de Gaza, sendo porém
monopolizadas pelos Nguni.

Factores que constituíram fortaleza, habilidade que fez com que este Estado se mantivesse
independente foram:
 A existência de maior número de habitantes nos finais do século XIX, criando obstáculo para
os pportugueses;
 O centralismo do Estado elegia e o reforço do poder local, pois que este Estado elegia
indivíduos da confiança do rei para administrar os Estados distantes;
 A mobilização constante dos súbditos num exército permanente, constituído por indíviduos
da mesma idade designados regimentos (Butakas) que aprendiam as tácticas de guerra e os
usos e costumes dos Nguni.
Esta aprendizagem ia até aos seus 50 anos.
Decadência
o Estado de Gaza constituía uma ameaça ao plano colonial concebido pelos portugueses. O rei
Gungunhana vária vezees desafiou o ocupante. Os portugueses tentaram estabelecer negociações
com o rei de Gaza com vários objectivos:
 Impedir que o rei ganhasse forças no campo militar, prometendo que não atacariam o seu
território;
 Evitar a sua aliança com a Companhia de Moçambique;
 Evitar o estabelecimento de relações com Bristh South African Company de Cecil Rhodes.
As tropas de Gaza sofreram duas importantes derrotas, a de Marracuene e depois a de Coolela, mas
continuaram a resistir sob o comando de Maguiguane Cossa.
Conclusão
Em gesto de conclusão pude extrair o seguinte: O Estado de Gaza foi fundado por Sochangane
(também conhecido por Manicusse, (1821-1858) como resultado do Mfecane, um grande conflito
despoletado entre os Zulu por consequência do assassinato de Tchaka em 1828, que culminou com a
invasão de grandes áreas da África Austral por exércitos Nguni.

O rei de Gaza dominou os reis Tonga (possivelmente o mesmo que Tsonga, da lingua chitsonga, a
lingua actualmente dominante na região sul de Moçambique) através dos membros da sua
linhagem, os Nguni, comerciando marfim, que recebia como tributo, com os portugueses,
estabelecidos na costa (principalmente em Lourenço Marques e Inhambane).

Aparentemente. Sochangane não fazia comércio de escravos os seus guerreiros eram principalmente
da sua linhagem, nem devolvia aos portugueses os escravos que fugiam para a sua guarda.

Com a sua morte, sucedeu-lhe o seu filho Mawewe que decidiu, em 1859, atacar os seus irmãos para
ganhar mais poder. Apenas um irmão, Mzila (ou Muzila) conseguiu fugir para o Transval, onde
organizou um exército para atacar o seu irmão. A guerra durou até 1864 e, entretanto, a capital do
reino mudou-se do vale do rio Limpopo para Mossurize, a norte do rio Save, na actual provincia
moçambicana de Manica.
Bibliography

PEREIRA, José Barbosa, História 12” classe. Pearson, Maputo, 2013

NHAPULO, Telésfero de Jesus, História 12 classe, Plural Editores, Maputo, 2013 Universidade
Eduardo Mondlane, Volume-1.

SERRA, Carlos. História de Moçambique: Maputo, Livraria Universitária,

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