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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

LICENCIATURA

Disciplina: METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

Temaꓽ importância da investigação científica na cooperação internacional

Discente: Docenteꓽ

Rosário Chavana Tutor Florentino Maria Lourenço

Maputo, Março de 2023


Introdução

A pesquisa científica proporciona a resolução de problemáticas relevantes para a sociedade. Ou


seja, os resultados de um estudo, publicados em artigos ou apresentados em congressos, têm o
mesmo objetivo: melhorar algum processo.

Por isso, é indiscutível a importância da pesquisa científica no país atualmente: melhorar a vida
em sociedade. Propulsionando, consequentemente, o desenvolvimento nacional.

A cooperação científica com Moçambique está consubstanciada em numerosas pesquisas


interuniversitárias e atividades de treinamento em setores como biologia, medicina, geologia,
agronomia, engenharia química e ambiental, planejamento territorial, educação, políticas de
gênero, antropologia, economia.

Objectivos

Geral

• Falar sobre a importância da investigação científica;

Específico

• Analisar e refletir sobre algumas facetas da cooperação Científica com Moçambique.

Metodologia

Na elaboração do trabalho tive como fonte de busca da informação os livros, manuais


encontrados na internet bem como manuais existentes na Biblioteca Virtual da UnISCED, com
objetivos de obter informações fiáveis para a entrega deste.
Importância da investigação científica

A ciência, assim como o desenvolvimento, são dois campos cuja definição não se mostra tarefa
fácil, sendo que ambos estão revestidos de contradição ou falta de consenso teórico.
Historicamente, ao abordar sobre o desenvolvimento faz-se referência primária para o campo
económico, sobretudo em oposição ao crescimento quantitativo de um determinado país.

Relativamente ao termo “ciência”, Fontaine (2008) sublinha que é emprestado do


latim scientia, significando “conhecimento” em sentido amplo, ou ainda “conhecimento
científico”, e tendo em conta os tempos clássicos o significado da episteme grega –
“conhecimento teórico”. Assim, ciência designaria primeiro um know-how obtido pelo
conhecimento agregado à habilidade, para então denotar, posteriormente, o conhecimento
adquirido em um objecto de estudo detalhadamente definido. A ciência, tanto do ponto de vista
teórico como teológico, designará cada vez mais um conhecimento perfeito, preciso, rigoroso
e mais preocupado com o formalismo (este formalismo que lhe será conferido, nos tempos
modernos, pelo uso generalizado da ferramenta matemática que permite equacionar métodos
de pesquisa e resultados).

Embora sem consenso, podemos afirmar que no sentido mais amplo, a discussão sobre ciência
é agregada numa tipologia onde temos:

• ciências naturais - física, química, ciências da vida, do universo e da saúde;


• ciências tecnológicas - comunicação e electrónica, sobretudo;
• ciências humanas e sociais - economia, sociologia, ciência política, antropologia,
história, geografia, psicologia, entre outras; ou ainda
• ciências exactas - matemática.

Segundo Chatelin (1986), ciência e desenvolvimento definem uma questão que parece bastante
clara. Para o autor, existe uma ideia amplamente aceite de que o próprio desenvolvimento deve
ser acompanhado e apoiado pelo progresso científico, embora alguns posicionamentos
discordantes às vezes sejam ouvidos. De facto, Chatelin avança que existe quem afirme que a
pesquisa baseada nas humanidades é completamente inútil em países sem desenvolvimento
avançado, dado que as necessidades são outras. Embora recorrente, consideramos que tal
proposição constitui um exercício teórico equivocado, pois está desprovida de uma convicção
real. Para nós, não se pode equiparar a ciência em função do seu peso ou falta dele.
Atrair os jovens para a pesquisa científica também se tornou um tópico de crescente
importância do ponto de vista da ciência. Por exemplo, nota-se que cientistas, economistas e
políticos em países como Estados Unidos da América vêm lamentando o número decrescente
de estudantes que escolhem uma carreira nas ciências naturais e exactas. A preocupação é com
a diminuição de potenciais cientistas e engenheiros, o que poderia dificultar o crescimento de
indústrias de alta tecnologia, particularmente biotecnologia e tecnologia da informação. A
questão de tornar a ciência e a pesquisa atraentes para os jovens gerou muitos debates sobre o
futuro da pesquisa em si, bem como das tecnologias relacionadas (Mervis, 2003; Moore, 2002).

Se tomarmos a nossa introdução sobre a definição de desenvolvimento e aplicar ao contexto


moçambicano, provavelmente não seja possível captar a real sensibilidade sobre o contributo
que existe para a ciência. Com a noção de liberdade acoplada ao desenvolvimento, fica-nos
como questão compreender de que forma o desenvolvimento pode ser relacionado com a
ciência. Porém, as advertências actuais para a ciência são numerosas. Sabemos, em primeiro
lugar, que a ciência não leva necessariamente ao desenvolvimento, que o tempo de resposta
pode ser longo, que apenas parte da ciência pode se tornar útil. Sabemos ainda que as aplicações
da ciência nem sempre são boas, a manipulação genética, por exemplo, é assustadora.

No caso de Moçambique, verifica-se a tendência de uma aposta baseada na ciência enquanto


técnica e prática, dentro de um prisma que pretende, de forma urgente, capacitar uma franja
populacional ávida em busca de sustento para alívio de pobreza que, tal como vista por Amartya
Sen (2001), é um empecilho para o desenvolvimento como liberdade. O tripé sobre jovens,
ciência e desenvolvimento em Moçambique é limitado pelo facto de existir uma preocupação
que toma a ciência enquanto um escopo técnico e prático, sem promover áreas que possibilitem
abordar a própria ciência por via de outras lentes, ou seja, ciência no plural.

Por um lado, a criação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, e


consequentemente do Fundo Nacional de Investigação (FNI), são disso um exemplo
eminentemente de aposta técnica, sobretudo quando o FNI se define como tendo a missão de
‘’(...) promover a divulgação do conhecimento científico, a investigação científica, a inovação
tecnológica e a formação de investigadores, contribuindo para o desenvolvimento
socioeconómico de Moçambique’’.

Por outro lado, podemos tomar como exemplo a criação da Secretária de Estado da Juventude
e Emprego, que toma a ciência como possibilitadora do desenvolvimento de capacidades de
uma franja da população, cuja necessidade laboral é premente – o que é feito através do
‘’empreendedorismo’’, formação e capacitação técnico-profissional. Dessa forma, a
abordagem sobre jovens, ciência e desenvolvimento deve ser feita tendo em conta a existência
de outras janelas em que a própria ciência pode ser aplicada, embora se reconheça a necessidade
de prover empregabilidade para esses mesmos jovens que enfrentam problemas de variada
ordem.

Cooperação Internacional

A ciência tem gênese nos antigos conselhos de sábios, que agrupavam filósofos, sacerdotes,
magos e escribas; e a tecnologia, enquanto área do saber relacionado ao aprimoramento de
artefactos que visavam conferir precisão às observações da natureza, aparece centenas de
milênios de anos após o homem ter descoberto a técnica. Durante o período helênico, a relação
entre ciência e tecnologia se acentuou e teve como evidência experimentos de termodinâmica
e hidráulica na Escola de Alexandria. A Idade Média, com sua prevalência do paradigma
escolástico, não foi pródiga nesta relação, provocando uma descontinuidade, embora se registe
a descoberta e o desenvolvimento de inúmeros artefactos, sobretudo visando poupar força de
trabalho, bem como a experiência das guildas medievais, que eram, ao mesmo tempo, uma
escola de aprendizado tecnológico e reduto de cooperação internacional de saber (EPSTEIN;
PRAK, 2009)

Não há consenso na literatura quanto ao conceito de cooperação internacional. Num plano


geral, cooperação corresponde a uma atividade conjunta para cujo resultado concorrem atores
que se movem por interesses não predominantemente pecuniários, cada um concebendo-se
como agente e não mero recetor da atividade.

A partir do final da Segunda Guerra Mundial, surge a "cooperação para o desenvolvimento"


(CID). Voltado para metas comuns fundamentadas em critérios de solidariedade, equidade,
eficácia, interesse mútuo, sustentabilidade e corresponsabilidade, o Sistema de Cooperação
Internacional para o Desenvolvimento (SCID) configura-se como uma ampla rede de
organizações de diversas naturezas, entre elas organismos internacionais, como o Fundo
Monetário Internacional e o Banco Mundial, governos, instituições públicas, organizações não
governamentais (ONGs), empresas e outras entidades da sociedade civil que planejam e
executam ações de cooperação no âmbito internacional, o que inclui uma extensa rede
multilateral de financiamento e cooperação ao desenvolvimento. O SCID engloba estratégias,
recursos e ações lastreadas nos princípios e regras dos vários ramos do Direito Internacional,
do Direito ao Desenvolvimento e dos Direitos Humanos.
Neste sentido, a finalidade primordial da CID deve ser a erradicação da pobreza, do
desemprego e da exclusão social, bem como o aumento dos níveis de desenvolvimento político,
social, econômico e cultural nos PVDs, alguns destes hoje preconceituados quanto ao estágio
e atuando também como doadores na arena internacional.
Conclusão

Sabendo-se que a cooperação internacional pode tornar-se elemento importante da estratégia


de desenvolvimento tecnológico autônomo de um país, e diante das questões ora discutidas, é
imperativa uma profunda reflexão sobre a política externa que se deve elaborar e implementar
nas modalidades de cooperação científico-tecnológica e técnica para o país. É patente que a
dinâmica científico-tecnológica influenciará cada vez mais os caminhos da economia mundial
e sua movimentação será refletida em todos os aspectos internacionais, o que engendra um
imprescindível agenciamento da temática científico-tecnológica por toda interface de atuação
externa.

Por fim, que Moçambique padece de um dilema que pode ser resumido na incapacidade em
promover a ciência para além do suprimento das necessidades dos jovens, razão pela qual
questiona-se sobre como estabelecer o equilíbrio entre a necessidade de sobrevivência, sem
excluir a aposta na ciência.

No contexto de uma sociedade que sofre com um momento pandêmico e com os males da vida
moderna, cientistas e pesquisadores são os profissionais nos quais vemos esperança.

A pesquisa científica deve ser algo incentivado pelas universidades e governo. E os


profissionais que trabalham por trás dessas exaustivas jornadas, devem ter o reconhecimento e
incentivo.

A importância da pesquisa científica na sociedade é gigante. Há uma necessidade permanente


de avanços na saúde, tecnologias e demais áreas do conhecimento. Por isso, incentivar e
premiar os profissionais que dedicam a vida a melhorar a nossa vida é essencial.
Bibliografia

Fundo Nacional de Investigação (FNI) – https://fni.gov.mz/sobre-fni/

https://ambmaputo.esteri.it/ambasciata_maputo/pt/i_rapporti_bilaterali/cooperazione%20scie
ntifica

AKESSON, Gunilla. Swedish Support to the Education Sector in Mozambique - A


retrospective review. Maputo: Embaixada Sueca em Maputo, 2004.

https://unileao.edu.br/blog/importancia-da-pesquisa-cientifica/

Chatelin, Y. (1986), La science et le développement. L’Histoire peut-elle recommencer ?,


In: Tiers-Monde, tome 27(105).

Csermely, P. (2003), Recruiting the younger generation to science, EMBO reports, 4.

Mervis, J. (2003), Down for the count?, Science, 300.

Moore, A. (2002), What you don't learn at the bench, EMBO reports, 3.

Sen, A. (2001), Development as Freedom, OUP Oxford, new edition.

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