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ESCOLA SUPERIOR DE DESENVOLVIMENTO RURAL

DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA RURAL

Contributo do Comércio Informal na Promoção do Desenvolvimento Sócio-


económico na Vila Municipal de Vilankulo de 2010 à 2015

Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural

Autor:
Aníbal da Cruz Amosse de Saúde

Vilankulo, Junho de 2016


Aníbal da Cruz Amosse de Saúde

Contributo do Comércio Informal na Promoção do Desenvolvimento Sócio-


económico na Vila Municipal de Vilankulo de 2010 à 2015
Trabalho de Culminação do Curso
Apresentado no Departamento de
Sociologia Rural para Obtenção do Grau de
Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural

Supervisora:
a
dr . Fátima da Conceição Malate
Presidente:
Rosana da Glória
Oponete:
Adriano Carlos

Vilankulo, Junho de 2016


DECLARAÇÃO DE HONRA

Declaro que este trabalho é resultado da minha pesquisa e das orientações da minha supervisora,
o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas, estão devidamente mencionadas no texto
e referenciadas bibliograficamente. Este trabalho nunca foi apresentado na íntegra e/ou
parcialmente em outra instituição para a obtenção de qualquer grau académico.

O Autor

_______________________________________________________

(Aníbal da Cruz Amosse de Saúde)

Vilankulo, Junho de 2016

1
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu pai, Aníbal Bastos Jorge de Saúde; a minha mãe, Ana Eduardo
Vilanculo; e aos meus irmãos, Jorge Zunguze de Saúde e Lúcia Maria Bastos de Saúde.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha supervisora dra. Fátima da Conceição Malate por me ter aceitado como seu
supervisionado e pela sua visionária orientação.

A todos funcionários do Conselho Municipal da Vila de Vilankulo, em particular ao Chefe


Adjunto da Secção de Finanças Sr. Zeferino Chichongue, pelo acesso irrestrito às informações
necessárias para que os objectivos desta pesquisa fossem alcançados.

Aos meus colegas do curso que sempre estiveram comigo e me apoiaram incansavelmente, em
especial ao António Bernardo Cuinhane e Efrigénio Alberto Raul.

De uma forma abrangente, a todos os que colaboraram directa ou indirectamente para realização
deste trabalho, bem como àqueles que compartilham comigo a alegria de concluir o Curso de
Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural. As minhas saudações académicas.

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

% – Percentagem

AFs – Agregados Familiares

ATM – Autoridade Tributária de Moçambique

BM – Banco Mundial

CMVV – Conselho Municipal da Vila de Vilankulo

CRM – Constituição da República de Moçambique

ESUDER – Escola Superior de Desenvolvimento Rural

FAO – Food and Agriculture Organization

FDD – Fundo de Desenvolvimento Distrital

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

INE – Instituto Nacional de Estatística

IPH – Índice de Pobreza Humana

MZN – Metical

OIT – Organização Internacional do Trabalho

ONU – Organização das Nações Unidas

PARPA – Plano de Acção para a Redução da Pobreza

PCMC – Projecto Cidades e Mudanças Climáticas

PEA – População Economicamente Activa. Evidências

PIB – Produto Interno Bruto

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PMGAV – Plano Punicipal de Gestão Ambiental de Vilankulo

PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

USD – Dólar Americano

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura no 1: Actividades Desenvolvidas pelos Comerciantes Informais Inqueridos

Figura no 2: Esquema das Categorias Ocupacionais dos Indivíduos Envolvidos no Comércio


Informal na Vila Municipal de Vilankulo

Figura no 3: Relação Ano de Inicio da Actividade e Frequência dos Vendedores

Figura no 4: Grupos Etários dos Vendedores Inqueridos

Figura no 5: Sexo dos Comerciantes Informais Inqueridos

Figura no 6: Nível de Escolaridade e Experiência Profissional

Figura no 7: Factores Motivacionais no Negócio Actual

Figura no 8: Fonte de Financiamento para o Inicio das Actividades no Comércio Informal

Figura no 9: Renda Mensal dos Comerciantes Informais em Meticais

Tabela no 1: Taxas de Câmbio do Mercado Cambial (Taxas Médias Anuais)

Tabela no 2: Custo de Vida Mensal dos Membros dos (AFs) dos Comerciantes Inqueridos

Tabela no 3: Receitas Decorrentes do Comércio Informal na Vila Municipal de Vilankulo em


Meticais

Figura no 10: Relação Receitas Previstas e Receitas Cobradas de 2010 à 2014

LISTA DE APÊNDICES E ANEXOS

Apêndice 1: Guião de Entrevista Para o Chefe Adjunto da Secção de Finanças no CMVV

Apêndice 2: Questionário Dirigido aos Comerciantes Informais da Vila Municipal de Vilankulo

Anexo no 1: Mapa da Vila de Vilankulo

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RESUMO

Neste trabalho, é feita, a análise do contributo do comércio informal na promoção do


desenvolvimento sócio-económico na vila municipal de Vilankulo de 2010 à 2015, a questão que
norteia o mesmo é: Até que ponto o comércio informal é uma actividade de promoção do
desenvolvimento sócio-económico na vila municipal de Vilankulo? A motivação está na
compreensão da dinâmica dos comerciantes informais, visando a valorização da sua participação
no desenvolvimento sócio-económico. Adicionalmente, o estudo analisa como o comércio

7
informal sustenta o agregado familiar e a consequente melhoria nas condições de vida. A amostra
foi constituída por 61 elementos, em que 60 são comerciantes informais e 01 quadro da edilidade
local e empregou-se a amostragem por acessibilidade, que foi dividida em dois grupos, em que o
primeiro é constituído pelo quadro da edilidade local, isto é, Chefe Adjunto da Secção de
Finanças, em que lhe foi aplicada a técnica de entrevista semi-estruturada para colecta de dados e
o segundo é constituído por comerciantes informais da vila municipal de Vilankulo 60 em que
lhes foi aplicada a técnica de questionário para colecta de dados. Feita a colecta de dados, fez-se
a análise e compilação dos mesmos através da estatística descritiva e pelo pacote informático
Excel. As principais constatações deste estudo são: (a) a força de trabalho adstrita ao comércio
informal apresenta um baixo nível de educação e falta de experiência profissional, (b) no
comércio informal estão envolvidos maioritariamente jovens de nível básico incompleto que
praticam a actividade por conta própria e (c) as mulheres dominam o comércio informal. Esta
actividade, é fonte para a sobrevivência de muitas famílias e ajuda no sustento e melhoramento
das condições de bem-estar dos envolvidos na mesma.

Palavras-chave: Sector informal; Desenvolvimento sócio-económico e Actividade comercial.

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ÍNDICE

Conteúdo Página

DECLARAÇÃO DE HONRA i

DEDICATÓRIA ii

AGRADECIMENTOS iii

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS iv

LISTA DE ILUSTRAÇÕES vi

LISTA DE APÊNDICES E ANEXOS vii

RESUMO viii

I. INTRODUÇÃO 1

1.1. Contextualização 1

1.2. Problema de Estudo 2

1.3. Justificativa 2

1.4. Objectivos 3

1.4.1. Geral: 3

1.4.2. Específicos: 3

1.5. Hipóteses 3

1.5.1. Hipótese Nula (H0): 3

1.5.2. Hipótese Alternativa (H1): 3

II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 4

2.1. Conceito de Sector Informal 4


2.2. Características do Sector Informal 5

2.3. Comércio Informal 6

2.3.1. Características do Comércio Informal 6

2.3.2. Contextualização Sobre Comércio Informal em Moçambique7

2.4. Condições de Vida 8

2.5. Desenvolvimento Sócio-económico 9

2.6. Desenvolvimento Sócio-económico e Comércio Informal em Moçambique 10

III. METODOLOGIA 11

3.1. Classificação da Pesquisa 11

3.2. Descrição da Área de Estudo 11

3.3. Caracterização do Estudo12

3.3.1. Estudo Exploratório 12

3.3.2. Estudo Descritivo 12

3.3.3. Método Quantitativo 12

3.4. Amostragem 13

3.5. Técnicas de Colecta de Dados 13

3.6. Análise de Dados 15

IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO 16

4.1. Caracterização do Perfil da Força de Trabalho Envolvida no Comércio Informal na Vila


Municipal de Vilankulo e Menção dos Constrangimentos por Eles Enfrentados 16

4.1.2. Actividades Desenvolvidas pelos Comerciantes Informais Inqueridos 16

4.1.2. Categorias Ocupacionais dos Comerciantes Informais17


4.1.3. Período a Exercer o Comércio Informal 18

4.1.4. Idade 18

4.1.5. Sexo 20

4.1.6. Membros dos AFs dos Comerciantes Informais Inqueridos 21

4.1.7. Nível de Escolaridade e Experiência Profissional 21

4.1.8. Factores que Motivaram os Comerciantes Inqueridos a Trabalharem no Negócio Actual


23

4.1.8. Fonte de Financiamento para o Inicio das Actividades no Comércio Informal 24

4.1.10. Constrangimentos Enfrentados pelos Comerciantes Informais na Vila Municipal de


Vilankulo 25

4.2. Verificação do Papel do Comércio Informal no Sustento e no Melhoramento das Condições


do Bem-estar na Vila Municipal de Vilankulo 26

4.2.1. Renda Mensal dos Comerciantes Informais em Meticais 26

4.2.2. Relação Receitas Mensais e Custo de Vida Mensal dos Comerciantes Informais Inqueridos
28

4.2.2. Condições Habitacionais Erro! Marcador não definido.

4.2.2.1. Água e Energia Eléctrica 29

4.2.3. Segurança Alimentar 29

4.3. Tendência e Aplicação das Receitas Municipais Arrecadadas pelo CMVV Através do
Comércio Informal 30

V. CONCLUSÃO, RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES 32

5.1. Conclusão: 32

5.2. Recomendações e Sugestões: 33

Aos Comerciantes Informais 33


VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 34

APÊNDICES I

ANEXOS V
Contributo do Comércio Informal na Promoção do Desenvolvimento Sócio-económico na Vila
Municipal de Vilankulo de 2010 à 2015

I. INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização

O presente trabalho, faz análise do contributo que o comércio informal representa na


promoção do desenvolvimento sócio-económico e também chama atenção para o peso que esta
actividade representa no sustento dos Agregados Familiares (AFs) dos envolvidos na mesma.

Em todos os países do mundo, os pobres demonstram uma forte capacidade de promover


suas próprias necessidades e sobreviver em circunstâncias económicas difíceis. Uma das suas
principais fontes de sobrevivência é o que os académicos do desenvolvimento chamam
“comércio informal.” Segundo (SANDI, s/d), em Moçambique o comércio informal permite com
que milhares de habitantes que não possuem emprego formal possam através dela, melhorar a
sua condição de vida.

Dada a sua importância há necessidade de se aprofundar o seu estudo, visando perceber


se esta actividade contribui para a melhoria das condições de vida das famílias dos praticantes e
como consequência a promoção do desenvolvimento sócio-económico na vila municipal de
Vilankulo.

O presente trabalho encontra-se estruturado em 5 capítulos, sendo o primeiro a


introdução que para além da contextualização está patente o problema de estudo, a justificativa,
os objectivos e as hipóteses. No segundo capítulo encontra-se a revisão da literatura onde,
apresenta-se toda base de fundamentação bibliográfica do estudo. No terceiro capítulo, segue-se
a descrição da opção metodológica adoptada, nomeadamente: o tipo de pesquisa, as técnicas
usadas para a colecta de dados, a delimitação do universo da pesquisa e a descrição da área de
estudo, neste caso, o município da vila de Vilankulo. No quarto capítulo apresentam-se os
resultados obtidos que permitem entender o contributo do comércio informal no
desenvolvimento sócio-económico na vila municipal de Vilankulo com as respectivas discussões.
Finalmente, no quinto capítulo, são apresentadas a conclusão e as recomendações e/ou sugestões
aos comerciantes informais e ao Conselho Municipal da Vila de Vilankulo (CMVV).

1 Aníbal da Cruz Amosse de Saúde


Contributo do Comércio Informal na Promoção do Desenvolvimento Sócio-económico na Vila
Municipal de Vilankulo de 2010 à 2015

1.2. Problema de Estudo

De acordo com MILES et al., (2006) citados por FRANCISCO & PAULO (2006) “em
Moçambique tanto o desemprego assim como o sub-emprego são elevados e grande parte da
força de trabalho está empregue na economia informal.” E uma das actividades da economia
informal é o comércio informal.

A actividade do comércio informal, que cresce e, emprega cada vez mais um número
crescente da população na vila municipal de Vilankulo, é uma alternativa ao desemprego, pois,
oferece autonomia e renda aos AFs dos praticantes da mesma. No município de Vilankulo, vê-se
com frequência homens, mulheres e crianças em busca de sustento diário através da venda de
diversos produtos e/ou serviços.

Estes comerciantes informais vão paulatinamente tornando realidade o sonho do BANCO


MUNDIAL (BM) que é o de ter um mundo sem pobreza “Our dream is a world without poverty”
(grande cartaz na entrada do BM, em Washington), mesmo sem o merecido reconhecimento por
parte das autoridades governamentais e enfrentando dificuldades de ordem diversa. Assim,
coloca-se a seguinte questão de partida: Até que ponto o comércio informal é uma actividade de
promoção do desenvolvimento sócio-económico na vila municipal de Vilankulo?

1.3. Justificativa

A escolha do tema “comércio informal e a promoção do desenvolvimento sócio-


económico” surge do interesse em compreender o fenómeno da ocupação da População
Economicamente Activa (PEA) na vila municipal de Vilankulo.

Este trabalho é um contributo para a compreensão da dinâmica dos comerciantes


informais, visando a valorização da sua participação no desenvolvimento sócio-económico.
Também, o estudo tem um relevante e necessário contributo em compreender como o comércio
informal contribui na melhoria das condições de bem-estar dos envolvidos e de seus AFs.

Outro aspecto, prende-se com a relevância que as constatações deste trabalho oferecem a
academia, em termos de geração de informação pertinente para consulta, bem como, o despertar

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Municipal de Vilankulo de 2010 à 2015

do interesse dos pesquisadores sobre o tema, tendo-se como corolário, o desenvolvimento do


acervo bibliográfico produzido por académicos moçambicanos, relativo ao tema.

1.4. Objectivos

1.4.1. Geral:

 Analisar o contributo do comércio informal na promoção do desenvolvimento sócio-


económico na vila municipal de Vilankulo de 2010 à 2015.

1.4.2. Específicos:

 Caracterizar o perfil da força de trabalho envolvida no comércio informal e mencionar os


constrangimentos enfrentados pela mesma;
 Verificar o papel do comércio informal no sustento e no melhoramento das condições de
bem-estar da força de trabalho envolvida no mesmo;
 Explicar a tendência e aplicação das receitas municipais arrecadadas pelo CMVV através
do comércio informal.

1.5. Hipóteses

1.5.1. Hipótese Nula (H0):

 O comércio informal praticado na vila municipal de Vilankulo não contribui na promoção


do desenvolvimento sócio-económico.

1.5.2. Hipótese Alternativa (H1):

 O comércio informal praticado na vila municipal de Vilankulo contribui na promoção do


desenvolvimento sócio-económico

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II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Conceito de Sector Informal

Não existe uma definição única e nem de consenso, para a designação do sector informal
e o problema não tem a ver só com o significado da expressão sector informal, mas também com
a escolha da expressão que melhor traduz este fenómeno. Alguns conceitos que coadunam
perfeitamente com este estudo, são os seguintes:

O sector informal define-se como “um variado leque de actividades orientadas para o
mercado e realizadas com uma lógica de sobrevivência pelas populações que habitam os centros
urbanos dos países em desenvolvimento” (LOPES, 1999).

QUEIROZ (2009), considera sector informal, a actividade orientada para o mercado com
o principal objectivo de criar emprego e rendimento para as pessoas nela envolvida e para os
seus agregados familiares, com uma lógica de sobrevivência.

Segundo a ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAOL DO TRABALHO (OIT, 2006), o


sector informal pode ser definido como “um conjunto de unidades empenhadas na produção de
bens ou serviços, tendo como principal objectivo a criação de empregos e de rendimentos para as
pessoas nelas envolvidas”.

A OIT (2006), considera ainda que qualquer negócio/empresa não matriculado junto do
governo nacional/local pertence ao sector informal; não se incluem as actividades ilícitas e
compreende essencialmente, as chamadas actividades de sobrevivência, abrangendo as pequenas
empresas, as microempresas, os trabalhadores independentes e o auto-emprego.

O INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA (INE, 2005) usando a definição da OIT,


no contexto moçambicano, definiu o sector formal/informal fazendo a combinação de três
variáveis:

 O local de registo da actividade: nível municipal, nível provincial e nível da Repartição


de Finanças;
 Se o entrevistado declara a empresa possuir ou não documento oficial;

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 Que tipo de documentos a pessoa entrevistada diz a empresa possuir (Alvará, Ficha de
Registo, Licença Municipal/Precária) ou, no caso de um empregado, se ele/ela possui um
contrato de trabalho oficial.

Ademais, para o INE (2005), o sector informal em Moçambique define-se pelo exercício
de actividades não registadas na Repartição de Finanças (entidade competente para o efeito) e
por a empresa possuir menos de 10 trabalhadores. A definição do INE sugere que, mesmo se a
empresa declarar que paga uma taxa ao Conselho Municipal ou a uma outra instituição que não é
a Repartição de Finanças, ela é considerada como fazendo parte do sector informal.

Apesar de o sector informal contribuir para os cofres do Estado e consequentemente para


o crescimento da economia dos países em desenvolvimento, isto é, contribuir para o Produto
Interno Bruto (PIB), particularmente sobre o volume de receitas provenientes deste sector
(NAZARÉ, 2006), este não é reconhecido pelas autoridades dos países onde está inserido. O
trabalhador informal é um contribuinte activo para a arrecadação de receitas para o Estado
(HALLAK et al., 2009).

2.2. Características do Sector Informal

Segundo AMARAL (2005), o sector informal em geral apresenta as seguintes


características:

 Para o início das actividades conta apenas a iniciativa pessoal;


 É uma organização individual ou familiar, livre e flexível;
 É de fácil entrada e integração, mas com muitos riscos de se extinguir;
 Emprega mão-de-obra barata, jovem e com predominância do sexo feminino em certas
actividades como a venda de produtos, hortícolas, vegetais, e outros produtos agrícolas;
 Comercializa uma vasta gama de produtos e presta serviços diversos que não envolvem
grande tecnologia ou equipamento;
 A formação profissional é reduzida ou inexistente, privilegiando-se as práticas de
aprendizagem no processo de trabalho;
 O crédito é concedido por pessoas singulares ou familiares e pelo recurso a associações
de poupanças e crédito.

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2.3. Comércio Informal

O comércio informal está dentro da economia/sector informal, sua especificação como


comércio informal se dá pelo facto de comerciaizar produtos e/ou serviços fora de um marco
refgulatório estatal (CATALÁN, 2012).

Segundo a ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU, 1996), o comércio


informal como uma actividade da economia informal “é todo um vasto leque de comportamentos
económicos, socialmente admissíveis, realizados fundamentalmente com finalidades de
sobrevivência e que escapam quase total ou parcialmente ao controlo dos órgãos de poder
público local/regional/nacional em matéria fiscal, laboral, comercial, sanitária ou de registo
estatístico”.

O comércio informal é, hoje, um conjunto de operadores dinâmicos e economicamente


agressivos que buscando a sua sobrevivência, têm ocupado e proporcionado rendimentos
alternativos a muitas famílias em países em desenvolvimento. A generalidade dos comerciantes
informais, actuam por conta própria LOPES (2003).

Os mercados informais constituem um outro habitat para a actividade comercial


informal. Surge como resposta às necessidades de segurança (quer física, quer em relação à
perenidade dos direitos de propriedade) dos vendedores de rua, bem como da necessidade de
oferecer à clientela um leque mais diversificado de bens e serviços (com finalidade de criar
maior capacidade de atracção). O seu carácter informal manifesta-se ainda na ausência de
garantias e serviços pós-venda LOPES (2003).

2.3.1. Características do Comércio Informal

Segundo (NAVARRO, s/d), “o comércio informal caracteriza-se pela falta de acesso a


instituições financeiras e a ausência de treinamento prévio dos trabalhadores no sistema de
educação formal.

Para o INE (2005), comércio informal é toda actividade comercial não registada na
Repartição de Finanças. Fazem parte deste grupo unidades não licenciadas, vendedores de rua,
de esquina, de mercado, etc.

6 Aníbal da Cruz Amosse de Saúde


Contributo do Comércio Informal na Promoção do Desenvolvimento Sócio-económico na Vila
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(CARDERO & ESPINOSA, s/d), afirmam que o comércio informal apresenta as


seguintes características em termos de enfoque:

 Dualista: o comércio informal como um sector residual, pois quando crescer a economia
tenderá a desaparecer.
 Estruturalista: existem fortes conexões e interdependência entre o comércio informal e
o comércio formal. Outsourcing e sistemas de produção flexíveis que reduzem seus
custos.
 Legalista: os empreendimentos do comércio informal se organizam fora do sistema legal
para reduzir custos de registo e legalização.

Ainda (CARDERO & ESPINOSA, s/d) afirmam que o comércio informal no que tange a
empregabilidade da mão-de-obra inclui trabalhadores por conta própria, trabalhadores casuais e
sem emprego fixo, trabalhadores domésticos remunerados e trabalhadores a tempo parcial sem
um vinculo contratual formal.

O PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO (PNUD,


2001) afiança que a maior parte da força de trabalho ocupada no comércio informal é do sexo
feminino.

Segundo CRUZ & SILVA (2005), “as mulheres fazem parte dos primeiros grupos que
dinamizaram a criação e o desenvolvimento do comércio informal, e continuam a representar a
maior população de indivíduos que operam neste sector de actividade.”

2.3.2. Contextualização Sobre Comércio Informal em Moçambique

MOSCA (2010), questiona se o comércio informal não será “um factor de alívio da
pobreza a curto prazo que a governação cria, em benefício da concentração da riqueza, da
manutenção de uma crise de intensidade suportável e que termina por comprometer o
crescimento estável a longo prazo?”

Para CHIVANGUE (2012), esta questão denota uma preocupação com o


desenvolvimento económico em termos globais e sugere que, numa situação em que o
crescimento económica não resulta em spillover effect, a economia informal poderá estar a ser

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Municipal de Vilankulo de 2010 à 2015

usada pela elite governante como uma esponja atenuadora de potenciais conflitos sociais que
ocorreriam na sua ausência.

Apesar da apreensão que a questão suscita no meio académico, o facto é que as


autoridades governamentais reconhecem o papel decisivo do sector informal e das pequenas
empresas no desenvolvimento da economia moçambicana. Entretanto, pouco ou quase nada tem
sido feito sob o ponto de vista de políticas no sentido de maximizar as suas potencialidades. As
poucas abordagens existentes são totalmente desarticuladas da realidade estruturante deste sector.
Muitos oficiais governamentais continuam a achar que o informal irá integrar-se no formal
através da aplicação escrupulosa dos dispositivos legais (CHIVANGUE, 2012).

2.4. Condições de Vida

O conceito de condições de vida é eminentemente subjectivo, uma vez que, na sua


concepção estão aspectos relacionados com o atendimento de necessidades vitais básicas tais
como: habitação, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte, entre outras.
O atendimento destas necessidades garante aos indivíduos melhores condições de vida e bem-
estar (BARBOSA, 2009).

Segundo JANNUZZI (2001), a avaliação das condições de vida de uma população


pressupõe a utilização de indicadores sociais. Este autor afirma ainda que nos indicadores sociais
se destacam aqueles subjectivos de qualidade de vida construídos a partir do levantamento de um
conjunto amplo de impressões, opiniões e avaliações sobre diferentes aspectos do ambiente
sócio-espacial da população, como a satisfação quanto ao domicílio, às facilidades existentes no
bairro, às economias e as condições materiais.

O conceito de condições de vida é traduzido como o nível de atendimento das


necessidades materiais básicas para sobrevivência e produção social da comunidade
(JANNUZZI, 2001). Ainda segundo o mesmo autor, neste conceito estão implícitas as condições
de saúde, habitação, trabalho e educação dos indivíduos da comunidade que podem ser
mensuradas através da construção de indicadores sociais elaborados a partir de estatísticas
públicas.

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Os indicadores oficiais adoptados pelas ONU e mais usados para medir o


desenvolvimento e melhoria de condições de vida da população de um país são:

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) que é uma medida composta que mede a
realização média de um país em três dimensões básicas do desenvolvimento humano: uma vida
longa e saudável, medida pela esperança de vida à nascença; conhecimento medido pela taxa de
alfabetização de adultos (com ponderação de dois terços) e pela taxa de escolarização bruta
combinada do primário, secundário e superior (com ponderação de um terço); um nível de vida
digno, medido pelo PIB per capita (PNUD, 2008).

O Índice de Pobreza Humana (IPH) é um instrumento alternativo à medição de


pobreza baseada apenas no consumo ou rendimento. O IPH, tal como outros indicadores
mencionados anteriormente, também é uma medida composta. Este indicador concentra-se na
medição das privações humanas em três dimensões: a longevidade, a escolarização e o padrão de
vida decente, mas com algumas variações em relação ao IDH. O padrão de vida é determinado
com base nas privações mais graves: para os países em desenvolvimento este indicador
representa a percentagem de pessoas sem acesso a água canalizada e aos serviços de saúde
básicos, em conjunto com a percentagem de crianças menores de cinco anos com peso deficiente
(PNUD, 2001).

2.5. Desenvolvimento Sócio-económico

O desenvolvimento sócio-económico é um processo de transformação que implica


mudanças nos três níveis ou instâncias de uma sociedade: estrutural, institucional ou cultural. É o
aumento sustentado dos padrões de vida possibilitado pelo aumento da produtividade de
determinadas actividades e/ou pela transferência da mão-de-obra dessas para outras actividades
com maior valor adicionado per capita (BRESSER-PEREIRA, 2006).

Para que haja desenvolvimento sócio-económico é essencial que haja um processo de


crescimento da renda por habitante, ou do produto agregado por habitante, ou da produtividade.
Não existe desenvolvimento sócio-económico sem que a produção e a renda média cresçam
(PEREIRA, 2006).

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Os instrumentos de governação em Moçambique estão providos de desarticulações


diversas e contradições notórias, o que acaba por se evidenciar no tratamento que se dá ao
informal. Essa espécie de desorganização política, é resultado da ausência de um projecto de
desenvolvimento nacional coerente, aliada à natureza neopatrimonial do regime (FORQULHA &
ORRE, 2011).

2.6. Desenvolvimento Sócio-económico e Comércio Informal em Moçambique

Uma das mais recentes medidas com o objectivo de estimular as iniciativas


empreendedoras distritais – os Sete Milhões de Meticais – é vista pelo meio académico local
como intensificadora da natureza informal da economia nacional com destaque maior para o
comércio informal e, sobretudo, que alimenta as hostes do partido no poder através de
mecanismos de patronagem e clientela (SANDE, 2011).

A mais recente versão do PLANO DE ACÇÃO PARA A REDUÇÃO DA POBREZA


(PARPA 2011 – 2014), apresenta as mesmas contradições e insuficiências dos anteriores
documentos. Embora assuma que a maioria da população moçambicana depende do informal,
sugere que esta deverá ser integrada no formal através da criação de emprego, o que passa pela
captação do investimento estrangeiro, sobretudo ligado aos megaprojectos, situação à qual
SÖDERBAUM (2007), se refere como uma forma ingénua de pensar o desenvolvimento.
GUHA-KHASNOBIS et al., (2007), acrescentam que “com a estratégia de desenvolvimento de
Moçambique a mostrar uma obsessão pelos megaprojectos, o sector informal é visto quase como
um entrave do que como potencial para o crescimento.”

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III. METODOLOGIA

3.1. Classificação da Pesquisa

No que tange, a aspectos metodológicos, o trabalho assentou-se na combinação dos


métodos, daí que se começa por descrever o tipo de abordagem (quantitativa), tipo de pesquisa
(exploratória descritiva), e uso combinado de várias técnicas de investigação (a pesquisa
bibliográfica, documental e a aplicação do questionário). O público-alvo são os comerciantes
informais da vila municipal de Vilankulo.

3.2. Descrição da Área de Estudo

Vilankulo é uma vila moçambicana, sede do distrito do mesmo nome, na província de


Inhambane. Dados históricos indicam que a 23 de Julho de 1913, pela portaria n o 1060, foi criada
a povoação de Vilankulo. Em Abril de 1964 pela portaria nº17.733 foi extinta Á circunscrição de
Vilankulo que ficou com a mesma área territorial da ex circunscrição Vilankulo com a sua sede
na povoação de Vilankulo que se elevou a vila PLANO MUNICIPAL DE GESTÃO
AMBIENTAL DE VILANKULO (PMGAV, 2009).

Foi elevada a categoria de município através da lei nº10/97de 31 de Maio em 1998,


dispondo desde então de um Governo local eleito (PMGAV, 2009). O município é limitado a
norte pelo povoado de Chingamane, a sul pelo povoado Chiruala, a oeste pelo povoado de
Faiquete e a este é banhada pelo Oceano Indico (vide anexo, o mapa da vila de Vilankulo). O
mesmo é constituído por 9 bairros nomeadamente: Central, 7 de Setembro, Desse, 5 o Congresso,
25 de Junho, 19 de Outubro, Aeroporto, Alto Macassa e Chibuene. A população deste município
é estimada em aproximadamente 19.840 habitantes (senso 2007). Trata se de uma população
predominantemente jovem, representando cerca de 43% de jovens com idades inferiores a 15
anos e a proporção de idosos é de 4%,comportamento que tem relativa semelhança com os
valores da província, as mesmas faixas etárias que são de 43,1% e 5,2% respectivamente
(PMGAV, 2009).

11 Aníbal da Cruz Amosse de Saúde


Contributo do Comércio Informal na Promoção do Desenvolvimento Sócio-económico na Vila
Municipal de Vilankulo de 2010 à 2015

3.3. Caracterização do Estudo

3.3.1. Estudo Exploratório

Este tipo de estudo tem como objectivo proporcionar maior familiaridade com o
problema, com vista a torná-lo mais claro ou a construir hipóteses. A grande maioria dessas
pesquisas envolve: (a) levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram
experiências práticas com o problema pesquisado; e (c) análise de exemplos que estimulem a
compreensão. Essas pesquisas podem ser classificadas como: pesquisa bibliográfica e estudo de
caso (GIL, 2007).

Este tipo de estudo (a) proporciona maior familiaridade com o problema de pesquisa,
com vista a torná-lo explícito; (b) possibilita ao pesquisador captar conhecimentos e
comprovações teóricas, a partir de investigações de determinadas hipóteses avaliadas dentro de
uma realidade específica, podendo proporcionar o levantamento de possíveis problemas ou o
desenvolvimento posterior de uma pesquisa descritiva ou ainda experimental (GIL, 2007).

3.3.2. Estudo Descritivo

O estudo descritivo tem como o principal objectivo a descrição das características de


determinada população ou fenómeno, ou então o estabelecimento de relações entre variáveis
obtidas por meio de utilização de técnicas padronizadas de colecta de dados, tais como o
questionário e a observação sistemática. Essas pesquisas são, juntamente com as exploratórias, as
que habitualmente são realizadas pelos pesquisadores sociais (TRIVIÑOS, 1987).

3.3.3. Método Quantitativo

O método quantitativo ou de medida traduz-se na observação, por meio de perguntas


directas e/ou indirectas, em situações reais, a fim de obter respostas susceptíveis de serem
analisadas, mediante uma análise quantitativa, ou seja, através da estatística (GIL, 2007). O
método quantitativo permitiu apurar opiniões e atitudes explícitas e conscientes dos inqueridos,
através da utilização de instrumentos padronizados (questionários) de recolha de dados.

12 Aníbal da Cruz Amosse de Saúde


Contributo do Comércio Informal na Promoção do Desenvolvimento Sócio-económico na Vila
Municipal de Vilankulo de 2010 à 2015

3.4. Amostragem

No que tange a amostra, usou-se a amostra não probabilística por acessibilidade. Segundo
GIL (2007), a amostra por acessibilidade é a menos rigorosa de todos os tipos de amostra e por
isso, é destituída de qualquer rigor estatístico. O pesquisador selecciona os elementos a que tem
acesso, admitindo que estes possam, de alguma forma, representar o universo. Outro aspecto que
ditou a escolha deste tipo de amostra é a inacessibilidade ao universo dos comerciantes
informais, facto que deve-se a falta de uma base de dados sobre o sector por parte da edilidade
local.

A amostra foi constituída por 61 elementos e empregou-se a amostragem por


acessibilidade, na medida em que se procurava entrevistar pessoas disponíveis e que detinham
informação necessária à concretização da pesquisa. Assim foram divididas em dois grupos:

 1º Grupo: constituído por 1 quadro do CMVV, Chefe adjunto da Secção das Finanças.
 2º Grupo: foi constituído por 60 comerciantes informais da vila municipal de Vilankulo.

3.5. Técnicas de Colecta de Dados

No que tange aos procedimentos técnicos, foi realizada uma pesquisa bibliográfica para o
levantamento sobre a literatura existente. Depois realizada uma pesquisa de campo, para
entender a realidade do objecto pesquisado.

Para a pesquisa de campo foi feita a combinação de questionários e entrevistas semi-


estruturadas para ajudar a recolher os dados desejados para a materialização dos objectivos da
pesquisa. Os instrumentos utilizados salvaguardaram o princípio da confidencialidade e do
anonimato da informação recolhida.

Questionário: aplicou-se o questionário para obtenção de dados quantitativos. Este é um


instrumento de colecta de dados constituído por uma série orientada de perguntas que podem ser
respondidas por escrito mesmo sem a presença do pesquisador.

O questionário permite com maior facilidade ao pesquisador interrogar um elevado


número de pessoas, num espaço de tempo relativamente curto mesmo que estas pessoas estejam

13 Aníbal da Cruz Amosse de Saúde


Contributo do Comércio Informal na Promoção do Desenvolvimento Sócio-económico na Vila
Municipal de Vilankulo de 2010 à 2015

em áreas dispersas geograficamente; implica menores gastos com pessoal uma vez que não
precisa treinar este pessoal; as pessoas podem sentir-se a vontade para expor as suas opiniões;
não expõe os pesquisados à influência das opiniões e dos aspectos pessoal do entrevistado;
salvaguarda a questão do anonimato dos pesquisados e facilita a pessoa a responder no momento
que achar mais conveniente (GIL, 2007).

O questionário foi aplicado aos comerciantes informais da vila municipal de Vilankulo


(vide apêndice 2, o questionário dirigido aos comerciantes informais da vila municipal de
Vilankulo).

Entrevista Semi-estruturada: a entrevista possibilita a obtenção de dados referentes aos


mais diversos aspectos da vida social. É a técnica em que o investigador apresenta-se em frente
ao investigado e lhe formula perguntas, com o objectivo de obter dados que interessam à
investigação. As respostas espontâneas dos entrevistados e a maior liberdade que estes têm
podem fazer surgir questões inesperadas ao investigador que poderão ser de grande utilidade em
sua pesquisa GIL (2007).

O facto de investigador estar a colher os dados frente a frente com o entrevistado traz
algumas vantagens entre elas destacam as seguintes: a entrevista permite também obter dados
mesmo com pessoas que não sabem ler e escrever; possibilita recolher muita informação uma
vez que as pessoas podem recusar-se a preencher um questionário mas aceitarem serem
entrevistadas; é mais flexível em termos de processo de condução da mesma, uma vez que caso
haja dúvida o entrevistador pode explicar e finalmente a entrevista ajuda a perceber o
comportamento corporal do entrevistado GIL (2007).

A entrevista semi-estruturada foi aplicada ao quadro do CMVV, isto é, Chefe Adjunto da


Secção de Finanças (vide apêndice 1, o guião de entrevista para o chefe adjunto da Secção de
Finanças no CMVV).

Pesquisa Bibliográfica: a outra fonte de dados usada neste trabalho foi a consulta de
literatura relevante para o estudo. Esta forneceu informação importante sobre a força de trabalho
envolvida no comércio informal que usou-se para compreender as características da força de

14 Aníbal da Cruz Amosse de Saúde


Contributo do Comércio Informal na Promoção do Desenvolvimento Sócio-económico na Vila
Municipal de Vilankulo de 2010 à 2015

trabalho envolvida no comércio informal na vila municipal de Vilankulo e para apurar sobre a
importância do comércio informal na vida dos indivíduos envolvidos.

3.6. Análise de Dados

Para o processamento e análise de dados recorreu-se a combinação de diferentes métodos


estatístiscos segundo a natureza dos dados. Os dados qualitativos, colhidos através das
entrevistas foram transcritos e sujeitos à análise de conteúdo que visava descobrir o que está por
de trás de cada conteúdo manifesto. Os dados recolhidos com o questionário foram analisados
com o auxílio da estatística descritiva e do pacote informático Excel.

3.6.1. Indicadores Usados

 Tipo de actividades desenvolvidas pelos comerciantes informais


 Categorias ocupacionais
 Periódo de actividade
 Idade
 Sexo
 Membros dos agregados familiares
 Escolaridade
 Renda
 Habitação.

15 Aníbal da Cruz Amosse de Saúde


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IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Caracterização do Perfil da Força de Trabalho Envolvida no Comércio Informal na


Vila Municipal de Vilankulo e Menção dos Constrangimentos por Eles Enfrentados

4.1.2. Actividades Desenvolvidas pelos Comerciantes Informais Inqueridos

Os comerciantes informais inqueridos, isto é, 60, são os que têm bancas fixas na vila
municipal de Vilankulo, vendendo produtos diversos, com maior destaque para os produtos
alimentícios de primeira necessidade grupo que faz o grosso dos entrevistado com 53% seguido
de vendedores de produtos de limpeza e estética 35% e por último 12% correspondentes ao
serviço de refeições e bar.

Actividades Desenvolvidas pelos Comerciantes Informais Inqueridos

Produtos alimentícios de primeira necessidade


Produtos de limpeza e estética
Serviço de refeições e bar.

12%

35% 53%

Figura no 1: Actividades Desenvolvidas pelos Comerciantes Informais Inqueridos

Fonte: AUTOR

O demosntrado pelo gráfico vai de encontro ao constatado por (SANDI, s/d), em sua
pesquisa em que 76% dos inqueridos em Moçambique, vendiam produtos alimenticios de
primeira necessidade.

16 Aníbal da Cruz Amosse de Saúde


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Municipal de Vilankulo de 2010 à 2015

4.1.2. Categorias Ocupacionais dos Comerciantes Informais

A análise de dados demonstrou que no comércio informal, a força de trabalho apresenta


duas características em termos de categorias ocupacionais: um grupo que desenvolve o comércio
informal como actividade principal e o outro grupo que desenvolve o comércio informal como
actividade secundária.

. Vendedores informais inqueridos


(60)

Actividade principal Actividade secundária


90% 10%

Empregados 15% Empregado 17%

Conta própria
85%
Conta própria 83%

Figura no 2: Esquema das Categorias Ocupacionais dos Indivíduos Envolvidos no Comércio


Informal na Vila Municipal de Vilankulo

Fonte: AUTOR

Este esquema, demonstra que dos vendedores informais inqueridos, 90% praticam o
comércio informal como actividade principal dos quais 85% estão a conta própria e 15% como
empregados. Apenas 10% praticam como actividade secundária em que 83% estão a conta
própria e 17% como empregados.

17 Aníbal da Cruz Amosse de Saúde


Contributo do Comércio Informal na Promoção do Desenvolvimento Sócio-económico na Vila
Municipal de Vilankulo de 2010 à 2015

4.1.3. Período a Exercer o Comércio Informal

Em relação ao período em que os indivíduos começaram a exercer a actividade comercial


na unidade onde trabalham, os resultados da análise revelam que 7% dos entrevistados praticam
a actividade de 15-20 anos, 27% praticam a actividade de 10-14 anos, 30% praticam de 5-9 anos
e 36% estão de 0-4 anos nesta actividade comercial.

Verifica-se um amento significativo nos últimos 14 anos, dos praticantes do comércio


informal, com maior acentuação para o período compreendido entre 2011-2015.

Inicio de Actividade dos Vendedores

1995-2000 2001-2005 2006-2010 2011-2015

7%
37% 27%

30%

Figura no 3: Relação Ano de Inicio da Actividade e Frequência dos Vendedores

Fonte: AUTOR

Resultados similares foram encontardos por (SANDI, s/d) em sua pesquisa sobre Análise
da sustentabilidade do comércio informal em Moçambique, em que 68% dos comerciantes
exerciam a actividade de 0-5 anos.

4.1.4. Idade

No que diz respeito a idade, os resultados mostram que cerca de 32% têm idades
compreendidas entre os 26-35 anos, segue-se a faixa etária de 16-25 anos com 20%, depois a
faixa etária entre 36-45 anos com 18%, seguindo a faixa etária dos vendedores com menos de 15

18 Aníbal da Cruz Amosse de Saúde


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anos de idade com 15%, faixa etária entre 46-55 anos com 12% e por último a faixa etária com
mais de 56 anos de idade com 3%.

Grupos Etários dos Vendedores

Menos de 15 Anos 16-25 Anos 26-35 Anos


36-45 Anos 46-55 Anos Mais de 56 Anos

12% 3% 15%

18% 20%

32%

Figura no 4: Grupos Etários dos Vendedores Inqueridos

Fonte: AUTOR

Verifica-se, que a maior percentagem é composta por comerciantes informais com idades
iguais ou inferiores a 35 anos totalizando uma percentagem de 67%, isto é, somando as
percentagens dos comerciantes informais com idades iguais ou inferiores a 35 anos.

Apesar de a CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE (CRM, 2004), no


seu Artigo 121, número 04 (quatro), proibir o trabalho de crianças quer em idade de escolaridade
obrigatória quer em qualquer outra, verifica-se a presença de crianças a praticarem o comércio
informal na vila municipal de Vilankulo.

19 Aníbal da Cruz Amosse de Saúde


Contributo do Comércio Informal na Promoção do Desenvolvimento Sócio-económico na Vila
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4.1.5. Sexo

No quesito sexo dos inqueridos, 60% são mulheres e 40% homens.

Sexo dos Comerciantes Informais Inqueridos

Homens Mulheres

40%
60%

Figura no 5: Sexo dos Comerciantes Informais Inqueridos

Fonte: AUTOR

O demonstrado pelo gráfico converge com LOFORTE (2000), ao afirmar que “as
mulheres envolvem-se cada vez mais no comércio informal porque para além de suprir o magro
orçamento familiar, o comércio informal emerge como uma estratégia para ganhar influência
social, constitui uma forma de luta e de resistência contra a ideologia do poder patriarcal que
relega as mulheres as actividades e/ou cuidados domésticas e a vida familiar.”

Segundo CRUZ & SILVA (2005) “as mulheres fazem parte dos primeiros grupos que
dinamizaram a criação e o desenvolvimento do comércio informal, e continuam a representar a
maior população de indivíduos que operam neste sector.”

Contudo, esta participação considerável de homens reflecte, provavelmente, alguma


mudança nos intervenientes desta actividade. Isto é, não são só as mulheres praticam as
actividades informais para a obtenção de rendimentos que permitem a sua sobrevivência.

20 Aníbal da Cruz Amosse de Saúde


Contributo do Comércio Informal na Promoção do Desenvolvimento Sócio-económico na Vila
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4.1.6. Membros dos AFs dos Comerciantes Informais Inqueridos

No que tange, aos membros dos AFs dos comerciantes informais, a média é de 3,80
membros, o que faz uma média aproximada de 4,0 membros. Não estando distante da média
determinada pelo (INE, 2015) em que, a média total de pessoas por Agregado Familiar (AF) em
Moçambique é de 5,0 pessoas.

4.1.7. Nível de Escolaridade e Experiência Profissional

No que tange, ao nível de escolaridade e experiência profissional, denota-se que 29% têm
o nível básico incompleto seguido, pela percentagem de 23% em que são analfabetos, 20% têm o
nível básico completo, a percentagem de 18% é a dos que têm nível médio incompleto e por
último 10% que é composta por inqueridos com nível médio completo.

Nível de Escolaridade e Experiência Profissional

Nível básico completo Nível médio completo Nível básico incompleto


Nível médio incompleto Analfabeto/a

23% 20%
10%
18%
28%

Figura no 6: Nível de Escolaridade e Experiência Profissional

Fonte: AUTOR

A educação é um requisito fundamental para uma adequada inserção na sociedade. É


essencialmente por seu intermédio que as pessoas podem adquirir e exercer a sua cidadania, no
âmbito económico, social e político (NAVARRO, s/d).

21 Aníbal da Cruz Amosse de Saúde


Contributo do Comércio Informal na Promoção do Desenvolvimento Sócio-económico na Vila
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É importante observar que 93,7% de indivíduos que desenvolvem o comércio informal


em Moçambique inicia a actividade sem nenhuma experiência profissional ou de trabalho,
aprende a trabalhar na prática, nunca teve uma formação profissional formal para exercer a sua
actividade. Esta situação era esperada, uma vez que no sector informal a formação profissional é
reduzida ou inexistente, privilegiando-se as práticas de aprendizagem no processo de trabalho.
Também o comércio informal conta com “a força de trabalho que possui qualificações adquiridas
fora do sistema escolar em mercados competitivos e desregulados” (BARBOSA, 2009).

Como afirma (NAVARRO, s/d), “a ausência de treinamento prévio dos trabalhadores no


sistema de educação formal” caracterzia os comerciantes informais.

MAPOSSE (2011), afirma que o baixo nível de educação e a falta de experiência de


trabalho dificultam a inserção da força de trabalho no mercado formal, pois é considerada força
de trabalho não qualificada tendo em consideração que as formas de contratação tornaram-se
rígidas e mais exigentes em termos de qualificações académicas aliado também ao exíguo
número de postos de trabalho oferecidos pelo emprego formal.

Analisando os aspectos sobre educação e experiência de trabalho para o grupo de


indivíduos que praticam o comércio informal como actividade principal e como secundária,
pode-se afirmar que nos dois grupos os indivíduos apresentam características semelhantes. A
predominância de indivíduos com nível básico incompleto e analfabetos e sem experiência de
trabalho é que caracteriza os indivíduos inseridos nos dois grandes grupos.

Não obstante ao supra mensionado, é digno de realce, o facto de os comerciantes


informais inqueridos, isto é, 60% continuam a frenquentar o ensino escolar visto que estudam no
peródo pós-laboral (curso nocturno). Assim, o comércio informal não é um impedimento para a
prossecução dos estudos, o que contrasta sobremodo, com NAZARÉ (2006), que afirma que a a
contribuição do comércio informal deve considerar-se negativa porque é uma das causas de
desistência escolar, principalmente a nível do ensino primário e do ensino secundário.

22 Aníbal da Cruz Amosse de Saúde


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4.1.8. Factores que Motivaram os Comerciantes Inqueridos a Trabalharem no Negócio


Actual

Factores que motivaram os comerciantes inqueridos a trabalharem no negócio actual

Todos os inqueridos praticam o comércio informal por necessidade

Não depender de O desemprego no Flexibilidade, que o


patrões e mercado formal comércio formal não
funcionários (40%) (35%) oferece (25%)

Figura no 7: Factores Motivacionais no Negócio Actual

Fonte: AUTOR

Os factores que motivaram aos comerciantes informais inqueridos a trabalharem no


negócio actual, convergem com as caracteristicas indicadas por AMARAL (2005), que são: (a) o
sector informal é uma organização individual ou familiar, livre e flexível; (b) tem como mão-de-
obra os desempregados e sub-empregados do sector formal da economia.

23 Aníbal da Cruz Amosse de Saúde


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4.1.8. Fonte de Financiamento para o Inicio das Actividades no Comércio Informal

No que tange ao financiamento para o inicio das activdades no comércio informal,


apenas 5% é que recorreu ao dinheiro emprestado nos Bancos e 28% do Fundo de
Desenvolvimento Distrital (FDD). Sendo que, 44% usou as suas próprias poupanças e 23%
socorreu-se a ajuda dos familiares ou amigos.

Fonte de Financiamento para o Inicio das Actividades no Comércio Informal

Próprias poupanças Familiares/amigos Bancos FDD

28%
43%
5%
23%

Figura no 8: Fonte de Financiamento para o Inicio das Actividades no Comércio Informal

Fonte: AUTOR

Resultados similares foram encontrados por MONGUELA et al., (2015) num estudo em
que o grupo alvo foram as empreendedoras no sector do turismo na província de Inhambane,
onde, constatou-se que 67% iniciaram a actividade com fundos próprios, apoiadas pelos maridos
ou fruto de uma poupança das actividades anteriores. Situação decorrente devido as altas taxas
de juros.

Resultados similares sobre a fonte de capital para o início do comércio informal, também
foram encontrados num estudo efectuado por LUBELL (1993) em Nova Delhi, tendo constatado
que 84% de empresários que estão no comércio informal, para o início do seu negócio usaram
poupanças pessoais ou empréstimos a familiares. Neste tipo de actividade, os indivíduos

24 Aníbal da Cruz Amosse de Saúde


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envolvidos desenvolvem actividades económicas, tais como “bancos informais” que recolhem as
pequenas poupanças e fazem empréstimos para segmentos da população que não têm acesso ao
tradicional crédito bancário (NAZARÉ, 2006).

44% Dos comerciantes informais inqueridos que usaram poupanças próprias para o inicio
das actividades comerciais afirmam que o que causa essa preferência é a morosidade burocrática
das instituições financeiras formais na vila municipal de Vilankulo aliado as altas taxas de juros.

4.1.10. Constrangimentos Enfrentados pelos Comerciantes Informais na Vila Municipal de


Vilankulo

 46%, dos comerciantes informais apontam a falta de colaboração entre os vendedores


informais no que tange ao intercâmbio de informação sobre a comercialização (métodos
de gestão e persuasão dos clientes);
 34%, dos comerciantes informais apontam a falta de financiamento bancário (falta de
informação sobre como aderir ao financiamento de instituições financeiras licenciadas
para o efeito).
 20%, dos comerciantes informais apontam o fraco saneamento do meio nos mercados.

25 Aníbal da Cruz Amosse de Saúde


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4.2. Verificação do Papel do Comércio Informal no Sustento e no Melhoramento das


Condições do Bem-estar na Vila Municipal de Vilankulo

4.2.1. Renda Mensal dos Comerciantes Informais em Meticais

No que tange a renda mensal dos comerciantes informais inqueridos foi possível
constatar que 25% consegue como renda mensal decorrente da actividade do comércio informal
em uma quantia em meticais estimada entre 2.001,00-3.000,00; 14% com rendas estimadas entre
4.001,00-5.000,00; 12% com rendas entre 1.001,00-2.000,00; 10% entre 3.001,00-4.000,00; 10%
entre 7.001,00-8.000,00; 8% entre 8.001,00-9.000,00; 7% entre 6.001,00-7.000,00; 5% auferindo
mais de 10.000,00 por mês, 3% auferindo menos de 1.000,00; 3% entre 5.001,00-6.000,00 e
finalmente os restantes 3% auferindo uma quantia mensal entre 9.001,00-10.000,00 meticais.

Renda Mensal dos Comerciantes Informais (Meticais)

0-1000 1001-2000 2001-3000 3001-4000 4001-5000 5001-6000


6001-7000 7001-8000 8001-9000 9001-10000 10000+

3% 5% 3% 12%
8%
10%
7% 25%
3%
13% 10%

Figura no 9: Renda Mensal dos Comerciantes Informais em Meticais

Fonte: AUTOR

O comércio informal é de maior importância no sustento e na melhoria de condições de


vida dos indivíduos que desenvolvem actividades neste ramo. O comércio informal contribui

26 Aníbal da Cruz Amosse de Saúde


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para a obtenção de receitas para uma grande fasquia da população jovem, com níveis de
educação baixos que não têm possibilidade de ingressar no mercado formal. Estas receitas
arrecadadas pelos envolvidos no comércio informal contribuam também para a educação dos
seus filhos (MAPOSSE, 2011).

Neste trabalho, usa-se a linha de 1,25 dólares americanos (USD) por dia por indivíduo
para analisar a renda dos comerciantes informais de 2010 à 2014 e para o ano de 2015 é usada a
linha de 1,90 USD por dia por indivíduo. Visto que, a linha de 1,25 dólares americanos por dia
por indivíduo foi actualizada em 2015 pelo BM para 1,90 USD como o custo mínimo de vida no
mundo.

Tabela no 1: Taxas de Câmbio do Mercado Cambial (Taxas Médias Anuais)

Ano Taxa de Câmbio Média (USD/MZN)


201
0 32,98
2011 29,06
201
2 28,23
201
3 29,91
201
4 30,69
201
5 38,28

Fonte: AUTOR, baseado nos dados do Banco de Moçambique (http://www.bancomoc.mz).

A seguir está a relação entre os valores do limiar de pobreza ou linha de pobreza


internacionais, as rendas dos comerciantes informais da vila municipal de Vilankulo e o número
médio dos membros dos seus AFs, em consonância com as taxas de câmbio do mercado cambial
(taxas médias anuais) USD/MZN entre os anos 2010 à 2015.

27 Aníbal da Cruz Amosse de Saúde


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Tabela no 2: Custo de Vida Mensal dos Membros dos (AFs) dos Comerciantes Inqueridos
Ano Limiar Taxa de Limiar No Médio Custo de Mês Custo de Vida
de Câmbio de dos Vida (Dias) Mensal (MZN)
Pobreza Média Anual Pobreza Membros Diário
(USD) (USD/MZN) (MZN) dos AFs (MZN)

2010 1,25 32,98 41,2250 4 164,900 30 4.947,00


2011 1,25 29,06 36,3250 4 145,300 30 4.359,00
2012 1,25 28,23 35,2878 4 141,150 30 4.234,50
2013 1,25 29,91 37,3875 4 149,550 30 4.486,50
2014 1,25 30,69 38,3625 4 153,450 30 4.603,50
2015 1,90 38,28 72,7320 4 290,928 30 8.727,84

Fonte: AUTOR, baseado nos dados do Banco Mundial e do Banco de Moçambique.

4.2.2. Relação Receitas Mensais e Custo de Vida Mensal dos Comerciantes Informais
Inqueridos

Fazendo a relação entre as receitas mensais e o custo de vida mensal dos comerciantes
informais inqueridos verificou-se que, de 2010 à 2014, 50% dos AFs dos comerciantes informais
inqueridos viviam abaixo da linha de pobreza e no ano de 2015, a percentagem subiu para 84%.

Olhando para o custo de vida e tendo em conta as receitas mensais conseguidas pelos
comerciantes informais constata-se que os comerciantes informais na vila de Vilankulo
sobrevivem, isto é, vivem sem dignidade, o que leva crer que arranjam-se. Visto que, de 2010 à
2014 a metade dos AFs dos comerciantes informais viviam abaixo da linha de pobreza e para o
ano de 2015 a situação agravou-se atingindo uma fasquia de 84% dos AFs dos comerciantes
abaixo da linha de pobreza.

As rendas conseguidas pelos comerciantes informais não chegam a fazer face de forma
cabal ao custo de vida, uma vez só conseguirem satisfazer despesas básicas, como as de
alimentação, acesso à água canalizada e energia eléctrica em seus domicílios. Ficando por fora
aspectos relativos ao lazer, ao custeio de estudos privados e/ou universitários, acesso a
medicamentos em farmácias dentre outros custos que oferecem uma certa dignidade a vida
humana. Contudo, a actividade do comércio informal é de maior importância no sustento e na
melhoria de condições de vida dos indivíduos que a desenvolvem.

28 Aníbal da Cruz Amosse de Saúde


Contributo do Comércio Informal na Promoção do Desenvolvimento Sócio-económico na Vila
Municipal de Vilankulo de 2010 à 2015

4.2.2. Condições Habitacionais

4.2.2.1. Água e Energia Eléctrica

A existência de água canalizada e o consumo de energia são geralmente utilizados como


medidas para estimar o nível de bem-estar das sociedades modernas. Informações sobre o
consumo de energia eléctrica e existência de água canalizada, numa determinada localidade,
podem ser utilizadas como um indicador capaz de expressar o seu grau de desenvolvimento. O
acesso à energia e água, exercem um impacto positivo nas condições de vida de uma população
(OLIVEIRA, 2005).

Os resultados mostram que dos 60 inqueridos 60% têm em suas habitações água
canalizada e energia eléctrica instalada.13% têm somente água canalizada e 18% têm apenas
energia eléctrica em seus domicílios, sendo que 9% não têm energia eléctrica instalada em seus
domicílios e muito menos água canalizada.

4.2.3. Segurança Alimentar

No que tange a segurança alimentar os inqueridos (100%) afirmaram que têm segurança
alimentar garantida. Pois segundo os inqueridos, as suas familias, em todos os momentos, têm
acesso físico e económico a uma alimentação suficiente, segura, nutritiva e que atenda às
necessidades nutricionais e preferências alimentares. O que converge com Food and Agriculture
Organization (FAO, 1996), que afirma que “a segurança alimentar significa garantir, a todos,
condições de acesso a alimentos básicos de qualidade, em quantidade suficiente, de modo
permanente e sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, com base em práticas
alimentares saudáveis, contribuindo, assim, para uma existência digna, em um contexto de
desenvolvimento integral da pessoa humana.

29 Aníbal da Cruz Amosse de Saúde


Contributo do Comércio Informal na Promoção do Desenvolvimento Sócio-económico na Vila
Municipal de Vilankulo de 2010 à 2015

4.3. Tendência e Aplicação das Receitas Municipais Arrecadadas pelo CMVV Através do
Comércio Informal

Tabela no 3: Receitas Decorrentes do Comércio Informal na Vila Municipal de Vilankulo


em Meticais

Ano Previsão das Receitas por Cobrar Receitas Cobradas Grau de Execução
2014 2.000.000,00 1.397.756,00 70%
2013 1.500.000,00 1.391.000,36 93%
2012 2.000.000,00 1.544.000,74 77%
2011 1.700.000,00 1.511.000,09 89%
2010 1.500.000,00 1.309.000,26 87%

Fonte: AUTOR, baseado nos dados do CMVV

2500000

2000000

1500000 Previsão das receitas por


cobrar
1000000
Receitas cobradas
500000

0
2014 2013 2012 2011 2010

Figura no 10: Relação Receitas Previstas e Receitas Cobradas de 2010 à 2014

Fonte: AUTOR, baseado nos dados do CMVV

O CMVV, através do Chefe Adjunto da secção de finanças CHICHONGUE (17 de


Fevereiro de 2016 cp.) não está satisfeito com o nível de colecta das taxas no comércio informal.
Visto que desde que a vila de Vilankulo se tornou uma vila municipal ainda não conseguiam
alcançar as metas. O não alcance das metas deve-se a falta de uma base de dados, base que será
materializada ainda no ano corrente; uma vez estar o CMVV em coordenação com o Projecto
Cidades e Mudanças Climáticas (PCMC) na prossecução da mesma.

30 Aníbal da Cruz Amosse de Saúde


Contributo do Comércio Informal na Promoção do Desenvolvimento Sócio-económico na Vila
Municipal de Vilankulo de 2010 à 2015

Outro aspecto não menos importante que contribui para o não alcance das metas prende-
se com o facto de a edilidades local, não possuir programas e/ou projectos concretos de educação
fiscal CHICHONGUE (17 de Fevereiro de 2016 cp.).

Quanto a alocação do valor colectado através do comércio informal CHICHONGUE (17


de Fevereiro de 2016 cp.) afirmou que não há um sector em concreto onde é aplicado. Assim o
CMVV, é orientado através das actividades que são planificadas para cada ano.

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Contributo do Comércio Informal na Promoção do Desenvolvimento Sócio-económico na Vila
Municipal de Vilankulo de 2010 à 2015

V. CONCLUSÕES, RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES

5.1. Conclusão:

O trabalho analisou o contributo do comércio informal na promoção do desenvolvimento


sócio-económico na vila municipal de Vilankulo de 2010 à 2015. Constatou-se que existem dois
grupos de comerciantes informais: um grupo mais representativo (90%), constituído por
indivíduos que desenvolvem o comércio informal como actividade principal, isto é, que serve de
única fonte de sobrevivência de seus AFs, e o segundo grupo (10%) que desenvolve o comércio
informal como actividade secundária. Quanto ao período a exercer a actividade do comércio
informal o grosso dos comerciantes inqueridos 36% exercem a actividade de 2011-2015.

A faixa etária mais predominante é dos 26-35 anos (jovens). Este resultado leva a
afirmação de que os jovens desenvolvem o comércio informal como meio alternativo para a sua
ocupação criando o auto-emprego. É visível a maior presença de indivíduos com nível de
educação reduzido, com experiência de trabalho adquirida na própria aprendizagem do trabalho,
o que leva a concluir que esta actividade é praticada em geral por indivíduos com poucos anos de
escolaridade que privilegiam a auto-aprendizagem no próprio processo de trabalho.

Apesar de os comerciantes informais não possuirem a competência e experiência


requerida, conseguem atingir bons níveis de desempenho. Realça-se, o gosto e entrega à
actividade, acrescido ao sentido de responsabilidade, que resulta numa matriz de competências
de elevado desempenho.

Com os resultados de pesquisa percebe-se que o comércio informal na vila municipal de


Vilankulo é dominado por mulheres. No que tange ao financiamento, o grosso dos comerciantes
informais usou poupanças próprias para o começo das actividades, verifica-se a falta de
informação sobre como pedir financiamento a instituições licenciadas formalmente para tal.

No que tange aos constrangimentos enfrentados pelos comerciantes informais, o principal


é a falta de colaboração entre os vendedores informais, falta de intercâmbio de informação sobre
a comercialização (métodos de gestão e persuasão dos clientes) seguido pela falta de

32 Aníbal da Cruz Amosse de Saúde


Contributo do Comércio Informal na Promoção do Desenvolvimento Sócio-económico na Vila
Municipal de Vilankulo de 2010 à 2015

financiamento bancário e finalmente, o fraco sanemento do meio onde desenvolvem as saus


actividades.

A edilidades local não possui programas e/ou projectos concretos de educação fiscal, bem
como o facto de não ver os comerciantes informais como parceiros potenciais para o
desenvolvimento da autarquia. Ademais, a falta de uma base de dados é um entrave para uma
planificação de metas concretas em termos de taxas a serem cobradas para cada ano.

Portanto, não obstante aos entraves com os quais a edilidade e os comerciantes informais
se deparam, de forma holística, o comércio informal cria uma certa estabilidade social e alivia a
tensão social causada pela diminuição das possibilidades de emprego formal como do poder
aquisitivo, tornando-se uma fonte de renda e de segurança alimentar na vila municipal de
Vilankulo. Assim, contribui na promoção do desenvolvimento sócio-económico desta vila
municipal.

5.2. Recomendações e Sugestões:

Aos Comerciantes Informais

 Para manter os locais onde desenvolvem suas actividades em condições condignas de


saneamento do meio, o que de certa forma será um meio de persuasão de clientes para
adquirirem os seus produtos e/ou serviços.

Ao CMVV

 Para criar mecanismos de informar aos comerciantes informais sobre como aderir ao
crédito em instituições formais de financiamento bem como, sensibilizar aos
comerciantes sobre a importância do pagamento das taxas que são cobradas pela
edilidade local.
 A intensificação das campanhas de educação fiscal; pode ser através da criação de
parceira com a Escola Superior de Desenvolvimento Rural (ESUDER) no que tange as
aulas práticas dos estudantes dos cursos de Economia Agrária e Comunicação e Extensão
Rural.

33 Aníbal da Cruz Amosse de Saúde


Contributo do Comércio Informal na Promoção do Desenvolvimento Sócio-económico na Vila
Municipal de Vilankulo de 2010 à 2015

 Para fazer o levantamento dos comerciantes informais.


 A autarquia local deve considerar os comerciantes informais como parceiros nas
iniciativas de desenvolvimento local. Ela deve implementar política e programas
destinadas à criação de condições adequadas para que as actividades do comércio
informal sejam realizadas de modo eficiente e ao mesmo tempo minimizados os riscos
para a sociedade.

VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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África Subsaariana. Vol. XL. Número 79. pp. 53-72. Finisterra. Lisboa. Disponível em:
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2008.

34 Aníbal da Cruz Amosse de Saúde


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desventuras de um conceito. Pesquisa de pós-doutorado. Campinas, Instituto de
Economia da UNICAMP.
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da Vila de Vilankulo. Entrevista realizada em 17 de Fevereiro de 2016, em Vilankulo.
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comércio informal. Lisboa.
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mercados de Maputo e sua acção na promoção de melhores condições de vida e trabalho.
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 ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO (OIT). (2006). A OIT e a


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 PLANO MUNICIPAL DE GESTÃO AMBIENTAL DE VILANKULO (PMGAV).
(2009).
 PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO (PNUD).
(2001). Moçambique – Mulher, género e desenvolvimento humano: Uma agenda para o
futuro. Relatório Nacional do Desenvolvimento Humano. Maputo.
 QUEIROZ, A. F. (2009). Economia Informal e Sistema Produtivo Capitalista –
Economia. Blog destinado a apoio didáctico aos estudantes. Disponível em: http://
professorfranciscoquerooiz.blonspot.com. Acesso em: 27 de Outubro de 2015.
 REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, PLANO DE ACÇÃO PARA A REDUÇÃO DA
POBREZA (PARPA). (2011-2014). Aprovado na 15 sessão Ordinário do Conselho de
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 TRIVIÑOS, A. N. S. (1987). Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa
qualitativa em educação. São Paulo: Atlas.

37 Aníbal da Cruz Amosse de Saúde


APÊNDICES

Apêndice 1: Guião de Entrevista Para o Chefe Adjunto da Secção de Finanças no CMVV

1. A edilidade está satisfeita com o nível de colecta das taxas através do comércio informal?
 Sim ( )
 Não ( )
1.1. Se não, a que se deve?
2. Como é feita a planificação do valor monetário a ser colectado por ano?
3. Qual é o destino do valor colectado pela edilidade através do comércio informal?
4. A edilidade conhece o número dos comerciantes adstrictos a actividade do comércio
informal?
5. Que mecanismo a edilidade usa para comunicar e persuadir os comerciantes informais
para que cumpram com zelo as suas obrigações fiscais?

Fim

Obrigado pela colaboração!

1
Apêndice 2: Questionário Dirigido aos Comerciantes Informais da Vila Municipal de
Vilankulo

Meu nome é Aníbal da Cruz Amosse de Saúde. Sou estudante da Escola Superior de
Desenvolvimento Rural, da Universidade Eduardo Mondlane. Estou a fazer o curso de
Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural. Este questionário tem como objectivo principal
fazer o levantamento de informação para a elaboração do meu Trabalho de Culminação do Curso
cujo tema é “Análise do contributo do comércio informal na promoção do desenvolvimento
sócio-económico na vila municipal de Vilankulo de 2010 à 2015”. A sua opinião é muito
importante para a realização do trabalho e asseguro-lhe desde já a confidencialidade da
informação que me fornecer. O preenchimento deste questionário poderá levar cerca de dez
minutos. Agradeço desde já a sua colaboração. Todas as respostas aplicáveis deverão ser
assinaladas com “X”.

Vilankulo______/______/______

A. Caracterização do Perfil da Força de Trabalho Envolvida no Comércio Informal na Vila


Municipal de Vilankulo e Menção dos Constrangimentos Enfrentados

A1. Grupos etários: Menos de 15 Anos ( ) 16-25 Anos ( ) 26-35 Anos ( )

36-45 Anos ( ) 46-55 Anos ( ) Mais de 56 Anos ( )

A2. Sexo: M_____ F_____

A3. O seu agregado familiar é constituido por_____ membros.

A4. Nível de Escolaridade e Experiência Profissional

Nível básico completo ( ) Nível médio completo ( ) Nível básico incompleto ( ) Nível
médio incompleto ( ) Analfabeto/a ( )

2
A5. Situação Profissional

Activo ( ) Emprego (formal) ( ) Sem emprego (formal) ( )

Não activo ( ) Estudante ( ) Outro ( )

A6. Actividades Desenvolvidas pelos Comerciantes Informais Entrevistados

Produtos alimentícios de primeira necessidade ( ) Produtos de limpeza e estética ( ) Serviço


de refeições e bar ( )

A7. Categoria Ocupacional:

Actividade princiapal ( ): Empregado ( ) ou Conta própria ( )

Actividade secundária ( ): Empregado ( ) ou Conta própria ( )

A8. Periódo a Exercer a Actividade

1995-2000 ( ) 2001-2005 ( ) 2006-2010 ( ) 2011-2015 ( )

A9. Factores que Motivaram a Trabalhar no Negócio Actual

Não depender de patrões e funcionários ( ) O desemprego no mercado formal ( )

Flexibilidade que o mercado formal não oferece ( )

A10. A Fonte de Financiamento para o Inicio das Actividades no Comércio Informal foi:

Próprias poupanças ( ) Familiares/amigos ( ) Bancos ( ) FDD ( )

A11. Constrangimentos Enfrentados

Falta de colaboração entre os vendedores informais no que tange ao intercâmbio de informação


sobre a comercialização ( )

3
Falta de financiamento bancário (falta de informação sobre como aderir ao financiamento de
instituições financeiras licenciadas para o efeito) ( )

Fraco saneamento do meio nos mercados ( )

B. Verificação do Papel do Comércio Informal no Sustento e no Melhoramento das


Condições do Bem-estar na Vila Municipal de Vilankulo

B1. Renda Mensal em Meticais:

0-1.000,00 ( ) 1.001,00-2.000,00 ( ) 2.001,00-3.000,00 ( ) 3.001,00-4.000,00 ( )


4.001,00-5.000,00 ( ) 5.001,00-6.000,00 ( ) 6.001,00-7.000,00 ( ) 7.001,00-8.000,00 ( )
8.001,00-9.000,00 ( ) 9.001,00-10.000,00 ( ) 10.000,00+ ( )

B2. Condições Habitacionais

Água canalizada e energia eléctrica instalada em seu domicilio ( )

Somente água canalizada ( ) Somente energia eléctrica ( )

B3. Segurança Alimentar em Seu Agregado Familiar está:

Garantida ( ) Não garantida ( )

Fim

Obrigado pela colaboração!

4
ANEXOS

Anexo no 1: Mapa da Vila de Vilankulo

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