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Instituto Superior de Ciências e Educação a

Distância

Laina Elvira Felizberto Muanga

Gestão Financeira E Orçamental

Tema: Relevância do Planeamento Financeiro no Funcionamento das empresas Industriais

Tutor:

PEMBA
2021

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Laina Elvira Felizberto Muanga

Relevância do Planeamento Financeiro no Funcionamento das empresas Industriais.

Trabalho apresentado como composição da forma de avaliação na cadeira de Gestão Financeira


E Orçamental curso de Gestão de Recursos Humanos, do Instituto Superior de Ciências e
Educação a Distância

Tutor:

PEMBA
2021

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Índice

1. Introdução................................................................................................................................. 4
1.1. Objectivos ............................................................................................................................. 5
1.1.1. Objectivos gerais ............................................................................................................... 5
1.1.2. Objectivos específicos ...................................................................................................... 5
2. Referencial Teórico .................................................................................................................. 6
2.1. Planeamento financeiro ........................................................................................................ 6
3. Metodológia ............................................................................................................................. 9
4. Estudo de caso ........................................................................................................................ 10
4.1. Caracterização da empresa ................................................................................................. 10
4.2. Identificação das atividades e dos controles mantidos pela empresa ................................. 10
4.3. A implementação de um Planeamento financeiro na Gama Ltda ...................................... 12
5. Conclusão ............................................................................................................................... 16
Bibliográfia .................................................................................................................................... 17

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1. Introdução

A gestão de uma empresa é um dos aspectos que influencia sua continuidade. Entendê-la como
um sistema aberto parece ser um fator primordial para que seus gestores compreendam
claramente todas as variáveis inerentes ao negócio. A interpretação correta dessas variáveis e sua
posterior utilização no gerenciamento dependerão do grau de complexidade do ambiente em que
a empresa atua. Para que os gestores possam otimizar a qualidade de sua decisão precisam dispor
de técnicas de Planeamento e controle, a partir das quais terão condições de organizar
racionalmente os recursos organizacionais de que dispõe.

No contexto do Planeamento, uma variável importante a ser considerada é o aspecto financeiro.


A geração de resultados financeiros satisfatórios pressupõe o constante acompanhamento dos
elementos que o compõe. Para tanto, é recomendável a elaboração de um Planeamento financeiro
que contemple elementos essenciais do negócio como volume de vendas, custos, despesas,
investimentos, necessidade de capital de giro, dentre outros. O correto dimensionamento e
disposição desses elementos possibilitarão à empresa ter uma visão preditiva dos resultados,
possibilitando uma gestão mais eficaz.

Na reflexão acerca do Planeamento financeiro surge o orçamento empresarial como uma técnica
capaz de auxiliar os gestores a planejar as atividades da empresa e traduzi-las em uma visão
financeira. Esses valores possibilitam uma primeira avaliação de modo a ter-se uma razoável
certeza sobre a viabilidade das atividades e planos de ações previamente planejados. Warren
(2001, p. 179) descreve que “durante a fase de Planeamento do processo orçamentário, todos os
pontos de vista são considerados, as opções identificadas e as oportunidades de redução de custos
avaliadas. Esses esforços resultam em decisões mais acertadas”.

Considerando a importância do Planeamento financeiro para a gestão empresarial é que surge o


problema de pesquisa a ser respondido pelo estudo: como a implementação de um Planeamento
financeiro poderá contribuir para a melhoria do controle e da gestão da empresa?

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1.1. Objectivos

1.1.1. Objectivos gerais

• Analisar os processos e a forma de gestão da empresa com o intuito de identificar


como a utilização de técnicas de Planeamento financeiro poderia contribuir para a
otimização dos controles e consequentemente da gestão da empresa.

1.1.2. Objectivos específicos

• Identificar as atividades e as rotinas desenvolvidas na empresa;

• Verificar quais os controles existentes, em especial da área financeira;

• Analisar a possibilidade de implementação de um Planeamento financeiro a partir da


utilização de técnicas orçamentárias.

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2. Referencial Teórico

2.1. Planeamento financeiro

Em uma empresa, conforme destacam Iudícibus e Marion (2002), frequentemente os gestores


tomam decisões de distintas ordens, quase todas de grande relevância para o futuro da empresa.
Como o ambiente organizacional é cercado de variáveis internas e externas que influenciam as
decisões, a qualidade dessas será maior na medida em que os gestores conseguirem reduzir as
incertezas, o que pode ser possível com uma adequada base de dados e informações úteis e
tempestivas.

Os problemas empresariais são complexos e o gestor diariamente se depara com decisões que
podem vir a afetar os resultados positiva ou negativamente. Essas decisões podem estar
relacionadas a investimentos, preço dos produtos, custos, necessidade de capital de giro, níveis de
estoques, políticas de vendas, volume de produção, aspectos tributários, etc. Situações como
essas serão mais facilmente resolvidas se houver um Planeamento adequado e controles efetivos.

Para Gitman (2001) o Planeamento financeiro é um aspecto importante das operações da


empresa, porque mapeia os caminhos para guiar, coordenar e controlar as ações para atingir seus
objetivos. Dois aspectos-chave dos processos de Planeamento financeiro são: [a] Planeamento de
caixa, que está relacionado ao dimensionamento do fluxo de caixa da empresa; [b] Planeamento
de lucro, o qual envolve a preparação de demonstrações financeiras projetadas. Esses planos são
úteis para a gestão da empresa se utilizados de forma proativa, bem como podem ser requeridos
por instituições financiadoras de projetos de investimentos como comprovação da viabilidade do
negócio, por exemplo.

Gitman (2001), ao destacar a importância dos planos financeiros, salienta que os mesmos podem
ser de longo prazo, também conhecidos como estratégicos, abrangendo períodos de tempo que
podem ir de dois a dez anos, ou de curto prazo, em geral denominados de planos operacionais e
que normalmente são concebidos para o prazo de um a dois anos. Os planos financeiros de longo
prazo fazem parte de uma estratégia integrada, que juntamente com os planos de marketing e
produção, guiam a empresa em direção à realização de suas metas estratégicas. Por sua vez, os

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operacionais traduzem com muita precisão as atividades a serem desenvolvidas no período
seguinte.

No âmbito dos planos financeiros, o orçamento empresarial visa a traduzir financeiramente as


atividades planejadas para determinado período. Zdanowicz apud Lunkes (2007) cita que no
Brasil o orçamento passou a ser foco de estudos a partir de 1940, mas nem mesmo na década
seguinte ele foi muito utilizado pelas empresas. O orçamento só teve seu apogeu no Brasil a partir
de 1970, quando empresas passaram a adotá-lo com mais freqüência em suas atividades.
Contudo, as altas taxas inflacionárias influenciavam diretamente as projeções, especialmente de
longo prazo. A partir da vigência do real e da estabilização econômica, o orçamento passou a ter
um efeito mais positivo na gestão das empresas, pois é possível traçar projeções coerentes,
inclusive para períodos mais longos.

Tavares (2000) define que no orçamento, cada área reflete sobre seu papel no futuro da empresa,
materializando-o em objetivos e ações que pretende desenvolver no sentido de alcançá-los. O
componente final do plano de ação é o orçamento. Para Lunkes (2007) o orçamento pode ser
definido como um plano dos processos operacionais para um determinado período. Ele é uma
forma representativa dos objetivos econômico-financeiros a serem atingidos pela organização.

De acordo com Lunkes (2007), cada empresa usa um processo orçamentário diferente para a
implantação do orçamento. Esse fato deve-se às necessidades e expectativas relacionadas à sua
gestão, bem como de suas peculiaridades. Conforme Zdanowicz (2002), o período orçamentário
poderá ser entendido como o tempo que a empresa levará para realizar o seu ciclo operacional,
em termos de compras, produção, vendas e caixa. Acresce que existem outras formas mais ricas
na descrição do período orçamentário, em que se dispõem as etapas e os fatores envolvidos.

Especificamente em relação ao plano de produção, Lunkes (2007) descreve que envolve a


programação de uso da capacidade instalada, política de estoques, projeção das necessidades de
investimentos para atender o programa de vendas, eventuais equipamentos ociosos e o seu
destino, projeção dos custos variáveis e custos fixos, objetivos de produtividade considerada no
orçamento e outros itens eventualmente necessários. Certamente, como se pode perceber, a
organização racional dos diversos recursos da empresa é condição essencial para que os planos

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possam ser efetivados e gerem os resultados que se almeja. Financeiramente, todos os recursos
requeridos no processo da empresa serão visualizados no orçamento de caixa ou fluxo de caixa.

De acordo com Sanvicente e Santos (2006), a projeção do fluxo de caixa é uma atividade
indispensável para a grande maioria das instituições, podendo haver diferenças quanto ao modo
de formalizá-lo. Se considerar-se o contexto das pequenas empresas a projeção do fluxo de caixa
em geral não segue procedimentos técnicos, é sim empírica, está mentalizada pelo proprietário.
Entretanto, em empresas maiores, com estrutura administrativa formal, a projeção do fluxo de
caixa pode ser complexa, envolvendo conceitos técnicos contábeis, estatísticos, financeiros,
administrativos, etc. Essa projeção considera todos os elementos do plano operacional da
empresa, representando uma espécie de síntese do fluxo financeiro de entradas e saídas de
recursos

De acordo com o que aborda Zdanowicz (2002), uma primeira etapa na elaboração do orçamento
de caixa consiste em definir o horizonte de Planeamento em determinado número de períodos de
tempo. Em geral, o período orçamentário de caixa é determinado por dois fatores, o seu objetivo
específico e a natureza dos negócios da empresa. Assim, por exemplo, se o objetivo for investir
os excedentes de caixa, uma estimativa mensal subdividida em períodos semanais, auxiliará o
administrador financeiro a planejar os investimentos em curto prazo.

Um requisito para que as empresas possam manter um adequado nível de competitividade é ter
capacidade de investimento, o que remete ao orçamento de caixa. A necessidade e a real
possibilidade de se efetivar tais investimentos é um aspecto que deve ser bem gerido pela
empresa, pois estimativas erradas podem vir a comprometer os resultados financeiros esperados.
De acordo com o que afirma Lunkes (2007), o gerenciamento dos investimentos é fundamental
para o desenvolvimento e a concretização das metas orçamentárias.

Para Sanvicente e Santos (2006), a responsabilidade pela elaboração das projeções de resultados
e do balanço patrimonial pertence ao diretor de orçamentos. Tendo recebido todos os planos
parciais dos diversos departamentos, realiza-se uma análise individual a fim de verificar possíveis
divergências em relação às premissas orçamentárias utilizadas, erros de estimativa tanto relativa à
superavaliação quanto à subavaliação, dentre outras possibilidades. Uma vez equacionadas todas

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as situações, o orçamento projetado serve de base para a elaboração da projeção dos
demonstrativos financeiros.

3. Metodológia

Em relação aos objetivos da pesquisa, seguindo o que definem Marconi e Lakatos (2002),
classifica-se o estudo como exploratório. Esses são reconhecidos como investigações de pesquisa
empírica cujo objetivo é a formulação de questões ou de um problema, com tripla finalidade:
desenvolver hipóteses, aumentar a familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou
fenômeno para a realização de uma pesquisa futura mais precisa ou modificar e clarificar
conceitos.

Quanto aos procedimentos técnicos classifica-se como um estudo de caso, que conforme Gil
(2002) é uma modalidade de pesquisa amplamente utilizada nas ciências biomédicas e sociais.
Sendo a contabilidade uma ciência social, o método aplica-se também aos estudos da área. O
estudo de caso, de acordo com Gil (2002), consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou
poucos objetivos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento. Para efetivá-lo,
foram analisados documentos contábeis e financeiros da empresa, identificado por meio de
entrevista não estruturada realizada como o proprietário da empresa os processos existentes na
área produtiva e os controles mantidos pela empresa. Também foi utilizado como recurso de
pesquisa a observação participante.

Devido às características do estudo, o problema foi analisado de forma qualitativa. Raupp e


Beuren (2003, p. 92) destacam que “na pesquisa qualitativa concebem-se análises mais profundas
em relação ao fenômeno que está sendo estudado”. Por solicitação expressa do proprietário da
empresa, sua razão social foi preservada, denominando-a para fins desse estudo de Gama Ltda,
Definida a metodologia utilizada na pesquisa, a seguir apresenta-se o estudo de caso e os
resultados obtidos.

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4. Estudo de caso

4.1. Caracterização da empresa

A pesquisa foi realizada na empresa Gama Ltda, uma indústria que atua no mercado desde 2004,
sendo especializada na prestação de serviços da área náutica, produzindo kits para lanchas de 17
a 27 pés e veleiros. A empresa é familiar, constituída por um único dono, sendo de pequeno
porte. A empresa foi crescendo gradativamente à medida que seus produtos e serviços eram
sendo reconhecidos pelos clientes. Atualmente a empresa conta com dez funcionários,
distribuídos entre as atividades da área de produção e administrativa. O prédio no qual a indústria
está estabelecida é alugado, abrangendo uma área física de 800 m².
Pela característica do ramo em que atua, a produção da empresa é feita por encomenda. Os
clientes são tanto pessoas físicas proprietárias de lanchas e veleiros, bem como outras empresas
que adquirem alguns produtos ou solicitam a prestação de serviços de reparos, manutenção e
restauração. A produção de alguns itens é artesanal e personalizada conforme a demanda dos
clientes.

4.2. Identificação das atividades e dos controles mantidos pela empresa

Diante dos objetivos pretendidos pelo estudo, inicialmente foi realizado um diagnóstico com a
intenção de identificar as principais atividades e rotinas desenvolvidas na empresa, bem como os
controles internos mantidos. Com esse direcionamento foram realizadas observações e entrevista
com o proprietário da empresa, os quais passam a ser descritos. A empresa em estudo é familiar e
administrada pelo proprietário, possuindo uma estrutura administrativa muito enxuta.

Esse aspecto em termos de custos é interessante, contudo, em relação ao gerenciamento por vezes
é insuficiente e pode comprometer um melhor controle. Assim, verificou-se que a empresa possui
apenas um funcionário que executa o controle administrativo, sendo responsável pela
administração e pelo controle financeiro. A área que possui mais funcionários é a produtiva, a
qual tem seus processos bem definidos. A área de produção é dividida em setores de: [a]
acabamento e polimento, onde há um responsável e mais dois funcionários; [b] laminação, onde
há pelo setor um responsável e mais três funcionários; [c] almoxarifado tem-se um funcionário
para o controle de matéria-prima. Toda a programação da produção semanal é realizada pelo
proprietário da empresa, que distribui as atividades a serem desenvolvidas entre os setores através
de uma planilha com as peças e as quantidades que devem ser produzidas. Constatou-se que
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quando o proprietário está na empresa, na produção tudo é feito mais rápido e sem problemas
com as peças, porém, em sua ausência nem sempre ocorre o mesmo.

A venda de acessórios para barcos é realizada de acordo com um cronograma de pedidos


recebidos por demanda. A produção dos acessórios para barcos é por kits, os quais são compostos
por varias peças estruturais e de acabamento. São produzidos para quatro tipos de barcos
denominados de 270, 310, 340 e 410. Foi verificado também que o kit que tem mais saída é o
310, sendo que a maioria das peças desse kit pode ser utilizada para os outros barcos.

Em média são fabricados dois kits por semana. O pedido desses acessórios mantém-se inclusive
no inverno, sendo a demanda muitas vezes até maior que no mês de janeiro e fevereiro, pois no
período do verão os barcos já têm que estar em sua maioria pronto para entregar, pois é a época
de maior utilização pelos clientes. Os acessórios para barcos têm um peso padrão, onde sempre é
controlado o material certo para cada peça, que depois de pronta é pesada para ver se está dentro
das especificações. Em relação à qualidade o controle é muito rigoroso, sendo que antes dos
produtos saírem da empresa é primeiro verificado peça por peça para não entregar acessórios com
algum problema. Uma das grandes dificuldades de controle na área produtiva encontrada no
estudo é relativa ao desperdício de material que mostrou-se representativo.

Em relação aos procedimentos administrativos e de gestão, observou-se que a empresa conta com
alguns controles, mantidos em planilhas em Excel que auxiliam na gestão. A empresa tem uma
característica peculiar em relação aos estoques, pois toda a matéria-prima utilizada no processo
produtivo é fornecida diretamente pelos clientes. Cabe à empresa manter o controle dos materiais
de cada cliente em seu almoxarifado e a correspondente destinação ao processo produtivo. Os
estoques próprios da empresa são somente de materiais de uso e consumo como lixas, estopas,
etc. Devido a essa situação percebeu-se que em termos de estoques o controle é bastante simples
e pouco rigoroso.

Em termos financeiros a empresa possui controles básicos de contas a pagar e a receber, os quais
são mantidos em planilhas em Excel. Existe somente um funcionário responsável por essa área,
que realiza as tarefas de recebimentos e pagamentos. Em relação ao pagamento de contas como
água, luz, boletos bancários também são registrados em uma planilha. Contudo, a empresa não

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consegue ter de forma antecipada uma previsão de sobra ou falta de recursos, o que vem
dificultando a realização de investimentos. Referente às compras normalmente é feito a prazo e
quando o produto vem de fora do estado ou quando não são da região em que a empresa está
situada as compras são efetuadas à vista.

Em relação aos custos de produção a empresa possui alguns controles, especialmente da


necessidade de horas de trabalho para elaborar cada kit. Não foi observado nenhum procedimento
técnico de custos para fins de gestão. Na formação de preço observou-se que são analisados os
gastos de matéria-prima utilizado na fabricação de uma peça e também o tempo que levará para a
produção.

É verificado o custo com o pessoal e os custos fixos da empresa como água, luz e aluguel e se
chega a um custo do produto. E então se aplica a margem de lucro da empresa sobre os custos
para, assim, ter-se o preço do produto. Cerca de 90% da produção da empresa é relativo à
prestação de serviço de transformação, haja vista receber a matéria-prima dos clientes.

A falta de mensuração técnica dos custos de produção e/ou transformação faz com que o
parâmetro de preço utilizado pela empresa seja a comparação como o preço praticado por seus
concorrentes. Contudo, em termos de qualidade o gestor relatou ter um desempenho superior aos
seus concorrentes, o que seria percebido por seus clientes. Na empresa tem-se um controle de
qualidade, onde trabalha com um determinado custo de produto. Foi observado que para manter a
qualidade o custo é elevado. Mas que posteriormente gera uma margem de lucro positiva, pois as
peças têm um acabamento perfeito. Uma forma que a empresa encontrou para evitar desperdícios
e manter um padrão de qualidade é oferecer um treinamento antes da contratação de pessoal, pois
a maioria desconhece o seguimento. Sendo assim, a pessoa leva em torno de uma semana até
aprender a base da produção.

4.3. A implementação de um Planeamento financeiro na Gama Ltda

O fato da empresa não utilizar-se de técnicas de Planeamento financeiro fez com que se avaliasse
a possibilidade de implantação de um orçamento empresarial como meio de planejar suas
atividades e ter uma visão mais clara de seu fluxo financeiro. Não serão projetados valores nem
se tem a pretensão de implantar um modelo, mas sim discutir as possibilidades de implantação e

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os benefícios que a empresa poderia vir a obter tanto em termos de gestão quanto de otimização
dos recursos financeiros. Para a elaboração do orçamento, uma alternativa seria adotar as etapas
sugeridas por Figueiredo e Caggiano (2006), ilustrada na figura 1.
A figura 1 detalha o fluxo de informações a serem geridos e os recursos e atividades a serem
disponibilizados e coordenados. Todo o processo inicia a partir da projeção de vendas e a partir
daí as decorrências diretas do processo. São previstos os custos diretos e indiretos, os
investimentos, o custo dos produtos vendidos e por fim, tem-se o orçamento de caixa, que
propicia a empresa ter uma visão antecipada do seu fluxo financeiro, servindo como um
instrumento capaz de auxiliar o gestor na análise das necessidades ou excedentes de caixa.

Como a empresa é uma indústria de produtos náuticos, que possui um nicho de mercado bastante
seletivo, sua produção é por demanda. Não tendo produção em escala, de certo modo a projeção
das receitas fica dificultada. Nesse caso, acredita-se que o histórico do volume de vendas é uma
informação de grande valia para que possa haver o dimensionamento do faturamento anual da
empresa, embora possam ocorrer variações em relação à produção que foi utilizada como base

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para as projeções orçamentárias. Além disso, existem períodos de sazonalidade, nos quais a
produção tem queda de aproximadamente 40%.

O orçamento de produção servirá para a empresa dimensionar seu fluxo de produção frente a sua
capacidade produtiva, algo que deve ter relação direta com a projeção das vendas.
Diferentemente de outras indústrias, no Planeamento orçamentário da Gama Ltda não há
necessidade de projeção de compras de matéria-prima, pois todo o custo de aquisição não é da
empresa, pois o cliente fornece os produtos. Assim, essa é uma variável que de acordo com o
gestor da empresa não impacta seu Planeamento financeiro. O que a empresa precisa ter é a
estimativa de matéria-prima consumida em cada peça a fim de informar aos clientes a quantidade
necessária para a manufatura dos kits.

Na seqüência da projeção orçamentária da empresa uma variável que tem reflexo no Planeamento
é o custo com mão-de-obra direta. Este é o custo mais relevante que a empresa possui como pode
ser constatado na pesquisa, pelo fato de ser a transformação seu processo mais forte. Com isso
devem ser estimadas as horas de trabalho necessárias em cada etapa do processo produtivo dos
kits, o valor dos salários e a partir daí surgirá o orçamento de produção, onde haverá o
dimensionamento do desembolso com essa variável. Conforme sugerem Figueiredo e Caggiano
(2006), a projeção da mão-de-obra direta pode ser realizada por departamentos produtivos. Sendo
assim, é recomendável que seja projetado separadamente os custos dos departamentos de
laminação, acabamento e polimento, pois os processos e os tempos produtivos são diferentes, o
que influencia no custo final projetado.

Outra variável terá reflexos sobre o Planeamento orçamentário da empresa é o montante de


gastos com gastos indiretos de fabricação. Neste item poderão ser previstos os desembolsos com
ferramentas e materiais indiretos utilizados no processo produtivo, como as estopas e lixas, por
exemplo. Também deverão ser previstos custos fixos como depreciação de máquinas e
ferramentas e os salários dos supervisores de produção. Da mesma forma que os custos, as
despesas administrativas e de vendas também deverão ser orçadas. No caso da empresa em
estudo algumas das despesas identificadas foram: despesas com aluguel, salários administrativos,
despesas de manutenção, gastos com publicidade e propaganda, salários dos vendedores,
comissões, dentre outros elementos.
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Como a empresa preza pela qualidade dos produtos que industrializa é salutar que periodicamente
realize investimentos a fim de manter suas máquinas e equipamentos atualizados
tecnologicamente ou até mesmo investir no desenvolvimento de um novo produto para que no
período de baixa produtividade a empresa possa manter seu faturamento em níveis adequados.
Nesse sentido, seu Planeamento deve considerar desembolsos direcionados a esse fim. Para tanto,
utilizar técnicas de análise de investimentos a fim de avaliar a viabilidade econômico-financeira é
recomendável. Em termos de orçamentários, será necessário prever os desembolsos requeridos
pelo investimento, o que impactará no fluxo de caixa projetado.

Uma vez estando planejadas as receitas, custos e despesas da empresa, parte-se para o orçamento
de caixa, que é uma estimativa do fluxo de entradas e saídas de caixa que representará em termos
financeiros o nível de atividade previsto para o período orçado. Para um bom andamento de
controle do fluxo de caixa é necessário coletar dados específicos para levar a um melhor
acompanhamento das posições em relação clientes, fornecedores, etc. De acordo com Lunkes
(2007) o objetivo do orçamento de caixa é assegurar recursos monetários suficientes para atender
às operações da empresa estabelecidas nas outras peças orçamentárias. O orçamento de caixa está
sujeito a incertezas e falhas, sendo necessário ter uma margem de segurança que permita, assim,
atender a um eventual erro da previsão.

No caso da empresa em estudo, acredita-se que um benefício claro a ser obtido ao implantar-se
um Planeamento orçamentário será justamente a possibilidade de antever os resultados
financeiros de caixa, o que no momento não é possível. Aliás, essa é uma das dificuldades
gerenciais identificadas no estudo e que levou os gestores da empresa a pensar em utilizar
técnicas de Planeamento e gestão financeira, de modo especial seu desejo de dispor de um
orçamento.

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5. Conclusão

Com o intuito de apoiar o Planeamento empresarial o orçamento é de grande importância para


visar à racionalidade da tomada de decisões e contribui para as mudanças e inovações. O
Planeamento está relacionado a meta de melhorar a eficiência da produção, contribuindo
inclusive para a diminuição das perdas na produção. Em pequenas empresas um Planeamento
mais formal e técnico por vezes fica a margem das discussões centrais, haja vista o empreendedor
centrar sua atenção e esforços na busca diária por clientes. Então quando a empresa busca lucros,
retorno sobre investimento, metas de crescimento, a questão relativa ao Planeamento deve estar
bem definida. Com isso as pessoas e a empresa podem construir e escolher que tipo de futuro
deseja.

Pode-se concluir que a empresa necessita de uma sistematização de Planeamento e controle


visando à otimização do gerenciamento dos seus custos e do fluxo de caixa, antecipando
possíveis sobras de recursos que poderiam ser investidos na melhoria dos processos e da
estrutura, bem como identificar eventuais faltas de recursos que possam gerar situações
inesperadas que comprometam o funcionamento operacional. Em termos de gestão financeira os
resultados sugerem que a empresa tem um gerenciamento empírico, onde a aplicação de técnicas
contábeis e de apoio técnico gerencial vira a contribuir para a melhoria dos resultados. Acredita-
se que a projeção orçamentária irá auxiliar nesse processo, pois a empresa está bem estrutura em
sua produção, mas está com dificuldades em sua área de orçamento, de gestão financeira e de
fluxo de caixa. Com essa projeção é possível prever gastos e gerenciar cenários futuros de forma
eficaz.

Para futuros estudos sugere-se a realização de uma pesquisa ação onde sejam implantadas as
técnicas orçamentárias discutidas nesse estudo e avaliados os resultados práticos da aplicação na
empresa Gama Ltda. Também recomenda-se um estudo relacionado à área de custos, no qual
sejam discutidas as possibilidades de utilização de um sistema de custo padrão ou mesmo custeio
por atividades.

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Bibliográfia

FIGUEIREDO, S.; CAGGIANO, P. C. Controladoria: teoria e prática. 3. ed. São Paulo: Atlas,
2006.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.

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