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ÍNDICE

1- INTRODUÇÃO......................................................................................................................1

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..........................................................................................2

2.1- O Império de Songai........................................................................................................2

2.2- Geografia..........................................................................................................................3

2.3- Administração..................................................................................................................4

2.4- Religião............................................................................................................................4

2.5- A Política Governativa do império Songai......................................................................7

2.6- Do ponto de vista Econômico..........................................................................................7

2.8- Educação........................................................................................................................10

3- CONCLUSÃO......................................................................................................................11

REFERÊNCIAS........................................................................................................................12
1- INTRODUÇÃO

Portanto, sabemos todos que existem outros e vários reinos, mas como o nosso tema é
o reino do songai, começaremos pela uma breve introdução de como foi ou surgiu o reino
referido no nosso tema. O Reino Songhai foi profundamente original quanto à organização
política e administrativa. Sua organização foi ainda mais elaborada que a do Império Mali.

Imaginemos um continente com uma diversidade incrível, diferente de todos os


outros. Um lugar onde os extremos encontram-se, das altas temperaturas no deserto do Seara
à neve nas montanhas do Kilimanjaro, na Tanzânia; dos edifícios modernos da cidade do
Cabo, África do Sul às tribos Maasai, povo que vive igual há mais de quatro mil anos; África
dos reinos ricos em ouro, civilizações que possuíam bibliotecas e universidades como o
Reino de Mali. Foram vários impérios e civilizações que, na Idade Média, eram mais
avançados que muitos reinos da Europa.

A África é um continente enorme, com uma grande diversidade geográfica. Nela há


de tudo: altas montanhas – algumas, como o monte Kilimanjaro, com os picos
permanentemente cobertos de neve: grandes desertos, como o Saara: florestas que parecem
sem fim, como a do Congo: grandes extensões de matas baixas e estepes. (COSTA; SILVA,
2008).

Quando o historiador estuda os povos da África Pré-colonial, na maioria das vezes a


historiografia é oral ou existem alguns escritos feitos por viajantes, na sua maioria árabe.
Além de outras fontes, esta pesquisa teve como fonte principal as obras de dois especialistas
no continente Africano e que já produziram vários livros sobre a África – Alberto da Costa e
Silva e Mario Maestri. Esta pesquisa, por conseguinte, tem a finalidade de trazer um novo
olhar sobre a África, sua riqueza cultural e importância no contexto da história da
humanidade. É fundamental que, na educação básica e universitária, quebremos paradigmas,
conceitos que ficaram enraizados na sociedade, tais como a lembrança de um continente
miserável, de doenças, guerras, escravidão. Portanto, este trabalho abordou-se, nesta
pesquisa, o Reino de Songhai.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1- O Império de Songai

Foi um estado pré-colonial africano e grande civilização da África Ocidental que


desenvolveu-se onde hoje está localizado o país Mali que foi fundado em 1464, quando foi
estabelecido por Suni Ali (r. 1464–1492), mas somente chegaria a seu apogeu durante o
reinado de Ásquia Maomé I (r. 1493–1528) da dinastia de Ásquia, cujas reformas
administrativas, religiosas e educacionais consolidaram as conquistas militares de Suni Ali e
permitiram o Império Songai prosperar durante a maior parte do século XVI. Foi conquistado
em 1591 por tropas do Sultanato Saadiano do Marrocos que criaram em seu lugar o
Paxalique de Tombuctu.

O período de autonomia criado pelos dois irmãos fugitivos também foi breve, pois,
Sakura, o escravo que havia usurpado o trono se tornando mansa, acabou devolvendo o
Songai à esfera do Mali. A independência efetiva, ponto de partida para a expansão e
consolidação do reino, somente ocorreu na segunda metade do século XV, quando Sonni Ali
(1464-1492) varreu a dominação maliana e, depois de sucessivas guerras de conquista,
assumiu a hegemonia da região.

Por essa época, o Songai já era um reino islamizado. Sua conversão ao Islã teria
ocorrido ainda por volta da primeira década do ano mil – num período em que a sociedade
européia medieval dava os primeiros passos na direção de um novo reordenamento
econômico, muito bem trabalhado por Georges Duby em uma das suas clássicas obras. Reza
a tradição que Diá Kossoi, o soberano que havia fixado a capital do império em Gao, foi o
primeiro dinasta a se converter ao islamismo.

Porém, a despeito de quem o abraçou primeiro, o facto é que o islamismo


rapidamente se difundiu entre as classes dirigentes de Gao. Não obstante, a conversão dos
songais nem sempre foi movida pela fé. É bem verdade que muitos se converteram de corpo
e alma à nova religião. Muitos outros, porém, o fizeram de forma superficial ou por simples
conveniência comercial. Os mercadores que cruzavam o deserto de um lado ao outro,
garantindo as trocas mercantis, eram em sua maioria muçulmanos. De forma que a conversão
ao maometismo acabava facilitando as transações comerciais.

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Foi o último grande império do Sudão Ocidental que rompeu a ascensão dos impérios
negros da região africana. As origens desse império são desconhecidas. Alguns textos árabes
falam de um príncipe Soni, chamado de Ali, o grande. Ele derrotou o Império de Mali e
fundou o mais importante império comercial-tributário da região.

2.2- Geografia

Segundo a História do Sudão do século XVII de Abdal Sadi, o território do Império


Songai sob Ásquia, conquistado "por fogo e espada", se estendia a oeste até o oceano
Atlântico, a noroeste às minas de sal de Tagaza (na fronteira setentrional do Mali), a sudoeste
tão longe quanto Bendugu (Segu), sudeste a Bussa e nordeste para Agadez; Josef W. Meri
sugeriu que a Hauçalândia e os oásis do Saara estiveram sob sua autoridade. Para Jean Pierre
Rouch, é certo que a influência songai durante o reinado de Ásquia era considerável e
estendia-se para além dos limites descritos por Abdal Sadi, com todos os estados vizinhos,
aliados ou inimigos, experimentando seu fermento civilizatório. Além disso, como resultado
de suas guerras, conseguiu vastos territórios tributáveis e o controle das principais rotas do
comércio transaariano, permitindo a prosperidade do Império Songai no século XVI.

Figura 1 – Mapa do Reino de Songhai

Figura 1 Fonte: Wikipédia, 2015a.


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2.3- Administração

Coube aos ásquias organizar a administração do país. Se baseando em antigas


estruturas administrativas do Mali, Ásquia Maomé I (r. 1493–1528) iniciou o processo de
departamentalização do governo em unidades fiscal, militar, administrativa e judicial ao criar
as posições de ministro de finança, justiça, interior, protocolo, agricultura, águas e florestas e
das "tribos da raça branca" (mouros e tuaregues), que eram vassalos dos songais e forneciam
esquadrões de tropas montadas em dromedários; os ofícios eram preenchidos por seus
irmãos, filhos e primos e árabes em detrimento de songais. Dividiu o país em províncias sob
governadores e nomeou governadores especiais às cidades de Tombuctu, Jené, Macina e
Tagaza. As províncias eram agrupadas em regiões, administradas por governadores regionais
que eram auxiliados pelos ministros; nas províncias ocidentais, criou o ofício de canfari
(kanfari), cujo ocupante, centrado em Tindarma perto do lago Fati, parece ter sido vice-rei de
todo a metade ocidental do império; também havia outros governadores como o dendifari, o
governador do Sudeste.

O centro da burocracia foi o próprio Ásquia, que era assistido por um grupo de
conselheiros. Na corte real, o suntuoso cerimonial em torno do ásquia era administrado pelos
oficial conhecido como hugucoreicoi (hugu-korei-koi), um administrador com influência
política substancial e poder militar. Um uanadu (wanadu) ou pota-voz do rei transmitia a
palavra das monarcas às audiências régias, enquanto altos secretários, comumente do
Marrocos, supervisionavam a chancelaria real. Ásquia introduziu um sistema de impostos no
qual cada cidade ou distrito tinha seu próprio coletor de impostos de nome farimondio (lit.
"chefe dos campos"). Idem usou a perícia dos estudiosos de Tombuctu em assuntos do
Estado. Durante os longos períodos que permaneceu estacionado na capital Gao (1502-1504
e 1506-1507), ocupou-se com a reforma do sistema de dízimos e impostos, a regulação da
agricultura e pesca e o recrutamento e treino de administradores e governadores.

2.4- Religião

Ásquia Maomé tomou como conselheiro o reformador marroquino Maomé Almaguili


que o ajudou a tomar as propriedades dos descendentes dos derrotados sunis e os grupos
vassalos que não se converteram ao islamismo. Por seu grande interesse pelo sistema legal
islâmico, perguntou várias perguntas sobre teologia islâmica a Almaguili; as respostas, que
circularam no Império Songai sob seus auspícios, tiveram grande influência na posterior
revolução de Otomão dã Fodio (r. 1803–1815). Sob Ásquia e sucessores, as religiões
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autóctones do Sudão que fizeram o islamismo songai esotérico sob os sunis converteu-se em
islamismo estatal cujo código civil era o Alcorão e cuja escrita oficial era o árabe. Dedicou
muito tempo treinando cádis (juízes) para interpretar a lei; Mamude ibne Omar ibne Mamude
Acite, o cádi de Tombuctu em 1498-1499, foi um de seus nomeados.

Songhai foi um grande império da África pré-colonial, século XV ao século XVI.


Songhai veio do nome de seu grupo étnico, os Songhai. A capital do império era a cidade de
Gao, onde já existia um pequeno estado Songhai no século XI. O poder de Songhai estava
sobre a volta do rio Níger, que hoje é onde se situam os países africanos Níger e Burkina
Faso.

Desde quando era um estado pequeno, Songhai vivia da pesca e do comércio local do
ouro e do sal, pois essa região possuía grandes minas de ouro e sal.

O ouro e o sal serviam de moeda corrente em Songhai, mas a principal moeda eram
os cauris, conchas de moluscos utilizadas como moeda de troca até meados do século XIX –
e isso do Sudão à China. De qualquer modo, os imperadores Askias procederam a uma
unificação de pesos e medidas para evitar fraudes (MAESTRI, 1988, p. 39).

Assim como Mali, o Reino de Songhai escolhia letrados com experiência na área
mercantil, pessoas que tinham conhecimento na troca de mercadorias. Geralmente, eram
contratados árabes comerciantes muçulmanos para conduzirem a política comercial.

O império de Songhai tinha a economia baseada na mão de obra de escravos


disponíveis para o trabalho no campo. Aqui há uma divergência entre alguns historiadores,
que tratam esses escravos como servos, parecidos com o feudalismo europeu. Uma terra com
duzentos escravos, por exemplo, deveria produzir cerca de 250 toneladas de arroz por ano.
Outros historiadores descartam essa possibilidade de comparação desse sistema escravocrata
com o feudalismo europeu, embora defendam semelhança entre os dois. O senhor da terra
mantinha o sistema religiososimbólico de dádiva, com isso existia a opressão escravocrata. O
importante para o senhor era ter o maior número de famílias e aldeias de servos, não apenas a
exploração econômica.

Com a morte do Soni Ali Mansa, em 1492, assumiu um dos seus filhos, mas que não
ficou um ano no poder, pois um ex-general de Ali, o Askia Mohammed derrotou o novo rei e
assumiu o poder. Esse general transformou o reino de Songhai. Foi sob sua dinastia que o
império expandiu-se. Ele dividiu o império em quatro vice-reinos, organizou o sistema de

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impostos, unificou pesos e medidas, explorou as minas de sal. Formou pela primeira vez no
império um exército regular constituído por escravos e prisioneiros.

Songhai também foi um sucessor do reino de Mali e Ghana. Contudo, ele foi bem
mais qualificado, visto que ultrapassou os dois anteriores no nível administrativo e político.
Viveu plenamente uma organização estatal que aos poucos se distanciava da organização
tribal. Teve pela primeira vez na história dos reinos africanos um exército profissional e uma
arrecadação sistemática de impostos. A dinastia Askia continuou sendo a etnia base do
império. O islamismo foi a religião oficial, mas o rei permitia outras crenças desde que não
entrassem em conflito com a religião oficial.

Songhai foi um império que também fez mudanças na sociedade dos nômades
berberes e as das fronteiras do mundo negro; inovou no modo e na tática de guerrear com
seus inimigos. Esse reino inovou também nos seus exércitos. Acrescentou três fileiras de
arqueiros. A Europa cristã só depois é que praticou igual medida, ou seja, constituição de
uma infantaria de arqueiros. Também incluiu grupos com grandes tambores, com o intuito de
fazer muito barulho e aterrorizar os inimigos.

Os tipos de “casas cônicas” descritas por Al-Bakri em sua obra ainda podem ser
vistas no Mali, como mostra a fotografia acima da Vila de Songo, no Mali.

Nas últimas décadas do século XVI, assim como a história dos outros grandes
impérios que existiram, Songhai não foi diferente, inimigos de outras regiões do continente
começaram a tentar invadir o reino. Além disso, os portugueses já tinham feitorias na costa
africana e já afetavam o comércio pelo deserto do Saara, pois as caravelas, além de levar uma
maior quantidade de mercadorias, eram bem mais velozes.

Outro factor para a decadência foi a substituição do grande líder Mohammed aos 86
anos, pelo seu filho, que governou com tirania, impondo terror às sete cidades-estados dos
Hauçás, povos que falavam línguas semelhantes e pertenciam ao Reino de Songhai. Essa
tirania começou a causar revoltas nos povos Hauçás. De olho nas riquezas de Songhai, os
senhores muçulmanos de Marrocos, após várias tentativas, conseguiram invadir pelo Saara e
se apoderar do império. Os invasores armados de fuzis venceram em 1591, na batalha de
Tondibi, o último grande império africano. Essa região ocidental da África, onde os três
grandes impérios prosperaram, era muito rica. O território de Ghana, conquistado por Mali,
era praticamente o mesmo.

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2.5- A Política Governativa do império Songai

O governo Songai foi muito mais centralizado no que diz respeito aos arranjos
federais em comparação aos predecessores Impérios de Gana e Mali. O governante era um
monarca absoluto, mas, apesar de ter cerca de 700 eunucos em sua corte em Gao, os reis
Songai nunca estiveram exatamente seguros em seus tronos. Dos nove governantes da
história do Império Songai, seis foram depostos por rebeliões ou morreram violentamente,
frequentemente por seus tios ou irmãos. O Songai possuía uma organização mais elaborada
do que a do Mali. Uma equipe de altos funcionários (governadores ou ministros) partilhava
com o soberano a responsabilidade de administrar as várias partes do reino.

No entanto, a descentralização do império era apenas aparente, pois a organização


administrativa primava pela rigidez. Os principais cargos da burocracia estatal eram
preenchidos por obra e graça do soberano. Os cargos de ministros e governadores, por
exemplo, não eram hereditários. E, da mesma forma que eram nomeados pelo askia, podiam
ser afastados quando assim fosse de sua vontade.

2.6- Do ponto de vista Econômico

As actividades agropastoris eram bem desenvolvidas. Grande parte da produção


agrícola do reino provinha das plantações do askia, que se distribuíam por todos os seus
domínios. E dos estabelecimentos (geralmente absenteístas) da aristocracia e dos marabus.

Nelas, uma numerosa escravaria se dedicava ao cultivo de cereais (principalmente, o


arroz) e à criação de animais (cabras e bois). Tudo sob a supervisão de feitores, os fanfas, que
também eram escravos. Estes tinham a obrigação de entregar anualmente aos senhores (fosse
o askia, os nobres ou os marabus) uma parte do que era produzido.

No seu Tarikh el-Fettach, Mahmud Kati fala, inclusive, de “vinte e quatro tribos” que
estavam submetidas a uma escravatura coletiva a serviço do soberano songai. Estas tribos,
localizadas na região mais fértil do reino, ao longo do território correspondente à curva do
Níger, tinham funções específicas (algumas se dedicavam a cortar capim para os cavalos do
askia e outras ao serviço doméstico, à matelurgia do ferro, a atividades pesqueiras e de
construção de pirogas etc.).

Os camponeses livres também não eram isentos da exação fiscal. Mas, a crermos nos
relatos dos historiadores da época, a tributação não oprimia tanto o campesinato, pois, os

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agentes imperiais do fisco nunca pediam mais de trinta medidas de grão, o equivalente a mais
ou menos 120 litros, mesmo quando os camponeses podiam fornecer bem mais do que isso.
O excedente ficava de posse dos produtores, fossem eles livres ou escravos. Aos fanfas, por
exemplo, era-lhes permitido guardar o excedente para si e ficarem ricos. Com isso, podiam
adquirir cavalos, vacas e até mesmo escravos. Afinal de contas, em grande parte da África, a
posse de escravos era o modo por excelência de acumular riqueza. Além dos tributos que
incidiam sobre a produção agropecuária e aqueles que eram pagos pelos reinos vassalos, a
tributação sobre o intenso comércio que movimentava suas principais cidades, algo comum
nos três reinos aqui estudados e em muitos outros da realidade africana, constituíase em mais
uma importante fonte de receita para o Songai.

Os songais também tinham o ouro como moeda de troca basilar. Com o metal
amarelo, eles adquiriam artigos de luxo, para o deleite e ostentação dos aristocratas (tecidos
finos, vidro, perfumes, cavalos). Os comerciantes do Magreb, do Levante e da Europa eram
os seus fornecedores. E também seus bons compradores. Principalmente de escravos. Um
tipo de “mercadoria” que, graças aos butins de guerra, não conhecia escassez. Os que não
ficavam no próprio reino, eram vendidos para as plantações ou para o serviço doméstico de
senhores do Magreb, da Líbia, do Egito, da Turquia e das cidades mercantis italianas
(Gênova, Nápoles e Veneza).

As cidades do Songai, principalmente aquelas que eram florescentes centros


comerciais, possuíam uma numerosa população. Um censo realizado por alguns habitantes de
Gao, que queriam saber se a sua cidade era mais populosa do que Cano, uma das cidades-
estado hauçás que haviam sido anexadas pelo Askia Mohammed, apontou para a existência
de uma população de 100.000 habitantes aproximadamente. É bem provável que tivessem
exagerado nessa contagem, com o propósito de mostrar, aos habitantes de Cano que a sua
cidade era mais populosa e relevante que a deles. Ainda que este “recenseamento” possa ser
questionado, o número de habitantes devia ser mesmo grande.

Além de populosas, muitas delas (Jena, Tombuctu, Walata e Gao) eram também
centros dedicados aos estudos religiosos. Verdadeiras universidades, bancadas pelo mecenato
dos príncipes, dedicavam-se ao desenvolvimento das letras (Língua Árabe, Retórica etc.) e ao
estudo dos textos sagrados (Fontes da Lei, Exegese Alcorânica etc.). Inclusive, servindo de
chamariz para estudiosos de outros lugares da África. Doutores e escritores célebres do

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Magreb atravessavam o deserto, debaixo de sol e tempestades de areia, para ministrar cursos
aos sudaneses.

A ascendência dos sábios e pregadores sobre os fiéis era imensa. Os marabus, por
exemplo, eram cumulados de favores pelos soberanos. Em que pese o fato deles viverem
como eremitas, levando uma vida ascética e de renúncia a qualquer conforto urbano, seus
familiares eram proprietários de vastos domínios e senhores de muitos escravos – o que nos
faz lembrar os privilégios obtidos pelo clero católico na Europa medieval. Nestas terras, o
controle do askia era muito mais nominal que real e, no plano econômico, simplesmente
inexistia. Mas não procuremos por semelhanças entre um e outro. Em que pese a existência
de tais similitudes, eram realidades distintas – senão no tempo, pelo menos no espaço.

No caso dos Cádiz, que participavam do conselho real, sentando-se ao lado dos
generais, até mesmo os askias e seus ministros curvavam-se, entre temerosos e reverentes,
diante de seus sermões. Estes altivos sacerdotes, quando recebiam a visita tanto de um
quanto dos outros, não se levantavam e sequer voltavam a cabeça para onde eles se
encontravam, sem demonstrar nenhum sinal de deferência. Uma pessoa comum, ou mesmo
alguém nobilitado, que tivesse tal comportamento diante do askia, encontraria certamente a
morte. O cerimonial da sua corte exigia que todo visitante devesse se descobrir, prostrar-se e
cobrir a cabeça de pó quando estivesse diante dele. Quando a pessoa merecia um tratamento
especial, como no caso do comandante máximo do exército (dyna-koy ou balama), o pó era
substituído por farinha. Mas as outras regras do cerimonial eram mantidas ao pé da letra.

Este império estendeu-se incólume até o ocaso do século XVI. Produzindo riquezas e
despertando a cobiça dos vizinhos. Principalmente os do Magreb. Em 1591, o sultão do
Marrocos iniciou uma dura campanha na tentativa de conquistá-lo. Para isso, contou com um
amplo apoio dos europeus. De fato, dos 4.000 soldados que compunham as tropas invasoras,
apenas 1.500 eram marroquinos. Sem contar que o comando das operações foi entregue a um
eunuco espanhol, Djuder Pacha. O apoio dos europeus não era, obviamente, gratuito. E tinha
a ver com a segurança das suas próprias fronteiras.

Em que pese o fato dos invasores possuírem armas de fogo e até canhões, os songais
resistiram obstinadamente ao assédio. Porém, depois de quatro anos de luta renhida, o seu
último bastião de resistência ruiu diante do maior poder de fogo do inimigo. Com a conquista
marroquina, a cidade de Gao perdeu o controle político da região. E uma atomização sócio-
política tomou conta do vazio deixado pelo até então opulento reino. O Sudão entrou, assim,
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na dependência do Magreb. E em um lento processo de decadência. O frutuoso intercâmbio
comercial que se realizava pelas rotas caravaneiras do Saara perdeu sua intensidade. A
eclosão de fomes cíclicas e de epidemias, nos séculos XVI, XVII e XVIII, contribuiu
sobremaneira para a sua estagnação. Como escreveu Ki-Zerbo: “A partir daí, nada mais seria
como dantes. Estava virada uma página para o Oeste africano”.

2.8- Educação

Jené e Ualata reemergiram como grandes centros de erudição e religião e Tombuctu


ganhou fama de centro intelectual e rivalizou com outros centros no mundo islâmico; a
Universidade de Sancoré atraiu gente de várias partes do mundo que iam estudar várias
ciências (língua, política, medicina, estudos corânicos); emissários da Europa foram a
Sancoré para verificar suas bibliotecas com manuscritos consultados por matemáticos,
astrônomos, médicos e juristas. Patrocinou estudiosos locais com seu próprio tesouro e
elevou a inteligência muçulmana na classe feudal ao dar-lhes terras.

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3- CONCLUSÃO

Esta pesquisa foi de grande importância, visto que trouxe um estudo mais
aprofundado sobre a África Pré-colonial; o grande reino de Songhai; suas religiões,
economia, educação, política e sua história.

Assim, podemos dizer que o império do songhai foi um dos reinos forte continente
África que existiu durante muito tempo.

Deste modo, o Império Songai (também conhecido como Songhay, c. 1460 - c. 1591
EC) substituiu o Império de Mali (1240 - 1645 EC) como o estado mais importante da África
Ocidental (cobrindo o sul da moderna Mauritânia e Mali). Originando como um reino menor
na margem leste da curva do Rio Níger c. 1000 EC, os Songai expandiram dramaticamente
seu território a partir do reinado do Rei Suni Ali (1464 - 1492 EC). Com sua capital situada
em Gao e gerenciando o controle do comércio transaariano por centros tais como Timbuktu e
Djenne, o império prosperou ao longo do século XVI EC até que, dilacerado por guerras
civis, foi atacado e absorvido pelo império marroquino c. 1591 EC.

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REFERÊNCIAS

COSTA, Ricardo. A expansão árabe na África e os Impérios Negros de Gana, Mali e


Songai (séc. VII-XVI). In: NISHIKAWA, Taise Ferreira da Conceição. História Medieval:
História II. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. Disponível em:
<http://www.ricardocosta.com/artigo/expansao-arabe-na-africa-e-os-imperios-negrosde-gana-
mali-e-songai-secs-vii-xvi>. Acesso em: 15 de maio de 2015.

MAESTRI FILHO, Mário J. História da África negra pré-colonial. Porto Alegre: Mercado
Aberto, 1988.

KI-ZERBO, Joseph. História da África Negra. Op. cit., p. 185.

MENTA, Thiago. África Pré-Colonial. (9h49min). Disponível em:


<www.youtube.com/watch?v=39jQbxNP1z8>. Acesso em: 20 abr. 2015.

_____________História da África: relações entre os reinos Songai e Mali. 2014c.


Disponível em: <http://fahupe.blogspot.com.br/2014/07/historia-da-africa-relacoes-entre-
os.html>. Acesso em: 04 abr. 2015.

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