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ESCOLA SUPERIOR DE DESENVOLVIMENTO RURAL

DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA RURAL

Contributo do Comércio Informal no Desenvolvimento Socioeconómico da Vila


de Vilankulo. Estudo de Caso: Mercado Central de Vilankulo (2008 – 2013)

Licenciatura em Economia Agrária

Autor:

Feliciano Wilson Niquice Matsinhe

Vilankulo, Outubro de 2015


Feliciano Wilson Niquice Matsinhe

Contributo do Comércio Informal no Desenvolvimento Socioeconómico da Vila


de Vilankulo. Estudo de Caso: Mercado Central de Vilankulo (2008 – 2013)

Trabalho de Culminação de Curso


apresentado ao Departamento de
Sociologia Rural da Universidade
Eduardo Mondlane – Escola
Superior de Desenvolvimento
Rural para a obtenção do grau de
Licenciatura em Economia
Agrária.

Supervisor:

dr. Anito Chimela Gomes

Co – Supervisor

dr. Eugénio Fernandes

UEM - ESUDER
Vilankulo
2015
DECLARAÇÃO DE HONRA

Declaro que o trabalho é da minha autoria e os dados presente reflectem a verdade


encontrada no campo e são produto do meu desempenho. Esta é a primeira vez que o
submeto para obter grau académico numa instituição de ensino.

Vilankulo, ___ de Outubro de 2015

________________________________________

(Feliciano Wilson Niquice Matsinhe)


DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho:

A minha mãe Elsa Francisco Ramiro & Wilson Niquice Matsinhe (in memorial).

Ao meu irmão Silvestre J. Campos António e junto com a sua esposa Maimuna Abu-Bakar.

A minha esposa Anastância Savene Come e aos meus filhos Edy, Sheron e Wanaya
AGRADECIMENTOS

Agradeço à DEUS todo-poderoso, por me dar saúde para concretizar mais um objectivo na
minha vida.

Ao meu supervisor dr. Anito Xavier Chimela Gomes, pela orientação, estímulo,
disponibilidade e paciência que teve durante a realização deste trabalho. E também
aproveitar agradecer ao corpo docente da Universidade Eduardo Mondlane em especial a
Escola Superior de Desenvolvimento Rural pela sua contribuição para a minha formação.

À minha família que sempre soube dar apoio moral, em especial a minha mãe Elsa Francisco
Ramiro Banze e Wilson Niquice Matsinhe (in mimorial) por me terem feito o homem que
hoje sou, a minha esposa Anastância Come, aos meus irmãos em especial Silvestre José
Campos, Telma Wilson, Irene Wilson, Saquina Carlos,e a minha cunhada Maimuna Abu-
Bakar que tanto torceram, pressionaram-me e ajudaram-me por ideias e opiniões para o
desenvolvimento deste trabalho. E sem me esquecer de meus amigos em especial o dr.
Agostinho Timbe e dr. Jaime Julião Panguene, e aos colegas do curso especialmente para
Lourenço Paulo Nhavotso, Nilsa Mucavele, Elisabeth Carlos, Geraldo da Silva, Mércio
Maheme, entre outros que directo ou indirectamente contribuíram para que o presente
trabalho se concretizasse.

O meu reconhecimento ao Município da Vila de Vilankulo, em especial ao Sr. Chichava pela


sua disponibilidade e resposta imediata de qualquer preocupação apresentada.

i
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

INE- Instituto Nacional de Estatística


BM- Banco Mundial
OIT- Organização Internacional do Trabalho

ii
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Lista de Tabelas

Tabela nº 1: Idade dos Comerciantes Informais ....................................................................... 20

Tabela nº 2: Categorias Ocupacionais ...................................................................................... 21

Tabela nº 3.Número de Chefes de Famílias ............................................................................. 22

Tabela nº 4 Número de Membros de Agregado Familiar por cada Chefe de Família ............. 22

Tabela nº 5 Nível de Educação dos Comerciantes e a Forma Usada para o Controlo das
Contas ....................................................................................................................................... 24

Tabela nº 6: Relação entre o Rendimento com o Método usado para o Controlo das Contas . 24

Tabela nº 7. Taxas de crescimento anual das Receitas no sector Informal .............................. 32

Tabela nº 8: Nível de contribuição das receitas colectadas no comércio informal nas receitas
totais do Município de Vilankulo (2008-2013). ....................................................................... 33

Lista de Figuras

Figura nº 1: Tempo de Exercício da Actividade ....................................................................... 25

Figura nº 2: Local de Venda dos Produtos ............................................................................... 26

Figura nº 3: Frequência em que Exercem a Actividade ........................................................... 26

Figura no 4. Tipos de Produtos Comercializados ..................................................................... 28

Figura 5. Evolução Nominal de Emprego no Comércio Informal ........................................... 30

Figura 6. Evolução Percentual de Emprego no Comércio Informal ........................................ 31

Figura nº7. Receitas colectadas no Comércio Informal (2008-2013)....................................... 32

iii
LISTA DE APÊNDICES

Lista de Apêndices

Apêndice 1: Questionário ............................................................................................................I

Parte I: Características dos comerciantes Informais no Mercado central de Vilankulo ..............I

Parte II. Descrever o impacto do comércio informal no mercado central ................................ III

Parte III. Pergunta dirigida ao sector de mercados e feiras? ....................................................IV

Apêndice 2: Receitas anuais arrecadadas pelo município pela realização do comércio informal
em meticais. ............................................................................................................................... V

iv
GLOSSÁRIO

Ambulante- Pessoa que comercializa seus produtos em constantes movimentos, isto é, sem
local fixo.

Xitique- consiste em pequeno grupo de (4-10) que se reúnem com objectivos de contribuir
com mesmo montante para um fundo comum, que é tomado rotativamente por um
determinado membro do grupo, até se completar um ciclo, em que cada um tem a sua vez de
receber.

v
RESUMO
O presente trabalho tem em vista analisar o contributo do comércio informal no
desenvolvimento socioeconómico da Vila de Vilankulo tendo como o caso do mercado
Central entre os anos 2008 à2013.Temos como objectivos específicos classificação dos
comerciantes informais do mercado central de Vilankulo, a identificação das formas usadas
pelos comerciantes na prática do comércio informal e descrição do impacto do mesmo na
Vila de Vilankulo. O trabalho foi feito na base de dados primários e secundários, em que os
primários foram os questionários usando o método descritivo aplicados aos comerciantes
informais, chefe do mercado central, chefe de mercados e feiras a nível de Vilankulo e dados
secundários foram baseados em pesquisas bibliográficas e consulta de documentos. O
trabalho concluiu que existem dois tipos de comerciantes informais, os que exercem o
comércio informal por ser uma actividade alternativa e os que exercem por ser
complementar. O trabalho mostra-nos ainda que com o comércio informal criam-se postos
de trabalho para as famílias carenciadas sobretudo as mulheres, e que traduz mudança de
padrão de vida dos que o praticam, visto que, conseguem através de rendimentos a compra
de bens duradouros e outros produtos da primeira necessidade para a sua sobrevivência, e
por fim a pesquisa constatou que ao praticar-se o comércio informal o Município arrecada
receitas fiscais pelo exercício desta actividade e com as mesmas fazem-se investimentos
patrimoniais e correntes promovendo desta forma o desenvolvimento do mesmo do
Município.

Palavra-chave: Comércio informal, Sector informal, mercado, desenvolvimento


socioeconómico

vi
ÍNDICE
Conteúdo Páginas

CAPITULO I. INTRODUÇÃO.................................................................................................. 1

1.1 Contextualização .................................................................................................................. 1

1.2 Problema de estudo ............................................................................................................... 2

1.3 Justificativa ........................................................................................................................... 3

1.4 Objectivos: ............................................................................................................................ 4

1.4.1 Geral .................................................................................................................................. 4

1.4.2 Específicos ......................................................................................................................... 4

1.5 Hipóteses .............................................................................................................................. 4

CAPÍTULO II: REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................... 5

2.1 Conceptualização .................................................................................................................. 5

2.2 A emergência do sector informal em Moçambique.............................................................. 9

2.2.1 Características do sector informal ................................................................................... 12

2.2.2 Funcionamento do Sector Informal ................................................................................. 14

CAPÍTULO III: METODOLOGIAS........................................................................................ 16

3.1 Descrição do local de estudo .............................................................................................. 16

3.1.1 Localização, Superfície e População da Vila Municipal de Vilankulo ........................... 16

3.1.2 Mercado Central da Vila de Vilankulo ............................................................................ 17

3.2 Definição da amostra .......................................................................................................... 17

3.3 Técnicas de colecta de dados .............................................................................................. 18

3.4 Método de análise e interpretação de dados ....................................................................... 18

CAPÍTULO IV: RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................. 20

4.1 Caracterização da amostra .................................................................................................. 20

4.2 Os comerciantes e as perspectivas de gestão do negócio ................................................... 23

4.2.1 Tempo que exerce a actividade ....................................................................................... 25

4.2.2 Formas de realização do comércio informal.................................................................... 25


4.2.3 Local de Venda dos Produtos .......................................................................................... 25

4.2.4 Frequência que exerce a actividade ................................................................................. 26

4.2.5 Formas de venda e tipos de produtos vendidos no informal ........................................... 27

4.2.6 Onde são adquiridos os produtos ..................................................................................... 28

4.3 Motivos que levaram a entrarem no comércio informal..................................................... 28

4.3.1 Impacto do comércio informal no desenvolvimento do Município da Vila de Vilankulo


(emprego e receitas municipais) ............................................................................................... 30

4.3.1.1 Geração de emprego ..................................................................................................... 30

4.3.1.2 Receitas municipais ...................................................................................................... 31

CAPÍTULO V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ...................................................... 34

5.1 Conclusões .......................................................................................................................... 34

5.2 Recomendações .................................................................................................................. 36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 37


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Mercado Central de Vilankulo (2008-2013)

CAPITULO I. INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

A actividade do comércio informal, surge como mecanismo de reverter o cenário trazido pelo
sector formal, por ter uma fraca capacidade em gerar emprego e rendimentos em muitos
países, fazendo com que o sector informal ganhe um papel importante e cabe por ser um meio
amortecedor de tensões económico-sociais. Ainda o mesmo sector assegura a manutenção dos
níveis mínimos de coesão da sociedade através da criação de empregos em situação de crise
sócio económico e da geração de oportunidades de obtenção de rendimentos para os grupos
mais desfavorecidos (LOPES, 1999).

O sector informal (SI) compreende unidades de pequena escala que produzem e distribuem
bens e serviços e é composto, essencialmente, por produtores independentes, à conta própria,
em zonas urbanas dos países em desenvolvimento, alguns dos quais, também, empregam a
mão-de-obra familiar e ou poucos trabalhadores recrutados. Este sector funciona com pouco
capital e arrecada receitas mas os seus postos de emprego são instáveis. (ANDELA, 2008).

O sector informal tem vindo a crescer na África Subsahariana, empregando uma percentagem
elevada da população Economicamente Activa. Evidências sugerem que o sector informal é
maior na África Subsahariana do que em outras partes do mundo em desenvolvimento, pois
ocupa 60-80% do total do emprego não agrícola (CHARMES citado por MAPOSSE, 2011).

De acordo com o AMARAL (2005), “está provado que nas cidades dos países em
desenvolvimento, com manifestas dificuldades do estado e do sector dito formal darem
respostas às necessidades básicas da população, o sector informal supre essas faltas, quer nas
áreas da produção, da distribuição, da construção, dos serviços sociais e, sobretudo, do
emprego gerador de oportunidades salariais de uma grande parte da população.” Apesar de se
associar mais o sector informal às grandes cidades, a informalidade é um fenómeno tanto rural
como urbano. No meio urbano, o sector informal abrange 68%, contra cerca de 32% no sector
formal. No meio rural, o sector informal tem um peso muito maior, cerca de 95% do total dos
trabalhadores, contra 5% no sector formal (FRANCISCO&PAULO, 2006).

Há evidências de que uma grande percentagem da População Economicamente Activa em


Moçambique, esteja a desenvolver actividades no sector informal. De acordo com os dados do

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Instituto Nacional de Estatística, os indivíduos envolvidos no sector informal em


Moçambique correspondem a 75,2% do total da população Economicamente Activa, sendo a
sua maioria mulheres (INE, 2004).

Este trabalho apresenta-se estruturado da seguinte maneira: Capitulo I, introdução que


compreende a contextualização, o problema de estudo, a justificativa, os objectivos e, as
hipóteses; Capitulo II, revisão de literatura que compreende a conceptualização e a literatura
que suporta o tema em estudo; Capitulo III, metodologia que apresenta a descrição da área
de estudo, métodos, técnicas de recolha de dados, amostragem e descrição e análise de
dados; Capitulo IV, resultados e discussão; Capitulo V, conclusão e recomendações. E por
fim as referências bibliográficas usadas para a materialização do estudo.

1.2 Problema de estudo

Estima-se que na África Subsaariana o sector formal absorve apenas 6% dos que se
empregam pela 1a vez enquanto que, o sector informal recebe 75% (SANDHOP citado por
ARNALDO, 1996). E em Moçambique, de acordo com (CENSO, 2005) até o ano de
2005cerca de 75,2% da população activa encontrava-se no sector informal contra 7,9% no
formal.

O desemprego e a fraca qualificação da mão-de-obra têm implicações económicas e sociais


negativas, dado o facto de a economia ser dependente da utilização de novas tecnologias. A
falta de qualificação dificulta a ocupação dos postos de trabalho criados, o que
consequentemente favorece a manutenção de altas taxas de desemprego (PIEPOLI, 2006).

Com o desemprego, a sociedade mergulha-se na pobreza manifestando-se pela exclusão


social e consequente privação de liberdade de escolha, e como alternativa a população
recorre a prática do comércio informal como forma de criar a renda e sustento das suas
famílias.

Neste contexto, a pergunta que se levanta em torno do fenómeno acima descrito é:

Até que ponto o comércio informal contribui no desenvolvimento socioeconómico do


Município de Vilankulo?

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1.3 Justificativa

O sector informal emprega maior potencial empregador nos países em desenvolvimento e em


Moçambique em particular.

Inquérito realizado pelo INE em 2005 aponta que 75% da população economicamente activa
em Moçambique tem emprego informal (INE, 2006). Segundo os autores como CRUZ &
SILVA (2006), o comércio informal é uma actividade que surge para aliviar a pobreza e
acalmar os anseios da população pelo emprego formal.

O relatório anual sobre desenvolvimento no mundo do Banco Mundial, em 1990, intitulado


"Pobreza", concebe uma estratégia de desenvolvimento tendo em conta explicitamente a luta
contra a pobreza. O sector informal é o elemento principal dessa estratégia, porque é uma
fonte de emprego e de rendimento.

Segundo o mesmo relatório, o sector informal "representa 75% do emprego urbano em


muitos países da África Subsaariana” (BM, 1990 citado por SILVA) e pequenas empresas do
sector informal "são a principal fonte de renda para os pobres urbanos"(Ibid).

A escolha deste tema deve-se ao facto ser o sector informal que quase oferece mais postos de
trabalho quando comparado com os outros ramos de actividades no município de Vilankulo,
e desta forma, expressa extrema importância para a sobrevivência de muitas famílias, e ao
mesmo tempo contribuindo no desenvolvimento da autarquia, daí a pertinência em realizar o
presente estudo.

Do ponto de vista prático, pretende-se despertar a população que o comércio informal tem
sido um meio para suprimir as necessidades dos que se encontram no desemprego, e para os
governantes é um meio de arrecadação das receitas que contribuem no melhoramento de
patrão de vida dos munícipes dai que, esta actividade deve ser vista como uma oportunidade
conducente ao desenvolvimento.

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1.4Objectivos:

1.4.1 Geral
 Analisar o contributo do comércio informal no desenvolvimento sócio-económico da
Vila de Vilankulo.

1.4.2 Específicos

 Caracterizar os comerciantes informais do mercado Central de Vilankulo;


 Identificar as formas de realização do comércio informal praticado no mercado
Central de Vilankulo;
 Descrever o impacto do comércio informal no desenvolvimento sócio económico do
Município de Vilankulo.

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CAPÍTULO II: REVISÃO DE LITERATURA

Neste capítulo, apresentam-se a conceptualização e a literatura que suporta o tema em análise.

2.1 Conceptualização

Comércio - Segundo o Dicionário de Ciências Sociais, o comércio “ é uma forma de


interacção por troca de mercadorias e serviços entre pessoas, entre grupos e entre espaços
políticos e económicos integrados por convenção entre as partes”. É a actividade do sector
terciário que ordena, dinamiza e efectua a distribuição e venda – através de canais específicos
dos produtos dos sectores primários, secundários e terciário entre as fontes de produção e os
vários níveis de consumo: intermediários e final (SILVA et al, 1986).

Comércio Informal - ABRAHAMSON & NILSON (1994), consideram o comércio informal


como sendo uma integração opcional da economia familiar de subsistência no processo de
acumulação do modo de produção capitalista onde as opções estratégicas de sobrevivência
das famílias podem ser alteradas em conformidade com as mudanças das condições de troca
com o mercado. Pois, o comércio informal conserva uma posição dominante na economia,
porém, a base de sobrevivência de muitas famílias depende sobretudo deste comércio.

Enquanto isso, CHICHAVA (1998) define comércio informal como sendo “fora da lei,
ilegalidade e clandestino onde fazem parte todas actividades não registadas nas contas
Nacionais”.

SAMUELSON (1999), refere que o comércio informal insere-se na economia subterrânea,


como uma alternativa não registada oficialmente. Nesta economia abrange várias actividades
legais não declaradas às autoridades fiscais.

O comércio “informal” representa alterações significativas no papel do género na sociedade e


economia, PIEPOLI (2006). De uma posição subalterna, dependente e sujeita as funções e
ritos tradicionais, as mulheres, também através da economia “informal” (sobretudo no
comércio), começaram a assumir um papel activo e directo na integração do mercado das
famílias e de afirmação pessoal, com obtenção de rendimentos e geração de riqueza.

Segundo este autor, considera ainda que existem aqueles que dão o realce dos aspectos
económicos, alvejando o comércio informal como sendo uma economia secundária alternativa

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e marginal. Este referiu ainda que existem também aqueles que vêem o comércio informal sob
ponto de vista político e que afirmam que o comércio informal é uma alternativa de
desenvolvimento da economia Nacional. Todavia, este autor aborda que o comércio informal
é todo o trabalho que os indivíduos realizam além de suas unidades de produção e escritórios
formais, facto que se caracteriza pela inexistência de contrato, ou seja, acordo de trabalho
reconhecido pelas partes.

Mercado - é o mecanismo através do qual os compradores e os vendedores podem determinar


preços e trocar bens e serviços. A sua característica principal é a possibilidade de juntar
compradores e vendedores para fixarem preços e quantidades. Os compradores procuram os
bens e/ou serviços para poder comprar e com eles satisfazer uma determinada necessidade;
por outro lado os vendedores oferecem os bens e/ou serviços aos compradores fixando um
valor equivalente ao seu produto, que é o preço (SAMUELSON & NORDHAUS, 1999).

Mercado informal - Não é tarefa fácil dar a definição de mercado informal, dada a existência
de variedades de definições. No entanto, um grande número de autores define o Mercado
Informal como sendo aquele onde prevalece o mínimo de intervenção do governo, não
cumpre as leis ou regras, especialmente as legislações fiscais e trabalhistas, sem contratos
registados junto à seguridade social, sem tempo de duração e sem que sejam definidos de
forma clara itens básicos como função, horas trabalhadas, descanso semanal remunerado,
entre outros (CORREA & LOPES, 2009).

De acordo com a caracterização da ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL De TRABALHO


(2006), as actividades informais teriam os seguintes elementos:

 Baixos requerimentos em termos de capital, capacitação e organização;


 Empresas familiares ou individuais;
 O aporte de recursos é de origem doméstica;
 Operações em pequena escala;
 Sistema produtivo e trabalho intensivo, apoiado em tecnologia antiquada e adaptada;
 Mercados competitivos e desregulados;
 Há facilidade de entrada;
 A mão-de-obra qualifica-se externamente ao sistema escolar formal.

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Desenvolvimento económico - corresponde ao crescimento, quer dizer, aumento do Produto


Nacional Bruto (PNB) per capita, acompanhado da melhoria da condição de vida da
população e por alterações profundas na estrutura de sua economia, (COSTA, 2006).

O desenvolvimento económico é um fenómeno histórico que passa a ocorrer nos países ou


estados-nação que realizam sua revolução capitalista, e se caracteriza pelo aumento
sustentado da produtividade ou da renda por habitante, acompanhado por sistemático processo
de acumulação de capital e incorporação de progresso técnico. (BRESSER-PEREIRA, 2006).

O conceito de desenvolvimento económico abarca aspectos quantitativos associados ao


crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que representa o crescimento económico, e
aspectos qualitativos, associados ao nível de vida e parâmetros sociais, para além dos
económicos (BALTAZAR, 1990). Associam-se ao desenvolvimento económico vários
elementos, dentre os quais:

 Um grande nível de educação, cultura e formação e sua disseminação pela sociedade;


 Uma melhoria do desemprego e aumento da participação das mulheres na força de
trabalho assalariado, existência de legislação laboral, de reformas e pensões para a
terceira idade e um movimento sindical activo;
 Um domínio de tecnologia, incluindo a de alguns ramos de ponta a nível mundial, e
perfeito conhecimento sobre toda a tecnologia presente na economia;
 Uma redução das disparidades de nível de vida entre campo e cidade, dos
desequilíbrios geoeconómico de um país com uma distribuição relativamente
equitativa dos pólos de desemprego e de tecnologia pelo espaço geográfico nacional;
 Uma integração de toda população no consumo através do mercado e existência de
capacidade interna de investimento e poupança criando uma certa autonomia interna
(Ibid).

Como se pôde ver, estes elementos de caracterização do estado de uma economia nacional
demonstram que será sempre necessária uma base económica bem estruturada para que na
economia e sociedade de um país existam esses elementos. Desta forma, assume-se que o
crescimento económico seja uma condição necessária, mas não suficiente para que haja
desenvolvimento económico. Através do crescimento económico criam-se as condições
materiais para que o desenvolvimento económico surja como consequência.

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Sector informal - “é um variado leque de actividades orientadas para o mercado e realizadas


com uma lógica de sobrevivência pelas populações que habitam os centros urbanos dos
países em desenvolvimento” (LOPES, 1999).

Na mesma lógica da definição anterior, QUEIROZ (2009) considera sector informal a


actividade orientada para o mercado com o principal objectivo de criar emprego e
rendimento para as pessoas nela envolvida e para os seus agregados familiares, com uma
lógica de sobrevivência. O não registo da sua actividade é uma característica do sector
informal e não um critério para defini-lo.

Para a OIT (2006) o sector informal pode ser definido como “um conjunto de unidades
empenhadas na produção de bens ou serviços, tendo como principal objectivo a criação de
empregos e de rendimentos para as pessoas nelas envolvidas”.

Estas actividades funcionam normalmente com um fraco nível de organização, com pouca
ou nenhuma divisão entre trabalho e capital, enquanto factores de produção, e operam em
escala reduzida. As relações de trabalho quando existem baseiam-se, na maior parte das
vezes, no emprego ocasional, no parentesco, e nas relações pessoais e sociais, mais do que
em acordos contratuais formais.

Não existe uma definição única e nem de consenso, para a designação do sector informal e o
problema não tem a ver só com o significado da expressão sector informal, mas também com
a escolha da expressão que melhor traduz este fenómeno.

Para NORONHA (2003) a utilização dos conceitos “formal” e “informal” não é clara, assim
como não há coesão sobre o papel da legislação nos contratos de trabalho. Este autor sugere
o uso do conceito “informalidade”, cujo significado depende sobretudo da compreensão do
conceito “formalidade” predominante em cada país, região, sector ou categoria profissional.

Ainda, a OIT (2006) considera ainda que qualquer negócio/empresa não matriculado junto
do governo nacional local pertence ao sector informal; não se incluem as actividades ilícitas
(contra bando, roubo, tráfico de droga, etc.) e compreende essencialmente, as chamadas
actividades de sobrevivência, abrangendo as pequenas empresas, as microempresas, os
trabalhadores independentes e o auto-emprego.

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Conforme com o aludido pelos autores, as definições dão muito enfoque às actividades de
subsistência e não captadas pelas estatísticas oficiais, devido ao motivo de estas serem
desenvolvidas clandestinamente, não no sentido de uma prática criminal, mas apenas no
sentido de não formalização daquilo que por lei é expressamente proibido.

Neste sentido, e para efeito do presente trabalho, considera-se sector informal como sendo
segmento da economia onde ocorre a prática de actividades legalmente permitidas ou pelo
menos não expressamente proibidas por lei, mas que para além de não estarem registadas,
quer para fins tributários oficiais, como para efeito de cadastro comercial, estão fora das
estatísticas oficiais do país, o que conclui-se que é um sector que funciona à margem do
controle estatístico ou contabilístico e fiscal e que ainda não apresenta contractos para os
seus trabalhadores.

2.2 A emergência do sector informal em Moçambique

De acordo com ABREU (2007), os espaços dos países em desenvolvimento (como é o caso
Moçambique) caracterizam-se basicamente por se organizarem em função de interesses
estrangeiros. São espaços descontínuos, instáveis e multipolarizados, marcados por grandes
diferenças em termos de renda.

Essas diferenças é que determinam diferentes possibilidades de consumo entre os indivíduos.


O nível de renda é também em função da localização da pessoa, determinando a situação de
cada um como produtor e consumidor. Assim criam-se dois circuitos (superior e inferior)
não só económicos, mas também responsáveis pelos processos de organização espacial.

Ainda de acordo com o mesmo autor, o circuito superior é directamente organizado a partir
da modernização tecnológica. Este circuito compreende as actividades de capital-intensivas,
realizadas em grande escala, usando técnicas modernas. O circuito inferior consiste em
actividades de pequena escala destinadas principalmente à população pobre. A formação
destes dois circuitos é directamente ligada à modernização tecnológica actual. E essa
modernização não consegue gerar um número suficiente de empregos.

Por isso, na sociedade rural, existe um grande número de pessoas que vivem de salários
extremamente baixos ou sem trabalho fixo, ao lado de uma minoria com renda extremamente
alta. São estas diferenças que constituem a causa e o efeito da existência de dois circuitos de

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produção, distribuição e consumo de bens nesses locais. Os dois circuitos não são sistemas
isolados, pelo contrário, estão em permanente interacção.

O sector subterrâneo ou informal surge originalmente em resposta a rápida urbanização e ao


desemprego nos países em desenvolvimento (HOPE, 1996). Alguns autores associam o
surgimento do sector informal à crise de emprego formal. Este é o caso de KING (1996),
defensor da posição segundo a qual o surgimento do sector informal está ligado à crise
verificada no sector formal da economia, especialmente em África.

É uma nova reacção à crise de emprego no sector formal que está associada a perda de
emprego e às Políticas de Ajustamento Estrutural.

Nos anos 80 e 90 do século passado, houve um aumento exponencial do sector informal em


resultado de factores tão diversos como a crise económica, a contracção do mercado de
emprego no sector formal e despedimentos de trabalhadores, o aumento de rendimentos
disponíveis no sector informal e das necessidades dos consumidores de bens e serviços
(AMARAL, 2005).

As actividades do sector informal, até os anos 80, eram realizadas por trabalhadores auto
empregados e baseados nas cidades. As maiorias destes eram imigrantes rurais sem nenhuma
educação formal. Eram trabalhadores pobres engajados na produção marginal ou na
importação de bens de consumo que eram escassos nas zonas dos países em
desenvolvimento, mas muito procurados (HOPE, 1996).

Segundo o mesmo autor, com o passar do tempo, tanto as actividades assim como as pessoas
envolvidas neste sector mudaram consideravelmente e passaram a incluir a classe de
trabalhadores profissionais e gestores, alguns dos quais são funcionários do Estado ou estão
no sector formal a tempo inteiro e permutam entre o sector formal e subterrâneo até no
mesmo dia. As actividades expandiram-se de tal forma que o sector formal expande
actividades para o sector informal para resolver alguns problemas como o fornecimento de
medicamentos e outros produtos.

Durante algum tempo o sector subterrâneo (informal) foi visto como um fenómeno
passageiro que ia desaparecer à medida que o sector formal crescesse e absorvesse muita
mão-de-obra. Esta visão foi baseada na perspectiva da (OIT, 1996) que considerou o sector
informal essencialmente disfuncional e isso levou a que as pessoas pensassem que fosse
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passageiro. Mas, estudos realizados por KING (1996) &HOPE (1996) mostram que o sector
informal não desapareceu, pelo contrário cresceu substancialmente no Terceiro Mundo e
deixou de ser exclusivamente do domínio dos pobres urbanos e passou a incluir profissionais
e gestores do sector formal.

Alguns autores como CHICHAVA (1998), FRANCISCO & PAULO (2006) afirmam que as
actividades informais registaram um grande crescimento, a partir dos anos 80, com a
introdução das reformas de reabilitação económica. Afirma CHICHAVA (1998), que em
Moçambique, o impulso ao desenvolvimento de actividades informais dá-se em 1987 no
com a implementação e impacto do Programa de Reabilitação Económica (PRE).

Tal como em qualquer país com um programa de reformas económicas financiadas pelas
instituições de Bretton Woods1, Moçambique ressentiu-se do impacto de tais medidas,
sobretudo nas camadas mais pobres, afectando os seus rendimentos, através da mudança nos
seus salários, quer através da alteração nos preços e também na diminuição do seu poder de
compra. Estas medidas também mudaram o nível e o grau de consumo, via redução das
despesas públicas, afectando particularmente o sector social. Ainda de acordo com o mesmo
autor, em Moçambique, as primeiras medidas de depreciação do metical (moeda nacional)
em 1987, provocaram o aumento de preços em 200%, e os salários nominais apenas
cresciam em 70%. (ABRAHAMSON& NILSSON, 1994).

Tendo em conta que 50% das famílias trabalhadoras moçambicanas o salário mínimo é a
principal fonte de rendimento, o nível acumulado da inflação (188% de 1986 a 1987) e o
consequente aumento dos preços, as reduções dos subsídios ao consumo e das despesas
sociais do Estado foram no seu conjunto, determinantes para a redução do rendimento real
das famílias, dado que a retirada subsídio de alimentação por exemplo implica que o
trabalhador do Estado tenha que custear as suas despesas com o valor que recebe no entanto
o valor real do seu vencimento é muito baixo dado o elevado custo dos alimentos, faz com

1
Bretton Woods foi o nome dado a um acordo de 1944 no qual estiveram presentes 45 países aliados e que tinha
como objectivo reger a política económica mundial. Segundo o acordo de Bretton Woods as moedas dos países
membros passariam a estar ligadas ao dólar variando numa estreita banda de +/- 1%, e a moeda norte-americana
estaria ligada ao Ouro a 35 dólares. Para que tudo funcionasse sem grandes sobressaltos foram criadas com o
acordo Bretton Woods duas entidades de supervisão, o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco
Mundial.
Assim, com o acordo de Bretton Woods, o dólar passou a ser a moeda forte do sistema financeiro mundial e os
países membros utilizavam-na para financiar os seus desequilíbrios comerciais, minimizando custos de detenção
de diversas moedas estrangeiras.

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que haja. Assim, algumas famílias não pobres antes do PRE, passaram à categoria de pobres
e os já pobres passaram para o grupo de indigentes (CHICHAVA, 1998).

FRANCISCO & PAULO (2006), analisam o PRE num sentido diferente de CHICHAVA
(1998). Para estes autores, a introdução do PRE, em 1987, permitiu que a economia informal
saísse da clandestinidade e do subterrâneo a que estava remetida, essencialmente por
imposição legal e determinação política do Estado. Porém, o que o PRE fez, foi converter
parte da economia nacional reprimida em economia informal consentida, pois, antes dessa
evolução, não se distinguia mercado negro (ilícito, criminoso e delituoso) de economia
informal consentida. Tudo era designado “candonga” (economia paralela).

Ainda de acordo com FRANCISCO & PAULO (2006), a partir da década de 80,
imediatamente após a decisão do Governo de liberalizar os preços de alguns produtos
(hortícolas, frutas e vegetais) em1985, as bancas dos mercados oficiais, até então totalmente
abandonadas e vazias, passaram a ficar repletas de produtos. Os mesmos produtos, até então,
eram vendidos em circuitos clandestinos, por se exigir que os preços a serem praticados
fossem os administrativos fixados pela burocracia governante.

Embora em Moçambique, tal como em outros países da África Subsaariana, o sector


informal tenha sido percebido como um problema social, pois representava um sector não
reconhecido pelos regulamentos vigentes nesses países para o início da actividade comercial,
a realidade mostrou que este sector tem um papel significativo na criação de empregos, na
geração de rendimento e no desenvolvimento económico e social do país. Só em 2008 é que
foi reconhecido como fazendo parte do sistema económico e por isso foi promulgada uma lei
para que as pessoas que exercem actividades no sector informal paguem o Imposto
Simplificado para os Pequenos contribuintes (ISPC).

2.2.1 Características do sector informal

O sector informal é, hoje, um conjunto de operadores dinâmicos e economicamente


agressivos que buscando a sua sobrevivência, têm ocupado e proporcionado rendimentos
alternativos a muitas famílias em países em desenvolvimento. Segundo CHICHAVA (1998)
&AMARAL (2005), o sector informal em geral apresenta as seguintes características:
 Para o início das actividades conta apenas a iniciativa pessoal;
 È uma organização individual ou familiar, livre e flexível;

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 É de fácil entrada e integração, mas com muitos riscos de se extinguir;


 As instalações geralmente são inexistentes;
 Emprega mão-de-obra barata, jovem e com predominância do sexo feminino em
certas actividades como a venda de produtos, hortícolas, vegetais, e outros produtos
agrícolas;
 Comercializa uma vasta gama de produtos e presta serviços diversos que não
envolvem grande tecnologia ou equipamento;
 A formação profissional é reduzida ou inexistente, privilegiando-se as práticas de
aprendizagem no processo de trabalho;
 Usa insumos conseguidos nas unidades do sector formal e às vezes, abastece também
o sector formal;
 O salário e vínculo contratual são celebrados entre pessoas, sem vínculo contratual;
 O crédito é concedido por pessoas singulares ou familiares e pelo recurso a
associações de poupanças e crédito;
 A margem de lucros é elevada por unidade, mas pequena por volume.
 Ainda de acordo com CHICHAVA (1998), em Moçambique a mão-de-obra
envolvida no sector informal compreende:
 Desempregados e sub-empregados do sector formal da economia;
 Desempregados provenientes das zonas rurais;
 Funcionários do Estado e operários do sector formal usando seus familiares ou
 Trabalhadores para complemento dos seus rendimentos;
 Proprietários do sector formal à busca de maiores receitas e fuga ao fisco;
 Jovens recém-formados aos vários níveis (médio e superior) que não encontram
emprego; no sector formal ou que não se contentam com os salários do Aparelho do
Estado.

O sector informal tem dois tipos de trabalhadores: “os assalariados e os não assalariados”
que geralmente são familiares não pagos regularmente, mas a quem lhes são concedidas
certas condições, como alojamento, alimentação e alguns subsídios (PROGRAMA DE
NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO, 2001).

Acredita-se que a maior parte da força de trabalho ocupada no comércio informal é do sexo
feminino. Segundo CRUZ & SILVA (2005), os dados da Associação dos Operadores e

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Trabalhadores do sector informal (ASSOTSI) sobre o sector informal em Moçambique e


continente africano revelaram que a maior parte dos agentes informais são mulheres. “As
mulheres fazem parte dos primeiros grupos que dinamizaram a criação e o desenvolvimento
do sector informal, e continuam a representar a maior população de indivíduos que operam
neste sector”. Os estudos feitos por LOPES (1999) também chegaram a mesma conclusão.

O sector informal inclui actividades económicas, tais como “bancos informais” que recolhem
pequenas poupanças e fazem empréstimos por segmentos da população que não têm acesso
ao crédito bancário (NAZARÉ, 2006).

2.2.2 Funcionamento do Sector Informal

O comércio informal não tem uma estrutura definida, nem registo. Funciona sem infra-
estruturas físicas mínimas e na maior parte dos casos, para além das construções precárias
onde estão instalados, não estão abrangidos por um sistema de saneamento de água, ou um
serviço de sanitários públicos, este processo mostra-se bastante insuficiente para as
necessidades existentes.

A sofisticação surge quando os locais de venda são estabelecidos territorialmente (e, por
isso, normalmente negociados) dentro do espaço dos mercados ou ao longo de passeios
concorridos. Os proprietários de bancas em mercados provisórios não oficiais normalmente
negociam um preço para aquisição do direito de vender a partir de um determinado local. A
partir daí, e nos locais mais recônditos, os proprietários de bancas e vendedores de rua –
embora tecnicamente ilegais e muitas vezes sujeitos à perseguição policial, multas e
confiscação dos seus produtos – têm de pagar taxas regulares diárias que são dadas aos
cobradores oficiais dos conselhos municipais.

Esta atitude parece ser lógica se considerar a existência de um sector informal cujos direitos
devem ser defendidos pelo Estado. Considerando que os recursos financeiros que circulam
no sector informal não entram no sector financeiro nacional, portanto não contribuem para o
aumento de poupanças nacionais nem os operadores se predispõem a pagar taxas ou
impostos. Pode se dizer que a sua actividade tem sido em grande medida exercida em
prejuízo do Estado e até mesmo da própria sociedade.

Contudo, importa notar que a posição do governo face ao sector informal tem vindo a mudar
drasticamente pois já existem facilidades para um registo rápido de actividades, sistema de
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pagamento de taxas para o pequeno contribuinte formal ou informal que não precisa de
nenhumas demonstrações contabilísticas nem questionamentos maiores. A existência destas
políticas poderá no futuro contribui para encaminhar os operadores do sector informal para o
sector formal.

Um sistema de recolha de taxas para estes operadores também poderá ser um incentivo.
Importa referir que uma das vantagens que o comércio informal terá no futuro, será a
facilidade de obter empréstimos, recursos a consignação de produtos, benefícios em
descontos para grandes aquisições, períodos de pagamento aos fornecedores mais amplos,
descontos nos impostos relativos aos investimentos efectuados nos seus estabelecimentos ou
melhoramentos.

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CAPÍTULO III: METODOLOGIAS

Este capítulo consistiu em apresentar as fases pelas quais foram aplicadas para a realização
do trabalho, principalmente aspectos relacionados com os métodos e técnicas que se
aplicaram para a execução do mesmo.

O projecto foi realizado em três momentos nomeadamente: Primeiro, consistiu na revisão de


literatura que é a localização e a obtenção de documentos para avaliar a disponibilidade de
material que subsidiaram o tema do trabalho de pesquisa, sendo realizado junto às
bibliotecas ou serviços de informações existentes, devendo de tal forma, citar a fonte de onde
se colheu o material, sempre observando a forma de destacar nas referências
(LAKATOS&MARCONI, 2007).

No segundo momento, fez se a colecta de dados (trabalho de campo) no distrito de


Vilankulo, província de Inhambane, sendo que essa colecta de dados foi efectuada no
Conselho Municipal da Vila de Vilankulo e no Mercado Central de Vilankulo sobretudo
junto ao chefe do mercado e dos Comerciantes informais.

E finalmente, o terceiro e o último momento consistiram na análise e discussão dos dados


colectados no campo.

3.1 Descrição do local de estudo

3.1.1Localização, Superfície e População da Vila Municipal de Vilankulo

A Vila de Vilankulo localiza-se na região Norte da província de Inhambane e a Sul do rio


Save, no Distrito do mesmo nome, dista a cerca de 700Km da Capital do País, Maputo, e
constitui precisamente a entrada mais pronunciada a Sul do Arquipélago do Bazaruto (MAE,
2005).

O Município da Vila de Vilankulo, tem uma população estimada em 38.432 habitantes de


acordo com INE (2006), a sua superfície é de cerca de 140,625 quilómetros quadrados, com
os seguintes limites geográficos:

Norte: Círculo de Chigamane e Machocomane

Noroeste: Círculo de Mungonze

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Sul: Círculo de Chixocane

Este: Baía de Vilankulo

Oeste: Círculo de Faiquete

O município de Vilankulo é constituído por nove Bairros residenciais, nomeadamente:


Bairro 19 de Outubro, 25 de Junho, 7 de Setembro, 50Congresso, Central, Desse, Aeroporto,
Alto Macassa e Chibuene.

3.1.2 Mercado Central da Vila de Vilankulo

O mercado central localiza-se no bairro do mesmo nome, e é o mais antigo mercado


construído no tempo colonial de acordo com a informação facultada pelo chefe do mesmo.

Com semelhança de outros mercados do País, o mercado conheceu momentos em que quase
ficou sem comerciantes devido a guerra de desestabilização que afectou o País e só depois dos
acordos de Paz o mercado começou a registar maior fluxo dos comerciantes informais vindos
de muitos pontos do País.

3.2 Definição da amostra

O inquérito foi conduzido aos comerciantes informais do mercado Central de Vilankulo, que
são compostos uma população de 2051 comerciantes informais.

A amostragem é a técnica para obter uma amostra (parte) de uma população. Uma população,
por sua vez, é um conjunto de elementos que possuem algumas características em comum. A
colecta de uma amostra faz-se necessária quando se pretende saber informações sobre a
população em estudo. O levantamento por amostragem apresenta algumas vantagens em
relação ao levantamento de toda a população. A amostragem implica em custo menor e
resultado em menor tempo (KARMEL, P H.; POLASEK, 1977).

A presente pesquisa privilegiou-se a amostragem não probabilista, que foi seleccionada da


população em estudo, porque este considera que esses elementos possuem características
típicas ou representativas da população.

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Para a delimitação da amostra, baseou-se ao MACUCULE & MATAKALA, (1998), que


afirmaram que, uma população com um tamanho máximo de 100, 500 ou mais unidades
requer pelo menos uma amostragem de 15, 10 e 5% respectivamente, logo:

, Onde: n- tamanho da amostra; N- população e I- intensidade da amostra.

As entrevistas foram efectuadas dentro do mercado Central de Vilankulo e ao longo da


Avenida Eduardo Mondlane e a rua de padaria flor.

3.3 Técnicas de colecta de dados

Técnica de pesquisa documental – que é a técnica de colecta de dados restrita a documentos,


escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias (LAKATOS
&MARCONI, 2007).

Técnica de pesquisa bibliográfica ou fontes secundárias que abrange toda a bibliografia já


publicada em relação ao tema em estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais,
revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico, entre outros. (Ibid).

Entrevista - técnica em que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formula


perguntas, com o objectivo de obtenção dos dados que interessam à investigação (GIL, 2008).

Observação directa - consiste na participação real do conhecimento na vida da comunidade,


grupo ou de uma determinada situação. Neste caso, o observador assume pelo menos até um
certo ponto, o papel de um membro do grupo (Gil, 2006).

As entrevistas semi-estruturadas foram realizadas ao grupo de comerciantes. A razão da opção


por entrevistas semi- estruturadas como técnica para a obtenção de dados, deve-se ao facto de
ser um meio que possibilita captar as representações, o conhecimento e as ideias ligadas aos
actores locais, assim como sustenta GIL (2008), a percepção dos actores locais é um elemento
indispensável para a compreensão da sociedade.

Neste processo foram no total conduzidas 103 entrevistas junto aos comerciantes informais do
mercado Central de Vilankulo mais duas (sendo uma ao chefe do departamento dos mercados
e uma junto ao chefe do mercado.

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3.4 Método de análise e interpretação de dados

Quanto a forma de abordagem esta pesquisa caracteriza-se por quantitativa -qualitativa,


qualitativa porque segundo LAKATOS & MARCONI (2007), busca compreender o
significado e características situacionais apresentadas pelos entrevistados. Por outro lado é
quantitativa porque depois de efectuadas as pesquisas são deduzidos dados numéricos, isto é,
produção de medidas quantitativas de características ou comportamento.

Nas variáveis qualitativa para o presente trabalho temos como variável a melhoria de
qualidade de vida (Educação, Saúde e Habitação condigna).

Como variáveis quantitativa temos as receitas fiscais, a renda, e postos de trabalho no


comércio informal. As variáveis foram analisadas apenas para o grupo de comerciantes do
mercado Central de Vilankulo.

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CAPÍTULO IV: RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste ponto, Propõe-se apresentar os resultados quer da análise de conteúdo quer do


tratamento estatístico. A apresentação inicia-se com a caracterização da população
“comerciantes ou vendedores informais”. Pretende-se que esta caracterização baseada em
dados colectados e analisados reflicta os objectivos do questionário usado nas entrevistas.

4.1 Caracterização da amostra

A pesquisa abrangeu 103 comerciantes, dos quais 34 (33%) eram homens e 69 (67%)
mulheres, com idades compreendidas entre 15 aos 65 anos, como ilustra a Tabela 1. De
acordo com a tabela, verifica-se maior presença de jovens entre 15 a 25 anos de idade na sua
maioria mulheres desenvolvendo o comércio informal.

Tabela nº 1: Idade dos Comerciantes Informais

Idade Frequência Sexo


H M
15-25 42 11 31
25-35 26 16 10
35-45 23 3 20
45 - > 12 4 8
Total 103 34 69
Percentagem 100% 33% 67%

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da entrevista (2014)

Duma forma geral, a maior parte dos comerciantes informais (93%), não têm outra
actividade que gera rendimentos para além do comércio informal, assim esta actividade para
eles torna-se a base de sustento para as suas famílias, sendo que, a minoria (7%) têm outras
fontes de renda (Tabela 2). Para além disso, os dados indicam a maior presença de mulheres
a praticarem o comércio como actividade alternativa em conta própria em 72%, do que, os
homens que se representam em 28%, no entanto, essa predominância de mulheres
trabalhadoras está relacionada ao facto de ser uma actividade de fácil acesso que exige
reduzido investimento inicial e não requer qualificações profissionais específicas (LOPES,
2003).

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Por outro lado, a maior participação das mulheres está relacionada ao facto da actividade
permitir o acesso e o controlo directo dos rendimentos, autonomia… (LOFORTE, 2000).

As mulheres envolvem-se cada vez mais no comércio informal porque para além de suprir o
magro orçamento familiar, o comércio informal emerge como uma estratégia para ganhar
influência social, constitui uma forma de luta e de resistência contra a ideologia do poder
patriarcal que relega as mulheres à domesticidade e vida familiar (Ibid).

Os dados revelam também maior destaque de jovens com idades compreendidas na faixa
etária entre (15-25) anos, (26-35) anos, em 42 e 26 comerciantes, respectivamente (Tabela
1). De acordo com MELO & TELES, (2000) a ocupação desta força de trabalho no comércio
informal pode estar relacionada com a dificuldade que encontram em conseguir ocupação
formal, uma vez que, para jovens “o mercado exige uma experiência que esta camada não
possui, e a induz indirectamente a obter a mesma experiência em uma ocupação informal”

Tabela nº 2: Categorias Ocupacionais


Categorias Homens Mulheres Nº de casos
Ocupacionais
Empregador 41% 59% 17
Actividade
Conta 93% 28% 72% 72 96
Alternativas
própria2
Empregado 43% 57% 7
Empregador 50% 50% 6
Actividade Conta 7% 100% 0% 1 7
Complementar Própria
Empregado 0% 0% 0
Total 100% 103

Fonte: Elaborado pelo autor de com base nos dados da entrevista (2014)

2
O trabalhador por conta própria é aquele que, ao exercer a sua profissão, fá-lo sem empregados assalariados
e que o rendimento do seu trabalho reverte para ele próprio. Este pode ter empresa e também pode desenvolver a
sua actividade em casa, na barraca, na rua, no mercado ou na esquina. Difere do empregador por este ser
proprietário de um estabelecimento que emprega trabalhadores
assalariados (ARNALDO, 1999).
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Tabela nº 3.Número de Chefes de Famílias

Comerciantes informais
Chefes de família Não chefes de família
Idade H M Total H M Total
15-25 9 27 36 2 4 6
26-35 15 8 23 1 2 3
36-45 3 19 22 0 1 1
46- > 4 8 12 0 0 0
Total 31 62 93 3 7 10
Percentagem 33% 67% 100% 30% 70% 100%
Total
Total dos comerciantes 93 10 103
Percentagem 90% 10% 100%

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da entrevista (2014)

Tabela nº 4 Número de Membros de Agregado Familiar por cada Chefe de Família

Nº de membros do agregado Nº de chefes famílias Percentagem


familiar

2-4 36 35%
5-7 57 65%
Total 93 100%

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da entrevista (2014)

De acordo com dados da pesquisa, indicam que, 90% dos comerciantes são chefes de família,
em que 33% são homens e 67% são mulheres (Tabela 3) na sua maioria solteiras e viúvas. As
mulheres solteiras, viúvas e chefes de família têm um grande desafio em sustentar o seu
agregado familiar, visto que já estão numa idade em que a sua capacidade produtiva é baixa o
que pode ter implicações directas no rendimento. De acordo com os dados da Tabela 4, o
número de agregado familiar destes chefes de famílias é de 2 a 7 membros, em que, 35% tem
um agregado de 2 à 4 e 65% têm 5 a 7 membros, estes compostos por filhos, netos e outros
familiares.

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4.2 Os comerciantes e as perspectivas de gestão do negócio

De acordo com os dados da Tabela 5, há indicação de presença de comerciantes sem


nenhuma escolaridade 40, com ensino primário elementar 34, primário e segundo grau 16,
ensino secundário 13, nenhum com ensino superior. O registo contabilístico é efectuado
apenas por 9 dos 103 comerciantes inqueridos e os restantes 94 não o fazem. Este panorama
oferece poucas oportunidades para progredir.

O baixo nível de formação académica parece impedir uma organização racional de comércio.
Por exemplo a maioria dos comerciantes que não fazem o registo contabilístico têm nível de
formação académica mais baixo (Tabela 5).

Esta constatação não coaduna com as abordagens do INSTITUTO DE PESQUISA


ECONÓMICA APLICADAS (2005) que realça, que no mundo moderno, um dos principais
triunfos para uma boa condução de uma actividade comercial consiste no conhecimento
mínimo, dos princípios elementares de gestão, nomeadamente: técnicas de cálculo de custos,
contabilidade, comercialização e organização do comércio.

A ausência de um registo sistemático, em 94 dos 103 comerciantes informais do sub-sector


impede o controlo das realizações financeiras, no entanto, os comerciantes que fazem registo
têm os melhores índices de rendas mensais comparativamente dos que não fazem (Tabela 6),
o que apesar dos baixos rendimentos apresentados pela maior parte dos comerciantes, todos
foram unânimes em afirmar que conseguem satisfazer as suas necessidades básicas
(educação, saúde, habitação, água potável, acesso a energia eléctrica).

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Tabela 5: Nível de Educação dos Comerciantes e a Forma Usada para o Controlo das
Contas
Educação Nº de Comerciantes Comerciantes que não
Comerciantes que fazem fazem registo das
registo das contas
contas
Sem formação 40 0 40
Primário 34 1 33
Elementar
Primário 16 1 15
segundo grau
Secundário 13 7 6
Superior 0 0 0
Total 103 9 94

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa (2014)

Tabela 6: Relação entre o Rendimento de comerciantes que registam e os que não


registam as contas
Categorias Nº de comerciantes Renda mensal (Mts)
Comerciantes que fazem o
registo das contas 9 (3500-4000)

Comerciantes que não fazem


registo das contas 94 (1000-1500)

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da entrevista (2014)

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4.2.1Tempo que exerce a actividade

Nesta categoria é notório o facto de (38% de homens - mulheres) exercerem esta actividade
no intervalo entre 6 a 10 anos. Estes testemunham o crescimento da actividade informal
naquele local, conforme ilustra a Figura nº 1.

Figura nº 1: Tempo de Exercício da Actividade

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da entrevista (2014)

4.2.2Formas de realização do comércio informal

Os vendedores informais deste mercado referiram que vendiam numa banca móvel, que na
verdade refere-se a uma pequena mesa precária e em sacos onde colocam os seus
diversificados produtos e no final de cada jornada de trabalho removem-nos para o local
onde armazenam.

4.2.3Local de Venda dos Produtos

Os produtos são vendidos de maneiras diferenciadas das quais, a categoria de chão é a mais
usada perfazendo (58%). Sendo que 21% são da categoria ambulante, 13% na categoria dos
que vendem na mesa, e nas barracas um número reduzido de 8% de acordo com a Figura 2.

VILANCULOS (15 de Agosto, 2014,cp.) disse: “Prefiro usar o chão pois, as pessoas têm
preferência em coisas organizadas. No chão consigo arrumar muito bem os produtos, para
além de que faz com que os compradores apreciem melhor as coisas e atrai facilmente os
clientes”.

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Figura nº 2: Local de Venda dos Produtos

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da entrevista (2014)

4.2.4Frequência que exerce a actividade

De modo geral, (68% de homens e mulheres) exercem esta actividade diariamente,


perfazendo a maior percentagem dos inquiridos naquele local. Sobre a frequência da
actividade.

(…) Passamos quase todos os dias nesse lugar, o que podemos dizer é que a nossa
verdadeira casa é aqui mesmo (…) descansamos normalmente aos domingos pois
precisamos de ir a igreja. Às vezes mesmo depois de termos ido a igreja voltamos para
vender um pouco mais”3

Figura nº 3: Frequência em que Exercem a

Actividade

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da entrevista (2014)

3
TANGUNE, (15 de Agosto, 2014,Cp.)
Feliciano Wilson N. Matsinhe Licenciatura em Economia Agrária Página 26
Contributo do Comércio Informal no Desenvolvimento Socioeconómico da Vila de Vilankulo. Estudo de Caso:
Mercado Central de Vilankulo (2008-2013)

4.2.5 Formas de venda e tipos de produtos vendidos no informal

São comercializados produtos alimentares a retalho4, este tipo de comércio está associado ao
tipo de produtos vendidos e com o facto de o comércio informal incluir todas as actividades
que envolvem a venda directa de bens e serviços ao consumidor final, para o uso pessoal,
familiar ou doméstico, isto é, os bens transaccionados não requerem transformação, são
vendidos da maneira como foram adquiridos, o que poupa tempo e os livra de qualquer
esforço5. Desta feita, a Figura 4, mostra-nos a maior frequência de produtos alimentares
(60%), material escolar (20%), calcados (5%), vestiários (4%) e outros em (11%).

Ainda, o motivo para que o comércio a retalho seja o mais dominante no informal está
associado ao tipo de venda e ao poder de compra, uma vez que muitas famílias não têm
possibilidades de comprar produtos em grandes quantidades e as vendas são efectuadas em
unidades ou quantidades muito pequenas, como por exemplo o açúcar em vez de ser vendido
em quilogramas pode ser vendido em copos ou em colheres para as famílias que não têm
posses para comprar em quilogramas. O imperativo de satisfazer as obrigações de
solidariedade familiar e comunitária e a insuficiência de infra-estruturas materiais relativas a
exposição, conservação e armazenamento de produtos (LOPES, 2003), também faz com que
os indivíduos se refugiem no comércio a retalho. Por outro lado, o próprio comerciante em
algumas vezes possui pequenas quantidades de stock que não permite vender em grandes
quantidades.

4
Identificação baseada na observação (100%) dos inqueridos vende os seus produtos a retalho
5
Citado por MAPOSSE (2011)
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Mercado Central de Vilankulo (2008-2013)

Figura no 4. Tipos de Produtos Comercializados

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da entrevista (2014)

As senhoras que vendem roupa usada vulgarmente conhecida por (calamidade) quando
questionadas pela preferência deste tipo de negócio responderam o seguinte: “Um grupo,
dizia (…), nós escolhemos este negócio porque rende, conseguimos dar de comer aos
nossos filhos, mandar lhes a escola e quando compramos um fardo para venda antes de
começar a vender conseguimos tirar algumas roupas para eles, depois vendemos e
conseguimos o valor para compra de um outro fardo, assim a vinda anda”6

4.2.6 Onde são adquiridos os produtos

Quase todos os produtos são adquiridos nas lojas e nos armazéns existentes na Vila de
Vilankulo e da cidade de Maxixe assim como na província de Maputo.

4.3 Motivos que levaram a entrarem no comércio informal

São vários os motivos que levam os vendedores informais a preferirem esta actividade,
contudo os mesmos resumem-se em dois, nomeadamente: a Falta de emprego e consequente
necessidade de procura do sustento para as suas famílias, facto que não se pode subestimar
esta actividade que embora seja praticada em algum momento num espaço impróprio
participa do desenvolvimento económico das famílias moçambicanas no caso concreto das
que se encontram no local em estudo.

6
Senhoras Benilde José & Sauneta Jonas (25 de Agosto de 2014, Cp.)
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Contributo do Comércio Informal no Desenvolvimento Socioeconómico da Vila de Vilankulo. Estudo de Caso:
Mercado Central de Vilankulo (2008-2013)

Por isso que quase todos foram unânimes em frisar que se houver interdição desta actividade
podem enfrentar sérios problemas no que se refere à busca de sustento para as suas famílias.

“Ainda com este negócio conseguimos ganhar lucros que nos permite abrir outros negócios
noutros sítios…por exemplo: Quatro senhoras disseram que tinham construído casas próprias
e três, compraram viaturas.”

“Nós não temos problemas de falta de dinheiro para levar nossas famílias ao hospital
porque conseguimos guardar algum no banco.”Dizia a Sra. Paula (20 de Agosto de 2014,
Cp.)

Em relação aos homens, estes estão mais virados para além da roupa usada vendem roupa
nova, calçado, créditos, produtos de beleza, material escolar e outros.

Alguns chegaram a dizer que conseguiram comprar talhões para construírem casas próprias e
deixaram de viver em casas arrendadas ou dos seus familiares, isto é, alcançaram a sua
independência com a prática do comércio informal.

Por isso quando perguntamos, se um dia se o município lhes proibisse a prática desta
actividade, neste local que seria deles? Responderam: (…) seria triste, porque nós vendemos
por falta de emprego, ficaríamos sem ocupação e passaríamos a roubar ou entraríamos no
mundo das drogas, como forma de nos disfarçarmos dos problemas da carência.”7

Dizia um dos vendedores ambulantes, com 18 anos de idade, órfão dos pais, vive com dois
irmãos menores, é o mais velho e eles precisam ir a escola, comer, vestir. Os familiares, que
são tios paternos não têm condições para lhes sustentar, por isso que ele encontrou esta saída
para o sustento dos irmãos e ele estuda a noite.

Referiu ainda que para começar o negócio pediu emprestado um valor ao primo funcionário
do Estado, aplicou e que já conseguiu reembolsar a dívida e agora está a vender na base de
fundos próprios. Está conseguindo pagar a sua escola e dos irmãos, a vida deles está normal.
Resultados similares sobre a fonte de capital para o início do comércio informal foram
encontrados num estudo efectuado por LUBELL8 (1993) em Nova Delhi, tendo constatado

7
Pedro (19 de Agosto, 2014, Cp.)
8
Citado por MAPOSSE, A. H. S. (2011): O papel do comércio informal na ocupação da força de trabalho em
Moçambique. Maputo:UEM

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Mercado Central de Vilankulo (2008-2013)

que 84,0% de empresários que estão no comércio informal, para o início do seu negócio,
usaram poupanças pessoais ou empréstimos a familiares.

4.3.1Impacto do comércio informal no desenvolvimento do Município da Vila de


Vilankulo (emprego e receitas municipais)

4.3.1.1 Geração de emprego

Para entender as condições de vida de uma população, o trabalho (emprego) tem uma
importância fundamental, seja no sentido social, seja no económico. Individualmente, é uma
das principais formas de realização social. Além disso, é a maior fonte geradora de
rendimento e riquezas, tanto para o indivíduo, quanto para a sociedade como um todo IPEA
(2005).

O comércio informal ao criar emprego ou ocupação está a contribuir directamente para a


geração de rendimento e riqueza que permite a força de trabalho envolvida nesta actividade
sustentar o seu agregado familiar e melhorar as condições de vida dos mesmos.

As Figuras 5 e 6 ilustram a evolução de mão-de-obra envolvida no comércio informal no


período em análise.

Figura 5. Evolução Nominal de Emprego no Comércio Informal

Fonte: Elaborado pelo autor de acordo com dados fornecidos pelo Município (2014)

Na Figura 5, observou-se uma evolução crescente de número de posto de emprego em todos


os anos do período em estudo. Tendo-se verificado 3546 postos de trabalho em 2008, e foi o
ano em que se verificou o menor número de posto de trabalho do período em análise. No ano

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2013, foi o pico do período com 6400 postos de emprego criados, este crescimento deve-se
ao facto de haver rigidez de oferta no emprego formal.

No entanto, em termos reais a evolução do emprego mostra-se no gráfico a seguir.

Figura 6. Evolução Percentual de Emprego no Comércio Informal

Fonte: Elaborado pelo autor de acordo com dados recolhidos no Município (2014)

Os resultados da Figura 6, mostram que no ano 2009, observou-se um aumento de 6,54%,


onde foi a menor taxa de nível de aumento do período em estudo. Verificou-se um aumento
acentuado no ano 2010 em 21,8%, foi o período em que se obteve maior taxa de emprego.
Em contrapartida observou-se um incremento notório no ano 2012 em14%. Sucedendo o
contrário no ano 2013 onde se verificou uma redução significativa na ordem de 7%.

Para além de análise da evolução do emprego disponibilizado por este sector, preocupou-nos
a análise da evolução das receitas provenientes da colecta dos impostos ou taxas pelo
exercício da mesma actividade durante o período em estudo.

A figura que se segue representa as receitas colectadas pelo Município na actividade do


comércio informal:

4.3.1.2 Receitas municipais


As receitas podem ser agrupadas segundo a categoria em Receitas Correntes e Receitas de
Capital. As Receitas Correntes, segundo RIANI(1997), são, basicamente, compostas por
recursos oriundos da cobrança de tributos, compreendendo as receitas tributárias próprias e as
originarias de transferências de outras unidades de governo, podendo ainda, serem divididas

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Mercado Central de Vilankulo (2008-2013)

em Agropecuária, de Serviços, Industrial, Patrimonial, Tributária, Transferências e Outras. As


Receitas de Capital compreendem os recursos vindos das operações de crédito (empréstimos)
tomados pelo governo, incluindo ainda, as alienações (vendas) de activos e as transferências
de capital recebidas de outras esferas de governo.
No tocante ao trabalho em curso, baseou-se nas receitas correntes, pelo facto de estarem
ligadas às colectas dos impostos do comércio informal.

Tabela 7. Taxas de crescimento anual das Receitas no sector Informal


Anos Receitas Taxas de Crescimento
anual
2008 1,053,418.00
2009 1,111,443.00 5.51
2010 1,318,645.00 18.64
2011 1,585,112.50 20.21
2012 1,631,958.00 2.96
2013 1,471402.50 -9.84
Taxa de Crescimento médio 5.51

Figura nº7. Receitas colectadas no Comércio Informal (2008-

2013)
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados fornecidos pelo Município de Vilankulo (2014)

Os dados indicam o volume de receitas anuais colectadas neste ramo de actividade, um


valor de 1,1 milhões de meticais, em 2009 sendo o valor mais baixo do período em análise.
O valor mais alto das receitas registou-se no ano de 2012, em 1,6 milhões de meticais, e
em geral foi colectado no período em análise um valor global de 8.3 milhões de meticais,
com a taxa de crescimento médio anual de 5.51%.
Com estes montantes e como qualquer receita proveniente de outras áreas de actividades
são aplicadas para despesas correntes (pagamento do pessoal, compra de combustíveis…) e

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despesas patrimoniais (construção de estradas, abertura de ruas, abertura de furos para


abastecimento de água para os munícipes, …)9, a tabela que se segue mostra as receitas
totais anuais correntes arrecadadas pelo município de Vilankulo e avalia o contributo das
receitas provenientes do comércio informal nas receitas totais.

Tabelanº 7: Nível de contribuição das receitas colectadas no comércio informal nas


receitas totais do Município de Vilankulo (2008-2013).

Anos Receitas anuais Totais Impostos do comércio Nível de


Informal contribuição
(%)
2008 21 988 483,00 1 053 418,00 5
2009 29 579 679,87 1 111 443,00 4
2010 21 000 010,51 1 318 645,00 6
2011 24 914 808,86 1 585 112,50 6
2012 7 516 540,31 1 631 958,00 22
2013 44 359 048,70 1 471 402,50 3
149 358 571,25 8 171 979,00 18
Total
Fonte: Elaborado pelo autor de acordo com os dados fornecidos pelo Município de Vilankulo (2014)

De acordo com a Tabela 7, no período em análise, o ano de 2012 é que apresenta maior
contribuição em 22%, das receitas do comércio informal sobre as receitas fiscais totais do
Município de Vilankulo, tendo se registado menor impacto no ano de 2013 que foi de 3%,
em geral para todo o período houve uma contribuição de 18%.

CAPÍTULO V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

9
Informação disponibilizada por Sr. CHICHAVA, 10 de Setembro de 2014,cp.
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5.1 Conclusões

O comércio informal é um resultado real dos problemas económicos e sociais que


Moçambique atravessa. Os seus agentes devem ser registados em termos estatísticos de
acordo com o perfil de cada operador. Os problemas que o município enfrenta, dominado
pelo sector informal reflectem os problemas dos mercados similares em quase todo o país.
Este estudo concluiu que existem dois grupos de comerciantes informais: um grupo mais
representativo, constituído por indivíduos que possuem uma actividade alternativa que serve
de única fonte da sua sobrevivência e do seu agregado familiar, e um segundo grupo que
desenvolve o comércio informal como actividade complementar para fazer face aos baixos
rendimentos obtidos no mercado formal.
O exíguo número de postos de trabalho oferecidos pelo emprego formal faz com que a força
de trabalho disponível procure emprego noutros mercados de emprego e acabando por se
refugiar no mercado informal, devido ao desequilíbrio entre a procura de emprego por parte
da força de trabalho disponível para trabalhar e a oferta de emprego no mercado formal.
A actividade informal funciona como uma alternativa de sustento para muitas famílias
moçambicanas, reflectido nas fortes relações de inter-ajuda entre as famílias sobretudo
compostas por mulheres. É notório o facto de esta actividade envolver principalmente
famílias nas transacções de compra e venda de bens e serviços, garantindo que muitas
famílias se alimentem e sobrevivam no país e em particular na Vila de Vilankulo. O
comércio informal também cria uma certa estabilidade social e alivia a tensão social causada
pela falta de emprego nas cidades.
Quanto a contribuição do comércio informal no desenvolvimento das famílias dos que
praticam a actividade, é de salientar que segundo os dados colhidos muita coisa mudou para
os que praticam esta actividade, o que fez com que estes antes desempregados e sem
recursos para sanar as necessidades básicas passassem a ter a alimentação básica e
conseguisse ter uma vida com dignidade. Isto é, passaram a ter recursos para o seu sustento
em todas as vertentes como alimentação, vestiário, pagamento de pequenas despesas diárias
para quase toda a família (transporte, escola, saúde), compra de bens duradouros, e muito
mais.
Entretanto, um aspecto importante a ser considerado é que a hipótese alternativa foi
confirmada, já que se verificou pelos dados quantitativos e pelos qualitativos que o comércio
no sector informal constitui um factor de desenvolvimento nas famílias praticantes da

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mesma, pois, é notório nas falas dos inqueridos que muitas das dificuldades que estes tinham
antes de enveredar por essa actividade foram sanadas, de uma refeição que tinha por dia nas
suas famílias passaram a ter quase todas, de problemas com materiais escolares para os
filhos estes também foram sanados, para além de absorver grande parte dos que não tinham
acesso ao emprego.
Contudo, o comércio informal é de maior importância no sustento e na melhoria de
condições de vida dos indivíduos que desenvolvem actividades neste ramo sendo que, o
Município no seu todo, alcança o desenvolvimento através das receitas colectadas pelo
exercício desta actividade quando as mesmas são aplicadas nos investimentos patrimoniais e
correntes.

5.2 Recomendações

Da pesquisa realizada e das constatações tidas, urge dar as seguintes recomendações


importantes:
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As autoridades municipais de Vilankulo deveriam criar um mercado exclusivamente para a


comercialização de peixe com todas as infra-estruturas básicas disponíveis de modo a sanar
o odor junto do mercado.
O sector social do governo deveria considerar a formulação de programas que disciplinem os
informais para o respeito pelas regras do comércio, do civismo e da ética no negócio.
As autoridades deveriam mostrar o valor de pagamento de impostos, criando condições
decentes de trabalho para eles através da construção de infra-estruturas básicas nos
mercados.
Dada a extrema importância que o comércio informal tem no desenvolvimento da autarquia,
e como os praticantes desta actividade têm baixo nível escolaridade o município deveria
criar módulos de formação em matéria de contabilidade comercial de modo a terem noções
de gestão.

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Feliciano Wilson N. Matsinhe Licenciatura em Economia Agrária Página 39


Contributo do Comércio Informal no Desenvolvimento Socioeconómico da Vila de Vilankulo. Estudo de Caso:
Mercado Central de Vilankulo (2008-2013)

Entrevistados:
VILANCULOS, Marta. Comerciante informal do mercado central de Vilankulo. Entrevista
realizada no dia 15 de Agosto de 2014.
MUTONDO, Isaías Maziquimbane. Chefe do mercado Central de Vilankulo. Entrevista
realizada no dia 15 de Agosto de 2014.
TANGUNE,C. Comerciantes do mercado Central de Vilankulo. Entrevista realizada no dia
15 de Agosto de 2014.
PEDRO, Cacilda .Comerciante informal do mercado central de Vilankulo. Entrevista
realizada no dia 19 de Agosto de 2014.
JOSÉ. Benilde & JONAS. Sauneta. Comerciante do mercado Central de Vilankulo.
Entrevista realizada no dia 10 de Agosto de 2014.
CHICHAVA. Mário. Chefe da secção de finanças. Entrevista realizada no dia 25 de Agosto
de 2014.

Feliciano Wilson N. Matsinhe Licenciatura em Economia Agrária Página 40


Apêndice 1: Questionário

UNVERSIDADE EDUARDO MONDLANE


Escola Superior de Desenvolvimento Rural
Departamento de Sociologia Rural
Licenciatura em Economia Agrária
Levantamento de dados sobre o Contributo do Comércio Informal no Desenvolvimento do Município de
Vilankulo: O caso do mercado central (2008-2013)
DADOS DO ENTREVISTADO
Nome: _____________________________________ Data da entrevista: ____/___/2014
Parte I
I. Características dos comerciantes Informais no Mercado central de Vilankulo
1) Idade ( )
2) Estado Civil: Casado ( )Solteiro ( ) Viúvo ( )
3) Local onde pratica a actividade: ________________
4) N˚ de dependentes/pessoas ao seu cuidado: ( )
5) Grau escolarização (Marque com X) :
Primário elementar ( )
Primário segundo grau ( )
Secundário ( )
Universitário ( )
6) Qual é o seu rendimento médio mensal em meticais? (Marque com X)
Até1000 ( ) 1000 até 1500 ( ) Acima de 3500 ( )- 4000 ( )
1500 até 2000 ( ) 2000 até 3000 ( )
7) A quanto tempo exerce a sua actividade? (Marque com X)
A) a mais de 1ano ( ) B) 2 a 5anos ( ); C) 6 a10anos ( ) D) 11 a 15 anos ( );
C) 16 ou mais anos ( )
8) Pratica esta actividade como principal ou tem outra fonte de geração de renda? (Marque X)
Tenho ( ) Não tenho ( )
9) Com que periodicidade (Marque com X)
A) diariamente ( ); B) semanalmente ( ); B) mensalmente ( ); C) trimestralmente ( ); D) ocasionalmente (
)
9) Onde armazena os produtos que restam depois da venda?
_________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________10) Paga
algum valor no local onde armazena seus produtos?
Sim ( ) Não ( )
Se sim, com que periodicidade? ( Marque com X )

I
A) diário ( ) B) mensal ( ) C) anual ( )

Quanto é que paga para armazenar os tais produtos____________________________________


11) Em que local vende os seus produtos? 1. Na mesa ( ) No chão ( ) Na banca ( ) ambulante
( )
12) Quem é o proprietário do local onde armazena os produtos que restam?
A) Pessoal ( ); B) Familiar ( ) C) Municipal ( ); D) Arrendável ( )
13) Que tipo de produtos normalmente vende?
___________________________________________________________________________________
14) Onde adquire esses produtos?_________________________________________________
15) Onde é que adquiriu o dinheiro para iniciar o negócio? ____________________________________

16) Onde tem guardado o dinheiro das vendas?( Marque com X) A) Em casa ( ) B) No banco ( )
17. Faz algum xitique? (Marque com X) Sim ( ) Não ( ) se sim quanto paga?_________

II. Descrever o impacto do comércio informal no mercado central


3.1. Consegue sustentar sua família através deste negócio?1) sim____2)não___
3.2 Quais foram as suas maiores realizações com os rendimentos do comércio que pratica?
_________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
3.3. O que acha do seu negócio?( Marque com X)
A) mau ( ) B) medíocre ( ) C) mais ao menos ( ); 4. Bom ( ); 5.muito bom( )
3.4. De modo geral, o que acha que pode acontecer se haver interdição deste negócio?
A)muita marginalidade ( ) B) maior criminalidade e prostituição ( ) C) maior índice de pobreza ( )
Que tipo de habitação tem?________________________________
3.5. Porque exerce esta actividade?____________________________________________________
3.6 Para si, o comércio é uma actividade: A) alternativa () B) principal ( )
3.7. Porque escolheu este local?______________________________________________________
3.8. Qual é o vosso relacionamento com o município?______________________________________
3.9. Que tipo de taxa ou imposto pagam?____________________________________________
3.10. A quem pagam? Quanto?____________________________________________

Parte II
Pergunta dirigida ao sector de mercados e feiras?
1. Qual é a evolução dos comerciantes informais desde o ano 2008 a 2013?
2. Quais são as receitas anuais que o município colectou de 2008 a 2013 pelo exercício de comercio
informal?
3. Para que fins são canalizados os impostos ou taxas colectados no comercio informal?

II
Apêndice 2: Receitas anuais arrecadadas pelo município pela realização do comércio informal em meticais.

Receitas correntes 2009 2010 2011 2012 2013


Ocup. e util. de loc. Reserv. p/bancas Merc. e Feiras 1 051 483,0 1 107 598,0 1 309 260,0 1 511 087,0 1 539 188,0 1 391 872,5
Autoriz. De venda ambul. Nas vias Pub 81 758,5 3 845,0 9 385,0 74 025,0 92 770,0 79 530,0
Receitas Totais 1 133 241,5 1 111 443,0 1 318 645,0 1 585 112,0 1 631 958,0 1 471 402,5
Taxa de crescimento annual 0,00 -0,02 0,16 0,17 0,03 -0,11

III
APÊNDICES
APÊNDICES

Apêndice 1: Questionário

Levantamento de dados sobre o Contributo do Comércio Informal no Desenvolvimento


do Município de Vilankulo: O caso do mercado central (2008-2013)

DADOS DO ENTREVISTADO
Nome: _____________________________________
Data da entrevista: ____/___/2014

Parte I: Características dos comerciantes Informais no Mercado central de Vilankulo


1) Idade ( )
2) Estado Civil: Casado ( ) Solteiro ( )Viúvo ( )
3) Local onde pratica a actividade: ________________
4) N˚ de dependentes/pessoas ao seu cuidado: ( )
5) Grau escolarização (Marque com X):
Primário elementar ( )
Primário Segundo grau ( )
Secundário ( )
Universitário ( )

6) Qual é o seu rendimento médio mensal em meticais? (Marque com X)


Até 1000.00Mt ( ) 1000.00Mt até 1500.00Mt ( ) 1500.00Mt até 2000.00Mt ( )
2000.00Mt até 3000.00Mt ( ) 3000.00Mt ate 3500.00Mt ( ) Acima de 4000.00Mt ( )

7) A quanto tempo exerce a sua actividade? (Marque com X)


A) Há mais de 1ano ( ) B) 2 a 5anos ( ); C) 6 a10anos ( ) D) 11 a 15 anos ( ); C)
16 ou mais anos ( )

8) Pratica esta actividade como principal ou tem outra fonte de geração de renda?
(Marque X)

Tenho ( ) Não tenho ( )

I
9) Com que periodicidade (Marque com X)

A) Diariamente ( ); B) semanalmente ( ); B) mensalmente ( ); C) trimestralmente ( );


D) ocasionalmente ( )

10) Onde armazena os produtos que restam depois da venda?

__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
____________________

11) Paga algum valor no local onde armazena seus produtos?


Sim ( ) Não ( )
Se sim, com que periodicidade? (Marque com X )
A) Diário ( ) B) Mensal ( ) C) Anual ( )
Quanto é que paga para armazenar os tais produtos: _______________________

12) Em que local vende os seus produtos?

1. Na mesa ( ) No chão ( ) Na banca ( ) ambulante ( )

13) Quem é o proprietário do local onde armazena os produtos que restam?

A) Pessoal ( ); B) Familiar ( ) C) Municipal ( ); D) Arrendável ( )

14) Que tipo de produtos normalmente vende?

__________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

15) Onde adquire esses produtos?


__________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
16) Onde é que adquiriu o dinheiro para iniciar o negócio?
____________________________________

17) Onde tem guardado o dinheiro das vendas? (Marque com X)

A) Em casa ( ) B) No banco ( )
II
18) Faz algum Xitique? (Marque com X)

Sim ( ) Não ( ) Se for, sim quanto paga ?_____________

Parte II. Descrever o impacto do comércio informal no mercado central

3.1. Consegue sustentar sua família através deste negócio?


1) Sim____2) Não ___
3.2 Quais foram as suas maiores realizações com os rendimentos do comércio que pratica?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

3.3. O que acha do seu negócio?

(Marque com X)
A) Mau ( ) B) medíocre ( ) C) mais ao menos ( ); 4. Bom ( ); 5.muito bom ( )

3.4. De modo geral, o que acha que pode acontecer se haver interdição deste negócio?

A) Muita marginalidade ( ) B) maior criminalidade e prostituição ( ) C) maior índice de


pobreza ( )
Que tipo de habitação tem? __________________________________________________

3.5. Porque exerce esta actividade?

_________________________________________________________________________

3.6 Para si, o comércio é uma actividade:

A) Alternativa ( ) B) principal ( )

3.7. Porque escolheu este local?

________________________________________________________________________

3.8. Qual é o vosso relacionamento com o município?

________________________________________________________________________

III
3.9. Que tipo de taxa ou imposto pagam?

_________________________________________________________________________
3.10. A quem pagam? Quanto?
_________________________________________________________________________

Parte III. Pergunta dirigida ao sector de mercados e feiras?

1. Qual é a evolução dos comerciantes informais desde o ano 2008 a 2013?


2. Quais são as receitas anuais que o município colectou de 2008 a 2013 pelo exercício
de comercio informal?
3. Para que fins são canalizados os impostos ou taxas colectados no comercio informal

IV
Apêndice 2: Receitas anuais arrecadadas pelo município pela realização do comércio informal em meticais.

Receitas correntes 2009 2010 2011 2012 2013


Ocup. e util. de loc. Reserv. p/bancas Merc. e 1 051 483,0 1 107 1 309 1 511 1 539 1 391 872,5
Feiras 598,0 260,0 087,0 188,0
Autoriz. De venda ambul. Nas vias Pub 81 758,5 3 845,0 9 385,0 74 025,0 92 770,0 79 530,0
Receitas Totais 1 133 241,5 1 111 1 318 1 585 1 631 1 471 402,5
443,0 645,0 112,0 958,0
Taxa de crescimento anual 0,00 -0,02 0,16 0,17 0,03 -0,11

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