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UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE ECONOMIA E GESTÃO

LICENCIATURA EM DIREITO – PÓS LABORAL

IVANDRA IVAN JULIO

DIREITO NA SOCIEDADE DE CARIS PATRILINEAR:


ESTADO DE GAZA, MATOLA, FUMO E TEMBE

Quelimane
2023
IVANDRA IVAN JULIO

DIREITO NA SOCIEDADE DE CARIS PATRILINEAR:


ESTADO DE GAZA, MATOLA, FUMO E TEMBE

Trabalho de carácter avaliativo da Cadeira de História


do direito Moçambicano, do curso de licenciatura em
Direito com requisito parcial, tutorado pelo docente
Ricardo Raboco.

Quelimane
2023
Índice

Introdução....................................................................................................................................4
1. Direito na sociedade de caris patrilinear...............................................................................5
1.1. Características..................................................................................................................5
2. O Estado de Gaza.................................................................................................................6
2.1. Origem e Desenvolvimento..........................................................................................6
2.2. Cronologia dos mais importantes acontecimentos do estado de gaza...........................6
2.3. A organização Política Administrativa.........................................................................7
2.4. Funcionamento.............................................................................................................7
2.5. Organização Política do Estado de Gaza......................................................................8
2.6. A ideologia e a Decadência de gaza.............................................................................8
Conclusão...................................................................................................................................10
Referencias Bibliograficas.........................................................................................................11
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Introdução
O trabalho com o tema Direito na sociedade de Caris Patrilinear: Estado de Gaza,
Matola, Fumo e Tembe, visa primeiro analisar o conceito e funcionamento do direito na
sociedade patrilinear em que os direitos e todas as funções eram empregues aos homens
chefes de família, e era herdado aos primogénitos e tios de parte paterna e continuava
assim em diante sem nenhuma autoridade feminina. E nos matrimónios o conceito de
lobolo em que os maridos deviam oferecer uma quantia de produtos comumente gados
bovinos a família da esposa como uma prática de acordo de comunhão, ou
indemnização pela formalidade e pelo facto de que em diante a mulher lhe seria
submissa.

Segue-se também no desenvolvimento do trabalho a abordagem acerca do estado de


gaza, que sofreu várias transformações políticas desde que resultou do m’fecane as
migrações para as populações nguni para o norte e a corrida a zululândia até o século
XIX, facto este que ocorreu por causa das lutas pelo controle das rotas comerciais e pela
crise ecológica ocorrida na região.

E também de como a administração política era organizada, as ideologias dos líderes do


estado de gaza e de como era feitos os julgamentos naquele tempo, através de execuções
como rituais e mais abordagens acerca de como ocorreram estes fatos e dos mais
importantes acontecimentos no estado de gaza até a sua decadência.
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1. Direito na sociedade de caris patrilinear


Segundo Hortência, O sistema patrilinear é um sistema cujo o individuo se encontra sob
a autoridade e controle dos membros da sua linhagem agnática, em especial de país e tio
paterno. A linhagem, dividida em grupos – Mindangu (lar) formado por cada uma das
mulheres do lar polígamo.

A relação da produção baseada na estrutura linhageira criou condições para a criação de


uma estrutura política.

Cada família alargada ou linhagem era dirigida por um chefe (Mwene Asyene) com
poderes políticos, jurídico e religioso e um conselho de anciãos. Aqui a mulher não
tinha nenhum poder. O poder político era hereditário e exercido pelos homens, passava
de pai para filho mais velho no Sul de Zambeze e no Norte, do tio materno para o
sobrinho. (Mataruca, p.49).

1.1. Características
No Casamento
O lobolo surge como uma indemnização caracterizando a formalidade e a estabilidade
do matrimonio ficando o marido e a sua familia com a responsabilidade de cuidarem da
mulher e filhos. É um mecanismo de estabilidade dos casamentos e de subordinação da
mulher em relação ao homem. (Nhapulo, 2010 p.48).

Virolocalidade – há a transferencia da mulher para a povoação do marido por ocasião


do casamento;
A Propriedade do marido, é designado por mute, constituida por produtos do seu
trabalho, casa e os presentes que recebe.

 Transmissão de propriedade - É do pai para o filho mais velho;


 Actividades Económicas - A prática da pastorícia era a atividade masculina por
excelência; conferia aos homens o acesso a um bem duradouro, principalmente
expresso em gado bovino;

O gado era o principal meio de pagamento do lobolo e simbolizava o poder


economico, ou melhor, representava a capacidade de adquirir esposas.
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2. O Estado de Gaza
2.1. Origem e Desenvolvimento
O estado de gaza é resultado do m’fecane foi o processo de lutas e de transformações
políticas, seguidas de grandes migrações de populações nguni para o norte, ocorridas na
zululândia (atual África do Sul), a partir da segunda metade do século XVIII até
princípio do século XIX.

As razões que explicam este fenômeno foram, entre outras, as seguintes:

 As lutas pelo controle das rotas comerciais com a baia de Lourenço Marques.
Era a partir deste ponto que os ngunis estabeleciam o contacto com o mundo
exterior, exportando marfim e importando missangas, tecidos, lingotes de latão e
armas. Dai os conflitos entre linhagens;
 A crise ecológica ocorrida na região nos finais do século XVIII e princípio do
século XIX. Essa crise provocou a falta de terras e pastagens, o que, de certa
forma, contribuiu para as lutas pelo seu controle.

Por volta de 1770 existiam na zululandia vinte reinos que disputavam entre si o controle
das rotas comerciais com a baia de Lourenço Marques, bem como o dominio de terras
ferteis e pastagens. Entre 1810 e 1821 estes reinos ficaram reduzidos a dois: o de
nduandue (chefiado por zuide) e de mtetua (chefiado por Dinguisuaio). Entre conflitos
entre estes dois reionos culminaram com a captura e morte de Dinguisuaio pelas forças
leais a zuide.

2.2. Cronologia dos mais importantes acontecimentos do estado de gaza


Em 1821 e 1858 sochangana forma o estado de gaza e em 1858 e 1854 maueue, filho de
sochangana herda o poder de seu pai, mas entra em conflito com outros membros da
aristocracia do nguni. Em 1861 a 1864 coligação formada por parte da aristocracia
nguni, por magudzo khosa, chefes tsonga, populações (principalmente do vale do
incomati) e alguns comerciantes do marfim que apoiam Mzila na guerra com o seu
irmão maueue.

Em 1862 a capital de gaza é transferida no decurso destes conflitos para o mussoriza


(manica) em 1864 e 1884 mzila é chefe de estado de gaza. Durante o seu governo
importantes transformações economicas ocorreram: os elefantes começam a rarear, a
principal força de trabalho procura emprego na africa do sul e o estado de gaza integra-
se na economia monetaria.
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Em 1884 e 1895 Ngungunhane, filho de Mzila, herda o trono do pai, tornando-se no


ultimo chefe do estado de gaza.

Em 1889 a capital é novamente transferida para manjacaze: o vale do limpopo e as


zonas vizinhas tinham todos os recurso que escasseavam em mussorize e procurava-se
evitar pressões de manica, onde britanicos e portugueses desejavam começar a
mineração do ouro.

2.3. A organização Política Administrativa


A conquista e a administraçao de um territorio tao vasto como este foram possibilitadas
por uma política de assimilação praticadas pelos nguni, atraves da qual alguns
elementos das populações conquistadas foram integrados em regimentos nguni e, mais
tarde, serviam como funcionarios no exercitos e na administração territorial. Populações
do vale do limpopo e os cossas do vale do magude foram integrados como assimilados
em blocos, razão pela qual são até hoje conhecidos como changanas (frente dos Súbitos
de sochanganas).

2.4. Funcionamento
A capital, onde residia o monarca Inkosi, acumulava as funções políticas, militares,
judiciais, económicas e religiosas. Além da capital suprema onde vivia o Inkosi, tinham
tambem importancia administrativa e, sobretudo, ritual as capitais sagradas onde viviam
as rainhas, ligadas ao culto nacional dos falecidos monarcas.

O imperio subdividia-se a reinos a frente dos quais estava o hossana, responsavel pelas
cobranças dos tributos distribuição de terras, resolução de letigios, mobilização de
regimento etc.

Os reinos subdividiam-se em provincias, dirigidas por um induna. As provincias por


seu turno subdividiam-se em povoações, dirigidas por um mununusana. A
administração territorial do estado de gaza fazia-se atraves do sistema de casas eram
chamadas as areas tributarias em que foi dividido o estado.
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2.5. Organização Política do Estado de Gaza

Imperio

Reinos

Provincias

Povoações

Fonte: Mataruca, Livro de História 12ª Pearson Moçambique.

2.6. A ideologia e a Decadência de gaza


Os cultos e outros rituais eram oficiados pelo rei, pois, entre os nguni, o exercício do
poder real não estava dissociado do exercício das cerimónias magico-religiosas.
Existiam cultos agrários (Nkwaya); os destinados a ´dar força´ aos homens que partiam
para a guerra (Mbengululu)e os de invocação da chuva, entre outros. O Nkwaya
funcionava como uma válvula de escape das tensões sociais e era o garante de unidade e
da prosperidade do estado de gaza.

O sacrifício de um par de jovens, junto as margens do rio Limpopo, era uma das formas
de renovar o poder do rei. De facto, havia a prática de execução de uma donzela e de um
jovem próximos da margem do rio Limpopo, uma vez mortos os corpos eram atirados
ao rio.

Em seguida o rei ia tomar banho no local onde forma lançados os sacrifícios, como
símbolo de renovação do poder. Devido a este acontecimento, provavelmente, os
habitantes de gaza da tribo de Ngungunhane (Nkumayu), não consomem peixe na sua
dieta alimentar.

A necessidade de ocupação efetiva de território, determinada pela conferencia de


Berlim, o único facto que a partir dai, legitimaria a posse dos territórios em Africa,
levou Portugal a iniciar as campanhas de pacificação no sul de Moçambique a partir de
1895, tendo como alvo principal o estado de gaza.

Alem do pagamento de tributos em géneros agrícolas as populações dominadas


entregavam aos ngunis outros tributos em marfim e em dinheiro (libras), ganhos na
africa do sul com o inicio do trabalho migratório para aquela região. Os cativos também
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constituíam outra fonte de riqueza para os nguni: trabalhavam nas unidades domésticas
destes. Soldados e mensageiros nguni eram alimentados pelas populações.
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Conclusão
Após a elaboração e leitura do presente trabalho foi possível concluir que o direito na
sociedade patrilinear era portanto atribuído apenas aos homens, e seguia, ou seja, era
herdado aos primogénitos também homens, na parte materna apenas aos tios homens
que podiam exercer o poder administrativo, e em lobolos, um acordo entre cônjuges em
que o marido oferecia uma quantia de gado bovino como forma de adquirir a sua esposa
e garantir a sua submissão tendo ele o controle total e o poder de voz apenas a ele.

Em relação ao estado de gaza, foi possível perceber que ele foi formado por sochangana
entre 1821 e 1858, e que os poderes de sochangana forma herdados de seu pai, mas que
este fato criou conflitos com outros membros aristocracia do nguni. E em 1862 a capital
de gaza é transferida no decurso destes conflitos para o mussoriza (manica) em 1864 e
1884 mzila é chefe de estado de gaza. E a sua organização política administrativa era
uma política de assimilação praticadas pelos nguni, através da qual alguns elementos
das populações conquistadas foram integrados em regimentos nguni e, mais tarde,
serviam como funcionários nos exércitos e na administração territorial.

E o direito era exercido através de execuções como formas de rituais para os líderes
daqiela região.
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Referencias Bibliograficas
Nhapulo, T. (2010). Atlas historico de Moçambique. Maputo: Plural editores.

Mataruca, S. Moçambique e a sua história 12ª classe. Moçambique, Maputo.

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