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Ministério do Ensino Superior

Universidade Lueji A`Nkonde – ULAN


Faculdade de economia

MACRO
ECONOMIA
I

Dundo, 2020
Prof. Manuel José Pascoal Macroeconomia I
Identificação

Unidade Orgânica: Faculdade de Economia da Universidade Lueji A´Nkonde


Curso: Economia
Disciplina: Macroeconomia I
Carga horária semestral: 64 horas
Regime: Semestral /2 ano/2020
Docente: Doctor Manuel José Pascoal

Ementa

Conceitos fundamentais de Macroeconomia. Evolução do pensamento


macroeconómico. Objecto de estudo da macroeconomia (PIB,PNB,RIB,
inflação e desemprego). Estudo dos ciclos económicos. Políticas
macroeconómicas (Política orçamental, monetária e do comércio
internacional). A crise da economia Angolana e as Políticas de crescimento
do PIB. Economia de Angola: subdesenvolvimento, globalização,
interdependência e vulnerabilidade externa. Desenvolvimento desigual e
combinado.

Processos e critérios de avaliação

A avaliação do desempenho do aluno será composta por diferentes


instrumentos, visando desenvolver variadas habilidades e despertar todo tipo
de potencial e interesse pelo estudo da temática.

Avaliações Contínuas (corresponde 60% da aprovação na Disciplina).

P1 – Primeira prova parcelar escrita com um peso de 20 Pontos;


P2 – Segunda prova parcelar escrita com um peso de 20 Pontos;

Exame de época Normal - Prova escrita (corresponde a 40% da aprovação


na Disciplina).

Exame de época de Recurso - Prova escrita (corresponde a 40% da


aprovação na Disciplina).

Prof. Manuel José Pascoal Macroeconomia I


ÍNDICE DE FIGURAS

Figura nº 1: Domínio da macroeconomia…………………………………………....14


Figura n° 2: Fluxo real do circuito económico…………………………………….….19
Figura n° 3: Fluxo monetário do circuito económico………...………………………….20

Figura n° 4: Circuito económico com fluxos reais e monetário………………....24

I
ÍNDICE DE TABELA

Tabela n° 1: Valores acrescentado bruto…………………………………………….25


Tabela n° 2: Valores acrescentado bruto por sector de actividade económica.26

Tabela nº 3: As Exportações e Importações num País Y em 2011…………....…29

Tabela nº 4: Componentes do PIB na Óptica do Produto………………………..31

Tabela nº 5: Poupança e Investimento no determinado País X……………….…32

II
ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico n° 1: Fronteira das possibilidades de………………………………………….8


Gráfico n° 2: Ciclo económico………………………..………………………………..15

III
ÍNDICE DE QUADRO

Quadro nº 1: as relações segundo que se colocam aos dois ramos da


Economia…………………………………………………………………………………..11

Quadro n° 2: Sector de actividade económica…………………………………….23

IV
Sumário Geral
ÍNDICE DE FIGURAS .................................................................................................... I
ÍNDICE DE TABELA ...................................................................................................... II
ÍNDICE DE GRÁFICOS ............................................................................................... III
ÍNDICE DE QUADRO................................................................................................. IV
Introdução ................................................................................................................. 1
Objectivos da disciplina ...........................................................................................1
Objectivo geral ..........................................................................................................1
Objectivos específicos..............................................................................................2
PORQUÊ ESTUDAR ECONOMIA ................................................................................. 2
A ECONOMIA NA SOCIEDADE ................................................................................. 3
O que é a Economia? ..............................................................................................4
As questões que se colocam à Economia ........................................................5
A escassez e a fronteira das possibilidades de produção .................................7
Ramos da Economia ................................................................................................9
DIMENSÃO SOCIAL DA MACROECONOMIA ......................................................... 12
Evolução do pensamento Macroeconómico .................................................. 14
Objectivos da Macroeconomia .......................................................................... 16
Instrumentos Macroeconómico........................................................................... 16
Política Macroeconómica................................................................................. 17
Mensuração da actividade económica ........................................................... 17
Actividade económica, contabilidade Nacional e Macroeconomia ..... 17
Circuito Económico ............................................................................................ 19
CONCEITO BÁSICO DE CONTABILIDADE NACIONAL ........................................... 22
Território económico .............................................................................................. 22
Sector de Actividade económica ...................................................................... 23
Cálculo do valor do produto ............................................................................... 23
Óptica do Produto (Produção) ........................................................................... 24
Óptica da despesa (Consumo) ........................................................................... 27
Componentes do PIB na óptica da despesa ................................................ 27
Óptica do Rendimento (Rendas) ........................................................................ 30
Produtos a preços correntes e produtos a preços constantes ...................... 32
O PIB nominal .......................................................................................................... 33
O PIB real .................................................................................................................. 34
V
Deflator do PIB ou índice de Paasche ................................................................ 34
Índice de preços ao consumidor ou índice de Laspeyres .............................. 35
PIB a preços de mercado ..................................................................................... 36
PIB a custo de factores .......................................................................................... 36
Produto interno Líquido ......................................................................................... 37
PNBpm (Produto nacional bruto a preços de mercado)................................ 38
PNBcf (Produto nacional bruto a custo de factores) ....................................... 38
Produto nacional líquido ....................................................................................... 39
A RENDA NACIONAL............................................................................................... 39
BIBLIOGRAFIA BÁSICA E COMPLEMENTAR ............................................................ 40
BIBLIOGRAFIA BÁSICA ......................................................................................... 40
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR .......................................................................... 40

VI
Introdução

O nascimento da Macroeconomia como ciência surge com a publicação do


livro Teoria Geral do emprego, do Juro e do Dinheiro, de Jonh M. Keynes, em
1936, numa conjuntura económica e social afectada pela crise do
Capitalismo em 1929. Desde então, a Macroeconomia, tem evoluído e tem
sido uma disciplina fundamental na compreensão das causas e na resolução
dos problemas que afectam a economia, tais como a dívida externa, as crises
económicas, a dívida pública, os défices orçamentais, o desemprego, a
inflação e o crescimento económico. Tem sido, igualmente, um instrumento
de actuação do Governo em três domínios: o produto, o emprego e a
estabilidades dos preços.

Este Manual de Macroeconomia surge no seguimento das aulas de


Macroeconomia, sendo que é seu objectivo principal continuar a servir como
um instrumento indispensável de aprendizagem e de ensino para estudantes.
Em cada tema haverá uma exposição sucinta e clara dos vários subtemas
que se integram na Macroeconomia, que será completada com a resolução
de vários exercícios. No final de cada tema será apresentada uma ficha de
trabalho com exercícios resolvidos, com intuito de ajudar o estudante a
consolidar os seus conhecimentos.

Objectivos da disciplina

Objectivo geral

Apresentar ao aluno ingressante que o estudo da economia não pode ser


estático e dogmático, mas sim pressupõe a compreensão de sua intersecção
com um dos seus ramos. Assim, o estudo da macroeconomia permite que o
académico aprofunde seus conhecimentos acerca do funcionamento das
variáveis macroeconómicas.

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Objectivos específicos

 Compreender a contribuição feita por Jonh M. Keynes, em 1936, numa


conjuntura económica e social afectada pela crise do Capitalismo em
1929, por meio da análise de suas principais categorias, dentre elas, sua
respectiva teoria (equilíbrio macroeconómico).

 Compreender os fundamentos dos teóricos contemporâneos que visam


influenciar e explicar o funcionamento da sociedade capitalista, diante
de suas transformações (destaque: neokeynesianos, monetaristas e
marginalistas).

 Permitir que o estudante aprofunde seus conhecimentos acerca da


formação económica de Angola e suas características actuais.

PORQUÊ ESTUDAR ECONOMIA


 A Economia na sociedade
 As questões que se colocam à Economia
 A escassez e a fronteira das possibilidades de produção
 Ramos da Economia

Ao iniciar o estudo da Economia muitas questões se colocam, sobressaindo,


porém, uma, que acaba por explicar o nosso quotidiano: porque estudar a
Economia?

A palavra Economia está associada a imagem que temos no mercado da


bolsa, de uma reunião da comissão Europeia, de um programa televisivo
sobre a crise financeira internacional, etc. Todos nós ouvimos falar em
economia com muita frequência. Na nossa vida familiar e profissional
deparamo-nos com situações que exigem a tomada de decisões
económicas. Que profissão escolher? Como investir as poupanças? Qual o
comportamentos dos consumidores quando aumenta o rendimento
disponível? Quais os reflexos do aumento dos preços dos factores produtivos
na estrutura de custos da empresa? Quais os factores que afectam a oferta a
curto prazo da empresa? Quais as medidas que o Estado deve seguir para
minorar os efeitos da crise financeira na economia real? Como promover o

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crescimento económico? Estas e outras questões exigem uma resposta. A
Economia poderá ajudar-nos a tomar as decisões para além de dar-nos uma
visão do funcionamento da actividade económica e de possibilitar-nos uma
base para a compreensão de muitos temas tratados nos jornais ou em muitos
programas de televisão. Estas e outras questões mostram bem a importância
da dimensão económica na sociedade.

Estuda-se Economia para compreender melhorar a actividade económica, o


comportamento do consumidor, a estrutura do mercado, assim como para
ter uma visão macroeconómica da actividade económica.

A ECONOMIA NA SOCIEDADE

A sociedade diária das populações é uma realidade concreta abrangendo


várias situações nos domínios social, económico e político. Por ser vasta e
complexa, a realidade em que vivemos é estudada por ciências exactas e
naturais (Matemática, Física ou Biologia) e por ciências sociais e humanas
(Demografia, Sociologia, Direito, História, Antropologia ou Economia).

A Economia, assim como outra ciência social, preocupa-se com a


identificação e explicação dos fenómenos sociais. Contributo dado por estas
ciências permite dar uma explicação mais completa e profunda da realidade
social que não se encontra compartimentada. Podemos falar em diversos
tipos de análise; económica, histórica, sociológica, jurídica ou política. Trata-
se de uma atitude metodológica que procura integrar o contributo das várias
ciências sociais na compreensão da realidade social. É a partir da
interdisciplinaridade que podemos compreender as questões e fenómenos
económicos, como o comportamento do consumidor, a estrutura de
mercados, as reacções dos concorrentes, o mercado bolsista, entre outros.

Note Bem: A Economia procura dar resposta a estas questões e aos


fenómenos sociais, estudando a sua dimensão económica e recorrendo a um
conjunto de conceitos específicos que se traduzem numa terminologia
própria. Não podemos compreender os fenómenos económicos recorrendo
exclusivamente à Economia. Precisamos de ter os contributos de outras
ciências.
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O que é a Economia?

Muitas são as definições que têm surgido ao longo dos séculos. Não é
importante definir Economia, mas referir o seu objecto, isto é, os temas que
abrange e a questão que coloca.

A Economia:

 Estuda o comércio e o impacto das relações económicas internacionais


no desenvolvimento económico dos países.
 Analisa o nível económico e propõe medidas que melhorem o uso
eficiente dos recursos e promovam o desenvolvimento económico dos
países.
 Estuda os ciclos económico, os períodos de expansão e de depressão
e apresenta soluções para resolver a crise.
 É uma fonte de informação importante para elaborar uma política
económica de modo atingir objectivos importantes, como a
redistribuição do rendimento a estabilidade dos preços, a redução do
desemprego ou desenvolvimento regional.

Em conclusão, a Economia é uma das ciências sociais que estuda uma parte
específica do comportamento dos indivíduos e das sociedades, nas áreas
anteriormente referidas e noutras, recorrendo, sempre que necessário, ao
conhecimento das outras ciências sociais. Uma questão pode ser colocada:
mas afinal no momento actual, qual é o objectivo último da Economia? O
objectivo último da Economia é resolver o problema económico que se
coloca a todas as sociedades: escassez de recursos num mundo com
necessidades ilimitadas, de modo a melhorar o bem-estar das populações.

Chegamos ao ponto fulcral da actividade económica actual, do qual


podemos retirar duas ideias fundamentais:

 Os recursos disponíveis (trabalho, recursos naturais, financeiros, etc) são


escassos;
 A economia deve promover o uso eficiente dos recursos numa
perspectiva de defesa ambiental.

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Ideias que se exprimem na definição actual de Economia.

Nota Bem: A Economia é o estudo da forma como as sociedades utilizam os


recursos disponíveis escassos para produzir bens e serviços que satisfaçam as
necessidades da população numa perspectiva ambiental.

A essência da Economia está relacionada com a compreensão da realidade


da escassez e como encontrar soluções que promovam a eficiência dos
recursos, porém sem poluir o ambiente.

As questões que se colocam à Economia

Em resultado do uso e da escassez de recursos, qualquer sociedade humana-


seja rural, industrial ou primitiva – teve, ou tem, de resolver muitas questões,
nomeadamente:

 O que produzir?
 Em que quantidade?
 Como produzir?
 Para quem produzir?
 A que preço?
Estas questões e outras surgem em todas as sociedades humanas, sendo que
a sua solução é mais importante actualmente do que o foi nas sociedades
antigas, sobretudo devido ao problema económico da escassez.
A actividade económica das diversas sociedades responde de maneira
diferente a estas questões. Actualmente existem três tipos de organizações
económicas que resolvem, ou que tentam resolver, estas questões: a
economia de mercado de direcção central e a economia mista, tipos de
organização económica que têm como base teórica as ideias dos
economistas clássicos (Adam Smith, David Ricardo, entre outros), dos
economistas marxista e dos economistas keynesianos, respectivamente.

A economia do mercado, fruto do capitalismo industrial do século XVII, assim


como as questões económicas, resolve-se com base no mercado e na
tradição. Estes são os mecanismos que coordenam a actividade económica.
Neste tipo de economia, a empresa é a célula-fonte de riqueza- e o

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empresário é o motor da actividade económica. Todos estes elementos
concorrem para tomada de decisões sobre a produção, consumo ou fixação
dos preços. Por sua vez, na economia de direcção central, a propriedade dos
meios de produção é pública e colectiva e o plano do Governo é o principal
mecanismo coordenador que responde às questões que se colocam a
qualquer sociedade.

Após 1929, com a crise do capitalismo, a sociedade económica passa a ter


elementos da economia de mercado e de direcção central. Actualmente,
nas economias dos E.U.A, Europa, Japão e países do leste da Europa, as
questões ocorrem no mercado, mas o Estado económico e intervencionista,
entidade reguladora da economia que disciplina a vida económica e social,
harmoniosa os interesses divergentes e possibilita o bem-estar da
colectividade. O Estado económico é, na sua essência, uma característica da
economia socialista. Nos países capitalistas, o seu papel aumentou de
importância passando de um papel positivo no século XVII para um papel
activo nos séculos XIX e XX, na fase da concentração industrial e financeira,
assim como quando a economia Keynesiana apresentou solução para
resolver os problemas económicos e sociais das crises capitalistas, em especial
a crise de 1929.

Nota Bem: A economia Keynesiana exige a investigação do Estado na esfera


económica, no investimento, no emprego e na redistribuição do rendimento,
de modo a reduzir os malefícios das crises do capitalismo.

O Estado económico procede-se à:

 Nacionalização de unidades económicas com elevado peso na


riqueza do país;
 Formulação de uma política económica, com carácter indicativo para
o sector privada sem confrontação com a actividade empresarial
privada;
 Elaboração de uma política de redistribuição do rendimento que
promova a redução das desigualdades entre famílias e entre regiões;
Regulação e fiscalização da actividade económica;
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 Dinamização da actividade económica com a criação de infra-
estruturas;
 Concessão de apoios financeiros, teóricos e fiscais à iniciativa privada.

As funções económicas e sociais do Estado económico visam, em suma,


garantir a eficiência, a quantidade e a estabilidade.

A escassez e a fronteira das possibilidades de produção

A escassez é um dos problemas das sociedades actuais. Toda a economia


está dependente deste facto fundamental, ou seja, estudar como a
sociedade escolhe quais os bens a produzir e como produzi-los, se os recursos
fossem ilimitados de forma a satisfazer as necessidades dos agentes
económicos, estes teriam outra atitude no desenrolar das suas actividades. As
empresas não necessitavam de um plano de actividade e o Estado não tinha
necessidade de adoptar políticas económicas, o que significa dizer que o
estudo da Economia, enquanto ciência que estuda a aplicação eficiente dos
recursos escassos e a sua repartição pelos agentes económicos, deixaria de
ter qualquer interesse.

Ao responder às questões "o que" e "como produzir", a economia está a decidir


a forma de aplicar os seus recursos nos inúmeros bens e serviços que todos
consumimos, tendo de efectuar (trabalho, matérias-primas, ferramentas e
máquinas) e das produções. Os países estão limitados pelos recursos
disponíveis e pela tecnologia que utilizam. Todos os países têm uma fronteira
de possibilidades de produção que pode ser representada graficamente.

A fronteira de possibilidades de produção é um instrumento gráfico que


visualiza os problemas da plena utilização dos recursos e das opções e que
representa o total máximo da produção que pode ser obtida por uma
economia, considerando um certo nível tecnológico e as quantidades de
factores produtivos disponíveis (quantidade de trabalho, de fábricas e
equipamentos e de recursos naturais). Ao considerar esta fronteira, a
economia decidirá o que deve ser produzido e em que quantidade.
Consideremos a produção de bens de consumo e de bens de capital.

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Gráfico n° 1: Fronteira das possibilidades de
produção

A B
40
C F

Bens de capital 25
D

15
G

5 E

0 2 4 6 8
Bens de consumo
Fonte: elaboração própria com base a pesquisa (2020)

 Hipótese E- a economia aplica todos os recursos disponíveis na


fabricação de bens de consumo;
 Hipótese A- A economia aplica todos recursos disponíveis na
fabricação de bens de capital;
 A hipótese F (exterior à curca) é inatingível, ou seja, a economia
não tem potencial para produzir essa quantidade de bens de
capital e bens de consumo.
 A hipótese G (interior a curva) é possível, mas a economia esta
produzir abaixo do seu potencial produtivo e os recursos estão a
ser desperdiçados. Não há eficiência. A sociedade tem recursos
não aproveitados se há desemprego, fábricas paradas e terra
abandonada.

Como representa as situações em que são utilizados todos os factores de


produção, não é possível que a economia dos países se situe num qualquer
ponto à direita da linha. Se o nível de produção se situar sobre a linha, significa
que a economia do país se encontra numa situação de eficiência, onde não
é possível aumentar a produção de um bem sem diminuir a produção de ouro.
É uma situação de pleno emprego de todos os factores produtivos. Quando
uma empresa se encontra a produzir sobre um ponto da fronteira de
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possibilidades de produção e, se pretender por exemplo, aumentar a
produção de bens de capital, tem de sacrificar a quantidades produzida de
bens de consumo, desviando alguns imputs para produção de bens de
capital. Este sacrifício é medido pelo custo de oportunidade de um bem
expresso em termos de outro bem.

Nos pontos situados abaixo da fronteira de possibilidade de produção há


ineficiência. O produtor, nestas situações se pretender aumentar a produção
de bens de capital, por exemplo, pode aproveitar parte dos factores
produtivos que não estravam a ser utilizados a 100%. Não há necessidade,
portanto, de desviar recurso da produção de bens de consumo, ou seja, o
custo de oportunidade associado ao aumento da produção de bens de
consumo, partindo de uma situação inicial de eficiência, é nulo.

A curva de possibilidades de produção desloca-se para directa se houver


inovações tecnológicas, investimento em novas máquinas informação
profissional dos trabalhadores, por exemplo. O desvio desta curva é o
resultado do crescimento económico. Na situação e, a capacidade
produtiva é utilizada na produção de bens e serviços que satisfazem as
necessidades presentes. Não se investe, nem para substituir o capital que se
desgastou. O crescimento é muito lento, tal como se expressa na análise do
cálculo do PIB.

PIB = C + G + I + EX - IM

O PIB pode crescer devido ao consumo privado (C) ou público (G), ou devido
a uma evolução positiva das exportações. Se o investimento não aumentam,
ou aumenta pouco, está a por em causa a capacidade produtiva no futuro.
Na situação B, o país está a produzir muitos bens de capital. O resultado é o
crescimento rápido e a curva desvia-se para directa, com tudo priva as
populações de bens de consumo.

Ramos da Economia

A actividade económica dos países pode ser pode ser observada segundo as
perspectivas microeconómicas. O objecto de análise é sempre o mesmo: a
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actividade económica. Quando a economia surgiu como ciência autónomo,
no século XVII, nomeadamente com autores clássicos (Smith e Ricardo),
assumiu uma natureza essencialmente microeconómica. Foi apenas no século
XX, particularmente com Keynes, que a análise no seu conjunto, formam o
corpo da ciência económica actual.

Grande parte do actual esforço de investigação económica centra-se na


tentativa de integrar as leis da Microeconomia e da Macroeconomia- à
semelhança do que acontece na física com a tentativa de criar teorias
unificadas. No entanto, uma importante corrente do pensamento económico
da actualidade desvaloriza a Macroeconomia e pretende que apenas a
Microeconomia possa assumir a natureza explicativa da ciência, sendo o
movimento global das economias o mero resultado do que se passa ao nível
microeconómico.

Vejamos então os seus campos de acção:

A Microeconomia estuda o comportamento das famílias, das empresas e do


Estado, as suas decisões e escolhas e o modo como interagem no mercado
de bens e serviço, de capitais e no mercado de trabalho. Estuda ainda as
consequências dessas decisões e responde a questões como:

 Quais os efeitos do aumento do rendimento na procura de um bem?


 Qual a intensidade desse aumento?
 Será o mesmo para todos os bens?
 Qual o efeito da diminuição do preço das matérias-primas e das
inovações tecnológica na oferta dos bens?
 Se o Estado aumentar os impostos, conceder um subsídio ou fixar um
preço mínimo quais os reflexos no preço de equilíbrio do mercado?
 Qual o efeito que a formação de natureza microeconómica porque
analisa partes individuais da economia e não a economia como um
todo.

A Macroeconomia estuda a economia como um todo, ou seja, a realidade


económica dos países. Examina o comportamento agregado da economia,

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Prof. Manuel José Pascoal Macroeconomia I
isto é, como as acções de todas as famílias e empresas se inserem no todo.
Em vez de centrar-se na produção da empresa têxtil sediada, por exemplo,
em braga, quantifica a produção de uma actividade económica. Em vez de
analisar e tomar medidas para combater o desemprego de uma empresa que
fechou, tenta tomar medidas que promovam empregos, a produção e o
investimento de uma economia como um todo. Em todas estas situações, a
Macroeconomia considera o geral e desconsidera o particular e os pequenos
detalhes. A Macroeconomia estuda o funcionamento da economia como um
todo, actuando nos indicadores calculados pela contabilidade Nacional:
PNB, despesa interna, evolução dos preços, taxa de desemprego, balança de
pagamentos e outras variáveis macroeconómicas. A Macroeconomia com
base nas informações fornecidas pela contabilidade Nacional, analisa
questões como:

 Quais os efeitos da crise financeira internacional sobre a economia real,


nomeadamente, sobre o PIB de um país ou sobre as despesas de
consumo das famílias.

Quadro nº 1: as relações segundo que se colocam aos dois ramos da


Economia:

Questões Microeconómicas Questões Macroeconómicas


Um desempregado vai frequentar um Qual é a taxa de emprego no sector têxtil?
curso de formação ou arranjar emprego?
O que determina a remuneração a pagar Quais os factores que condicionam a
pelas empresas têxteis do Norte? fixação de salário mínimo nacional?
Quais os factores a considerar na fixação O que determina o nível de preços de uma
de um preço de um bem? economia?
Que medidas a tomar pelo empresário Quais as medidas a tomar pelo Governo
para incentivar a resolução da situação para promover o emprego e o crescimento
financeira da sua empresa? económico em Angola?
O que determina a abertura de uma O que determina o comércio de bens e
agência bancária em paris? serviços entre Portugal e os Estados Unidos?

Fonte:

Por outro lado, a economia observa a realidade para conhecer a medir os


factos (perspectivas positiva) ou melhorar actividade económica, a eficiência
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e os resultados dos agentes económicos (perspectiva normativa). Na
perspectiva positiva, a economia não questiona se realidade é boa ou má,
mas refere factos. Por exemplo: a taxa de semprego é de 5% e o PIB aumentou
2%. Na perspectiva normativa, a economia faz um juiz de valor quanto ao que
é melhor e o que é pior e em que sentido será o melhoramento. Por exemplo:
a taxa de desemprego atinge valores alarmantes; o Governo deve incentivar
o investimento através de incentivos fiscais para aumentar o emprego.

Comentário: as afirmações positivas dizem respeitos ao que é, era um ou será;


as normativas dizem respeitos ao que as pessoas julgam que deve ser.

Deste modo, outra distinção a fazer no mundo da economia tem a ver com o
propósito da análise de um problema. Consideramos a economia positiva que
estuda o que é e como a economia funciona. Exemplos: em 2010 a taxa de
desemprego em Angola atingiu 10% da população activa, o Estado
aumentou a taxa do IVA dos 21% para os 23%, o Estado fixou um preço mínimo
(1,32 USD) para o gasóleo a vender as empresas de distribuição de produtos
alimentares. Identificar problemas e prescrever soluções. Enquanto a
economia positiva se preocupa somente com os factos, a economia
normativa sugere, entre outros, abaixa de impostos a tomada de medidas
para combater as desigualdades, etc. Por exemplo: " o Estado deve reduzir os
escalões do IRT e aumentar abonos de famílias para as famílias mais
carenciadas"

Note Bem: as Economias normativas e positivas, na prática estão intimamente


relacionadas. A análise normativa é baseada numa análise positiva e esta
pode ser o resultado de sugestões desenvolvidas e apresentadas pela
economia normativa.

DIMENSÃO SOCIAL DA MACROECONOMIA

 Evolução do pensamento macroeconómico.


 Objecto da Macroeconomia
 Objectivos da Macroeconomia
 Instrumentos Macroeconómicos

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A crise de 2008 começou no sistema financeiro e passou para a economia
real. Temos economias em contratação. A falência de empresas e o aumento
de crédito malparado deterioram as condições de exploração dos bancos.
Quais as causas das crises? Como sair da crise? Quais os impactos da descida
da taxa Euribor? Está o Banco central Europeu a responder convenientemente
à crise? Qual é o impacto do aumento do investimento no crescimento do
PIB? Podemos dizer que estas e outras questões constituem o objecto da
Macroeconomia, que se preocupa em estudar a economia como um todo.
A Macroeconomia, tal como a contabilidade Nacional, desenvolveram-se
sobretudo após a crise de 1929. A contabilidade Nacional mede a actividade
económica e fornece informações que possibilitam à Macroeconomia actuar
na economia ao nível do produto, do investimento e do emprego.

As questões e os objectivos macroeconómicos fazem parte do programa


político e económico de qualquer país. Aconteceu com a depressão de 1929,
que originou graves problemas na produção, no emprego e no bem-estar das
populações, como a guerra do Iraque de 2003 e com a crise financeira
internacional que surgiu em Setembro de 2008.

As primeiras medidas macroeconómicas surgiram para responder a


problemas do dia-a-dia que a Microeconomia do equilibro parcial não
conseguia nem compreender nem solucionar. De início, a Macroeconomia
pode então ser vista como ramo da economia política que defendia a
intervenção do Estado para resolver, ou ajudar a resolver, problemas que a
livre iniciativas não eram capaz de resolver e que estão na origem e no
desenvolvimento da Macroeconomia.

A Macroeconomia trata de diversas questões que podemos delimitar em dois


grandes domínios a análise dos ciclos económicos (flutuações de curto prazo
do emprego, do investimento, da produção e dos preços) e o crescimento e
desenvolvimento económicos (tendências a longo prazo do produto, do
rendimento e da qualidade de vida).

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Prof. Manuel José Pascoal Macroeconomia I
Figura nº 1: Domínio da macroeconomia

Domínios da macroeconomia

Análise dos ciclos económicos Crescimento e desenvolvimento económicos

Flutuações de curto prazo do emprego Tendências a longo prazo do produto

Flutuações do investimento, produção e de preços Tendência do rendimento e da qualidade de vida

Fonte: elaboração própria com base a pesquisa (2020)

Esta lição servirá sobretudo para apresentar a Macroeconomia, de modo a


que o aluno possa compreender as economias reais e discutir os instrumentos
e medidas macroeconómicas tomadas pelos governos.

Evolução do pensamento Macroeconómico

Quando se fala da Macroeconomia, temos de começar por falar em Keynes,


que apresentou uma nova forma de utilizar, este ramo da economia e que
muito contribuiu para a compreensão da economia como um todo e para a
resolução das crises económicas. A teoria económica vigente não
proporcionava uma explicação plausível dos factos e não sugeria nenhuma
política adequada para enfrentar a crise. As ideias de Keynes, expressas na
sua obra A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, contrariam as
explicações dos economistas clássicos sobre as flutuações económicas. Esta
obra impulsiona o surgimento da Macroeconomia e tem como objectivo
explicar o comportamento do nível de produção e do desemprego, assim
como a nova relação com os gastos públicos e impostos, a taxa de juro e a
quantidade de moeda em circulação. As suas propostas de combate às
recessões económicas originam entre os economistas e políticos uma certa
controvérsia e uma análise profunda destas questões.

O desenvolvimento da Macroeconomia sofreu um grande impulso após 1930,


com a teoria revolucionária de Jonh Maynard Keynes, que tentou explicar as
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Prof. Manuel José Pascoal Macroeconomia I
flutuações económicas e apresentou soluções. A revolução keynesiana pôs
em causa a lei clássica de Jean Baptiste Say, que sustentava que a
superprodução era impossível. As teorias neoclássicas defendidas por Alfred
Marshall e Irving Fisher, nomeadamente sobre a moeda e o nível dos preços
foram reformuladas em bases keynesianas. A revolução keynesiana aceitou a
Microeconomia da escola neoclássica e desenvolveu a Macroeconomia.
Keynes ofereceu um novo esquema de interpretação económicas, mais
atento à evolução do sistema económico de curto e médio prazo do que às
consequências da política de hoje no longo prazo. Os seus pontos de vista
foram favoráveis a uma intervenção do Estado na vida económica (obras
públicas e política fiscal) e significaram uma alteração teórica à política
desenvolvida nos Estados Unidos para fazer face à crise.

Objecto da Macroeconomia

A Macroeconomia é o ramo da Economia que estuda o seu funcionamento


como um todo, no que respeita ao produto (PNB), ao rendimento (RN), à
evolução dos preços (inflação), ao desemprego (taxa de desemprego), à
depressão (DN), ao comércio internacional (Balança de pagamento) e outras
variáveis macroeconómicas. As análises da situação macroeconómicas dos
diversos países (que são periodicamente feitas pelos bancos centrais e por
instituições internacionais como FMI) contemplam sempre a análise (do valor
que assumem da sua evolução no tempo, da relação com outros indicadores)
destas e de outras variáveis.

A análise Macroeconómica centra-se, nomeadamente, nos seguintes temas:

 Ciclos económicos-flutuações de curto prazo do produto, do emprego


e dos preços:
 Procura e oferta de moeda;
 Comércio Internacional;
 Finanças Internacionais;
 Modelo IS-LN;
 Estabilização da Economia.

15
Prof. Manuel José Pascoal Macroeconomia I
 Processo do crescimento económico (factores que promovem o
desenvolvimento económico)

Gráfico n° 2: Ciclo económico

Fonte: economipedia (2020).

Objectivos da Macroeconomia
A Macroeconomia, como ramo da economia, prossegue determinados
objectivos e os governos utiliza instrumentos adequados que possibilitem o seu
alcance. Genericamente, os principais objectivos Macroeconómicos são:

 Produto: nível elevado e crescimento do produto e do consumo;


 Emprego: nível elevado de emprego;
 Investimento: nível elevado de investimento;
 Preços: estabilidade do nível de preços (ou inflação reduzida).
Instrumentos Macroeconómico
Com o desenvolvimento da Macroeconomia tem surgido numerosos
instrumentos macroeconómicos, que os governos têm utilizado para gerir a
economia.

Esses instrumentos Macroeconómicos distribuem-se por dois grandes domínios:

 Orçamento Geral do Estado: instrumento macroeconómico de


intervenção do Estado na Economia;
 Políticas económicas e sociais.
16
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Política Macroeconómica

Conjunto de medidas a adoptar e que actuam sobre determinadas variáveis


(PNB, Taxa de desemprego, inflação), visando alcance dos seguintes
objectivos: uma taxa elevada do PNB e de emprego, a estabilidades dos
preços, o controlo inflacionário e a expansão do comércio internacional. Num
alcance destes objectivos macroeconómicos, os Governos recorrem a
medidas políticas ou instrumentos da política Macroeconómicas que estão
distribuídos por várias áreas: política orçamental (despesas pública e imposto),
política monetária (controlo da oferta da moeda e das taxas de juros) e
política do comércio internacional (taxa de câmbio e políticas comerciais).

As políticas económicas e sociais classificam-se em:

 Conjunturais: acção do poder político que tem por objectivo corrigir a


curto prazo, num período inferior a um ano, os desequilíbrios, tais como
o desemprego, a inflação ou o défice orçamental, que podem impor
em causas os objectivos fixados na política económicas. Exemplo:
política fiscal, orçamental, monetária, de preço, de emprego, de
redistribuição do rendimento.

 Estruturais: acção do poder político que por objectivo modificar, a

longo prazo, as estruturas de base do funcionamento da economia. Os


seus efeitos fazem sentir a médio (um à cinco anos) e a longo prazo (superior
à cinco anos). Exemplo: política agrícola, industrial e do ambiente.

Mensuração da actividade económica

Actividade económica, contabilidade Nacional e Macroeconomia

O nosso dia-a-dia é uma actividade económica em que a principal


preocupação está relacionada com a produção de bens e serviço, tendo em
vista a satisfação das necessidades das populações e a melhoria da
qualidade de vida de todos, através da utilização racional dos recursos
escassos, numa perspectiva ambiental. O alcance do bem-estar da
população exige a realização de diversas actividades interdependentes, tais
como consumo, produção, distribuição, repartição do rendimento e
17
Prof. Manuel José Pascoal Macroeconomia I
acumulação. Estas constituem as principais actividades económicas que
envolvem os diversos agentes económicos: particulares, empresas não
financeiras, empresas financeiras, instituições financeiras, Administração
pública e resto do mundo.

Os Governos, as empresas, as instituições financeiras e mesmo o cidadão


comum, tentam medir a actividade económica. Quanto é que foi produzido
num país? Qual o montante do consumo das famílias, do consumo público ou
do investimento no primeiro semestre de 2011? Qual é o contributo de cada
sector de actividade para produção Nacional? Qual o peso das
remunerações do trabalho na estrutura do rendimento Nacional? Estas e
outras questões são resultados da medição da actividade diária realizada por
todos nós. Quando podemos exprimir em Euros o que se passa em
determinadas economias estamos a compreender actividade económica e
a criar soluções para podermos actuar sobre esta.

É aqui que entra a contabilidade Nacional, como técnica de registo


sistemático de informação básica sobre a actividade económica, que
possibilita a realização de uma análise económica significativa. É uma base
importante para formulação de uma política económica e para quantificar
as medidas tomadas em termos de objectivos atingidos, permitindo definir ou
redefinir as melhores estratégias de desenvolvimento de um país do alcance
de melhores níveis de bem-estar para a população. Deste modo, a
contabilidade Nacional é um instrumento importante para que a
macroeconomia possa compreender a actividade económica, actuar sobre
esta e avaliar o seu desempenho. A macroeconomia avalia o desempenho
da actividade económica, pela forma como qualquer economia pretende
atingir, entre outros, os seguintes objectivos: o crescimento do consumo e da
produção de um país, a redução do desemprego e o alcance de bons níveis
de estabilidade, equidade e a eficiência. Actua na actividade económica
com recursos a diversos instrumentos Macroeconómicos.

18
Prof. Manuel José Pascoal Macroeconomia I
Circuito Económico

A análise da actividade económica centra-se na compreensão do


comportamento dos agentes económicos e nas actividades que
desenvolvem, de modo a ter uma visão de conjunto de toda economia,
nomeadamente, sobre o seu funcionamento e o efeito das medidas de
políticas económicas.

Esta visão global pode ser dada pelo circuito económico, que não é mais do
que um esquema representativo das relações económicas, entre agentes
económicos. O circuito económico, ao exprimir a actividade económica,
permite determinar os montantes da produção e do rendimento, contabilizar
as diversas contribuições dos agentes económicos para produção e o
consumo, assim como saber como se faz a distribuição de rendimento pelos
diversos agentes económicos. Essas relações entre os agentes económicos
designam-se por fluxos reais e fluxos monetários.

O funcionamento da economia de um país, considerando dois agentes


económicos:

Figura n° 2: Fluxo real do circuito económico

Produtos (bens e serviços)

Famílias
Empresas

Factores produtivos (terra, trabalho, capital)

Fonte: adaptado de Krugman (2020).

Entre estes dois agentes estabelece-se relações representadas por dois fluxos
reais:

 Fluxos de bens e serviços (ou produtos) - todos os bens e serviços


produzidos pelas empresas e adquiridos pelas famílias;

19
Prof. Manuel José Pascoal Macroeconomia I
 Fluxo de Factores produtivos - todos os factores produtivos (terra,
trabalho, capital) que as famílias fornecem as empresas para
produção de bens e serviços.

Nas economias do mercado, os fluxos de produtos e de factores produtivos


são intermediados pelas moedas, ou seja, em troca dos bens e serviços que
compram as empresas, as famílias pagam em dinheiro; por outro lado, em
troca dos factores produtivos que recebem das famílias, as empresas pagam
também em dinheiro (ordenados, rendas, juros e lucros), que são designados
como remuneração de factores.

A remuneração de factores é constituída pelas seguintes rúbricas:

 Ordenados ou salários (remuneração de factores trabalho);


 Rendas (remuneração de factores terra e aluguer de bens de capital);
 Juros (remuneração de capital financeiro, ou empréstimos);
 Lucros (remuneração do capital financeiro dos accionistas).

O funcionamento da economia de um país, considerando dois agentes


económico com recursos aos fluxos monetários: como pode verificar-se na
figura seguinte, a circulação de dinheiro (fluxo monetário) faz-se em sentido
inverso ao fluxo de produtos e factores produtivos.

Figura n° 3: Fluxo monetário do circuito económico


Produtos

Despesa com aquisição


Bens e serviço

Famílias Empresas

Remuneração de factores

(ordenados, lucros...)

Factores produtivos

Fonte: adaptado de Krugman (2020)


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Prof. Manuel José Pascoal Macroeconomia I
Nota Bem: com base circuito económico, é possível observar que actividade
económica se decompõe em três tempos: produzir, repartir e utilizar o
rendimento. O produto (óptica da produção) cria os rendimentos (óptica do
rendimento) e os rendimentos criados proporcionam a realização de
despesas (óptica da despesa).

No circuito económico pode identificar os fluxos que representam os recursos


da economia e a forma como são utilizados – os empregos. A tradução em
kwanza dos recursos e empregos possibilita-nos apurar, por pais, o valor do
produto (PIB e PNB), o rendimento do país (rendimento nacional) e, ao nível
dos empregos, a procura interna, a procura global e a despesa (Despesa
Interna e Despesa Nacional).

O circuito económico traduz uma situação de equilíbrio económico entre


recursos e empregos, conduzindo às seguintes igualdade:

 Produto = Despesas - As unidades de consumo adquirem o que


as unidades de produção produzem;
 Rendimentos = Despesa – Os rendimentos auferidos pelos
elementos das unidades;
 Produto = Despesa = Rendimento – em unidade das igualdades
anteriores, os três agregados anteriores apresentam o mesmo
valor.

A actividade económica pode ser observada segundo três ópticas diferentes:

 Óptica do produto – a necessidade de satisfazer as


necessidades dos consumidores conduz à produção.
 Óptica de rendimento – a produção cria riqueza e os rendimentos
que origina são repartidos pelos factores produtivos
intervenientes, na forma de salários, lucros, juros e rendimentos;
 Ópticos da despesa – os rendimentos são utilizados na aquisição
de bens e serviços.

21
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CONCEITO BÁSICO DE CONTABILIDADE NACIONAL

A contabilidade Nacional abrange um conjunto articulados de conta e


quadros, onde se registam as operações efectuadas pelos agentes
económicos, durante um certo período. Dá uma visão geral de tudo aquilo
que se passa na economia.

A contabilidade nacional permite o cálculo de conceitos importantes em


economia: a produção, a despesa e o rendimento. Os indicadores
macroeconómicos apurados pela contabilidade nacional, o PNB, o PIB, o
Rendimento nacional, a Despesa interna e os saldos das balanças que
compõem a balança de pagamento são frequentemente utilizados em
economia, principalmente para avaliar a capacidade produtiva, a repartição
de rendimentos e o nível competitivo de um país. Foi sobretudo após a crise
de 1929 e a Segunda Guerra Mundial que se desenvolveu a contabilidade
nacional, como consequência da crise capitalista da complexidade da vida
económica e da interdependência da economia. O aparecimento de
problemas económicos e sociais (dinamização da produção, aumento do
desemprego, etc.) Impunha a formulação de políticas económicas
globalizantes que possibilitasse a sua resolução. A solução dos problemas
económicos e sociais passa pelo conhecimento desses problemas e pelos
efeitos que as medidas possam ter na economia.

Território económico

Espaço delimitado pela sua fronteira geográfica, as zonas francas entre postos
e fábricas que se encontram sobre controlo aduaneiros, espaço aéreo e
águas territoriais nacionais, navios ou aviões nacionais usados no aeroporto
Estrangeiros, enclaves territoriais no estrangeiro (embaixadas, bases militares e
consolados) e jazigos ecológicos situados em águas internacionais, cuja
exploração é feita por unidades económicas residentes.

A criação de riquezas realizada nos limites do território económico por


unidades institucionais residentes e não residente é incluída no PIB do país que
administra este território.

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Sector de Actividade económica

Conjunto de ramos económicos que, por sua vez, englobam várias unidades
de produção homogénea. Os ramos de actividades, segundo a
nomenclatura das Contas Nacionais Angolana, estão distribuídos por 3
sectores de actividades:

Quadro n° 2: Sector de actividade económica


Sector I Sector II Sector III
Agricultura Petróleo Comércio
Silvicultura Vidro Comunicação
Pesca Produtos químicos Bancos
Carvão Bebidas Seguros
Curtumes e calçados Aluguer de habitação
Papel e publicação Serv. Comerc. de educação
Fonte: adaptado do INE (2020)

Cálculo do valor do produto

A actividade económica é medida através do cálculo do valor do produto


de um país e que se pode obter como já foi estudado anteriormente segundo
três ópticas.

Estas três ópticas equivalentes correspondem às três actividades essenciais de


qualquer actividade económica:

 Produção de bens e serviço-Ópticas do produto;

 Repartição do rendimento criado no processo produtivo-Óptica do


rendimento;

 Despesas em bens e serviços-utilizado o rendimento auferindo pelos


factores produtivos na forma de ordenados, lucros, juros e rendas –
ópticas da despesa.

E que conduzem à seguinte identidade:

Produto = Rendimento = Despesa

Funcionamento da economia de um país considerando dois agentes


económicos representando simultaneamente os fluxos reais e os fluxos
monetários:

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Figura n° 4: Circuito económico com fluxos reais e monetário

Gastos em Bens e Serviços

Fluxo real
Bens e Serviços

Empresas
Famílias

Factores de produção
Fluxo monetário

Rendimentos dos factores Produtivos

Fonte: adaptado de Krugman (2020)

Como se verifica no circuito económico anterior, o produto de um país é igual


ao Rendimento e que, por sua vez, é igual à Despesa.

O cálculo da produção é da responsabilidade do instituto Nacional de


Estatística que segue a óptica da despesa.

Nota Bem: A avaliação do desempenho das economias terá de ser feita, não
só com base no cálculo do valor do produto (PIB e PNB) mas também, no
domínio do desenvolvimento económico e que se traduz pela capacidade
de uma sociedade em satisfazer as suas necessidades e atingir determinado
nível de bem-estar.

Óptica do Produto (Produção)

O valor do produto de uma economia é calculado nesta óptica com base no


método dos produtos finais (Despesa do consumidor final) e no método dos
valores acrescentados. Segundo este último método, o valor a apurar tem por
base o contributo que cada unidade produtiva tem para produto. O valor
acrescentado por cada unidade produtiva é igual a diferença entre o valor
da produção realizada e o valor dos inputs utilizados para essa produção. O
valor do produto resulta da soma dos valores acrescentado pelas diferentes
unidades de produção.
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PIBcf = ∑ dos valores acrescentados das unidades institucionais

O valor acrescentado traduz a capacidade de criação de riqueza por cada


unidade institucional. A soma dos valores acrescentados pelas diferentes
unidades institucionais corresponde ao valor da produção do país.

O indicador económico global que se obtém é o produto interno bruto:

PIB = ∑ VAB+ Impostos indirectos sobre os produtos – subsídios

PIB é avaliado a preço de mercado. O VAB é avaliado a preços base (custo


dos factores e os impostos indirectos sobre a produção líquida de subsídios).

O PIB pode ser, ainda, determinado segundo o método dos produtos finais e
corresponde ao somatório dos bens destinados ao consumo das famílias ou
do Estado, a investimento (máquinas e investimentos), ao consumo das
empresas (matérias-primas) e os destinados à exportação. Não são
considerados os bens de consumo intermédio.

Suponhamos que o país (Y) só produz pão com a utilização de matéria-prima


(trigo) e matéria subsidiária (fermento, sal e água):

Tabela n° 1: Valores acrescentado bruto (Em milhões de kwanza)


Sector de actividade Produção Consumo VAB
intermediário
Agricultura 70 - 70
Moleiro 120 70 50
Panificação 200 120 80
Supermercado 350 200 150
350
Fonte: elaboração própria com base a pesquisa (2020)

O valor do produto final obtido pelo somatório dos valores acrescentados por
todas as empresas (unidades institucionais) é de 350 milhões de kwanzas e
corresponde ao valor da produção do supermercado (método dos produtos
finais).

O método dos valores acrescentados pelos ramos de actividade é,


geralmente, o utilizado pela contabilidade Nacional e elimina o problema da
múltipla contagem. Não são considerados os bens de consumo intermédio.
Os produtos intermédios circulam entre os produtores. Como não são

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comprados pelos consumidores, nunca aparecem no PIB como bens e
serviços finais.

Exemplo:

Vejamos a produção de uma empresa conservas de peixe:

Actividade: Lançamento na razão em termos de contabilidade nacional.

 A empresa mineira extraiu mineiro e vendeu-o a metalurgia: 100 kz

 A empresa piscatória vendeu o peixe a empresa conserveira: 50 kz

 A metalurgia vendeu latas à empresa conserveira: 370 kz

 A empresa de energia vendeu à empresa mineira (20), à metalurgia


(50), à conserveira (30) e à empresa comercial (20)

 A conserveira vendeu conservas de peixe à empresa comercial: 630 kz

 A empresa comercial vendeu ao público: 820,00 kz

VABcf = PIBcf = 120 + 80 + 50 + 220 + 180 + 170 = 820,00 kz

Tabela n° 2: Valores acrescentado bruto por sector de actividade económica


Sector de actividade Produção (Vendas) Consumo VA
intermediário
Energia 120 - 120
Mineiro 100 20 80
Piscatória 50 - 50
Metalurgia 370 150 220
Conserveira 630 450 180
Comércio 820 650 170
VAB 820

Fonte: elaboração própria com base a pesquisa (2020)

O PIBcf foi apurado segundo o método do valor acrescentado. Pelo método


dos produtos finais, o montante do PIBcf corresponde à produção final da
empresa comercial.

O VABcf representa o que os produtores pagam aos detentores dos factores


produtivos que foram utilizados na produção. Deixou de ser utilizado no actual
sistema de contas, que dá preferência ao VABpb (preço de base).

Consideremos os seguintes indicadores:

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Prof. Manuel José Pascoal Macroeconomia I
VABpb = VABcf + impostos indirectos líquidos ligados à produção (impostos indirectos –
subsídios)

Ou

PIB = ∑ VA + impostos indirectos (líquido de subsídios) sobre produtos

Óptica da despesa (Consumo)

Processo de cálculo da produção que permite saber como é que o país


dispõe da produção realizada. Neste caso, é possível analisar o
funcionamento da economia em função da utilização ou destino dado aos
bens e serviços. Obtém-se o indicador económico global – Despes interna
(DI) e a Despesa nacional (DN).
DI = PIB = C + G + I + EX - IMP

Variável dependente Variável independente

Fórmula do PIB na óptica da despesa.

Componentes do PIB na óptica da despesa


Se consideramos o cálculo do produto pela óptica da despesa temos:

DI = PIB = C + G + I + EX - IMP

O consumo das famílias ou privado (C) é uma das componentes mais


importantes e inclui as aquisições de bens duradouros como computadores e
automóveis, assim como bens duradouros como alimentos e serviços de
saúde.

O consumo público ou gasto do Governo (G) abrange as despesas com a


defesa nacional, a saúde, a educação, a manutenção de estrada e de
edifícios públicos e vencimentos dos funcionários públicos são despesas
correntes. As despesas efectuadas pelo Estado na aquisição de máquinas,
instalações e viaturas são incluídas nas componentes de investimento (I). São
despesas de capitais.

27
Prof. Manuel José Pascoal Macroeconomia I
As transferências pagas pelo Estado (subsídio de desemprego, abono de
família, subsídio de casamento, etc.) não são contabilizadas no consumo
público, isto é, não são consideradas para calcular o PIB, de modo a evitar a
dupla contabilização. Estes montantes integrados no rendimento disponível
das famílias são contabilizados quando os beneficiários vão utiliza-lo na
aquisição de bens de consumo e investimento.

As despesas correntes, as transferências concedidas e as despesas de capital


prevista para ano seguinte figuram no Orçamento Geral do Estado.

O Investimento (I) é uma componente da despesa interna que engloba as


aquisições de bens e serviços que não apresentam uma utilização final e que
asseguram a actividade económica futura.

No investimento destacam-se:

 Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – componente da despesa que


inclui todas as despesas efectuadas pela empresa e Estado na
aquisição de máquinas, instalações e viaturas, com a finalidade de
serem utilizados por um período superior a um ano, no processo
produtivo ou na satisfação das necessidades colectivas nos anos
seguintes (Ex: aquisição de máquinas, ferramentas, ampliação da
empresa, introdução de novas tecnologias, construção de uma auto-
estrada ou de aeroporto).
 Variação de existência – Engloba as despesas com bens de produção
não duradouros, como as matérias-primas e a as matérias subsidiárias
utilizadas no processo produtivo, resulta da diferença entre valores
calculados para inventários no início e no fim do ano. Será negativa se
os inventários iniciais foram superiores aos inventários finais e positiva no
caso contrário.

A FBCF aumenta a capacidade produtiva de um país e de uma empresa


possibilitando a substituição do capital obsoleto.

As exportações de bens e serviços são, também, uma componente da


Despesa interna embora não sejam consumidos internamente, constituem

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produto realizado no país. Assim, o PIB engloba também tudo aquilo que é
produzido por residentes no território económico e vendido a consumidores
residentes no resto do mundo.

As importações de bens e serviços têm de ser subtraídas, uma vez que dizem
respeito à aquisição e utilização pelo país de bens e serviço que foram
produzidos noutros países, não constituindo produto dos pais em causa.

Consideremos os seguintes montantes referentes ao país:

Tabela nº 3: As Exportações e Importações num País Y em 2011 (Em milhões de kwanzas)


Rubricas Valores a preço correntes
Consumo privado (C) 95.897,00
Famílias 95.000,00
ISFLSF 897,00
Consumo público (G) 31.123,00
Investimento (I) 32.886,00
FBCF 32.000,00
Variação das existências 886,00
Exportações (EXP) – FOB 42.000,00
Importações (EMP) – FOB 54.892,00
PIB=DI 147.014,00
Procura interna 159.906,00
Procura externa 42.000,00
Procura Global 201.906,00

Fonte:

ISFLSF: instituições sem fins lucrativo ao serviço das famílias

FBCF: Formação bruta do capital Fixo

FOB: Free on board (Livre a bordo) o comprador assume todos os riscos e


custos com o transporte da mercadoria colocada a bordo no navio.

O saldo do rendimento com o exterior: 1000 milhões de kwanzas.

DI = PIB = C + G + I + EX - IM

DI = PIB = 95.897,00 + 31.123,00 + 32.886,00 + 42.000,00 - 54.892,00

DI = PIB = 147.014,00

Procura interna (PI) = C + G + I

Procura interna (PI) = 95.897,00+31.123,00+32.886,00

Procura interna (PI) = 159.906,00

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Procura externa (PE) = 42.000,00

Procura Global (PG) = Procura interna (PI) + Procura externa (PE

Procura Global (PG) = 159.906,00 + 42.000,00

Procura Global (PG) = 201.906,00

Nota:

Se o PIB é igual a DI, Todavia o PNB (produto nacional bruto) é igual a DN


(despesa Nacional)

PNB = PIB + Saldo dos rendimentos com exterior

PNB = 147.014,00 + 1.000,00

PNB = 148.014,00

Óptica do Rendimento (Rendas)

Segundo esta óptica, o PIB corresponde ao total dos rendimentos brutos


produtivos utilizados no território nacional durante um determinado período.

Os rendimentos formados na produção são:

 Remunerações do Trabalho- ordenados e outros custos associados ao


factor trabalho como prémio de produtividade, ajudas de custo, etc.;
 Excedente bruto de Exploração (EBE) – Rendas, juros e lucros.

PIB = Salário + Juros + Lucros + renda (alugueres)

Remunerações do Trabalho (Salário, prémio de produtividade, ajudas de custo)

PIB

Excedente bruto de exploração (Juros, Lucros, alugures-renda)

A soma dos montantes que as grandezas anteriores apresentam permite


calcular o PIB avaliado a custo dos factores de produção por sua vez, o PIB
avaliado a preços de mercado é calculado através da seguinte forma:

PIB = PIBcf + impostos indirectos + subsídio sobre os produtos

Se subtrairmos as depreciações (desgaste e obsolescência do stock de


capital), obtemos o produto interno líquido (PIL). Este montante exprime o

30
Prof. Manuel José Pascoal Macroeconomia I
valor criado deduzido do desgaste. Por sua vez, o Rendimento interno (RI)
corresponde ao produto interno líquido a custo de factores:

RI = PILcf = PIBcf – Depreciações

Consideremos os seguintes montantes referentes ao país Nordeste:

Tabela nº 4: Componentes do PIB na Óptica do Produto (em milhões Kwanza)


ÓPTICA DO PRODUTO
Valor acrescentado bruto 166.679,36
Impostos indirectos líquidos de subsídios sobre os produtos 25.249,85
191.929,21
ÓPTICA DA DESPESA
Consumo privado 125.361,54
39.840,00
Consumo público
FBCF 41.290,43

Variação de existências 397,16


Exportações 60.022,70
Importações
74.982,62

191.929,21
ÓPTICA DO RENDIMENTO
Remunerações 97.972,79
Impostos líquidos de subsídios á produção e exportação 13.100,42
EBE 80.856,00

191.929,21

Produto = Rendimento = Despesa

PIB = RIB = DIB

Produto interno Bruto Rendimento interno Bruto Despesa interna Bruto

Poupança e Investimento

A poupança é a parte do rendimento disponível das famílias que não é gasta


em bens de consumo, tendo utilização futura. A poupança pode ser
entesourada, colocada em depósitos à ordem ou a prazo nas instituições
bancárias ou investida na aquisição de bens de produção ou capital. A
poupança é uma condição necessária, mas não suficiente, para que haja
crescimento económico, porque sem poupança não há investimento, mas se

31
Prof. Manuel José Pascoal Macroeconomia I
não for investida não vai contribuir nem para o crescimento nem para o
desenvolvimento económicos.

Tabela nº 5: Poupança e Investimento no determinado País X:


Rúbrica 2008 2009 2010 2011
Rendimento disponível 85.342,00 88.321,00 89.764,00 91.000,00
Consumo privado 77.798,4 80.220,35 81.389,9 82.112,1
Poupança 7.543,6 8.100,65 8.374,4 8.887,9
Taxa de poupança 8,84 % 9,17 % 9,33 % 9,77 %
Taxa de crescimento do consumo privado 3,11 % 1,46 % 0,89 %
Taxa de crescimento do rendimento 3,5 % 1,6 % 1,4
disponível
Fonte:

O investimento e o crescimento económico depende da poupança, daí a


necessidade de calcular a taxa de poupança e, complementarmente, a taxa
de crescimento do consumo privado e a taxa de consumo de rendimento
disponível.

Produtos a preços correntes e produtos a preços constantes

O produto é avaliado a preços correntes quando os bens e serviços são


valorados no ano em causa. Os preços e serviços são preços correntes.
Utilizando valores correntes, não é possível verificar se a evolução do PIB foi
devida aumento da quantidade produzida ou dos preços.

Os preços constantes, os bens e serviços são valorados aos preços verificados


num ano tomado como padrão (base). Deve ser escolhido um ano normal
em termos económicos, sem quebras significativas na produção, no consumo
ou no investimento.

Em período de inflação, o PIB ou PNB são valorados a preços constantes, de


modo a que se possam fazer comparações temporais e eliminar o aumento
dos preços.

NOTA:

 O PIB é a quantificação do valor de mercado de todos os bens e


serviços finais (O pão, cerveja, automóveis, espectáculo, viagens etc.)
produzidos num pais no período de um ano.

 O PIB nominal é medido a preços correntes de mercado.


32
Prof. Manuel José Pascoal Macroeconomia I
 O PIB real é calculado a preços constantes (calcula-se o número de
automóveis e multiplica-se pelo preço dos automóveis num dado ano
base.
PIB

PIB é o somatório da produção dos sectores


económicos dentro das fronteiras de Angola
em um dado período de tempo.

Produção feita por empresas Nacionais e


estrangeiras residentes.

PNB

PNB é o somatório da produção dos sectores


económicos dentro das fronteiras de Angola
em um dado período de tempo. Produção
feita por empresas Nacionais e estrangeiras
residentes em Angola adicionando os
rendimentos das empresas nacionais no
estrangeiro

Nota: Angola utiliza o indicador PIB para medir a sua economia (Riqueza),
Países como China e estados unidos da américa utilizam o PNB devido o
número de empresas que possuem no exterior.

O PIB nominal
É considerado como PIB a preços correntes o valor da produção de bens e
serviços finais a preços de mercados de um determinado pais num dado
período de tempo a preços daquele mesmo período.

É um indicador Macroeconómico que traduz o valor monetário da produção


realizada no território económico de um país, pelo trabalho e pelo capital,
independentemente do local de residência valorizados a preços correntes.

Fórmula do PIB nominal

PIB nominal = ∑ 𝑄𝑐 ∗ 𝑃𝑐
𝑡=1

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Onde:

Qc ou Qt = quantidade no período corrente;

Pc ou PT = Preço no período corrente;

n = número de sectores da economia.

O PIB real

Considerado como o PIB a preços constantes é definido como o valor de bens


e serviços finais de um determinado pais num dado período de tempo tendo
em conta a escolha de um ano. Tido como base (preços constantes)

Fórmula do PIB real

PIB real = ∑ 𝑄𝑐 ∗ 𝑃𝑏
𝑡=1

Onde:
Qc ou Qt = quantidade no período corrente;
Pb = Preço tido como base (constantes);
n = número de sectores da economia.

Taxa de crescimento nominal do PIB (in):

Fórmula para calcular a taxa de variação do PIB nominal

PIB nominal 2012 − PIB nominal 2011


𝐼𝑛 = ∗ 100
PIB nominal 2011

Taxa de crescimento real do PIB (ir):

Fórmula para calcular a taxa de variação do PIB real

PIB real 2012 − PIB real 2011


𝐼𝑟 = ∗ 100
PIB real 2011

Deflator do PIB ou índice de Paasche

É um índice de preços que permite medir a variação dos preços dos bens e
serviços produzidos internamente. É diferente do IPC (Índice de preços ao
consumidor), Visto que este índice mede a variação dos preços dos bens e

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serviços de um cabaz, incluindo alguns bens e serviços que são produzidos no
exterior e excluindo outros bens que são produzidos internamente.

Este índice de preços permite calcular o PIB real com base no PIB nominal. O
deflator do PIB é calculado como o rácio do PIB nominal em relação ao PIB
real multiplicando por 100.

O Deflator ou o índice de Paasche (IP) subestima a inflação porque usa as


quantidades do ano atual numericamente, os dois índices distinguem-se pelas
quantidades que empregam. Enquanto o índice de Laspeyres utiliza as
quantidades do ano base o índice de Paasche utiliza as quantidades do ano
atual ou corrente. Adicionalmente, o IPC ao reflectir a variação dos preços
dos bens adquiridos pelos consumidores incorpora as variações de preços dos
bens importados. O Deflator só reflecte a variação dos preços dos bens
produzidos em território nacional. Exemplo: se os automóveis da marca Toyota
registarem um aumento, essa variação de preços será contemplada no IPC e
não no Deflator porque se trata de um produto importado.

Fórmula para calcular o deflator do PIB (índice de Paasche)

∑𝑛𝑡=1 𝑄𝑐 ∗ 𝑃𝑐
𝑖𝑝 = 𝑛 ∗ 100
∑𝑡=1 𝑄𝑐 ∗ 𝑃𝑏
𝑃𝐼𝐵 𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙
Deflator do PIB = ∗ 100
𝑃𝐼𝐵 𝑟𝑒𝑎𝑙

Índice de preços ao consumidor ou índice de Laspeyres

Reflete as variações de preços de um cabaz fixo de bens adquiridos pelo


consumidor. Fazem parte desse cabaz, bens onde o consumidor gasta a maior
parte do seu rendimento, nomeadamente, alimentação, habitação,
vestuário, saúde, educação, lazer. As variações de preços dos diferentes bens
são ponderadas pelo peso económico e proporcional à despesa de cada
produto no cabaz. Estas ponderações são fixas (quantidades do ano base). A
composição do cabaz é revista a longo prazo. Este índice mede o nível de
preços de um determinado ano relativamente ao nível de preços do ano base
(para o qual se define um índice 100).

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Fórmula para calcular Índice de preços ao consumidor (índice de Laspeyres)

∑𝑛𝑡=1 𝑃𝑐 ∗ 𝑄𝑏
IPC = 𝑛 ∗ 100
∑𝑡=1 𝑄𝑏 ∗ 𝑃𝑏

O índice de preços no consumidor (IPC) é um dos índices de preços utilizados


e que mede o custo de um conjunto alargado de bens normalmente
consumidos pelas famílias.

A variação do custo deste conjunto de bens traduz a elevação ou a


diminuição do custo de vida de uma determinada população. O IPC e a taxa
de inflação são normalmente tomados como idênticos: se o IPC for 105, a taxa
de inflação é de 5 %.

Fórmula para calcular a taxa de inflação

𝐼𝑃𝐶𝑡 − 𝐼𝑃𝐶𝑡 − 1
Taxa de inflação = ∗ 100
𝐼𝑃𝐶𝑡 − 1
PIB a preços de mercado

O PIB a preços de mercado (PIBpm) é o valor da produção das unidades


produtivas residentes utilizando a métrica dos preços de mercado. O PIBpm
inclui as actividades das donas de casa, produção de hortas caseiras e
actividades ilegais.
Representa o resultado final da actividade de produção das unidades
produtivas residentes.
O PIBpm é a soma dos valores acrescentados brutos dos diferentes sectores
institucionais ou ramos de actividade económica, aumentada os impostos
indirectos menos subsídios aos produtos (que não sejam afectados aos
sectores e ramos de actividade).
Matematicamente o PIBpm é calculado da seguinte forma:
PIBpm = PIB + indirectos - Subsídios
Ou
PIBpm = PIBcf + indirectos – Subsídios

PIB a custo de factores

O PIB a custo de factores (PIBcf) representa o valor da produção final de um


país, tendo em conta o custo de factor de produção.
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Matematicamente o PIBpm é calculado da seguinte forma:

PIBcf = PIB - indirectos + Subsídios

ou

PIBcf = PIBpm - indirectos + Subsídios

Produto interno Líquido

O Produto interno Líquido é diferença entre o PIB e as depreciações.

PIB = PIB – Depreciações (Consumo do capital fixo)

Depreciações: é a perda do valor de um bem pelo seu uso ou pelo tempo. Se


a empresa compra uma máquina, durante um determinado tempo perde o
seu valor de uso.

Fórmula para calcular o Produto interno Líquido a preços de mercado (PIL)

PILpm = PIL + imposto indirecto - Subsídios

Ou

PILpm = PILcf + imposto indirecto – Subsídios

Fórmula para calcular o Produto interno Líquido a preços de mercado (PIL)

PILcf = PILpm - imposto indirecto +Subsídios

Ou

PILcf = PIL - imposto indirecto + Subsídios

Investimento: é soma ou o resultado da soma entre os bens de capitais e


variações de stock.

Matematicamente o investimento é calculado da seguinte forma:

I = Investimento em bens de capitais + variações de stock


I = IBK + Δstock
ΔStock = stock final – stock inicial

Investimento bruto: é a soma ou o resultado da soma entre o investimento


líquido e as depreciações.

Matematicamente o investimento bruto é calculado da seguinte forma:

IB = Investimento líquido + depreciações

IB = IL + D
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Investimento Líquido: é o resultado da diferença entre o investimento Bruto e
as depreciações.

Matematicamente o investimento líquido é calculado da seguinte forma:

IL = Investimento bruto - depreciações

IL = IB – D

Outras identidades da contabilidade Nacional

Produto nacional bruto (PNB): representa o conjunto da produção realizada


pelas unidades produtivas nacionais, mesmo que utilizem factores produtivos
fora do território económico.

Matematicamente o PNB é calculado da seguinte forma:

PNB = PIB + Saldo dos rendimentos com o resto do mundo

PNB = PIB + SRRM

SRRM = Recebimentos do exterior – pagamentos ao exterior

PNBpm (Produto nacional bruto a preços de mercado)

Matematicamente o PNBpm é calculado da seguinte forma:

PNBpm = PIB + SRRM + impostos indirectos - subsídios

PNBpm = PNB + impostos indirectos - subsídios

PNBpm = PNBcf + impostos indirectos - subsídios

PNBcf (Produto nacional bruto a custo de factores)

Matematicamente o PNBcf é calculado da seguinte forma:

PNBcf = PNB - impostos indirectos + subsídios

PNBcf = PNBpm - impostos indirectos + subsídios

Nota: existem dois tipos de análises de dados macroeconómicos.

 Análise Post (Dados históricos)

 Análise ant (Dados de previsão ou dados macroeconómico)

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Produto nacional líquido

PNL = PNB - amortizações

PNLpm = PNBpm – amortizações

PNLcf = PNBcf – amortizações

A RENDA NACIONAL

A renda nacional é a soma dos rendimentos pago as famílias pela utilização


dos serviços dos factores de produção.

Matematicamente a renda nacional é calculado da seguinte forma:

RN = Salários + juros + alugueres + Lucros

Ou

RN = W + J + a + L

Onde:

W = Remuneração do serviço do factor trabalho.

J = Remuneração do serviço do factor capital monetário.

a = Remuneração do serviço do factor terra.

L = Remuneração do serviço do factor capital fixo.

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BIBLIOGRAFIA BÁSICA E COMPLEMENTAR

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

BURDA, M. & WYPLOSZ, C (2011). Macroeconomia-Uma visão europeia.


Oxford: 5 Edição.

KRUGMAN,P (2008). A consciência de um Liberal,1ª ed. Lisboa, Editorial


Presença.

KRUGMAN,P (2009). Macroeconomics,3 ª ed. New york, Mc graw.

SAMUELSON, P & Nordhaus (2005). Macroeconomia, 8 ª ed. Lisboa, Mc graw.

SAMUELSON, P & Nordhaus (2009).Economia, 18 ª ed. Lisboa, Mc graw.

Silva, J & Mendes, H (2011). Macroeconomia, Lisboa, Verlag Dashofer

GARCIA, Manuel E. VASCONCELLOS Fundamentos de Economia. 3ª Ed. São


Paulo: Saraiva, 2008

GASTALDI, José Petrelli. Elementos de Economia Política. 19ª ed. São Paulo:
Saraiva. 2006.

VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval de. Economia: Micro e Macro. 4ª


ed. São Paulo: Atlas,2008

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

BELLUZZO, Luiz Gonzaga de Mello. Valor e capitalismo: um ensaio sobre a


economia política. 3ª ed. Campinas: UNICAMP/IE, 1998.

FARIA, José Eduardo. O Direito na Economia globalizada. São Paulo:


Catavento, 1999.

MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. 3. ed. Rio de Janeiro:


Civilização brasileira, 1980

SINGER, Paul. Curso de introdução à economia política. 11. ed. Rio de Janeiro:
Forense-Universitaria, 1987

TAVARES, Maria da Conceição. Acumulação de capital e industrialização no


Brasil. 3.ed. Campinas: UNICAMP, 1998

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