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Trabalho de História
Turma: CCS 3
12ª Classe
Discentes:
Docente: Charles Manuel Charles
1. Introdução.................................................................................................................................1
2. Os Estados Marave...................................................................................................................2
2.1. A formação...........................................................................................................................2
2.2. A Economia nos estados Marave..........................................................................................3
2.3. Estrutura Sociopolítica..........................................................................................................3
2.4. A Ideologia...........................................................................................................................4
2.5. Estrutura Político-Administrativa.........................................................................................4
2.6. Formas Reprodutivas da Classe Dominante.........................................................................4
2.7. A Queda dos Estados Marave...............................................................................................5
3. A Penetração Mercantil Estrangeira.........................................................................................5
3.1. A Penetração Mercantil Árabe-Persa (Século IX-XVI).......................................................5
3.2. Factores da Penetração Mercantil Árabe-Persa....................................................................5
3.3. Os Contactos ao Longo da Costa e Suas Repercussões........................................................6
3.4. Consequências da Presença Árabe-Persa em Moçambique..................................................8
4. Conclusão.................................................................................................................................9
5. Referencias bibliografia.........................................................................................................10
1. Introdução
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2. Os Estados Marave
2.1. A formação
Os estados Marave começaram a formar-se após a chegada, ao sul do Malawi, de emigrantes,
provavelmente oriundos da região Luba do Congo, liderados pelo Clã Phiri. Segundo dados
arqueológicos, a fixação dos Phiri-Caronga terá ocorrido entre 1200-1400.
Os povos Phiri cuja linhagem dominante era a dos Caronga não constituíram apenas um estado, mas
vários, na medida em que se registaram entre os invasores conflitos dinásticos que levaram à
fragmentação do clã original e ao surgimento de novas linhagens que se estabeleceram a Oeste, Sul
e Sudeste do território ocupado pelos Caronga, dando lugar a novos estados.
Assim, além do estado dos Caronga, passaram a existir os Estados Undi, Kaphwiti, Biwi, etc., cujo
aparelho de estado se confundia com a família reinante e era constituído por indivíduos oriundos do
clã original Phiri.
Como é que esses povos migrantes dominaram os povos que aí existiam? Contrariamente ao estado
dos Mwenemutapa, cujo processo de conquista foi de natureza militar, a Norte do rio Zambeze
entre os povos matrilineares, a ocupação territorial se fez pela conquista da esfera ideológica
expressa nos santuários e nos rituais.
Tratou-se, pois, de um processo aparentemente não violento, uma vez que não envolveu acção
militar. Foi, sim, um processo pacífico conduzido através da esfera ideológica, por via da absorção
gradual dos cultos nativos.
No caso de estado sénior dos Caronga, a mulher espírita do culto Muali foi tornada esposa perpétua
do Caronga, enquanto as oficiantes do culto eram substituídas por médiuns masculinos.
No estado Undi, oficiantes nomeados pelos Phiri foram colocados junto da oficiante mediúnica do
culto Makewana ligado ao clã local. Uma nova categoria de espíritos foi inoculada no panteão: a
dos espíritos dos antepassados dinásticos Phiri, que passaram a ser venerados não apenas como
espíritos, mas igualmente e sobretudo como espíritos territoriais. A oficiante do culto era
considerada portadora de poderes pluviais, mediúnicos e oraculares e o culto do Makewana tornou-
se numa importante força unificadora do estado Undi.
No que diz respeito ao estado dos Lundu, o culto da m'bona sofreu o mesmo tipo da transformação,
passando a estar mais associado ao culto dos antepassados Phiri Lundu. A mulher espírita
principiou a ser dada pelo Lundu do espírito m'bona.
O gradual domínio dos territórios, através da absorção e adaptação da ideologia local, foi
acompanhado por casamentos com mulheres dos clãs nativos. Por exemplo, o Undi casava com
mulheres desses clãs e os filhos dos matrimónios eram designados como chefes. Outras vezes, o
Undi reinante casava com uma irmã do chefe local.
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Controlando os santuários, introduzindo neles os espíritos dos antepassados dinásticos Phiri,
casando com mulheres mediúnicas e com mulheres de clã locais, as classes dominantes dos estados
Marave deixaram de ser olhadas como "intrusas". Através desse processo, subtil, na aparência não
violento, era possível controlar o meio de produção fundamentalmente, a terra, o que significa que
era possível controlar a força do trabalho.
Há evidência de que, já antes da chegada dos Phiri, havia um comércio regular com os swahili-
árabes que penetravam no vale do Zambeze e chegavam até ao Chire. Os Phiri passam a
monopolizar esse intercâmbio.
2.2. A Economia nos estados Marave
Nos estados Marave a agricultura constituía a base da economia. Em geral era uma agricultura
itinerante sobre queimadas, feita com enxada de cabo curto, que tinha como principais culturas a
mapira, o milho, a mandioca e leguminosas nas terras altas.
Além da agricultura os Marave produziam e comercializavam enxada de ferro em grande escala.
Nos séc. XVII e XIX, as enxadas de metalurgia Marave constituía um dos produtos mais exportados
pelo porto de Quelimane.
Fazia parte das actividades produtivas Marave o fabrico e venda de tecidos de algodão, chamados
"machiras". Eram tão elevadas a quantidade e qualidade do machira que até puderam resistir à
competição de tecidos de origem indiana e provocaram com frequência pânico na coroa portuguesa,
que tinha muitos lucros dos direitos aduaneiros cobrados pela entrada dos tecidos da Índia. Ainda
dos estados Marave, saia também o sal que era adquirido por mercadores Ajaua e Bisa.
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2.4. A Ideologia
Quando os Phiri chegaram à região entre Chire e Luangua, a população local, liderada por diversos
clãs como o Banda, praticavam cultos relacionados com a fertilidade dos solos, invocação, controlo
das cheias, etc.
Esses cultos eram dedicados ora a "entidades supremas" como o culto de Muali ou o culto de
Chewa de Chissumbi, ora à veneração dos espíritos naturais.
Entretanto, aos Marave eram mais importantes os cultos dedicados às entidades supremas. Os mais
importantes eram geralmente realizados por mulheres, como o caso da mulher espírito do culto
Muali ou do culto Makewana.
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Uma terceira categoria de tributos eram os tributos rituais, normalmente, os dedicados às primícias
das colheitas e às taxas devidas aos chefes pela orientação das cerimónias rituais. Os chefes
recebiam ainda taxas pela resolução de disputas e taxas de trânsito pelo território.
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Factores Geográficos ou Naturais
A península Arábica apresenta-se como um território maioritariamente árido e infértil. A maior
parte da paisagem da Península Arábica é desértica, o que levou os seus habitantes a procurarem
novos territórios, não só habitáveis como, fundamentalmente, propícios para a prática de
actividades económicas. A proximidade geográfica de África e, em particular Moçambique
também pode ser considerada um factor da expansão Árabe-Persa. África, ou Moçambique
apresentou-se como uma boa resposta para o povo persa porque era relativamente perto e alcansável
por mar e por terra.
Factores Técnicos
A expansão islâmica foi possível também porque os Árabes tinham um grande conhecimento da
arte de navegação. Para além da arte de bem navegar, os islâmicos eram excelentes cartógrafos e
consequentemente conheciam bem a costa leste do continente Africano.
Para realizarem uma boa navegação, os Árabes tinham conhecimento consolidados em astronomia.
Factores Económicos
Os Árabes, tanto em outros tempos como na actualidade, foram e são bons comerciantes. África do
século VIII, apresentou-se como um bom mercado tanto para a venda de produtos árabes como para
a compra de produtos africanos.
Factores Ideológicos
Um dos pressupostos de algumas religiões consiste na sua expansão a fim de cativar e converter os
fiéis. O Islão também teve uma fase de forte expansão inicial, logo depois da ascensão de Mahomé.
Neste caso, os Árabes expandiram-se para África e, no caso concreto, Moçambique com a
motivação de difundirem o Islão.
Antes do século XVI, o comércio no Oceano Índico era controlado pelos muçulmanos, os Árabes
Swahili. No sub-continente asiático as suas actividades eram dominantes ao longo da costa de
Malabar até baixo Calcut. A indicação mais antiga a cerca de Sofala encontra-se em Al-Masud,
viajante árabe do século X que refere, que “os marinheiros de Oman, da tribo de Alazd, viajavam
nos mares de Zanga até Kambala e Sufalh”. A principal mercadoria era o ouro e o marfim. No
século X (ano de 930), instalaram-se na costa africana, refugiados árabes criando as cidades
mercantis de Bravo e Mogadixo.
Não era, contudo, o domínio territorial que pretendiam, mas o desenvolvimento do comércio.
Tornou-se, por isso, importante para eles, o controlo dos pontos das costas mais ricos ou que seriam
para o escoamento dos produtos do interior. O tráfico intensifica-se no século XIII, altura em que
comerciantes de Guzurate, Coromondel, Malabar e Bengala, passaram a dominar grande parte das
rotas comerciais do Oceano Indico que atingiu o seu apogeu no século XV, nas vésperas da chegada
dos Portugueses. (…). Pode-se pois dizer-se que, a costa oriental de África, era visitada (pelo menos
desde os primeiros séculos da nossa era) por navegadores indonésios, que mantinham já no primeiro
milénio relações regulares com a Arábia do Sul, Pérsia, Índia e Malaca, contactos estes favorecidos
pelo regime das monções do Oceano Indico (SOUTO, 1996:111-112).
Portanto, a actividade mercantil asiática na costa norte de Moçambique teve início por volta do
século IX. Relatos de viajantes e comerciantes árabes apontam Sofala como tendo sido o limite
extremo ao sul, visitado por mercadores proveniente do Golfo Pérsico e da Península Arábica,
muito antes da chegada dos portugueses nos finais do século XV. Na opinião de Al-Masudi, Sofala
não definia qualquer estabelecimento particular, mas significava “baixo” ou terras baixas.
O ouro produzido no interior e o marfim, inicialmente fornecido pelos caçadores macuas da costa
de Nampula, foram os primeiros produtos asiáticos em Moçambique.
Tecidos de seda, louça de vidro e de porcelana, artigos que as populações africanas ainda não
produziam apareceram nas formações sociais moçambicanas como resultado directo dos contactos
comerciais com os mercadores asiáticos.
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3.4. Consequências da Presença Árabe-Persa em Moçambique
Os contactos com carácter permanente entre as populações moçambicanas na costa norte e os
mercadores asiáticos contribuíram para o desenvolvimento de transformações socio-políticas,
económicas, religiosas e culturais.
a) A Nível Político
Emergiram e desenvolveram-se unidades políticas nas costas de Cabo Delgado e de
Nampula com predominância de características marcadamente não africanas;
Aprofundamento das desigualdades sociais;
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4. Conclusão
A pós a explanação do trabalho, concluímos que os estados Marave começaram a formar-se após a
chegada, ao sul do Malawi, de emigrantes, provavelmente oriundos da região Luba do Congo,
liderados pelo Clã Phiri. Segundo dados arqueológicos, a fixação dos Phiri-Caronga terá ocorrido
entre 1200-1400. Os povos Phiri cuja linhagem dominante era a dos Caronga não constituíram
apenas um estado, mas vários, na medida em que se registaram entre os invasores conflitos
dinásticos que levaram à fragmentação do clã original e ao surgimento de novas linhagens que se
estabeleceram a Oeste, Sul e Sudeste do território ocupado pelos Caronga, dando lugar a novos
estados.
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5. Referencias bibliografia
BOHAEN, A. Adu (ed). História Geral de África – A África Sob a dominação Colonial, 1880-1935,
Vol. VII, Paris, UNESCO/África, 1991.
MEDEIROS, Eduardo da C. História de Cabo Delgado e do Niassa (c. 1836-1929), Maputo, 1997.
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