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Salvador
2014
CARLOS AUGUSTO FIÚZA ÂNGELO
IDÁLIA VILAS BOAS DE MORAIS
NATÁLIA GÓES DIAS
PATRICK MORAES SEPÚLVEDA
THIAGO JOSÉ SANTANA SILVA
Salvador
2014
INTRODUÇÃO
Nessa pesquisa africanista iremos abordar de uma forma clara, dentro de uma
perspectiva metodológica a história do antigo Império do Mali, sendo um dos impérios
que floresceu na África Ocidental, demonstrando todo o seu esplendor poder e riqueza,
que povos de outras regiões, tinham interesses e curiosidades em saber e tomar
consciência sobre esse império principalmente pela fama das suas riquezas (ouro),
interesses comercias.
Colocaremos em ênfase os principais pontos que remontam a história dessa
sociedade conforme a tradição oral nos revela, abrindo caminhos para entendermos o
significado do tempo mítico para os povos africanos, que se revela de uma forma clara a
sua origem histórica nesse caso sobre o Mali. Apresentando os aspectos determinantes
dentro dos contextos: organização social, política e religiosa apresentando também as
bases econômicas desse império que teve força e destaque no comércio transaariano.
Nas artes e cultura apresentaremos a influência que o Mali recebeu do mundo islâmico,
pois seu maior governante Mansa Musa se converteu ao Islã por uma questão política e
comercial, e incorporou após a peregrinação vários elementos dessa nova cultura para
concorrer e ter visibilidade nos tramites comerciais.
Assim tomando conhecimento de como essa sociedade se comportou ao longo
da sua história que é o nosso propósito e para isso foi seguidos e feitos leituras nas
fontes descritas nas referências do nosso trabalho.
IMPÉRIO MALI
Localização
O Sudão sendo uma região favorável à vida humana, ao sul tem a floresta equatorial,
com um equilíbrio geoecológico, onde abundam as savanas, terras férteis, rica em ferro.
E muita água o que favorecia a agricultura.
Mapa atual onde foi o antigo império de Mali com base no rio Níger para ser o guia
de identificação onde floresceu esse império.
Sendo a história do império do Mali construída com base na tradição oral conforme
encontramos essa afirmação no livro História da África Negra Pré-Colonial Pp. 25 e
Pp. 30 de Mario Maestri e também na obra Mercadores e impérios, O Sudão Ocidental
Pp. 78 de Basil Davidson. E ao estudarmos a história da África como um todo, nesse
caso a África Ocidental (Mali) fica bem claro a importância dos antepassados,
principalmente na tradição oral.
A história do império do Mali é uma das mais formidáveis, pois dentro do contexto
e da forma como se coloca essa sociedade e pela qual esses conhecimentos chegam até
todos, os “Griots são os responsáveis pela transmissão dos costumes seculares próprios
das populações locais”. (MACEDO, 2013 pp. 56).
Conta à tradição oral, os Griots a história de Sundiata Keita que foi um general
importante e marcante na história do império de Mali.
Mas Sundjata teve uma infância complicada, “o filho de Sogolon teve uma infância
lenta e difícil: aos três anos ainda engatinhava, enquanto os seus companheiros de idade
já andavam. Ele nada tinha da grande beleza do seu pai, Narê Maghan; possuía uma
cabeça tão grande, que parecia incapaz de mantê-la ereta; tinha dois olhos enormes, que
ele escancarava quando alguém entrava na moradia de sua mãe. Pouco falador, o
menino real passava o dia todo sentado no meio da moradia; quando sua mãe saia, ele se
arrastava de gatinhas para remexer nas cabaças, em busca de comida. Era muito
comilão.” (NIANE, 1960. 32).
Mas todo esse período obscuro que Sundjata passa na infância é superado,
recuperando-se fisicamente.
Pois conforme o mito africano traz esses aspectos em relação dessa recuperação
tendo como fator principal, as forças sobrenaturais, curas miraculosas seria resultado da
“Associação das forças de seus totens14, herdados de seus pais - búfalo e a pantera pelo
lado da mãe e o leão pelo do pai” (BRUNEL, 1997: 677-681). Tornando-se um caçador
admirado de força, velocidade, destreza, sabedoria e habilidade estrategista.
Recuperando e ganhando admiração e prestígio, o que já preocupava o senhor da
tribo berete que ficou com medo por causa do apoio de Sundjata tinha de outros povos.
Por causa das disputas que estavam acontecendo Sundjata migrou com sua família com
uma boa parte dos clãs Kande e Camara onde se estabeleceu na corte do rei Tounkara.
Logo ele tem que se organizar para liderar uma grande batalha, por causa da revolta
conta o rei Sossos.
Consolidação do Mali
Logo Sundjata estabelece a capital do império em Niani, pois temia invasões dos
nômades do deserto, então procurou uma região de difícil acesso tanto para ir de cavalo
quanto de camelos. E monta suas bases governamentais e administrativas sob seu
controle.
Após esse período o Mali foi expandido, tornando-se absoluto sobre vários
territórios da África Ocidental, com uma grande riqueza (ouro) e em outros aspectos,
onde a Europa após a Idade Média procura fabricar moedas em ouro, sendo o depósito
em grande escala, segundo as fontes sobre o império do Mali, observamos o interesse
dos europeus sobre as fontes de ouro do Mali para fabricação do mesmo. Mais tendo
uma barreira que impedia esse acesso os reinos muçulmanos, mais que logo esse fator
foi resolvido devido ao bom modo como levavam a vida tantos os mulçumanos quanto
às comunidades judaicas.
Exemplo atlas:
Pormenor do mapa
de África de Abraão
Cresques. Em cima á
esquerda, podemos
ver o estreito de
Gibraltar e, logo
abaixo, em ambos os
lados, as costas norte
e noroeste da África.
Quase ao centro está
a antiga cidade
comercial de
Sijilmasa.
Política e religião
O império de Mali teve seu início, segundo a tradição oral com ascensão de Sundiata
Keita. Segundo a lenda, Sundiata tinha paralisia nas pernas e por isso a sua mãe era
motivo de piada diante das outras esposas do rei. Aprendeu a andar e tornou-se chefe de
um grupo etário, mas acabou sendo perseguido em sua própria terra e a sua única opção
foi fugir.
No exílio, anos depois e Nema, o mansa Tunkara forneceu soldados e Sundiata acabou
retornando ao seu país e na guerra de Kirina conseguiu ser vitorioso e constituir o
Império do Mali. Tornou-se mansa, o mais alto cargo daquela sociedade, considerado
rei dos reis e patriarca. O imperador era visto como um pai para o povo, pois ele ouvia a
queixa dos seus súditos (inclusive contra os Farin) e ele mesmo executava as devidas
providencias. O Mansa tinha funcionários que a função era repetir suas palavras em voz
alta.
A capital do Mali passou a ser Niani, por ser mais bem localizada em termos de defesa e
estratégia, tinha uma grande riqueza de ouro, ferro, algodão, noz-de-cola, tecidos, etc. O
que a transformou em uma capital de grande poder econômico. A morte de Sundiata é
incerta, a tradição oral acredita que morreu com uma flechada acidental, por outro lado
outros acreditam que morreu afogado em Sakarini, mas a grande certeza é que ele
deixou um magnífico legado como líder.
Após a morte de Sundiata, poucos reis tiveram tanta importância, exceto o Mansa Musa,
que foi um grande rei e que aderiu a religião islâmica tornando a principal do Império.
Musa foi conhecido por ostentar toda a sua riqueza e ouro, e distribuir ouro em sua
visita ao Cairo, para a peregrinação a Meca.
Quando fez a sua peregrinação, levou consigo muitos dos seus servos e funcionários, e o
mais importante, muito ouro. Até por que um rei seria respeitado apenas pelo o que
poderia oferecer com presentes, a entrega de presentes era um costume bem comum
entre governantes. Foi até o Egito e levou a maior parte do seu ouro para o rei, mesmo
com a regra interna que o visitante quando chegasse ao Cairo, deveria beijar o chão,
como forma de respeito, ele não o fez, declarou que poderia beijar o chão, mas por Deus
em primeiro lugar. O grande interesse de Musa era transformar o Império de Mali
conhecido em uma potência consequentemente abrir rotas de comercio e parcerias com
outros reinos acabou sendo uma estratégia política e econômica inteligente.
O Mansa Musa aderiu ao islamismo como religião principal junto a pratica pagã, ele faz
a peregrinação a Meca, mas com um grande intuito de transformar Mali conhecido na
África. A ideia de aderir ao islamismo, inicialmente teve mais interesse político e
mulçumano econômico do que religioso, com o Islão, Mali desenvolveu-se mais ainda,
o seu comercio cresceu, as leis mudaram e a forma de vida das pessoas e do governo
também, aplicando um modo de vida muçulmano que foi nomeado Figh.
A religião pagã era uma prática muito comum e que foi mantida para quem desejasse
continuar a pregá-la, eram geralmente práticas de sacrifício para os antepassados e
deuses que eram ligados a natureza. Mesmo em cidades em que o Islamismo era forte e
o comercio, o paganismo ainda era firme e existente.
O Mali tinha como representante maior o Imperador, aquele que era considerado “o
pai do povo” o que fazia questão de ouvir as queixas dos indivíduos e tinha como
princípio a justiça. Existia um ritual para que as pessoas pudessem se aproximar do
imperador “Diante dele só se chegava de rojo, descalço, vestido de roupas velhas ou de
farrapos” (SILVA. p.337). Mas a apresentação do Imperador era impecável “... manto
vermelho e boné dourado, envolto no turbante de brocado de ouro...” (SILVA. p.337).
Tudo que esses grupos produziam, a primeira parte era ofertada ao Imperador
que utilizava uma parte para o sustento próprio e a outra utilizava nos festejos da corte.
Funcionava como um pagamento de tributos, se alguém não o fizesse sofreria castigos.
Para a segurança das províncias e das fronteiras, existia o exército, pois em cada
província tinha uma guarnição. Cada província era responsável por mandar uma
quantidade de homem para fazer parte das forças armadas quando era necessário, depois
cada indivíduo voltava para suas atividades normais. Sendo que cada região possuía seu
formato de armas, eram diferentes: umas tinham o arco e a flecha, outras lanças e
escudos, e os cavalos para a mobilidade. Mas responsabilidade de comprar os cavalos só
cabia ao manso, por questões de segurança e preservação do poder.
Com essa viagem ele também traz para o Mali verdadeiras transformações, pois
traz desenvolvimento, artístico, cultural e intelectual. Só o fato de o Imperador manso
Kankan Mussa retornar de viagem trazendo consigo uma quantidade de pessoas ligadas
às diversas áreas do saber já é um avanço muito grande, e colocar em prática, melhor
ainda.
A “terra batida” (tipo de argila) que já era utilizado para fazer casas, cerâmicas,
taça, esculturas, e muito mais, ganhou dois elementos novos a madeira e a fabricação
dos blocos feito com argila para as construções, os arquitetos introduziram novos
elementos.
... Mansa Mussa trouxe de Meca, sábios poetas e conhecedores das leis mulçumanas
para ensinar nas escolas, mandou também construir edifícios religiosos e palácios,
inaugurando o estilo de arquitetura sudanesa, as construções feitas com argila, às portas
decoradas com motivos de inspiração muçulmanas com arabescos deslumbrantes.
(MACEDO. p. 57.2013).
O ouro era importante para a economia de Mali, mais o sal, o cobre e as nozes de
cola desempenharam papel importante sem contar à agricultura que era essencial para a
vida econômica.
Além do império de Mali possuir grandes minas de ouro e ser o maior produtor de
metais preciosos do Velho Mundo, o império de Mali também explorava ouro de outras
regiões, inclusive do Burem, do Bambuku e Galam. Já a agricultura contava com o
cultivo do arroz nos vales do Níger; a plantação de feijão e outros legumes e abundância
de diversos gêneros alimentícios. Segundo Ibn Battuta (...) a vida não era cara, e o
viajante não precisava fazer provisões, pois em cada aldeia encontrava mantimentos de
qualidade. A riqueza da agricultura era tamanha que a mansa mantinha um numeroso
exército e promovia grandes banquetes para a multidão. E a cada colheita, parte dela
tinha que ser oferecida a mansa e seus representantes, caso negado era recusado tais
primícias.
Já em relação, a agricultura que era a essência da vida econômica verá como se dava
a sua criação nas províncias do Mali, contundo o comércio de peles só se desenvolve
mais tarde. Às províncias ocidentais do Mali, chuvas e os cursos de água que
abasteciam os arrozais e campos de algodão, principalmente ao longo do rio Gâmbia. Já
as florestas-galerias ao longo das margens abrigavam muita caça; no interior delas
viviam manadas de elefantes, cujas presas alimentavam o comércio o marfim. A caça
era inseparável da religião: um caçador reputado deveria, necessariamente, ser grande
conhecedor da floresta, e esse conhecimento era associado à magia.
Nas províncias ocidentais, particularmente úmidas, a criação de animais estava
ligada à agricultura. Os camponeses eram, também, criadores de animais domésticos.
Na Gâmbia e no Gabu, crescia o número de pastores fulbe (Peul), que tendiam à
sedentarização em torno dos pastos abundantes. Por volta do século XV, essas
comunidades fulbes organizaram-se e passaram a desempenhar papel político.
REFERÊNCIAS
MACEDO, José Rivair. O eixo transaariano. In: História da África. São Paulo:
Contexto, 2013 pp. 56.
NIANE, D.J.O Mali e a segunda expansão manden. In: ____. (Coor). História Geral
da África IV. A África do século XII ao século XVI. São Paulo: Ática/ Paris:
UNESCO, 1988. Pp. 135.189.
NIANE, Djibril Tamsir. Sundjata ou a Epopéia Mandinga. São Paulo: Ática, 1860.
Disponível em: http://www.casadasafricas.org.br acessado em 30 de novembro ás 19:
35.
SILVA, Alberto da Costa e. Mali. In:____. A espada e a lança. A África antes dos
portugueses. 3ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006. Pp:317. 341