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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR


EIXO DE FORMAÇÃO GERAL

CARLOS AUGUSTO FIÚZA ÂNGELO


IDÁLIA VILAS BOAS DE MORAIS
NATÁLIA GÓES DIAS
PATRICK MORAES SEPÚLVEDA
THIAGO JOSÉ SANTANA SILVA

MONARQUIA: IMPÉRIO DO MALI

Salvador
2014
CARLOS AUGUSTO FIÚZA ÂNGELO
IDÁLIA VILAS BOAS DE MORAIS
NATÁLIA GÓES DIAS
PATRICK MORAES SEPÚLVEDA
THIAGO JOSÉ SANTANA SILVA

MONARQUIA: IMPÉRIO DO MALI

Projeto de pesquisa apresentado como requisito


parcial para aprovação na disciplina História da
África I da Universidade Católica do Salvador,
orientado pela Docente Ialmar Leocádia Vianna.

Salvador
2014
INTRODUÇÃO

Nessa pesquisa africanista iremos abordar de uma forma clara, dentro de uma
perspectiva metodológica a história do antigo Império do Mali, sendo um dos impérios
que floresceu na África Ocidental, demonstrando todo o seu esplendor poder e riqueza,
que povos de outras regiões, tinham interesses e curiosidades em saber e tomar
consciência sobre esse império principalmente pela fama das suas riquezas (ouro),
interesses comercias.
Colocaremos em ênfase os principais pontos que remontam a história dessa
sociedade conforme a tradição oral nos revela, abrindo caminhos para entendermos o
significado do tempo mítico para os povos africanos, que se revela de uma forma clara a
sua origem histórica nesse caso sobre o Mali. Apresentando os aspectos determinantes
dentro dos contextos: organização social, política e religiosa apresentando também as
bases econômicas desse império que teve força e destaque no comércio transaariano.
Nas artes e cultura apresentaremos a influência que o Mali recebeu do mundo islâmico,
pois seu maior governante Mansa Musa se converteu ao Islã por uma questão política e
comercial, e incorporou após a peregrinação vários elementos dessa nova cultura para
concorrer e ter visibilidade nos tramites comerciais.
Assim tomando conhecimento de como essa sociedade se comportou ao longo
da sua história que é o nosso propósito e para isso foi seguidos e feitos leituras nas
fontes descritas nas referências do nosso trabalho.
IMPÉRIO MALI
 Localização

O império do Mali localizava-se nos tempos iniciais da sua história na região do


Sudão Ocidental, no eixo transaariano, sendo cortado pelo rio Níger.

O Sudão sendo uma região favorável à vida humana, ao sul tem a floresta equatorial,
com um equilíbrio geoecológico, onde abundam as savanas, terras férteis, rica em ferro.
E muita água o que favorecia a agricultura.

Mapa do antigo império do Mali

Disponível em: http://pt.wikibooks.org/wiki/Civiliza%C3%A7%C3%B5es_da_Antiguidade/Mali.

Mapa atual onde foi o antigo império de Mali com base no rio Níger para ser o guia
de identificação onde floresceu esse império.

Disponível em: http://pt.wikibooks.org/wiki/Civiliza%C3%A7%C3%B5es_da_Antiguidade/Mali .


A tradição oral tem o papel fundamental na construção da história dos povos
africanos, tendo como características a oralidade, o verbalismo, pois todos esses
conhecimentos são transmitidos através do diálogo, passado de geração em geração dos
mais velhos para os mais novos.

Sendo a história do império do Mali construída com base na tradição oral conforme
encontramos essa afirmação no livro História da África Negra Pré-Colonial Pp. 25 e
Pp. 30 de Mario Maestri e também na obra Mercadores e impérios, O Sudão Ocidental
Pp. 78 de Basil Davidson. E ao estudarmos a história da África como um todo, nesse
caso a África Ocidental (Mali) fica bem claro a importância dos antepassados,
principalmente na tradição oral.

 Origem mítica e histórica

A história do império do Mali é uma das mais formidáveis, pois dentro do contexto
e da forma como se coloca essa sociedade e pela qual esses conhecimentos chegam até
todos, os “Griots são os responsáveis pela transmissão dos costumes seculares próprios
das populações locais”. (MACEDO, 2013 pp. 56).

Conta à tradição oral, os Griots a história de Sundiata Keita que foi um general
importante e marcante na história do império de Mali.

Mas Sundjata teve uma infância complicada, “o filho de Sogolon teve uma infância
lenta e difícil: aos três anos ainda engatinhava, enquanto os seus companheiros de idade
já andavam. Ele nada tinha da grande beleza do seu pai, Narê Maghan; possuía uma
cabeça tão grande, que parecia incapaz de mantê-la ereta; tinha dois olhos enormes, que
ele escancarava quando alguém entrava na moradia de sua mãe. Pouco falador, o
menino real passava o dia todo sentado no meio da moradia; quando sua mãe saia, ele se
arrastava de gatinhas para remexer nas cabaças, em busca de comida. Era muito
comilão.” (NIANE, 1960. 32).

Mas todo esse período obscuro que Sundjata passa na infância é superado,
recuperando-se fisicamente.

Pois conforme o mito africano traz esses aspectos em relação dessa recuperação
tendo como fator principal, as forças sobrenaturais, curas miraculosas seria resultado da
“Associação das forças de seus totens14, herdados de seus pais - búfalo e a pantera pelo
lado da mãe e o leão pelo do pai” (BRUNEL, 1997: 677-681). Tornando-se um caçador
admirado de força, velocidade, destreza, sabedoria e habilidade estrategista.
Recuperando e ganhando admiração e prestígio, o que já preocupava o senhor da
tribo berete que ficou com medo por causa do apoio de Sundjata tinha de outros povos.
Por causa das disputas que estavam acontecendo Sundjata migrou com sua família com
uma boa parte dos clãs Kande e Camara onde se estabeleceu na corte do rei Tounkara.
Logo ele tem que se organizar para liderar uma grande batalha, por causa da revolta
conta o rei Sossos.

As causas que acometeram e impulsionaram as revoltas contra o rei sosso tempos


depois, que conforme o autor da obra História da África Negra Pré-Colonial Mario
Maestri pp.27 traz na mesma as condições que levou os povos malinkes se revoltarem
contra o rei, pois segundo a tradição oral, mandinga, o rei era cruel e maldoso se
apoderava de todas as belas jovens do país e com isso articulou-se a primeira guerra.

 Consolidação do Mali

Em 1235 em Kerina Sundjata derrotou Sumanguru, onde logo tomou conta da


capital dos sossos, onde se tornou senhor supremo da região conquistada e vizinhança,
com uma autoridade suprema, fator presente pela sua conquista militar. E essa conquista
militar dos povos mandingas tendo como chefe Sundjata, foi um fator determinante para
consolidação e fundação do estado unificado do Mali.

Logo Sundjata estabelece a capital do império em Niani, pois temia invasões dos
nômades do deserto, então procurou uma região de difícil acesso tanto para ir de cavalo
quanto de camelos. E monta suas bases governamentais e administrativas sob seu
controle.

Após esse período o Mali foi expandido, tornando-se absoluto sobre vários
territórios da África Ocidental, com uma grande riqueza (ouro) e em outros aspectos,
onde a Europa após a Idade Média procura fabricar moedas em ouro, sendo o depósito
em grande escala, segundo as fontes sobre o império do Mali, observamos o interesse
dos europeus sobre as fontes de ouro do Mali para fabricação do mesmo. Mais tendo
uma barreira que impedia esse acesso os reinos muçulmanos, mais que logo esse fator
foi resolvido devido ao bom modo como levavam a vida tantos os mulçumanos quanto
às comunidades judaicas.

Pouco a pouco os europeus conseguiram informações sobre o Mali, por causa


das escolas dos cartógrafos que extraíram as informações dos negociantes norte -
africanos que se estabeleceu na ilha Maiorca no Mediterrâneo Ocidental. Mais tarde em
1375 cartógrafos completam um novo atlas para o rei da Alemanha esclarecendo e
mostrando todo esplendor do Mali. Logo tomamos dimensões de como foi importante e
marcante esse império.

Exemplo atlas:

O antigo Mali: a terra do príncipe Leão

Pormenor do mapa
de África de Abraão
Cresques. Em cima á
esquerda, podemos
ver o estreito de
Gibraltar e, logo
abaixo, em ambos os
lados, as costas norte
e noroeste da África.
Quase ao centro está
a antiga cidade
comercial de
Sijilmasa.

Disponível em: http://pt.wikibooks.org/wiki/Civiliza%C3%A7%C3%B5es_da_Antiguidade/Mali

 Política e religião

O império de Mali teve seu início, segundo a tradição oral com ascensão de Sundiata
Keita. Segundo a lenda, Sundiata tinha paralisia nas pernas e por isso a sua mãe era
motivo de piada diante das outras esposas do rei. Aprendeu a andar e tornou-se chefe de
um grupo etário, mas acabou sendo perseguido em sua própria terra e a sua única opção
foi fugir.
No exílio, anos depois e Nema, o mansa Tunkara forneceu soldados e Sundiata acabou
retornando ao seu país e na guerra de Kirina conseguiu ser vitorioso e constituir o
Império do Mali. Tornou-se mansa, o mais alto cargo daquela sociedade, considerado
rei dos reis e patriarca. O imperador era visto como um pai para o povo, pois ele ouvia a
queixa dos seus súditos (inclusive contra os Farin) e ele mesmo executava as devidas
providencias. O Mansa tinha funcionários que a função era repetir suas palavras em voz
alta.

A capital do Mali passou a ser Niani, por ser mais bem localizada em termos de defesa e
estratégia, tinha uma grande riqueza de ouro, ferro, algodão, noz-de-cola, tecidos, etc. O
que a transformou em uma capital de grande poder econômico. A morte de Sundiata é
incerta, a tradição oral acredita que morreu com uma flechada acidental, por outro lado
outros acreditam que morreu afogado em Sakarini, mas a grande certeza é que ele
deixou um magnífico legado como líder.

A organização política de Mali acabou sendo bem permissiva, e ligada a religião. Os


conquistados eram bastante respeitados em termo de domínio, o Farin representava o rei
para a população, não tirava os poderes do mansa, era apenas para que fosse melhor
administrado, era muito respeitada a religião de quem não queria abandonar suas
práticas pagãs para seguir o islamismo.

Após a morte de Sundiata, poucos reis tiveram tanta importância, exceto o Mansa Musa,
que foi um grande rei e que aderiu a religião islâmica tornando a principal do Império.
Musa foi conhecido por ostentar toda a sua riqueza e ouro, e distribuir ouro em sua
visita ao Cairo, para a peregrinação a Meca.

Quando fez a sua peregrinação, levou consigo muitos dos seus servos e funcionários, e o
mais importante, muito ouro. Até por que um rei seria respeitado apenas pelo o que
poderia oferecer com presentes, a entrega de presentes era um costume bem comum
entre governantes. Foi até o Egito e levou a maior parte do seu ouro para o rei, mesmo
com a regra interna que o visitante quando chegasse ao Cairo, deveria beijar o chão,
como forma de respeito, ele não o fez, declarou que poderia beijar o chão, mas por Deus
em primeiro lugar. O grande interesse de Musa era transformar o Império de Mali
conhecido em uma potência consequentemente abrir rotas de comercio e parcerias com
outros reinos acabou sendo uma estratégia política e econômica inteligente.
O Mansa Musa aderiu ao islamismo como religião principal junto a pratica pagã, ele faz
a peregrinação a Meca, mas com um grande intuito de transformar Mali conhecido na
África. A ideia de aderir ao islamismo, inicialmente teve mais interesse político e
mulçumano econômico do que religioso, com o Islão, Mali desenvolveu-se mais ainda,
o seu comercio cresceu, as leis mudaram e a forma de vida das pessoas e do governo
também, aplicando um modo de vida muçulmano que foi nomeado Figh.

A religião pagã era uma prática muito comum e que foi mantida para quem desejasse
continuar a pregá-la, eram geralmente práticas de sacrifício para os antepassados e
deuses que eram ligados a natureza. Mesmo em cidades em que o Islamismo era forte e
o comercio, o paganismo ainda era firme e existente.

 Organização social, Arte e Cultura

O Mali tinha como representante maior o Imperador, aquele que era considerado “o
pai do povo” o que fazia questão de ouvir as queixas dos indivíduos e tinha como
princípio a justiça. Existia um ritual para que as pessoas pudessem se aproximar do
imperador “Diante dele só se chegava de rojo, descalço, vestido de roupas velhas ou de
farrapos” (SILVA. p.337). Mas a apresentação do Imperador era impecável “... manto
vermelho e boné dourado, envolto no turbante de brocado de ouro...” (SILVA. p.337).

Suas regiões eram divididas em províncias. Nessa conjuntura havia os funcionários


que lhes davam suporte para manter o Estado organizado, entre eles estavam: os
ministros na capital, os governantes nas províncias. Mas eles não poderiam cometer
atos arbitrários contra o povo, pois poderia sofrer sanções e perder o cargo.

Os gritos atuavam como porta vozes do Imperador, comunicavam ao povo as suas


decisões e também tinham outras funções como: mestre de cerimônia e regente da
orquestra da corte. Os santigui era quem cuidava das finanças.

Os “castos de ofícios”. Grupos de trabalhadores que faziam os trabalhos


artesanais. Uns manuseavam o ferro, fabricando ferramentas para o trabalho do
cotidiano e produziam armas. Os sapateiros trabalhavam com peles e couro. Outros
trabalhavam com materiais preciosos, principalmente o ouro. Outros com o tecido, a
tecelagem era uma atividade que movimentava o comércio interno e externo,
principalmente os tecidos de algodão e os tingidos. A pesca também era uma atividade
bastante rentável, servia várias regiões.

Tudo que esses grupos produziam, a primeira parte era ofertada ao Imperador
que utilizava uma parte para o sustento próprio e a outra utilizava nos festejos da corte.
Funcionava como um pagamento de tributos, se alguém não o fizesse sofreria castigos.

Mesmo com tanta riqueza em detrimento da quantidade do ouro que existia na


região, o que sustentava mesmo o Estado era a agricultura, pois é a partir dessa
atividade realizada pelos camponeses que se fazia o gerenciamento das cidades.

Para a segurança das províncias e das fronteiras, existia o exército, pois em cada
província tinha uma guarnição. Cada província era responsável por mandar uma
quantidade de homem para fazer parte das forças armadas quando era necessário, depois
cada indivíduo voltava para suas atividades normais. Sendo que cada região possuía seu
formato de armas, eram diferentes: umas tinham o arco e a flecha, outras lanças e
escudos, e os cavalos para a mobilidade. Mas responsabilidade de comprar os cavalos só
cabia ao manso, por questões de segurança e preservação do poder.

Do ponto de vista militar, controlava um poderoso exército compostos


de arqueiros, lanceiro e cavaleiros;

Do ponto de vista econômico, controlava as áreas de extração do ouro,


que lhe garantiu posições de destaque na circulação das caravanas
transaarianas;

Do ponto de vista político, criou e manteve uma estrutura


administrativa eficiente, com representantes nas áreas sob domínio
mandinga, chamada farba, e jurisconsultos e homens da lei, chamados
cadí. (MACEDO. p. 56.2013)

Mussa percebeu que esse formato de gerenciamento poderia comprometer sua


gestão, mediante ao desenvolvimento que estava acontecendo na África ocidental, então
reorganizou sua administração para não perder o controle.

Fez mudanças radicais, agregando a cultura e alguns ensinamentos do Islão na


área tributária, nos costumes do povo, nos festejos e cerimônias. Criou novos cargos:
ministros do transporte, da pesca, da floresta.
Mansa Mussa foi o imperador que teve mais expressividade, por apresentar o
Mali a outras nações com sua viagem a Meca no ano de 1325, apresentando riqueza e
poder.

Com essa viagem ele também traz para o Mali verdadeiras transformações, pois
traz desenvolvimento, artístico, cultural e intelectual. Só o fato de o Imperador manso
Kankan Mussa retornar de viagem trazendo consigo uma quantidade de pessoas ligadas
às diversas áreas do saber já é um avanço muito grande, e colocar em prática, melhor
ainda.

Essa iniciativa serviu para um novo reflorescimento do Mali. Pois um novo


conceito estético foi criado mediante o estilo que ali seria implantado, tanto o modo de
ensaiar nas escolas, como na arquitetura, o modo de se fazer poesia e o ensinamento das
leis muçulmanas.

A “terra batida” (tipo de argila) que já era utilizado para fazer casas, cerâmicas,
taça, esculturas, e muito mais, ganhou dois elementos novos a madeira e a fabricação
dos blocos feito com argila para as construções, os arquitetos introduziram novos
elementos.

... Mansa Mussa trouxe de Meca, sábios poetas e conhecedores das leis mulçumanas
para ensinar nas escolas, mandou também construir edifícios religiosos e palácios,
inaugurando o estilo de arquitetura sudanesa, as construções feitas com argila, às portas
decoradas com motivos de inspiração muçulmanas com arabescos deslumbrantes.
(MACEDO. p. 57.2013).

“... Nos fins do século XVI, possuía em torno de 25 mil habitantes, 26


alfaiatarias, com até 200 aprendizes cada uma, e nada menos do que
150 escolas alcoranistas”. “... O comercio livreiro é ai mais lucrativo
que qualquer outra espécie de negócio”. (MAESTRI. p.29.1988).

Segundo Macedo a Mesquita de Djenné é um dos mais belos templos


construídos e que é reconhecido hoje pela UNESCO como patrimônio histórico da
humanidade.
Imagem da Mesquita de Djenné.

Disponível Em: http://cafehistoria.ning.com/photo/mesquita-djenne-djenne?context=latest .

 Organização econômica do Mali

A comercialização do reino de Gana começou pelo sul do Marrocos e propiciando


as cidades de Sidjilmassa e Audaghost. Mali manteve a tradição comercial, mas
estabeleceu laços econômicos com a Tripolitânia (região da Líbia) e com o Egito. Com
esse acordo comercial surgiu duas grandes cidades mercantis: Djenné e Tombuctu.

Tombuctu transformou se em um dos principais centros comerciais do Sudão


Ocidental. Segundo Maestri, nos fins do século XVI, possuía em torno de 25 mil
habitantes, 26 alfaiatarias, com até 200 mil aprendizes cada uma, e nada menos do que
150 escolas alcoranistas. E Brasil, em sua obra Revelando a Velha África, registrou se a
referência de Leon, o Africano, a Tombuctu: ‘Em Tombuctu há muitos juízes, médicos
e letrados, e todos recebem bons estipêndios do rei, que tem grande respeito pelos
homens de saber. Livros manuscritos têm ali grande procura e são importados da
Barbária. O comércio é livreiro é ai mais lucrativo que qualquer outra espécie de
negócio’.

As bases econômicas do império de Mali foram às mesmas adotadas do reino de


Ghana, porém mais acabadas. Atividades estas adotadas como: a tributação das
comunidades aldeãs africanas; comércio internacional (ouro e escravo, etc.) Ou seja,
uma organização econômica-social do império de Mali era por divisão de castas. A
classe dominante administrativa era formada pelas etnias keitas, que concentrava seu
poder sobre a extração de excedentes (sob forma tributária) das comunidades aldeãs, das
populações submetidas ao mansa e do comércio transaariano.

O ouro era importante para a economia de Mali, mais o sal, o cobre e as nozes de
cola desempenharam papel importante sem contar à agricultura que era essencial para a
vida econômica.

Além do império de Mali possuir grandes minas de ouro e ser o maior produtor de
metais preciosos do Velho Mundo, o império de Mali também explorava ouro de outras
regiões, inclusive do Burem, do Bambuku e Galam. Já a agricultura contava com o
cultivo do arroz nos vales do Níger; a plantação de feijão e outros legumes e abundância
de diversos gêneros alimentícios. Segundo Ibn Battuta (...) a vida não era cara, e o
viajante não precisava fazer provisões, pois em cada aldeia encontrava mantimentos de
qualidade. A riqueza da agricultura era tamanha que a mansa mantinha um numeroso
exército e promovia grandes banquetes para a multidão. E a cada colheita, parte dela
tinha que ser oferecida a mansa e seus representantes, caso negado era recusado tais
primícias.

Já os artesãos que se reservavam as castas. Trabalhava com o ferro e era limitado


aos ferreiros; com o metal, abundante nos montes Manden, assim como na região de
Niani, estes fabricavam ferramentas para arar (daba, foice) e armas. A mansa possuía
grandes forjas em Niani. Peles e couros, tratados pelos clãs de sapateiros, constituíam
considerável fonte de recursos, pois eram importados em grande quantidade pelos países
da África setentrional. O trabalho de ouro era uma atividade honrada; a tecelagem
também florescia, movimentando o grande comércio de tecidos de algodão que eram
exportados em rolos das províncias para o sul.
Segundo Maestri, os agricultores e os artesãos eram sujeitos a pagar o dízimo de
suas produções. E quando este imposto era recolhido, em espécie, era através das
colheitas ou quando os artesãos levavam seus produtos para os mercados. Estes gêneros
eram transportados para as grandes cidades ou para sedes administrativas provinciais.
As extrações dos excedentes das populações africanas eram limitadas pela solidez da
comunidade aldeã, sobre a posse da terra comunal.

Para tributar as comunidades submetidas diretamente ao mansa. A sociedade estava


dividida por castas produtivas que eram: os artesãos, camponeses, servidores
domésticos, etc. Segundo Maestri eles eram sujeitos ao mansa que pagavam seus dotes
matrimoniais para reafirmar o caráter perpétuo e pessoal da servidão deviam lhe tributos
(pré-fixados) em espécie ou serviços. Os ferreiros entregavam, por exemplo, por ano e
por família, 100 flechas e 100 lanças; os pescadores, 10 pacotes de peixe seco e assim
com os demais.

Já com as comunidades aldeãs a tributação do comércio a distância era fundamental


para o financiamento do aparato estatal destes impérios tributários. Esse deslocamento
do comércio transaariano contava com ouro, escravos e demais excedentes. Porém
quando os europeus chegaram à costa da África, diminui-se parte das rendas recebidas
pelo império que lançou superestruturas político-administrativas, que perdiam a razão
da existência.

Com a crise das formações tributárias não se determinou as modificações sobre as


quais se articulavam (modo de produção doméstico). Contudo as comunidades aldeãs de
agricultores e artesãos foram enquadradas por formações mais restritas e menos
refinadas.

A decadência do império de Mali foi a partir de 1400. Quando o império de Gao


crescia fortemente. Quando os portugueses chegaram ao império, metade do seu
território estava reduzido. Os senhores de Mali para reconquistar o poder, buscam uma
aliança com os lusitanos, o apoio político e militar.

Os primeiros atentados contra o Império de Manden foram movidos pelos tuaregues


e por outros berberes, seguidos por Sunni ‘Ali e pelas tropas songhai. Assim, após
privar o Mali das antigas dependências abrangendo a parte norte, esse povo nômade
reforçou com o avanço para o sul, sua posição e seu papel no comércio transaariano.
Entretanto, sua influência não predominou por muito tempo na região: a emergência
do Estado Songhai, com Sunni ‘Ali, foi um sério revés para os tuaregues, e explica os
conflitos posteriores entre esse chefe e a aristocracia de Tombuctu, formada por sábios e
por ulemás originários, em sua maioria, da cidade berbere da Walata.

A partir do século XV, estabeleceram-se laços diplomáticos entre os soberanos de


Portugal e do Mali, num momento em que as relações comerciais eram intensas. E em
relação ao comércio, as minas de ouro do Burem continuavam sob o domínio do mansa
do Mali; além disso, os comerciantes Wangara iam até a região ashanti à procura desse
metal. De tempos em tempos, caravanas chegavam à costa para trocar ouro por cobre,
tecidos de algodão pretos e azuis, linhos, tecidos da Índia, fibras vermelhas ou
vestimentas ornadas de ouro e de prata. Frequentemente, os Wangara tinham mais ouro
do que valiam as mercadorias trazidas pelas caravelas e voltavam a sua região com o
restante do metal. Eram de fato hábeis comerciantes, que usavam balanças e pesos e não
se contentavam com estimativas certas, conseguindo, assim, o máximo de lucro com seu
ouro. (LY-TALL, M. 1981. Pg.195, 196)

Segundo LY–TALL, Madina, em pouco tempo os europeus começaram a utilizar as


possibilidades de troca entre as diversas regiões. Comprava cavalos na Futa para vendê-
los na Gâmbia. Esse tráfico, que reforçou os exércitos manden, provocou o
desenvolvimento de outro comércio: o de escravos. Diante da crescente demanda de
cavalos por parte dos reis do Diolof (Wolof) e dos governantes Mali da Gâmbia, os
portugueses, que levavam cada vez mais negros para Portugal, habituaram-se a trocar
cavalos por escravos (no começo, um cavalo valia oito escravos, número que em pouco
tempo se elevou para quinze). As relações comerciais alteraram-se rapidamente, em
detrimento dos africanos.

Já em relação, a agricultura que era a essência da vida econômica verá como se dava
a sua criação nas províncias do Mali, contundo o comércio de peles só se desenvolve
mais tarde. Às províncias ocidentais do Mali, chuvas e os cursos de água que
abasteciam os arrozais e campos de algodão, principalmente ao longo do rio Gâmbia. Já
as florestas-galerias ao longo das margens abrigavam muita caça; no interior delas
viviam manadas de elefantes, cujas presas alimentavam o comércio o marfim. A caça
era inseparável da religião: um caçador reputado deveria, necessariamente, ser grande
conhecedor da floresta, e esse conhecimento era associado à magia.
Nas províncias ocidentais, particularmente úmidas, a criação de animais estava
ligada à agricultura. Os camponeses eram, também, criadores de animais domésticos.
Na Gâmbia e no Gabu, crescia o número de pastores fulbe (Peul), que tendiam à
sedentarização em torno dos pastos abundantes. Por volta do século XV, essas
comunidades fulbes organizaram-se e passaram a desempenhar papel político.
REFERÊNCIAS

DAVIDSON, Basil. Mercadores e impérios. O Sudão Central e Ocidental. In: À


descoberta do passado da África. Lisboa: Sá da Costa, 1981. Pp. 60. 91

GOISBEAULT, Nicole. Mitos africanos. In: BRUNEL, Pierre. Dicionário de Mitos


Literários. Ed. José Olympio: Rio de Janeira, 1997 pp. 677 ás 681.

LY-TALL, M. O declínio do Império do Mali. In: NIANE, D. J (Coor). História Geral


da África IV. A África do século XII ao século XVI. São Paulo: Ática/ Paris:
UNESCO, 1998. Pp.191. 205

MACEDO, José Rivair. O eixo transaariano. In: História da África. São Paulo:
Contexto, 2013 pp. 56.

MAESTRI, Mário. O Sudão Ocidental. O império do Mali. In: MAESTRI, Mário.


História da África Negra Pré-Colonial. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988. Pp
25.33

NIANE, D.J.O Mali e a segunda expansão manden. In: ____. (Coor). História Geral
da África IV. A África do século XII ao século XVI. São Paulo: Ática/ Paris:
UNESCO, 1988. Pp. 135.189.

NIANE, Djibril Tamsir. Sundjata ou a Epopéia Mandinga. São Paulo: Ática, 1860.
Disponível em: http://www.casadasafricas.org.br acessado em 30 de novembro ás 19:
35.

SILVA, Alberto da Costa e. Mali. In:____. A espada e a lança. A África antes dos
portugueses. 3ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006. Pp:317. 341

SILVA, Alberto da Costa e. Mali e Shongai. In:_____. A manilha e o libambo. A


África e a escravidão, de 1500 a 1700. Rio de Janeiro: Nova Fronteira: 2002. Pp. 281.
307

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