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INSTITUTOSUPERIORMUTASA

DELEGAÇÃODEMANICA

ENSINOÀDISTÂNCIA

II Trabalho

Cadeira: História de Moçambique

Tema: Estado do Mwenemutapa.

Discente: Obeti Sitoi João

Docente: Mário Simões Tausene

Manica, Setembro-2023
INSTITUTO SUPERIOR MUTASA

DELEGAÇÃO DE MANICA

ENSINO À DISTÂNCIA

Curso: Licenciatura em ensino de Historia e Geografia

Tema: Estado do Mwenemutapa


Ano: 1⁰

Cadeira: História de Moçambique

Docente: Mário Simões Tausene

Manica, Setembro-2023
Conteúdo

1.Objetivos 1.1.1 Geral................................................................................................................................4


Metodologia o.............................................................................................................................................4
Resumo....................................................................................................................................................5
Introdução...................................................................................................................................................6
O Estado Muenemutapa..............................................................................................................................7
Origem.........................................................................................................................................................7
Processo da Formacão.............................................................................................................................8
Organização Socio-politica do Imperio................................................................................................8
Organização político-Administrativa............................................................................................................8
Ideologia do Estado...................................................................................................................................11
Actividades económicas do Estado do Mwenemutapa.............................................................................11
Causas da Sua Decadência.........................................................................................................................12
Conclusão..................................................................................................................................................13
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................................................14
1.Objetivos
1.1.1 Geral:
✓ Compreender o surgimento a organização socioeconómica, política, cultural e ideologia do
Estado do Mwenemutapa
1.1.2 Objetivos Específicos:
✓ Explicar as causas que levaram o surgimento e do Estado do Mwenemutapa;
✓ Caracterizar as actividades económicas desse Estado;
✓ Descrever a organização política, social e sua ideologia.

Metodologia
A metodologia para elaboração deste trabalho sobre o Estado de Mwenemutapa exigiu a
recorrências de certos manuais e sobre alguns conteúdos não encontrados em manuais físicos, fiz
a busca dos mesmos na internet “Google” e claro, o conteúdo mínimo dos Planos estabelecido
com Política Nacional de Educação em Moçambique para fornecer um trabalho de simples
compreensão.
Resumo
A história de Moçambique é marcada por fases distintas, incluindo a pré-colonial, colonial e
póscolonial. Mais especificamente, segundo as fontes escritas, reforçadas pelas evidências
arqueológicas, o Estado pré-colonial de Mutapa, estabeleceu-se no norte do planalto do
Zimbabwe, estendendo a sua influência até as áreas drenadas pelo Rio Zambeze, incluindo
Moçambique. A ascensão do Estado de Mutapa nesta região, coincide, igualmente, com a
penetração portuguesa no seu interior, na busca do ouro trocado por panos e missangas, no
contexto do comércio a longa distância com o Índico, facilitado pela navegabilidade do Rio
Zambeze. O facto caracteriza o fenómeno conhecido por capital mercantil Português, que
também esteve na origem do declínio do Estado de Mutapa.

Assim, o presente trabalho visa compreender a influência do Estado de Mutapa no Vale do


Zambeze, em Moçambique, através da análise do Zimbabwe de M’bire Nhantekwe que, do ponto
de vista arqueológico, pode ter sido uma das principais capitais do Estado de Mutapa, nesta
região. Para tal, uma descrição da identidade arqueológica do Estado de Mutapa foi levada a
cabo, para compreender como o tema é abordado e compreendido no Livro Escolar, em
Moçambique.

Para o alcance deste objectivo, foi analisado o materialismo histórico mencionado por Nogueira
da Costa. Por outro lado, a descrição dos trabalhos arqueológicos foi levados crucial para a
comparação das fontes existentes sobre o tema, em Moçambique e como o Estado de Mutapa é
abordado no livro escolar. Os resultados obtidos, de certa maneira, contribuem para o
aprofundamento da interpretação sobre a formação e administração do Estado de Mutapa no
modelo de ensino escolar em Moçambique.
Introdução
A influência do famoso Estado histórico de Mutapa originário do planalto do Zimbabwe, fez-se
sentir no Vale do Zambeze em Moçambique, onde algumas capitais são conhecidas na
documentação histórica, mas ainda a precisarem de confirmação arqueológica. Nogueira da
Costa (1980) é um historiador que procurou entender as causas do declínio do Estado de Mutapa,
usando o método de análise do materialismo histórico ligado ao Marxismo-Leninismo, que foi
implementado em Moçambique.

Os trabalhos arqueológicos realizados a norte do planalto do Zimbabwe ajudaram a perceber as


origens do Estado de Mutapa, a partir do Grande Zimbabwe, numa sequência cronológica
determinada a partir do século XVI (Pikirayi 1993).

Neste presente trabalho irei abordar o seguinte tema: o Estado dos Mwenemutapa onde dentro
dele iremos encontrar a sua origem, as actividades económicas, a organização político-
administrativa, a estrutura socioeconómica, a ideologia, a decadência e os seus factores.
O Estado Muenemutapa

Origem
O Estado Mwenemutapa nasceu do deslocamento de parte da população do grande Zimbabué
para o vale do Zambeze, sob a direcção do clã Rozwi. Da desintegração do grande Zimbabué
nascem dois Estados;

A população que ficou na região do grande Zimbabwe Estado do Zimbabué sob adirecção do

clã Torwa, formou o Estado de Torwa, com capital em Khami:

A população que se deslocou para a região do vale do Zimbabwe, sob a direcção do clã Rozwi,
chefiado por Mutota, formou o Estado do Mwenemutapa, por volta de 1450, com capital em
DANDE ou Zuangombe, localizada entre os rios Mazoe e luia.O Estado dos Mwenemutapas
nasceu da desintegração do Estado do Zimbabué, por volta de1450. Os mwenemutapas (Mutota e
mais tarde Matope), organizaram um imenso território, cujos limites se estendiam do grosso
modo do Zambeze ao limpopo e do Oceano Indico ao deserto do Kalahari. Foram varias as
razões que levaram o Nyantsimba Mutota a transferir o seu Estado, do Zimbabwe para o vale do
Zambeze como:

✓Os conflitos frequentes entre os chefes dos Clãs Rozwi e Toswa devido ao controlo do
comércio na costa;

✓A procura de terras ferteis para a agricultura;

✓O aumento da População numa região pouco fertel; e

✓A necessidade de trocas comerciais com os Arabes no vale do Zambeze.

Processo da Formacão
O processo da formacção do Estado Muenemutapa baseou-se nas violentas campanhas
militares,tendo conquistado e submetido maior parte das populações dos pequenos reinos
anteriormente existentes no vale do zambeze. Assim tornou-se o Chefe dos Muenemutapa.
Organização Socio-politica do Imperio

Com a morte de Mutota, sucedeu o seu Filho Matope, quem tornou o Estado cada vez
maisamplo, conquistando e submetendo em Estados vassalos como: Barue, Manica,
Sedanda,Quissanga, Quiteve, Maungwe, entre outros inferiores.

Os seus chefes pagavam tributos ao Muenemutapa reinante e quando subiam ao poder eram
confirmados por este.

Organização político-Administrativa
O poder central localizava-se entre os rios Luía e Mazoe e estava circundado por uma cintura de
Estados vassalos ou satélites, entre os quais se encontravam sedanda, Quissanga, Quiteve,
Manica e Báruè Maungwe, alem de outros.

As classes dominantes desses Estados, constituídas por parentes dos Mwenemutapas e por estes
nomeados, tinham a tendência de se rebelar quando o poder central enfraquecia.

A estrutura política administrativa dos Mwenemutapa era representada da seguinte


maneira: Mwenemutapa (chefe supremo), era o chefe máximo com funções administrativas. Na
sua governação, o rei, contava com auxílio de três principais esposas (Mazarira, Inhahanda e
Nambuzia), que tinham funções importantes na administração do Império; Os nove altos
funcionários eram responsáveis pela defesa, comércio, cerimónias mágico-religiosas, relações
exteriores, festas, da corte; os mutumes (mensageiros) e os infices (guarda pessoal do soberano).
O Império era dividido em províncias e estas em aldeias. As províncias eram governadas pelos
familiares do soberano (filhos e sobrinhos), chamados de Fumos ou Encosses. As aldeias eram
dirigidas por Mukuru ou Mwenemuchas e geralmente era um ancião.
Mwenemutapa- chefe
supremo

Mazarira, Inhaahanda e Nambuzia


Mutumes - – as três principais mulheres do Infices -
mensageiros soberano, com funções importantes na guarda
Nove altos-funcionarios – responsáveis
pela defesa, comércio, cerimonias magico-
religiosas, relações exteriores, festas, etc

Mambos – chefes dos reinos conquistados

Fumos ou Encosses – chefes provinciais.

Mukuru ou Mwenemusha – chefes das mushas (comunidades


aldeãs).

Linhagem – unidade produtiva de base, constituída por parentes


consanguíneos.

Estrutura sócio-económica
Segundo Pereira (2000), a sociedade shona estava dividida em dois níveis sócio-económicos
distintos: a comunidade aldeã (musha ou incube) e a aristocracia dominante. A articulação entre
a aristocracia dominante e as comunidades aldeãs encerrava relações de exploração do homem
pelo homem, materializados pelas obrigações e direitos que cada uma das partes tinha para com a
outra.

Ele refere que as obrigações das comunidades aldeãs eram:


✓ Pagamento de impostos em trabalho:
✓ Mineração do ouro para alimentar o comércio a longa distância;
✓ Prestação de alguns dias de trabalho nas propriedades dos chefes;
✓ Construção de casas para os membros das classes dominantes;
✓ Transporte de mercadorias de e para os estabelecimentos comerciais.

Pagamento de impostos em géneros:


✓ Primícias das colheitas (tributo simbólico) e uma parte da produção (tributo regular);
✓ Marfim, peles e penas de alguns animais e aves, respectivamente;
✓ Material para a construção da classe dominante: pedras, palhas, etc..

Por sua vez, a classe dominante tinha a obrigação de:


✓ Orientar as cerimónias de invocação das chuvas;
✓ Garantir a segurança das pessoas e dos seus bens;

✓ Assegurar a estabilidade política e militar no território;


✓ Servir de intermediário entre os vivos e os mortos;
✓ Orientar as cerimónias mágico-religiosas contra as cheias, epidemias, calamidades naturais,
etc.

Ideologia do Estado.
A religião foi um factor integrador fundamental do sistema politico Shona propietario do“saber”,
garante da fecundidade da terra e depositários da ordem do mundo e os mwenemutapas
constituíam os antídotos mais eficazes contra o caos.Um culto forte entre os Shonas, era o
dedicado aos espíritos dos antepassados, os MUZIMU, que comportaria os antepassados de cada
um, bem como os antepassados de cada linhagem. Entre os MUZIMU, os mais representados e
temidos, eram o dos reis. O Muenemutapa para avaliar a sua autoridade no imperio, realizava
também uma cerimônia de fogo, que consistia anualmente em enviar emissarios para acender o
fogo nas muchas e em troca pagavam um tributo. Com isso o Muenemutapa tornava-se mais
respeitado, bem como a propriaclasse dominante e, a comunidade shona acreditava que o
Muenemutapa tinha um poder sobrenatural.O culto dos antipassados era uma das cerimonias
mais importantes no estado Muenemutapa pois:

✓ garantia o reforço do poder politico da aristocracia;

✓ reforço da coesão social das massas entre si, bem como destas com a aristocracia;
✓servia ainda para invocar a chuvas, bem como de intermediário entre os vivos e osmortos; e

✓com a morte do Muenemutapa, o poder era exercido por um individuo chamado Nevinga, que
era imediatamente executado após a eleição e sucessão do novo Muenemutapa; esta Fumos ou
Encosses, Mukuru ou Mwenemusha

Actividades económicas do Estado do Mwenemutapa


No estado dos (Mwene) mutapa praticava-se a agricultura de cereais como a mapira, a mexoeira
e o arroz. A caça, a pesca, o artesanato e mineração eram actividades complementares. A
mineração, por sua vez, era uma actividade importante porque contribuía para o desenvolvimento
do comércio e o artesanato. Era na mineração onde se extraía o ferro, o cobre e o ouro, que eram
utilizados para o fabrico de enxadas de cabo curto, machados e objectos de adorno. Com a
presença Árabe e mais tarde Portuguesa, os produtos de mineração foram transformados em
produtos de troca

A agricultura e a criação de gado eram as actividades mais dominantes no imperio, fora destas
praticavam em menor escala a pesca, artesanato, mineração e a caca. Mas é de frisar que a base
do seu comercio era o Ouro, trata-se duma questão de ordem dos ciclos de comercio em
Moçambique, pois o ciclo de ouro representa o primeiro ciclo de comércio em Moçambique,
seguido do ciclo de marfim, escravos e dasoleoginosas respectivamente.

Causas da Sua Decadência


A decadência do imperio Muenemutapa iniciou por volta de 1480, após a morte de
Matopedevido a vários factores dos quais se destacam:

✓Lutas pelo controlo do comércio;

✓A fixação de mercadores portugueses na costa moçambicano a partir de 1505, com aocupação


de Sofala, introduziu profundas transformações na estrutura socio-política eeconómica da
sociedade Shona, contribuindo para a decadência do EstadoMwenemutapas;

✓As lutas pela independência dos mambos sobre influência dos árabes favoráveis a
taisindependências uma vez que elas obteria vantagens no comércio do ouro como territóriodo
império;
✓ Traições por certos Mwenemutapas, especificamente o acordo do Mavura com os
portugueses;

✓A invasão dos povos nguni provenientes da Zululandia, liderados por Zuangendaba


eMzilikatzi;

✓A intervenção dos portugueses nos assuntos internos do estado e a intensa cristianização


prosseguida pelos missionarmos;

✓O desenvolvimento dos prazos no Vale do Zambeze.Essas lutas, invasões e traições


conduziriam a um enfraquecimento do império, situação quefavoreceu a sua dominação pelos
portugueses no discurso do sec. XVII .
Conclusão
Neste presente trabalho concluí que o Estado dos Mwenemutapas nasceu de desintegração do
Estado do Zimbabwe, por volta de 1450, e a sua base de sobrevivência era a agricultura,
pastorícia, mineração do ouro, artesanato e o comercio.

E a sua organização politica estava dividida por, Mwenemutapa que era o chefe supremo,
mambos, fumos ou emcosses mukuru ou mwenemusha e pela linhagem, a sua estrutura
socioeconómica esta dividida em dois níveis distintas: a comunidade aldeã (musha ou incube) e a
aristocracia dominante. A religião foi um factor integrador fundamental do sistema político
mwenemutapa.

Alguns factores, conflitos interdisnasticos contribuíram para a decadência dos Mwenemutapas.

Durante a elaboração do presente trabalho ficou claramente evidenciado que o Estado de Mutapa
é amplamente conhecido através das evidências históricas que englobam as fontes escritas e
orais, por tratar-se de um período recente e, que consequentemente, recebe pouca atenção
arqueológica, como em Moçambique. No entanto, mercê das investigações arqueológicas do
Estado de Mutapa no Zimbabwe, os seus resultados têm reflexos em Moçambique, Complexas e
o Surgimento do Urbanismo em Moçambique. Tal aspecto resulta do facto de que o Estado de
Mutapa teve influências directas no Vale do Zambeze, em Moçambique.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Beach, D. N. 1980. The Shona and Zimbabwe, 900-1850. Gwelo, Mambo Press.
Castelo, I. F. 2015. Traços da presença portuguesa no Vale do Zambeze entre os Sécs. XVI-XIX
à luz das pesquisas realizadas pela Brigada de Estudos de Pré-História e Arqueologia (JIU) entre
1971 e 1972. Portugal.
Costa, N. 1980. O Caso do Muenemutapa. Maputo: Caderno Tempo/Departamento de História
da Universidade Eduarte Mondlane.
Dicionário Enciclopédico Alfa. 1992. Lisboa: Publicações Alfa
Dallari, Dalmo de Abreu. 1991 Elementos de Teoria Geral do Estado. São Paulo: Saraiva.
Grilo, V. H. V. 1968. “Localização do Zimbabwe de M`bire Nhantekwe”. Revista Monumenta 4:
15-19.
Duarte, R.T. 1988. Arqueologia da Idade do Ferro em Moçambique (1974 a 1988). Perspectiva
do trabalho realizado. Trabalhos de Arqueologia e Antropologia, 4. Maputo: Departamento de
Arqueologia e Antropologia, Universidade Eduardo Mondlane.
Hall, M. 1987. The changing past: Farmers, Kings and traders in Southern Africa, 200-1860.
Cape Town: David Philip.
INDE, 2013. Atlas de Moçambique. Maputo: Editora Nacional de Moçambique Marconi, M. A
& Lakatos, E. M. 2003. Fundamentos da metodologia científica. 5. Ed. São Paulo: Editora Atlas.
.
Macamo, S. 2009. Pré-História de Moçambique (trabalho não publicado) Maputo, UEM:
Departamento de História

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