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Inelda Alves Missomal

O CONTRIBUTO DA ECONOMIA INFORMAL NAS CONTAS NACIONAIS - CASO DE


MUNICÍPIO DE NAMPULA (2015 – 2017)

(Licenciatura em Economia com habilitações a Planificação Económica)

Universidade Pedagógica
Nampula
II

2019
I

Inelda Alves Missomal

O CONTRIBUTO DA ECONOMIA INFORMAL NAS CONTAS NACIONAIS - CASO DE


MUNICÍPIO DE NAMPULA (2015 – 2017)

Monografia científica apresentado ao


Departamento de Contabilidade e Gestão,
para a obtenção do grau académico de
Licenciado em Economia; Supervisor: dr.
Elmano F. C. Mendes

Universidade Pedagógica

Nampula

2019
II

ÍNDICE

LISTA DE TABELAS..............................................................................................................IV
LISTA DE GRAFICOS/MAPAS/.............................................................................................V
LISTA DE ABREVIATURAS.................................................................................................VI
DECLARAÇÃO......................................................................................................................VII
DEDICATÓRIA....................................................................................................................VIII
AGRADECIMENTOS.............................................................................................................IX
RESUMO...................................................................................................................................X
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO................................................................................................11
1.1. Objectivo do Estudo.......................................................................................................12
1.1.2. Objectivo Geral...................................................................................................12
1.1.3. Objectivos Específicos........................................................................................12
1.2. Justificativa....................................................................................................................12
1.3. Problematização.............................................................................................................13
1.4. Hipótese.........................................................................................................................13
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA.......................................................................14
2.1. Sector Informal..............................................................................................................15
2.2. História de Economia Informal......................................................................................19
2.3. Contas.............................................................................................................................21
2.4. Contas Nacionais............................................................................................................21
2.4.1. Marco de Compilação das Contas Nacionais......................................................21
2.5. Estrutura Contável..........................................................................................................21
2.5.1. Quadro Económico Integrado.............................................................................22
2.5.2. Contas dos Sectores Institucionais......................................................................22
2.5.3. Quadros de Recursos e Empregados...................................................................22
2.6. Métodos de Calculo da Economia Informal segundo o SCN........................................22
2.7. A Economia Informal no Âmbito das Contas Nacionais em Moçambique...................23
CAPÍTULO III: METODOLOGIA..........................................................................................26
3.1. Tipos de Abordagem......................................................................................................26
3.2. Técnicas de Pesquisa......................................................................................................26
3.3. População em estudo e tamanho da amostra..................................................................27
3.4. Dados da Pesquisa..........................................................................................................27
3.5. Ferramenta de análise e software usados.......................................................................27
III

CAPÍTULO IV: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS............................................28


4.1. Breve Historial do Conselho Municipal da Cidade de Nampula...................................28
4.1.1. Visão...................................................................................................................28
4.1.2. Missão.................................................................................................................28
4.1.3. Valores................................................................................................................28
4.4. Estimativa do Valor Acrescentado por Sector...............................................................33
4.5. Aspectos Relevantes das Estimativas do Sector Informal.............................................35
4.6. Validação das Hipóteses................................................................................................37
CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES/SUGESTÕES...............................38
5.1. Conclusões da Pesquisa.................................................................................................38
5.2. Recomendações/ Sugestões............................................................................................38
REFERÊNCIAS........................................................................................................................40
IV

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Tipologia da Economia não Observada ……………………………………...……14


Tabela 2: Aspectos Determinantes da Delimitação do Sector Informal………………...……17
Tabela 3: Critérios de definição do Sector Informal …………………………………………18
Tabela 4. Cadastro Central de Empresas 2015 ………………………………….……………
30
Tabela 5. Distribuição % do Valor Acrescentado, por Sector, 2017 ………………………...33
Tabela 6: Distribuição do Valor Acrescentado por Ramos de Actividade, 2015 ……………35
V

LISTA DE GRAFICOS/MAPAS

Gráfico 1: Distribuição da Produção Empresarial e Familiar, por Sector 2016 …………...…


32
Gráfico 2: Estrutura % Produção por Sector, em Relação ao Total do País, 2015 ………..…33
Gráfico 3: Estrutura do Valor Acrescentado, 2017 ……………………………..……………34
VI

LISTA DE ABREVIATURAS

CIET – Conferencia Internacional de Estatística de Trabalho

CMCN – Conselho Municipal da Cidade de Nampula

INE – Instituto Nacional de Estatística


IOF – Inquérito sobre Orçamento Familiar

NOE – Non Observed Economy (economia não observada)

OIT – Organização Internacional de Trabalho

PIB – Produto Interno Bruto


SCN - Sistema de Contas das Nações Unidas
VII

DECLARAÇÃO

Declaro que este trabalho é resultado da minha investigação e das orientações do meu
supervisor. O conteúdo deste é original e todas fontes consultadas estão devidamente
mencionadas no texto e na referência bibliográfica.

Declaro ainda que, este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra ocasião para efeito da
obtenção de qualquer grau académico.

Nome da Autora

______________________________________

(Inelda Alves Missomal)

Data:

Nome do Supervisor

_______________________________________

(dr. Elmano F. C. Mendes)

Data: _____/_____/2019
VIII

DEDICATÓRIA

Aos Meus estimados progenitores Alves Missomal e


Inês Margarida Paulo Nunes por serem a razão da minha
existência, e pelo apoio incondicional

Ao meu marido Milton Correia Jafar e a minha filha


Adriano Milton Correia Jafar pela inspiração

E aos meus irmãos pelo encorajamento

A todos muito obrigado


IX

AGRADECIMENTOS

Chegado ao fim de mais um percurso académico, agradeço a Deus pela protecção e força que
me concedeu durante os cinco anos.

Expresso o meu singelo agradecimento ao meu supervisor e orientador do presente trabalho,


dr. Elmano Mendes pelo empenho e orientação metodológica.

De forma especial e honrosa, agradeço aos meus progenitores, Alves Missomal e Inês
Margarida Paulo Nunes pelo apoio incondicional na minha vida e aos meus irmãos, tios, tias,
primos, primas, a todos amigos e colegas.

Os meus agradecimentos estendem-se aos docentes da UP – Delegação de Nampula, que


deixaram marcas indeléveis na minha vida académica e que me nutriram de conhecimentos e
foram companheiros na longa estrada em busca do saber, com principal enfoque para o dr.
Elmano Mendes.
X

RESUMO
A abordagem da economia informal nas contas nacionais cuja complexidade se multiplica ao
longo dos tempos. O seu desenvolvimento histórico relaciona-se a vários factores sócio-
político, sócio-económicos e culturais. Embora não se tenha um claro entendimento da
dimensão do sector informal, é unânime que constitui uma importante parte da economia. Em
Moçambique não existe um critério harmonizado de medição do sector informal, daí a
necessidade de desenvolvimento sistemático de estudos, pesquisas, investigação e
estabelecimento de metodologias adequadas que sustentem análises contínuas no tempo. Este
estudo apresenta uma proposta de metodologia para a medição do sector informar com
recurso ao Sistema de Contas das Nações Unidas (SCN). Usando as recomendações do SCN,
o objectivo foi de apresentar uma definição operativa de sector informal, estimar a sua
contribuição económica na produção e no valor acrescentado do país. Foi também estimada a
contribuição deste sector no emprego. Para o efeito assumiu-se que o sector informal é parte
da produção familiar não agropecuária.

Palavras-chave: economia informal, contas nacionais, sistema de contas nacionais


11

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

Como é evidenciado na literatura consultada, a economia informal vem conhecendo uma


rápida disseminação em muitas partes do Mundo, com particular realce para os países da
África Subsaariana. Moçambique não foge a regra chegando mesmo alguns autores, como,
por exemplo, de Vletter, a considere como um dos países cuja sector informal vem
conhecendo um dos mais rápidos crescimentos principalmente na década de 90 (de Vletter
1996, p. 11). Uma das questões que também é evidenciado na literatura consultada, e que
normalmente é tida em conta para fins de operacionalização da definição sobre o sector
informal tem a ver com as características específicas que o sector informal tem a ver com as
características específicas que o sector informal pode apresentar de acordo com as realidades
de cada país.

Um dos grandes objectivos macroeconómicos quando se estuda o sector informal tem a ver
com o preço ou contribuição que as actividades económicas nos países desenvolvidas tem
sobre o PIB e sobre outros indicadores macroeconómicos, tais sejam, emprego, rendimento,
inflação, níveis de consumo e poupança. Trata-se, entre outras coisas, de saber medir e incluir,
com certo graus de fiabilidade, a economia informal nas contas nacionais.

Como foi referido de inicio, muitos países em desenvolvimento enfrentam o crescimento e


proliferação de actividades económicas informais não registadas e um desconhecimento do
volume de transacções aí envolvidas o que, ate certo ponto, distorce as estatísticas nacionais e,
como resultado, a política prescrita poderá ser mal guiada, não indo ao encontro dos
objectivos desejados e, nalguns casos, levando a efeitos adversos (Saeed, 1995, p.2). Nesse
sentido, a parte relativa ao sector informal e as contas nacionais irá enaltecer a importância
das consequências estatísticas da economia informal e apresentar o peso do sector em varias
economias, particularmente africanas e o modo como esses valores são estimados e o impacto
que têm na formulação de políticas macroeconómicas tanto pelas autoridades internas, como
pelas instituições que prestam ajuda, como, por exemplo, o Banco Mundial.
12

1.1. Objectivo do Estudo

1.1.2. Objectivo Geral

 Analisar o contributo da economia informal nas contas nacionais caso de Município de


Nampula.

1.1.3. Objectivos Específicos

 Identificar os métodos da medição do sector informal no âmbito das contas


nacionais de Moçambique;
 Descrever procedimentos metodológicos para o enquadramento do sector informal
em Moçambique, dentro do esquema de compilação do sistema de conta Nacional;
 Apresentar o Contributo da economia informal nas contas nacionais.

1.2. Justificativa

Essa pesquisa se demostra relevante, na medida em que o contributo da economia informal


nas contas nacionais tem se mostrado muito importante para economia nacional. As
actividades são caracterizadas por baixo nível de organização com divisão limitada ou
inexistente entre o trabalho e o capital, e relações de trabalho geralmente baseadas em
colaboração ocasional, de relação familiar ou de amizade, ao invés de contractos formais.

Do ponto de vista teórico, a importância do tema em análise decorre pelo facto de ser um
tema pouco estudado e consequentemente escassearem estudos focalizados e aprofundados
sobre a economia informal em Moçambique.

Do ponto de vista prático, o motivo da escolha do tema move-se pela inquietação de querer
compreender até que ponto o contributo de economia informal nas contas nacionais podem
permitir ao município ofertar serviços cada vez melhor aos seus munícipes, numa situação em
que a maioria dos municípios apresentam um défice orçamental resultado de uma fraca
contribuição do sector informal e da consequente dependência de financiamento por parte dos
Doadores.

Por sua vez, a escolha do local está relacionada com a falta de recursos financeiros para se
deslocar a outros municípios, por conta disso escolheu-se município de Nampula por estar
relativamente próximo em relação aos outros.

No que concerne a relevância do ano, escolheu-se este período (2015-2017) por ser neste
período que é possível ter informação consistente que nos permita colher dados fiáveis para a
nossa análise.
13

1.3. Problematização

Na elaboração das contas com base no Sistema de Contas Nacionais devem-se cumprir certas
regras e procedimentos padronizados dado o seu carácter de comparabilidade internacional.
Em resposta a esta particularidade do sistema, na sua implementação é considerado um
conjunto de parâmetros que orientam a elaboração das contas.

Dada a sua flexibilidade o Sistema de Conta Nacional permite adequar o nível de


desagregação e analise às necessidades do país e as suas possibilidades e de acordo com a
disponibilidade de dados para a produção estatística.

É unânime que a dimensão e importância do sector informal na economia Moçambicana tem


vindo a crescer nos últimos anos. A título de exemplo, Abreu (1994), num estudo que utilizou
uma abordagem monetária, apresenta uma avaliação do peso do sector informal na economia,
segundo o qual 30% do PIB em 1987 e 48% em 1993 e em fim 50% em 1995 constituiu a
economia informal. Por mais indicativos que sejam estas e outras estimativas, todavia não é
ainda possível definir com certeza a contribuição do sector informal em Moçambique.

Diante deste cenário surge a seguinte questão: Qual é o contributo de economia informal nas
contas nacionais?

1.4. Hipótese

A economia informal pouco contribui para as contas nacionais.


14

CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA

A abordagem do sector informal não é nova na esfera académica. Data de há muitos anos,
tanto em países desenvolvidos como nos em desenvolvimento. Este conceito é destacável por
se observar que as economias dos países não são só constituída por indivíduos que trabalham
no sector informal, mas também por aqueles que operam informalmente, principalmente nos
países em desenvolvimento. Segundo INE (2009, p.30), o conceito do sector informal surge
na década de 1970, quando a literatura económica lançou a ideia de que as sociedades em
estágios iniciais do processo de desenvolvimento apresentavam uma natureza dualista.

Esta dualidade, segundo INE (2009, p.55), traduz-se, por um lado em um sector moderno com
rápida difusão do progresso técnico e altas taxas de crescimento, e por outro, em um sector
arcaico, tradicional, com baixos níveis de produtividade. A premissa básica era de que a
natureza dualista das sociedades subdesenvolvidas era um fenómeno transitório, em que o
sector informal deveria desaparecer naturalmente, incorporando-se na formalidade.

Nos países em desenvolvimento o sector informal constitui uma parte relevante da economia,
e de acordo com o Manual para a Medição da Economia Não-Observada –NOE (OCDE,
2002) citado por INE (2006, p.40), o sector informal é visto como um elemento da economia
não (directamente) observada (NOE), que pode se apresentar como forma de economia ilegal,
subterrânea e informal.

Tabela 1: Tipologia da Economia Não Observada


Economia Ilegal Economia Subterrânea Economia Informal

Actividades proibidas por lei Actividades legais Actividades caracterizadas


ou que, mesmo sendo legais, desconhecidas pelas por baixo nível de
se tornam ilegais quando autoridades publicas, organização com divisão
realizadas por actores não usualmente justificadas pela limitada ou inexistente entre
autorizados (exemplo: pratica evasão fiscal, evasão de o trabalho e o capital, e
de uma actividade contribuição para segurança relações de trabalho e o
profissional sem licença) social, geralmente por não capital, e relações de trabalho
concordância com a geralmente baseadas em
legislação laboral sobre os colaboração ocasional, de
direitos dos trabalhadores e relação familiar ou de
não concordância com as amizade, ao invés de
15

normas administrativas contractos formais


relacionadas com respostas
obrigatórias na submissão dos
questionários estatísticos ou
de formulários
administrativos.

Fonte: Adaptado INE (2006, p.12)

2.1. Sector Informal

Existem varias definições de sector informal que variam de acordo com o interesse do
analista, que toma a liberdade de enfatizar certos aspectos em função do enfoque de análise. A
OIT, por exemplo, tem vindo a desenvolver estudos permanentes sobre a economia informal
em relação ao emprego, como um factor real que não pode ser ignorado. Segundo a definição
adoptada pela 15ª Conferencia Internacional de Estatísticas do Trabalho (CIET 1993, p.19).

O sector informal pode ser caracterizado, de forma geral, como o sector que abarca unidades
que produzem bens e serviços com o objectivo principal de criação de emprego e rendimento
para os indivíduos envolvidos. Estas unidades operam, tipicamente, com fraco nível de
organização, com pouca ou nenhuma divisão entre trabalho e capital como factores de
produção à uma escala reduzida. As relações de trabalho, quando existem, são baseadas,
principalmente, em emprego ocasional, em ligações de parentesco ou relações pessoais e
sociais e não em relações contratuais com garantias formais. (SCN 1993, p.154)

Segundo o SCN (1993, p.212), a OIT considera que o sector informal, agrupa as unidades
económicas envolvidas na actividade de produção de bens e serviços, desenvolvida em
pequena escala de forma artesanal, sem separação a nível de propriedade de factores de
produção (trabalho e capital) baixo nível de organização e tendo por objectivo a criação de
emprego e rendimento. As unidades de produção que integram este sector assumem as
características de empresas familiares em que não há lugar a um património próprio de
unidade de produção. O proprietário é totalmente responsável pelas obrigações que decorrem
do exercício da actividade, denominando-se empresa em nome individual.

Assim, na delimitação do conceito de informalidade, tal como foi visto é de extrema


importância, o âmbito e o interesse de quem analisa o fenómeno, assim, se o interesse é
puramente fiscal, o conceito orienta-se a analise das actividades informais como é o caso da
16

evasão fiscal. Se o ponto de observação são os modos e os meios de produção maior interesse
terá a observação das relações dos trabalhadores com os meios de produção (relação
capital/produto, coeficientes técnicos) e a tecnologia (tipo de investimento, capacidade técnica
do trabalhador, eficiência). Se trata de uma análise social, o interesse orienta-se a composição,
estrutura e relações do elemento humano que trabalha nas unidades produtivas informais,
(salários pagos, segurança social, relações patrão/empregado, grau de escolarização) etc.

Na óptica de SANTOS (1994, p.48), a definição do sector informal é independente da


configuração do espaço físico em que as actividades de produção tem lugar, do volume de
capital mobilizado para o processo produtivo, das características temporais da produção
(continua, sazonal, ocasional) e finalmente, da actividade se constituir como principal ou
secundaria na perspectiva do proprietário.

Servira de referência para esta análise a definição geral segundo a qual o Sector informal é
aquele que engloba actividades que se desenvolvem à margem do controle oficial instituído e
da regulamentação económica, carecem de registos fiscais e administrativos, de segurança
social e estatísticos, sem acesso ao crédito formal, são constituídas por pequenas empresas
que operam de forma, muitas vezes, irregular, com capital muito limitado e com um reduzido
numero de trabalhadores, actividades que colocam problemas de consistência na informação
estatística e na avaliação económica, criando distorções no calculo das variáveis
macroeconómicas como PIB, Rendimento Disponível, Inflação, Taxa de Desemprego, entre
outros (SANTOS 1994, p.98).

De acordo com SANTOS (1994, p.123), na definição do sector informal, não pode afirmar
que o tipo de actividade constitui algum critério para a sua delimitação, embora se possam
observar certas actividades que por natureza são características do sector familiar. Porem, nas
outras, a agricultura, pescas e têxteis, podem coexistir os dois sectores, o que leva a concluir
que a observação estatística devera incidir sobre as unidades económicas de produção,
indivíduos e actividades. A análise estatística deve basear-se nas unidades económicas de
produção, tendo como principal quadro de referência as características destas e a sua função
principal. (SANTOS, 1994, p.19)

Em resumo apresentam-se no quadro 2 os determinantes da delimitação do sector informal.


Que permite verificar que as microempresas, do tipo familiar tem como função principal a
produção para o auto consumo; usando predominante o trabalho não remunerado, geralmente
17

famílias e em certos casos se resume ao proprietário. Este tipo de unidades económicas são
adoptados de instrumentos rudimentares e desenvolvem actividades tradicionais.

Esta imagem é diferente da que é apresentada pelas unidades económicas formais, cuja
produção é orientada para o mercado, embora a este nível também se identifiquem unidades
desenvolvendo actividades tradicionais, maior incidência esta nas actividades modernas.

Tabela 2: Aspectos Determinantes da Delimitação do Sector Informal


Economia Informal Economia Formal

Universo Unidades económicas não Unidades económicas


registadas registadas
Tipo de unidades económicas Microempresas, assentado Empresas que enquanto
numa base familiar e sem entidades com personalidade
personalidade jurídica jurídica constituem centros
de decisão com autonomia
para afectar recursos
Função principal Produção para o auto Produção para o mercado
consumo, produção artesanal
para o mercado, auto-
emprego
Processo de produção Utilização fundamental do Utilização de uma
factor trabalho do combinação de factores de
proprietário ou familiares e produção (trabalho, terra e
ocasionalmente ou a titulo capital) adquiridos no
acessório emprego mercado
assalariado
Actividades Actividades tradicionais Actividades tradicionais e
(carpintaria, mecânica, modernas
artesanato, comercio, latoaria,
etc)

Fonte: Santos (1994, p.20)

Um sinonimo que é frequentemente usado para designar o sector informal é a economia


subterrânea. De facto, a característica comum entre informal e subterrânea é o não registo.
18

Esta mesma característica identifica as actividades ilícitas, que não vão ser consideradas neste
estudo.

Segundo SANTOS (1994 p.21), as unidades que compõem o sector informal, subterrâneo e
ilegal não constam dos registos administrativos, tomando inviável o recurso aos processos
tradicionais de colecta de informação estatística para a observação destes agrupamentos.
Deste modo a avaliação da parte da economia não registada implica o recurso preferencial à
observação estatística do sector famílias.

Na 15ª CIET organizada pela OIT, definiram-se os principais critérios de definição de sector
informal, quadro 3.

Tabela 3: Critérios de definição do Sector Informal


Critérios Obrigatórios

Organização legal Sociedade não reconhecidas legalmente

Proprietários da empresa Agregados familiares

Tipo de registos contabilísticos Registos contabilísticos incompletos

Destino dos produtos Pelo menos, parte para o mercado

Numero de empregados permanentes no De acordo com as circunstâncias do país


estabelecimento, e/ou não registo das
empresas, e/ou não registo dos empregados
das empresas

Critérios Opcionais

Classe de actividade económica É possível a exclusão da actividade agrícola

Área geográfica É possível a exclusão da área rural

Fonte: ILO (1998, p.23)

Os critérios mencionados estão relacionados directamente com os estatísticos utilizados na


recolha de informação para a elaboração das contas nacionais e com os critérios de
classificação dos agentes económicos para o registo das suas transacções. Assim, os conceitos
1) e 2) têm a ver com a nomenclatura dos sectores institucionais; o 4) tem a ver com a
19

nomenclatura de produção; o 6) esta relacionado com a classificação dos agentes de acordo


com os bens e serviços, por eles produzidos. E, finalmente, os conceitos 3, 5 e 7 têm a ver
com os critérios de organização e estratificação dos dados estatísticos.

A 15ª CIET, reconhece que as actividades excluídas do sector informal, não são
necessariamente formais, como é o exemplo da produção não mercantil de bens, a agricultura
de pequena escala, serviços domésticos pagos, e actividades não consideradas dentro das
fronteiras da produção definição pelo SCN93. (HUSSMANNS 1998 p.80).

Por não haver uma definição única de económica informal, o SCN propõe um conjunto de
parâmetros operacionais, que consideram os diversos elementos componentes da actividade
económica informal: assim, para fins estatísticos o quadro 3 descreve os conceitos que
permitem distinguir as unidades informais. Para facilitar a integração das estatísticas de
análise do sector informal no SCN, a definição da OIT permite:

 Acrescentar a compatibilidade da informação estatística do sector informal com outras


estatísticas económicas e sociais;
 Medir a produção do sector informal como parte de um todo;
 Usar a mesma definição de informalidade tanto nas estatísticas do Emprego como no
SCN e
 Integrar ou fazer a recolha de dados de conjunto sobre emprego e outras características
de sector informal.

Assim, o cálculo e integração do sector informal pode submeter-se aos métodos de medição
do sistema SCN (1993, p.34).

2.2. História de Economia Informal

Segundo Dedecca e Baltar (1997, p.16), nos países desenvolvidos e industrializados, o


processo de desenvolvimento foi acompanhado por uma forte intervenção reguladora do
Estado e pelo aprofundamento da democracia. O desenvolvimento do Estado de bem-estar
Social e do espírito de negociação colectiva (por parte dos trabalhadores fortemente
sindicalizados) nestes países ajudaram a estabelecer uma estrutura em que a forca de trabalho
tanto a produtiva como a não produtiva foi protegida e assalariada. Esta estrutura permitiu
uma crescente institucionalizacao e homogeneralizacao das relações de trabalho de tal forma
que integrou as massas num mesmo padrão de consumo, com nenhuma ou insignificante
exclusão social. Tanto o sector privado como o publico criou actividades organizadas e a forte
regulação não deixou espaço para o desenvolvimento de actividades precárias (não
20

assalariadas) nas economias nacionais, pelo contrário, induziram à formalização mesmo do


trabalho por conta própria dos pequenos negócios.

A estrutura moderna de produção e distribuição dos sectores organizados garantia alta


produtividade e, por essa via, sustentava os pequenos negócios.

Somente a crise económica, principalmente a partir dos anos 70, vem distorcendo a estrutura
organizacional das economias desenvolvidas. O aumento dos prego tem reduzido
consideravelmente os índices de protecção o que faz com que um número de assalariados
passe a procurar emprego em ocupações não protegidas.

Contrariamente, nos países em desenvolvimento, a tentativa de industrialização e


modernização não levou a homogeneização das condições socioeconómicas e os fluxos de
capitais provenientes dos países desenvolvidos a pesar de terem criado grandes empresas,
estas não foram vinculativas: o segmento da população agrícola continuou a ser dominante e
alheia ao processo ao mesmo tempo que as actividades não agrícolas e de baixo rendimento
proliferaram. A capacidade de criação de postos de trabalho pela indústria não foi capaz de
responder a crise do campo e ao elevado crescimento da forca de trabalho que, ao migrar para
as cidades vem singrar na informalidade.

Por um lado, a crise económica e os programas de ajustamento estrutural encontram este


cenário sombrio das economias dos países em desenvolvimento e fragilizam ainda mais a
estrutura industrial e levam a redução do nível de emprego global e aumento do segmento da
população não protegida e, consequentemente, do sector informal ou da informalidade. Por
outro lado, a grande empresa, na perspectiva de sobrevivência, tende a reduzir os custos de
trabalho e recorre a desverticalização das grandes plantas com externalizacao de parte de suas
actividades, tornando-as importantes subcontratantes de produção, forca de trabalho e
serviços (Dedecca e Baltar , 1997, p.74).

Este processo (a chamada informalização) é visto como sendo positivo porque enquanto o
sector formal continua com a sua forca de trabalho, também passa a ociosidade para o sector
informal. A dês verticalização é um processo que é critico para o desenvolvimento económico
de muitos países em desenvolvimento porque, em face duma internacionalização das
economias, cria-se um ambiente de maior competitividade em que a estratégia de redução de
custos, flexibilidade na produção e no uso da forca de trabalho, etc, querem empresas menores
e ágeis (Cacciamali e Pires, 1997, p. 89).
21

Tal situação leva a um novo exame do papel do sector informal no sistema de economia
capitalista em que este sector passa a ser parte integrante.

2.3. Contas

A sequência completa de contas foi desenhada considerando a disponibilidade actual e futura


de dados. Estas contas descrevem-se também no quadro integrado, onde se pode observar as
contas desenvolvidas por cada sector institucional. Neste quadro, faz-se a descrição das contas
que se podem elaborar, no esquema do SCN, por sector institucional, onde as contas
sombreadas são aquelas que incluem implicitamente as transacções efectuadas pelo sector
informal.

2.4. Contas Nacionais

Na elaboração das contas com base no Sistema de Contas Nacionais devem-se cumprir certas
regras e procedimentos padronizados dado o seu carácter de comparabilidade internacional.
Em resposta a esta particularidade do sistema, na sua implementação é considerado um
conjunto de parâmetros que orientam a elaboração das contas.

Dada a sua flexibilidade o SCN permite adequar o nível de desagregação e analise às


necessidades do país e as suas possibilidades e de acordo coma disponibilidade de dados para
a produção estatística.

2.4.1. Marco de Compilação das Contas Nacionais

O Marco de Compilação das Contas Nacionais é constituído por um conjunto de contas,


nomenclaturas e procedimentos metodológicos de tratamento e agregação de dados que
permitem orientar a elaboração das contas nacionais de forma sistemática, quer no ano base
quer nos períodos subsequentes. Para isso, nos cálculos das contas nacionais, feito, pelo INE
foram desenhados formatos de contas, elaboradas as nomenclaturas dos agentes económicos e
elaboradas as nomenclaturas das contas e das transacções.

2.5. Estrutura Contável

O SCN é um quadro contabilístico, comparável a nível internacional, que tem como objectivo
registar de forma sistemática e detalhada as transacções dos agentes económicos, suas inter-
relações e os resultados obtidos pelos agentes económicos.

A estrutura contável do SCN compreende os seguintes conjuntos, principais, de contas e


quadros:
22

i. Quando económico integrado


ii. Contas dos sectores institucionais
iii. Quadros de recursos e empregos.

2.5.1. Quadro Económico Integrado

No Esquema das Contas Nacionais de Moçambique, o quadro económico integrado centraliza


e resume todas as contas e quadros do sistema. Incorpora os resultados dos trabalhos de
análise das categorias de estabelecimento e por unidades institucionais.

2.5.2. Contas dos Sectores Institucionais

As Contas dos Sectores Institucionais constituem uma descrição sistemática dos diferentes
aspectos do processo económico. Produção, geração, distribuição e redistribuição dos
rendimentos e acumulação financeira e não financeira, realizadas pelas unidades
institucionais.

2.5.3. Quadros de Recursos e Empregados

Os quadros de Recursos e Empregados são um conjunto de matrizes relacionadas. A primeira


descreve a oferta de produtos como recursos, a segunda descreve o uso dos produtos, como
empregos. Na pratica o jogo de matrizes é formado por:

a) Uma matriz de produção;


b) Uma matriz de usos intermédios;
c) Uma matriz de usos finais dos produtos; e
d) Uma matriz constituída pelo valor acrescentado.

Este quadro constitui o sistema coordenador de todas as folhas de trabalho da Industria, pois é
o resumo dos fluxos de bens e serviços elaborados nos equilíbrios de oferta e procura por
produto e os componentes de custos da Industria, que será a fonte de dados para a comparação
com os resultados das contas dos sectores institucionais.

2.6. Métodos de Calculo da Economia Informal segundo o SCN

Para o calculo da economia informal, o SCN propõe três ópticas, realizadas em simultâneo, e
conduzidas de modo independente rendimento, despesa e produção. Trata-se de uma
abordagem do sector que é coincidente, do ponto de vista metodológico, com o processo de
avaliação do PIB no quadro do SCN, (Robaud e Seruzier, 1992, p.62).
23

A óptica do rendimento, fundamenta-se nas informações das unidades institucionais,


recorrendo a utilização de dados vocacionada para avaliar os dados das unidades registadas
em diferentes ficheiros administrativos. Permite também dispor de dados para avaliar os
níveis de fraude e subdeclaração, e tirar características estruturais das unidades por estratos. O
que ocorre é que os registos administrativos fiscais são fracos na observação dos produtores
não registados, microempresas. Portanto, tem de se recorrer a outros registos administrativos
para confrontar dados que permitam medir certas características particulares da economia não
registada.

A óptica da despesa, desenvolve-se na base do mercado de bens e serviços a partir dos


equilíbrios recursos empregos. Esta abordagem consiste fundamentalmente, na integração da
informação estatística relativa aos empregos finais de bens e serviços, para os quais se
elaboram sistematicamente equilíbrios de oferta e procura que permitem determinar, primeiro,
a dimensão dos valores registados no processo produtivo e em segundo lugar, em comparação
com a procura determinar-se o tamanho da produção não registada. Para esta aproximação são
utilizados inquéritos aos agregados familiares e outros elementos estatísticos que descrevem
os fluxos de bens e serviços, com base nas unidades registadas referenciadas anteriormente.

A óptica da produção baseia-se na análise do processo de criação do valor acrescentado a


nível de actividades económicas, ou seja, é desenvolvida articulando funções que expressam a
combinação de factores de produção, como combinação de insumos, trabalho e capital. Para
esta medição tem de se combinar dados sobre forca de trabalho e produtividade por actividade
económica e por extractos, os meios de produção circulantes e imobilizados utilizados no
processo produtivo, Robaud e Seruzier (1992, p.123).

Moçambique esta na fase de introdução do SCN no cálculo das contas nacionais. Tendo sido
desenvolvido o calculo do PIB nas ópticas de Produção e da Despesa. A incorporação da
óptica do rendimento está sujeito a elaboração das contas dos sectores institucionais
financeiras. Em relação as outras contas foi feito o desenho do marco de compilação e esta em
processo a sua elaboração.

2.7. A Economia Informal no Âmbito das Contas Nacionais em Moçambique

Enquanto os círculos académicos e intelectuais no geral debatem sobre o sector informal e


procurem chegar, por um lado ao um consenso sobre o que dever ser considerado de
actividades informal, e por outro, tentam especular ou mesmo estimar o seu peso e dinâmica
24

como um mero exercito académico, já quem tem a obrigação de estar constantemente atento
não somente a volta do debate, como também quanto aquilo que acontece efectivamente na
economia do pais. Tal é a vocação, entre outras instituições, do Departamento das Contas
nacionais do Instituto Nacional de Estatística de Moçambique. Contudo, uma pequena
reflexão a volta do debate sobre o sector informal mostra que a falta de consenso resulta, em
parte, da falta duma metodologia clara adoptada pela instituição afim, que possa produzir
dados fiáveis e compatíveis com os resultados que muitos outros países em desenvolvimento
tem vindo a conseguir nos últimos anos. A falta de estudos sistemáticos e de cobertura
nacional é um indicativo de quanto trabalho ainda há por ser realizar.

O Departamento da Contas Nacionais prefere considerar-se apologista da definição da OIT e,


dentro desta, agarra-se ao conceito produção familiar para situar o seu foco de análise do que
é formal e informal, abstendo-se, deste modo, dos problemas que se levantam quando se
debate o sector informal do ponto de vista do registo ou do tamanho das unidades de
produção. Não obstante a vantagem que esta abordagem concede de se incluir a produção
agrícola com um contributo de cerca de 60% do sector familiar, há a grande desvantagem dos
resultados estarem aquém da realidade porque uma parte da produção não registada ainda
permanece subestimada como é o caso das bebidas tradicionais, o tabaco para o auto
consumo, a produção mineira não registada, entre outros (Muedane, 1997, p.6).

Usando a família como a unidade de produção aquele departamento calcula as despesas de


consumo das famílias deduzido a parte não registada da produção nacional o correspondente a
produção que é efectivamente registada. Como resultado desta metodologia conclui-se que o
sector familiar contribui de forma significativa no PIB, e que há um grande contributo da
agricultura na produção familiar independentemente se esta produção é ou não considerada
como sendo proveniente do sector informal (Muedane, 1997, p.6).

Por seu turno, Ardeni (1997, p.65), usando uma abordagem relativamente diferente mas
também baseada na unidade família (e a partir de dados das Contas Nacionais, dados da forca
de trabalho do Inquérito Demográfico Nacional e dados do Ficheiro Central das Empresas), a
assumindo que o sector informal seria toda a produção familiar chegou a conclusão de que o
PIB oficial em Moçambique pode-se encontrar subestimado em 70%, e que o peso do sector
informal na produção total encontra-se subestimado em 44%, números que afirma não
estarem muito longe dos encontrados noutros estudos (ARDENI, 1997, p.19).
25

Abreu (1996, p.23), usando uma abordagem monetária concluiu que em Moçambique, o
sector informal floresce a partir de 1987; e o seu peso ma economia tem vindo a subir,
variando de 30% (1987) a 51 (11994), sugerindo que o PIB oficial em Moçambique encontra-
se subestimado, no mínimo em 33.7% (Abreu, 1996, p.12). Ele também afirma que embora as
suas estimativas possam merecer criticas, elas não fogem dos resultados encontrados noutros
estudos e como exemplo, cita Silviana de Abreu que estimou o peso do sector informal em
Nampula em 23% (Abreu, 1994, p.34).
26

CAPÍTULO III: METODOLOGIA


Em termos metodológicos, o trabalho constituiu um pluralismo metodológico, a combinação
entre métodos, daí que se começa por descrever os tipos de abordagem (qualitativo e
quantitativo), tipo de pesquisa (estudo de caso), o uso articulado de várias técnicas de
investigação (a pesquisa bibliográfica, documental, as entrevistas - concretamente as
entrevistas do tipo semi-estruturadas). Em seguida apresenta-se a delimitação da amostra e
tipo de amostragem.

3.1. Tipos de Abordagem

Quanto a abordagem a presente pesquisa é de carácter qualitativo considera que há uma


relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o
mundo objectivo e a subjectividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A
interpretação dos fenómenos e a atribuição de significados são básicas no processo de
pesquisa qualitativa.

A pesquisa é explicativa uma vez que este tipo de pesquisa busca identificar os factores que
determinam ou contribuem para a ocorrência de fenómenos. É apenas uma busca que dá uma
explicação detalhada da realidade, razões fundamentais para a ocorrência de certos
fenómenos.

Para o alcance dos objectivos da presente pesquisa, a metodologia a usada teve como base a
análise de obras literárias, com sustentação através de dados quantitativos contidos nas
estatísticas existentes em vários documentos que abordem o assunto. Por outro lado, foi feita a
exploração de alguns dados qualitativos, que permitiram conhecer a visão opinativa de
individualidades por sinal especialistas no assunto e as percepções dos próprios sujeitos do
mercado informal.

3.2. Técnicas de Pesquisa

Qualquer que seja o tipo de pesquisa requer sempre que seja feita um levantamento de dados
tendo em atenção as diferentes fontes para sua obtenção. Contudo, esta colecta é feita
recorrendo-se a diferentes métodos ou técnicas empregadas. Porém, neste caso em específico,
foi usado dois métodos, sendo primeiro o questionário usado para obter os dados através da
documentação directa obtida por via da pesquisa de campo, onde foi usado a técnica de
observação directa intensiva e extensiva. A segunda foi a pesquisa bibliográfica, sendo esta
27

última baseada em fontes de dados colectados ou produzidos por outras pessoas, ou seja,
baseou-se tanto em material já elaborado e não elaborado.

3.3. População em estudo e tamanho da amostra

Por se tratar de uma pesquisa documental, amostra foi escolhida de forma propositada ou
intencional, escolhida por decisão da pesquisadora por via de pressupostos considerados mais
adequados para a pesquisa.

Para a análise quantitativa dos dados recorrer-se-á a dados de internet tido no Instituto
Nacional de Estatística (INE), e pela Direcção Provincial de Industria e Comercio.

Quanto a definição da amostra, as entrevistas foram dirigidas aos funcionários do CMN,


Operadores do Sector Informal, e Direcção Provincial de Economia e Finanças e Comercio
mais concretamente, especialistas ligado a gestão financeira municipal, definidas com base no
método de amostragem não probabilística, através da amostragem intencional ou por
convivência. Os elementos dos grupos da população apresentaram uma característica típica
que consistiu em seleccionar os indivíduos que dominassem a matéria em estudo. Assim, a
amostra da pesquisa foi constituída por 10 elementos com domínio da matéria em análise,
nomeadamente: 2 funcionários do município, 2 funcionários da economia e finanças, 4
praticantes do comércio informal e 2 documentos sendo o primeiro do INE e outro do
Ministério de Trabalho Emprego e Segurança Social.

3.4. Dados da Pesquisa

Nesta pesquisa foram usados tanto dos primários quanto dados secundários.
No que concerne a dados primários foram todos aqueles que foram especificamente
recolhidos para o estudo em questão, nomeadamente os produzidos através dos questionários
que foram dirigidos aos funcionários com conhecimento no objecto de estudo em número de
dois para o Conselho Municipal da cidade de Nampula e igual numero para a Direcção
Provincial de Economia e Finanças e seis praticantes do comércio informal.

Em relação aos dados secundários, foram usados os documentos já produzidos, ou seja,


documentos existentes e já publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e
Ministério de Trabalho, Emprego e Segurança Social.

3.5. Ferramenta de análise e software usados


As ferramentas de análise e software usados nesta pesquisa foram a folha de cálculos do
Microsoft Excel utilizado para o cálculo de percentagens assim como para a elaboração de
28

tabelas; igualmente foi usado a folha do Microsoft Word para redigir e compilar todo o
trabalho. Salientar ainda que usou-se diferentes gráficos para analisar e interpretar diferentes
dados obtidos.

CAPÍTULO IV: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS

4.1. Breve Historial do Conselho Municipal da Cidade de Nampula

A definição da Missão, Visão, Valores e Objectivos Estratégicos do Conselho Municipal da


Cidade de Nampula, visa estabelecer o rumo estratégico que deverá ser preconizado pelo
Conselho Municipal no horizonte temporal de médio-longo prazo.

A utilidade destas ferramentas justifica-se pela importância de clarificar o papel do


Município, no desempenho das suas tarefas de dinamização do tecido social, cultural,
económico e desportivo, bem como, ajudar à reflexão sobre os caminhos a trilhar tendo em
vista o progresso da Cidade de Nampula e o bem-estar de toda a sua população.

4.1.1. Visão

O Conselho Municipal de Nampula tem como visão construir um município centrado nas
pessoas, tornando-o numa referência ao nível da África Austral, nas áreas da coesão social,
solidariedade e inclusão social, mas também, numa cidade preparada para ganhar os desafios
da competitividade, empreendedorismo, inovação e modernidade, num quadro de um
desenvolvimento sustentável.

4.1.2. Missão

O Concelho Municipal de Nampula tem como missão definir e executar política, que visem a
defesa dos interesses e a satisfação das necessidades da população local.

Neste sentido, trabalha arduamente para promover o desenvolvimento inclusivo do município


em todas as áreas, designadamente, acção social, habitação, ambiente e saneamento básico,
ordenamento do território e urbanismo, transportes e comunicações, abastecimento público,
desporto e cultura, saúde, educação e a defesa do consumidor, sempre de forma solidária e
com total transparência.

4.1.3. Valores

Transparência – O Conselho Municipal de Nampula pauta-se pela exigência de elevados


padrões de ética, combatendo todas as formas desonestidade e de baixos níveis de
transparência, no funcionamento de todos os serviços. O CMCN está emprenhado em
29

informar e prestar contas da sua actividade, monitorizar e avaliar o seu desempenho,


submetendo-se ao escrutínio externo das entidades competentes e principalmente, da
população local.

Trabalho – O Conselho Municipal da Cidade de Nampula propõe-se agir com


responsabilidade e profissionalismo por forma a alcançar os seus objectivos, gerindo de forma
correcta e transparente os recursos disponíveis. Assume como preocupações centrais o
ordenamento do território, a limpeza da cidade, num quadro de aumento da produtividade dos
serviços.

Inclusão – A principal riqueza do Município de Nampula é a população, na sua diversidade


religiosa, cultural, étnica, de género e de idade. O Conselho Municipal de Nampula valoriza a
diferença como fonte de criatividade, inovação, empreendedorismo e competitividade, numa
lógica de democracia participativa. É esta diversidade que pode constituir-se como um factor
de inovação nas políticas sociais, educativas, culturais e económicas, através da eliminação de
barreiras à igualdade de oportunidades no acesso a padrões dignos de qualidade de vida para
todos.

Solidariedade – O Conselho Municipal da Cidade Nampula é o órgão responsável por


mobilizar as comunidades nacionais e internacional para atender às questões e necessidades
sociais locais. O serviço público deverá ser efectuado com espírito de missão, dedicação,
lealdade e solidariedade, valorizando a cidadania. Compete ainda ao CMCN a promoção da
inclusão social por meio da capacitação, da assistência e do voluntariado.

4.2. Identificar os métodos da medição do sector informal no âmbito das contas


nacionais de Moçambique

O Cadastro Central de Empresas é uma base de dados que tem informação sobre identificação
da empresa, ramo de actividade, pessoal ao seu serviço, e tamanho da empresa que se
determina em função do número de trabalhadores. Este ficheiro foi analisado a luz da
definição de informalidade segundo o qual constituem actividades informais as desenvolvidas
por microempresas com um número de trabalhadores (ate 10 trabalhadores).

O cadastro empresarial é um ficheiro activo que cintem empresas novas, confirmadas


existirem e empresas que saíram do sistema. Nesta tabela foi feita a distribuição das empresas
por intervalos, em função do número de trabalhadores e nesta base foi calculada a estrutura %
das empresas do sector informal.
30

Com base neste ficheiro, cujos resultados apresentados na tabela 4, foi possível constatar que
das 7368 empresas registadas em 2015, 14476 foram confirmadas existirem operando ou
como novas inscrições. E deste total, 49.1% tinham menos de cinco trabalhadores e 25% de
cinco a dez trabalhadores. O registo total de pessoal ocupado por empresas era de 185786
trabalhadores.

As empresas que empregavam mais de 100 trabalhadores correspondiam a 17.3% do total, e


880 empresas e tinham ao serviço 63.7% em termos de pessoal ocupado.

Tabela 4. Cadastro Central de Empresas 2015


Número de Est. % de Pessoal Ocupado Est. % de Pessoas
Intervalos por
Empresas Empresas Ocupadas
pessoas ocupadas

1a4 3620 49.1 9297 5.0


5 a 10 1843 25.0 12626 6.8
11 a 20 732 9.9 10685 5.8
21 a 99 807 11.0 34784 18.7
100 a + 318 4.3 118394 63.7
NEP 48 0.7 0 0.0
Total 7368 100.0 185786 100.0
Fonte: INE – cadastro de Empresas

Se considerasse a definição de informal segundo o número de trabalhadores empregues com


base no cadastro, ter-se-ia que mais de 70% das empresas registadas ate 10 trabalhadores, em
Moçambique, através do Ministério de Trabalho e Segurança Alimentar e do Ministério da
Industria e Comercio, pertencem ao sector informal. Contudo os dados do IAF15 mostram
que a população empregada pelas empresas é de cerca de 345893 trabalhadores, 68.2%
superior ao registo do cadastro de empresas. Isto sugere que o ficheiro de empresas não
apresenta uma boa cobertura total de empresas, embora parte desta diferença possa ser
explicada a partir das diferenças na definição de empresa. O que se passa é que o Cadastro, tal
como foi dito anteriormente, resulta de registos administrativos, destinados à recolha de dados
sobre as unidades de grandes volumes de produção e de maior numero de trabalhadores que
constituem as unidades de maior interesse para o governo, por conseguinte, as que resultam
maior volume de receitas fiscais.
31

4.3. Descrever procedimentos metodológicos para o enquadramento do sector


informal em Moçambique, dentro do esquema de compilação do sistema de conta
Nacional

No processo de cálculo da produção, as Contas Nacionais de Moçambique, optaram como


método de cálculo distinguir a produção empresarial da produção familiar, de maneira que
possa descrever-se com maior facilidade os componentes institucionais na produção do país.

Em Moçambique, a produção empresarial tem como fonte de informação para os cálculos, os


inquéritos às empresas, onde se colectam dados relativos a quantidade e preços que se
extrapolam com dados complementares sobre o emprego, população e outros registos
administrativos. As estimativas, por produtos, organizam-se depois por ramos de actividades
económica.

Para o ano base 2015, o cálculo das contas nacionais pelo INE, a medição do sector
empresarial considerou a população ocupada registada no IDN. O cruzamento entre esta
informação e os dados do ficheiro central de empresas daquela instituição permitiu a expansão
da produção para o total da população, classificada em empresarial e produção familiar, a
partir da produção registada nas diferentes fontes.

Por não haver informação precisa pressupõe-se que haja uma subavaliação na estimativa dos
produtos tradicionais regionais e sazonais tais como a exploração de minerais pelos pequenos
garimpeiros, mas considera-se que as actividades mais importantes estão incluídas nas cifras
oficiais do INE.

O SCN considera como produção familiar todos os bens que elaborados pelas famílias se
sujeitam à compra e venda estando incluídos nos produtos que tem características semelhantes
aos que fluem ao mercado e são produzidos para o consumo agrícola os produtos básicos
como milho, mandioca, mexoeira, a produção manufacturada, a produção de farinhas a partir
destes produtos, transformados no domicílio para a venda no mercado e para o auto-consumo.

No caso dos serviços, só se considera produção os serviços que pela sua prestação há um
pagamento efectivo.

Segundo INE (2016, p.13), o valor bruto da produção do país tem como componentes 23,6%
de origem agro-pecuária e 76,4% de outros sectores. Da produção empresarial 96.4%
correspondem aos produtos não agro-pecuários e apenas 3.6% a produtos agro-pecuários. Em
contrapartida, nas famílias a maior percentagem 54.8% corresponde a produção agro-pecuária
32

e 45,2% é referente a produção não agropecuária que neste caso constituiria a produção
informal.

Gráfico 1: Distribuição da Produção Empresarial e Familiar, por Sector 2016


Agropecuária Não Agropecuária

90.7

60.9 62.4

39.1
28.4
23.8
15.2
9.3

Empresarial Total Familiar F. Mercantil F.Autoconsumo

Fonte: INE-IOF16

O gráfico 3 mostra que o sector empresarial produziu 60.9% do total do valor bruto da
produção, enquanto que o sector familiar, no mesmo ano produziu 39.1% da produção, que
corresponde a 86% da população ocupada total. Esta situação de facto, esta condicionada
dentre outros factores pelos níveis de produtividade dos trabalhadores e os preços relativos de
seus produtos.

A partir do gráfico 2 pode se verificar que a produção das famílias esta constituída por 54.8%
de produtos agro-pecuário e 45.2% de produtos não agro-pecuários; segundo a metodologia
das contas nacionais, os produtos não agro-pecuários incluem a transformação dos produtos
agro-pecuários em produtos transformados, como o que ocorre com os diferentes tipos de
farinhas, peixe seco, entre outros.

O gráfico 3 mostra que da produção agro-pecuário total 62.4% destina-se ao auto-consumo e


que as famílias participam apenas 22.4% da produção não agropecuária comercializada.
33

Gráfico 2: Estrutura % Produção por Sector, em Relação ao Total do País, 2015


Total Agropecuária Não Agropecuária
90.7

76.9

60.9 62.4

39.1
28.4
23.1 23.8 22.4
15.2
9.3 0.70000000000
0001
Empresarial Total Familiar F. Mercantil F.Autoconsumo

Fonte: INE-IOF
Esta situação mostra também o desenvolvimento ainda fraco da economia moderna,
caracterizado por uma grande parte da população não estar integrada na dinâmica das
transacções entre unidades produtivas.

4.4. Estimativa do Valor Acrescentado por Sector


Neste ponto proceder-se-á a análise do valor acrescentado. Determinar-se-á a contribuição de
cada um sector, começando por uma analise global para depois analisar a contribuição de cada
ramo da actividade não agropecuária em relação ao total do sector.

Tabela 5. Distribuição % do Valor Acrescentado, por Sector, 2017


Total Empresarial Total Familiar Familiar Familiar para
Mercantil Auto-consumo

Total, 10^6 MT 2588653 1389730 1198923 612361 586562

Agro-pecuário 876849 50830 826019 256189 569830

Não Agro-pecuário 1711804 1338900 372904 356172 16732

Total % 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0

Agro-pecuário 33.9 3.7 68.9 41.8 97.1

Não Agro-pecuário 66.1 96.3 31.1 58.2 2.9

Não Agropec./Total 66.1 51.7 14.4 13.8 0.6

Fonte: INE-IOF17

A partir do gráfico 3 pode-se verificar que do total do valor acrescentado gerado no país em
2017, o sector familiar participou com 46.3%. Outra constatação é que, proporcionalmente a
produção é 39.1% (Gráfico 2). As famílias geram menor valor acrescentado 46.3% que o
34

sector empresarial, a explicação é que, o recurso mais utilizado ma produção é o trabalho, que
apresenta uma produtividade menor relativamente aos outros factores usados no sector
moderno.

Gráfico 3: Estrutura do Valor Acrescentado, 2017


100

90

80

70

60
Total
50
Agropecuária
40 Não Agropecuária

30

20

10

0
Empresarial Total Familiar F. Mercantil F. Auto-Consumo

Fonte: INE-IOF17

A Tabela 5 mostra que do Valor Acrescentado Total do país 14.4% correspondente ao valor
acrescentado da produção não agro-pecuária das famílias. O que permite afirmar que se
considera que a parte informal da economia é medida através da produção não agropecuária
seria de se concluir que a contribuição da produção informal para o total do valor
acrescentado do país em 2015 corresponderia a 14.4%.

A tabela 6 mostra que a distribuição sectorial do valor acrescentado tanto na produção


empresarial como nas famílias apresenta uma tendência genericamente similar, com
excepções nas pescas e industria. No primeiro no caso maior contribuição é das famílias,
enquanto que na industria o sector empresarial apresenta cifras mais significativas, 16.9%
contra 11.1% das famílias. As principais actividades criadoras do valor acrescentado no país
são o comércio e os serviços.

Tabela 6: Distribuição do Valor Acrescentado por Ramos de Actividade, 2015

Descrição Total Empresarial T. Familiar F. Mercantil F. Auto-Consumo


35

Não Agro. Sem Gov. 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0


Pesca 5.8 4.3 11.6 8.2 83.9
Mineira 0.6 0.8 0.2 0.2 0.0
Ind. Transformadora 15.6 16.9 11.1 10.9 16.1
Electric. E Agua 1.2 1.3 1.0 1.0 0.0
Construção 8.8 8.5 9.7 10.2 0.0
Comércio, Rest. E Hotéis 39.0 38.5 40.5 42.4 0.0
Serviços vários 28.9 29.7 25.9 27.1 0.0

Fonte: INE-IOF15

Esta situação reflecte o estado de desenvolvimento de todo o sistema, onde a maior parte do
rendimento e gerado pelas actividade terciárias, cujo impacto no crescimento económico é
mínimo dadas as poucas relações intersectoriais incentivadoras de desenvolvimento.

4.5. Aspectos Relevantes das Estimativas do Sector Informal


O que importa reter aqui é que com um exame sistemático da informação disponível,
preparada não com a finalidade de medir a actividade informal, é possível obter uma
avaliação aproximada da actividade informal na economia do país. Os resultados que mostram
não mais de 29% (IAF15) do valor acrescentado não Agro-pecuário em 2015 correspondia ao
sector informal sugerem que a economia formal não teve capacidade, apesar das políticas do
governo com a vista a criar postos de trabalho e riqueza na economia. Isto permitiu e
incentivou a presença, crescimento e consolidação da actividade informal, que nesta situação
converte-se num sector estratégico no combate ao desemprego e na luta sobrevivência duma
parte importante da população. Fica retido ainda que embora, o IDN seja um inquérito
concebido para o apuramento de dados demográficos, pode-se, a partir dele, estudar
elementos validos sobre o sector informal e, sempre que possível, adequar as perguntas à
classificação do SCN de modo a facilitar a sua identificação e integração nos cálculos das
contas nacionais. Foi com base no IDN estimado que contribuição do sector informal para o
emprego constitui cerca de 2.8% em relação ao emprego total do país.

As limitações deste inquérito resultam da dificuldade de se identificar a população


remunerada pelos pequenos negócios. Tendo sido utilizado como referencia, neste caso, os
trabalhadores por conta própria e familiares não remunerados.

A outra fonte, que também foi utilizada, é o ficheiro central da empresas que embora não
tenha actualmente dados representativos para o universo, está orientado ao registo das
unidades produtivas de tamanho relativamente grande e, pode ser aperfeiçoado de modo a
constituir fonte complementar para análise do comportamento das unidades formais e por
36

defeito as informais. Segundo este ficheiro, se considerasse que todas as empresas com menos
de 10 trabalhadores são informais ter-se-ia que mais de 70% das empresas registadas
pertencem ao sector informal.

Do IOF estimou-se que em 2015, 14.4% do valor acrescentado total do país correspondia ao
valor acrescentado da produção não agropecuária das famílias.

Importa reter ainda que da população agropecuária em 2015 trabalhavam por conta própria
51.2% e dedicam-se ao comércio. A industria transformadora 18%, e os outros serviços
18.2%, o que confirma que existe preferência dos informais pelo comercio e serviços.

O SCN93 recomenda a integração do sector informal nas famílias, que permite não apenas
corrigir a distorção nas estimativas de variáveis macroeconómica, mas também de se obter a
contribuição do sector informal por ramo de actividade económica, instrumento útil para os
tomadores de decisões na orientação e monitores de políticas sociais.

Do IOF15, verificou-se que do valor acrescentado total 58.4% corresponde a contribuição das
famílias e que do total do valor acrescentado gerado pela produção não agrícola do país 29%
corresponde a produção familiar.

Estas constatações são muito importantes para explicar e justificar a realização de estudos
mais profundos em termos de conteúdo e com uma cobertura geográfica representativa do
sector informal para se dispor de informação útil como instrumento para a tomada de decisões
de política económica nacional.

A outra constatação que se pode extrair destes resultados é que ma definição de sector
informal para se dispor de informação útil como instrumento para a tomada de decisões de
politica económica nacional.

4.6. Validação das Hipóteses

O desenvolvimento deste trabalho, foi na perspectiva ou intuito de encontrar respostas para a


hipótese anteriormente aventada, isto é, toda hipótese remete-nos a esse esforço no processo
de pesquisa devendo elas serem validadas para adquirirem o seu enquadramento lógico.

Hipótese: A economia informal pouco contribui para as contas nacionais. Esta hipótese torna-
se valida, porque a maioria que estão nessa área não se encontram registados para o
37

pagamento de imposto assim sendo acaba sendo difícil estimar o quanto contribui para as
contas nacionais.
38

CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES/SUGESTÕES

5.1. Conclusões da Pesquisa

Em Moçambique a economia informal é muito representativa, tendo um efeito sobre as


variáveis macroeconómicas que merece uma atenção muito especial. Esta pesquisa permitiu
mostrar que através do IAF, cruzando outras fontes como IOF é possível fazer-se uma
aproximação do tamanho da actividade informal na economia moçambicana, recorrendo a
metodologia do SCN que permite o calculo da contribuição do sector por ramos de actividade
para a produção total. Segundo estes resultados, se toda a produção familiar não Agropecuária
fosse informal, ter-se-ia que a informalidade tem um contributo não superior a 29% do PIB.
Neste sentido esta cifra deve ser interpretada como o limite máximo que a economia informal
pode alcançar em termos de contribuição económica, segundo não agropecuária que não
corresponde a economia informal.

O estudo permitiu ver que a análise do sector informal nas contas nacionais deve ser orientada
para as actividades não agropecuárias das famílias, cuja informação poderá ser obtida através
da observação estatística.

Foi visto também que todas as actividades desenvolvidas no âmbito da economia informal,
como um sector de unidade económica produtiva incluem-se no sector das famílias. Para o
caso específico de Moçambique este tratamento é feito de forma implícita não existe uma
consideração especial. Apesar disso, nota-se que o sector informal na economia moçambicana
tem uma participação muito importante nas actividades não agrícolas, tanto na geração de
riqueza como na geração de emprego.

5.2. Recomendações/ Sugestões

 Impulsionar, em todos os âmbitos possíveis (publico e privado) a realização de estudos


e inquéritos sobre o sector informal que permitam um conhecimento mais detalhado
sobre as suas características económicas e sociais, tanto ao nível micro como ao nível
macro;
 Fazer-se a compilação sistemática dos vários estudos realizados e dos que estão em
curso, com a finalidade de:
a) Recolher os resultados obtidos
b) Acumular experiencia na execução operativa dos estudos;
c) Harmonizar metodologias;
39

d) Sistematizar características e definições da economia informal


 Enquanto não se executar estudos especiais sobre o sector informal, inserir em todos
os questionários de carácter económico, social e demográfico um corpo de questões
que permitam acumular permanentemente dados estruturais e de comportamento sobre
o sector informal.
40

REFERÊNCIAS

ABREU, S. E Abreu A. (1996). O sector informal em Moçambique. Staff Paper. Banco de


Moçambique. Maputo.

ABREU, S. R.(1996), Sector Informal em Moçambique - uma abordagem monetária – DEE-


Banco de Moçambique. Staff Paper n°5

ARDENI, P.G. (1997). A Avaliação da Economia Informal e as Contas Nacionais em


Moçambique para a ISTAT-Cooperação Italiana –INE-Maputo.

CHICHAVA, J. (1998), O Sector Informal e as Economias Locais, Ministério de


Administração Estatal, Maputo.

COLMAN, D e Nixon, F. (1981), Desenvolvimento Económico: Uma perspectiva Moderna,


Uniers, São Paulo.

COUGHLIN, Peter. (2005), Relações Laborais em Moçambique, Lei, Pratica e Implicações


Económicas incluindo Comparações Internacionais. Economic Policy Research Group.
Maputo.

De VELTER, F. (1996). Estudo sobre o Sector Informal em Mocambique, Maputo e Sofala,


MPF. Maputo.

DE VLETTER, F. (1996). Study of the Informal Sector in Mozambique (Maputo and Beira).
Proverty Alleviation Unit, Ministry of Planning and Finance, Maputo.

Dedecca, C.S. e Baltar, P.E.A. (1997), Mercado de trabalho e Informalidade nos anos 90. In
Estudos Económicos. Vol. 27 – Especial.

GIL, António Carlos. (1991), Como elaborar projecto de pesquisa, 2 ed. São Paulo, editora
Atlas. S.A.

LAKATOS, Eva Maria & MARCONI, Mariana de Andrade. (2003), Metodologias de


investigação Cientifica. 2ª ed. S . Paulo.

Robaud e Seruzier, (1992), The Politics of Informal Marketing in Sub-Saharan Africa.

Roubaud, F.(1997), Statistical measurement of the informal sector in Africa: data collection
strategies.
41

Anexos
42

Guião de entrevistas
Conselho Municipal da Cidade de Nampula

No âmbito da conclusão do curso de Licenciatura em Economia com habilitações em


planificação económica na Universidade Pedagógica - Delegação de Nampula, afigura-se
indispensável colher algumas informações sobre o tema “O Contributo da economia
informal nas contas nacionais, caso de Município de Nampula (2015 – 2017). Para o
efeito venho por este meio pedir a colaboração de V.Excia no preenchimento do
questionário que se segue:
1. Qual é a ligação entre o Conselho Municipal da Cidade de Nampula e o Sector
informal?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

2. Existe uma base de dados que visa controlar os praticantes da actividade informal?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

3. Qual é o posicionamento do município face ao crescente fluxo da actividade informal


no Mercado?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

4. Os vendedores do sector informal pagam impostos ou taxas por actividade económica?


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________.
5. Em caso de pagarem, qual é o tratamento que se dá o valor colectado por via desses
tributos?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________.

6. Como é que o município tem feito a fiscalização no sector informal?


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
43

Guião de entrevistas
Instituto Nacional de Estatística

No âmbito da conclusão do curso de Licenciatura em Economia com habilitações em


planificação económica na Universidade Pedagógica - Delegação de Nampula, afigura-se
indispensável colher algumas informações sobre o tema “O contributo da economia
informal nas contas nacionais, caso de Município de Nampula (2015 – 2017).Para o efeito
venho por este meio pedir a colaboração de V.Excia no preenchimento do questionário que
se segue:
1. Que dificuldades são encaradas na medição do sector informal, no âmbito das contas
nacionais?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

2. Quais são os procedimentos metodológicos para o enquadramento do sector informal no


esquema de compilação do sistema nacional de contas?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
3. Qual é o contributo da economia informal nas contas nacionais?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

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