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Introdução

Os Estados Marave formaram-se com a chegada a sul do Malawi, a partir de camadas sucessivas
de emigrantes oriundos da região de Luba do Congo, liderados pelo clã Caronga-Phiri, entre
1200 à 1400, situados Entre-os-Rios Chire e Luangua, a norte do rio Zambeze. Conflitos
dinásticos levaram a segmentação do clã original, dando origem a novas linhagens que
posteriormente se estabeleceram a oeste, sul e sudeste do território ocupado pelos Caronga

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Estado Marave

Os Estados Marave formaram-se com a chegada a sul do Malawi, a partir de camadas sucessivas
de emigrantes oriundos da região de Luba do Congo, liderados pelo clã Caronga-Phiri, entre
1200 à 1400, situados Entre-os-Rios Chire e Luangua, a norte do rio Zambeze. Conflitos
dinásticos levaram a segmentação do clã original, dando origem a novas linhagens que
posteriormente se estabeleceram a oeste, sul e sudeste do território ocupado pelos Caronga.
Assim, Undi irmão de Caronga moveu-se para oeste e estabeleceu a hegemonia da sua linhagem
sobe os povos de língua Cheua e Nsenga, abrangendo a norte da província de Tete. Por outro
lado, Kaphwiti e Lundu lograram dominar as populações do vale do Chire. Diferentemente dos
Mwenemutapas a sul do Zambeze, os Maraves a norte dominaram o seu território através da
absorção e adaptação da ideologia local, acompanhado com o casamento com mulheres nativas,
promovendo o controlo sobre a esfera ideológica.

Limites
Norte: Malawi

Sul: rio Zambeze

Este: Rio Luangua

Oeste: Rio Chire

Assim, o estado Marave passou a ter como estados satélites: Undi, Lundu, Kaphwiti e Biwi.
Todos estes estados onde o aparelho do Estado se confundia com a família reinante, eram
governados por membros oriundos do clã original Phiri. O termo Marave designa várias
formações etnolinguísticas.

Principais actividades económicas

A principal actividade económica dos povos Maraves era a agricultura e o comércio a longa
distância. Pode-se aceitar que a Mapira era o cereal mais cultivado entre o Chire e Luangua.
Cultivava-se o milho, mexoeira, amendoim, leguminosas, etc. A agricultura era itinerante sobre
queimadas, sendo a enxada de cabo curto como único instrumento utilizado. No estado Marave,
para a produção agrícola havia uma forma de cooperação entre os camponeses designada por
Dima, que previa entre outros aspectos garantir maior produção e produtividade. É certo que os
Maraves produziam e comercializavam as enxadas da metalurgia. Por outro lado, havia uma
produção considerável de tecidos de algodão para troca, designadas por “Machiras”.

Um outro produto saído do território Marave era o Sal e há evidências de que ele era adquirido
por mercadores Ajauas e Bisa.

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Tal como sucedia no império de Mwenemutapa e das linhagens satélites, as classes dominantes
dependiam para a sua reprodução de duas fontes: Tributos diversos como o comércio do marfim,
o qual representava para os soberanos Maraves o mesmo que o ouro para os soberanos Chona.No
caso do estado dos Undi, a classe dominante recebia tributos regulares e tributos rituais.

Os súbditos eram obrigados a trabalhar regularmente nas terras dos chefes, a construir casas para
a classe dominante e assegurar a manutenção da capital. Como tributos rituais, havia as primícias
das colheitas e as taxas devidas ao facto de os chefes orientarem as cerimónias mágico religiosas.

Ainda no Estado Undi, os súbditos eram obrigados a cultivar produtos para o interesse geral
conhecidos por “Munda ya Chiweta”. Com o produto do sobre trabalho dos súbditos o Undi
sustentava visitantes e Litigantes, entretinha jogos e danças e socorria os necessitados.

Recebiam igualmente tributos de vassalagem que incluíam penas vermelhas de certos pássaros,
marfim, peles de leão e de leopardo, partes comestíveis de outros animais, tributo de trânsito dos
comerciantes designado por Mororo e primícias das colheitas.

Estrutura sócio-política e administrativa

O aparelho político do Estado Marave era complexo. Porém, tomemos o exemplo do Estado
Undi, cujos territórios abrangiam a actual província de Tete.

Undi: Chefe máximo do Estado

Mambo: Chefe dos territórios conquistados

Mwene Dziko: Chefe Territorial

Mwene Mudzi ou Fumo: Chefe da aldeia

Todavia, há que salientar que cada chefe era servido por um conjunto de conselheiros os mbili,
singular ambili. Havia igualmente um corpo de funcionários subalternos como mensageiros e
guarda do chefe.

No Estado Marave, todos os chefes estavam ligados por laços de parentesco. Os membros da
aldeia, os Mwene Mudzi era geralmente membros seniores das matrilinhagens locais, sendo o
núcleo matrilinear básico designado por bele, formado pela mulher, por suas irmãs casadas e ou
solteiras, filhos não casados, filhos das irmãs e por incorporação pelo marido da mulher e pelos
maridos das filhas da mulher.

Papel das crenças mágico-religiosa

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As crenças mágico-religiosas do Estado Marave eram destinadas a evocação das chuvas, a
fertilidade das terras, ao controlo das cheias. Esses cultos eram dedicados a entidades supremas
como era o culto do Muári ou Muáli, o culto de Chissumpi, que era a veneração de espíritos
naturais e o culto de Makewana.

A penetração dos Caronga-Phiri não foi violenta de tipo militar. Foi no entanto seguida de
absorção gradual dos cultos nativos. O gradual domínio dos territórios através da absorção e
adaptação da ideologia local, foi acompanhado pela prática de casamentos com mulheres dos
clãs nativos. Em alguns casos, o Undi casava com a irmã do chefe local, dando-lhe em troca uma
das suas irmãs para ser esposa.

Decadência do Estado Marave

O declínio das rotas comerciais Marave que iam até à costa, substituídas desde fins do século
XVI por duas rotas controladas pelos mercadores Ajauas pode ter constituído um dos factores
que minou o poder das dinastias Phiri, juntamente com dissensões dinásticas e uma fragmentação
linhageira intensa.

Por outro lado a decadência dos Estados Marave, no século XVI foi intensificada pela penetração
de mercadores no fim do século XVIII. Alguns deles acabaram casando-se com a filha de Undi
reinante e começou a sua vida como prospector de Ouro, utilizando mulheres escravas.

Há que ter ainda em conta a invasão dos Nguni provenientes do movimento Mfecane, um
extenso movimento de migrações encetado na Zululândia devido as lutas violentas Inter
linhagens.

Outro factor a ter em conta na decadência dos Estados Marave está certamente associado à
penetração mercantil portuguesa no vale do Zambeze a partir de 1530 e ao bloqueio feito à
penetração Swahili-Árabe.

Podemos ter ainda como causa da decadência deste Estado, os conflitos no seio da classe
dominante Marave pelo poder que acelerou a desintegração das linhagens dirigentes.

Conclusão

O estado de Marave foi um estado formado por emigrantes vindo da região de Loba de Congo
liderados pelos Caronga-Phiri na procura de fixação nos territórios moçambicanos e acabaram

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por fundir se com os costumes religioso e implementado os seu e trazendo várias formações
etnolinguísticas

Referências bibliográficas

Motor de pesquisa www.google.com /estado-Marave

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Youtube.com/Carlos Djive aula sobre estado Marave clã Phiri. Caronga lundi undi
#Moçambique

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