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Instituto Politécnico de Portalegre

Escola Superior de Tecnologia e Gestão

Relatório de Análise Económica e Financeira


Análise e Planeamento Financeiro

Discentes:
André Antão – 19556
Carlos Belchior – 19754
Cristina Martinho – 10480

Docente:
Joaquim Manuel Baltazar Vaz

Ano letivo 2019/2020


Relatório de Análise Económica e Financeira

Lista de Siglas

CMVMC – Custo das Mercadorias Vendidas e das Matérias Consumidas

EBITDA – Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation, and Amortization

EOEP – Estado e outros Entes Públicos

FSE – Fornecimentos e Serviços Externos

RAI – Resultado antes de Impostos

RLP – Resultado Líquido do Período

VAB – Valor Acrescentado Bruto


Relatório de Análise Económica e Financeira

Índice Geral

Índice Geral ......................................................................................................................v

Índice de Quadros..........................................................................................................vii

Índice de Gráficos ...........................................................................................................ix

Índice de Anexos ............................................................................................................xi

Introdução ......................................................................................................................12

CAPÍTULO I – A ANÁLISE ECONÓMICO-FINANCEIRA ...............................................14

1.1. A Importância da Análise Económico-Financeira ...........................................14

CAPÍTULO II – AS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS ................................................15

2.1. Balanço Contabilístico ....................................................................................15


2.2. Demonstração de Resultados por Naturezas .................................................16

CAPÍTULO III – ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS ............................17

3.1. Análise do Balanço Contabilístico ..................................................................17


3.1.1. Rácios de estrutura .................................................................................17
3.1.2. Números Índices .....................................................................................21
3.1.3. Mapa de Mutação de Valores..................................................................23
3.1.4. Índices de Base Fixa e Móvel..................................................................25
3.2. Análise da Demonstração de Resultados .......................................................27
3.2.1. Mapa de Mutação de Valores..................................................................27
3.2.2. Números Índices .....................................................................................29

Capítulo IV – ANÁLISE ECONÓMICO-FINANCEIRA.....................................................31

4.1. Introdução ao Balanço Funcional ...................................................................31


4.2. Balanço Funcional ..........................................................................................32
4.2.1. Aplicações e Origens Financeiras ...........................................................33
4.3. Demonstração de Resultados ........................................................................37
4.3.1. Demonstração de Resultados Funcional .................................................37

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Relatório de Análise Económica e Financeira

4.3.2. Demonstração de Variações de Fundos Circulantes ...............................52


4.3.3. Demonstração da Origem e da Aplicação de Fundos..............................55
4.3.4. Ponto Morto Económico ..........................................................................57
4.3.5. Margem de Segurança ............................................................................58
5.1. Rácios de Liquidez .........................................................................................60
5.2. Rácios de Solvabilidade e Autonomia ............................................................62
5.3. Rácios de gestão (ou atividade) .....................................................................66
5.4. Rácios de Eficiência .......................................................................................68

CAPÍTULO VI – RISCO ...................................................................................................73

6.1. Indicadores de Risco de Negócio ...................................................................73


6.1.1. Grau de Alavanca Operacional ..................................................................73
6.1.2. Grau de Alavanca Financeira.....................................................................74

Apreciações Finais ........................................................................................................75

Conclusão ......................................................................................................................80

Bibliografia .....................................................................................................................81

Anexos............................................................................................................................82

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Relatório de Análise Económica e Financeira

Índice de Quadros

Quadro 1 – Balanço Contabilístico ..................................................................................15

Quadro 2 – Demonstração de Resultados por Naturezas ...............................................16

Quadro 3 – Rácios de Estrutura ......................................................................................17

Quadro 4 – Análise em Números Índices ........................................................................21

Quadro 5 – Análise do Mapa de Mutação de Valores .....................................................23

Quadro 6 – Análise em termos de índices de base fixa e móvel .....................................25

Quadro 7 – Mapa de Mutação de Valores da Demonstração de Resultados...................27

Quadro 8 – Demonstração de Resultados em Números Índices .....................................29

Quadro 9 – Balanço Funcional ........................................................................................32

Quadro 10 – Aplicações e Origens Financeiras no ano de 2016 .....................................33

Quadro 11 – Aplicações e Origens Financeiras no ano de 2017 .....................................34

Quadro 12 – Aplicações e Origens Financeiras no ano de 2018 .....................................36

Quadro 13 – Demonstração de Resultados Funcional ....................................................38

Quadro 14 – Estrutura de Gastos da Demonstração de Resultados Funcional ...............44

Quadro 15 – Evolução da Estrutura de Gastos/Volume de Negócios ..............................47

Quadro 16 – Evolução das várias rúbricas de Gastos Operacionais ...............................49

Quadro 17 – Comparação – Rendimentos e Gastos Operacionais .................................52

Quadro 18 – Demonstração de Variações dos Fundos Circulantes ................................52

Quadro 19 – Demonstração da Origem e da Aplicação de Fundos .................................55

Quadro 20 – Apuramento do Ponto Morto Económico ....................................................57

Quadro 21 – Apuramento da Margem de Segurança ......................................................58

Quadro 22 – Rácios de Liquidez .....................................................................................60

Quadro 23 – Rácios de Solvabilidade e Autonomia .........................................................62

Quadro 24 – Rácios de Gestão .......................................................................................66

Quadro 25 – Rácios de Eficiência ...................................................................................68

Quadro 26 – Rácios de Rentabilidade .............................................................................70

vii
Relatório de Análise Económica e Financeira

Quadro 27 – Grau de Alavanca Operacional ...................................................................73

Quadro 28 – Grau de Alavanca Financeira .....................................................................74

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Relatório de Análise Económica e Financeira

Índice de Gráficos

Gráfico 1 – Ativo não Corrente em relação ao Total do Ativo ..........................................19

Gráfico 2 – Ativo Corrente em relação ao Total do Ativo .................................................20

Gráfico 3 – Capital Próprio em relação ao Total do Ativo ................................................20

Gráfico 4 – Passivo em relação ao Total do Ativo ...........................................................20

Gráfico 5 – Aplicações e Origens Financeiras no ano de 2016 .......................................33

Gráfico 6 – Aplicações e Origens Financeiras no ano de 2017 .......................................35

Gráfico 7 – Aplicações e Origens Financeiras no ano de 2018 .......................................36

Gráfico 8 – Evolução do Volume de Negócios ................................................................42

Gráfico 9 – Variação do Volume de Negócios .................................................................42

Gráfico 11 – Evolução do EBITDA ..................................................................................43

Gráfico 10 – Evolução do Resultado Líquido do Período ................................................43

Gráfico 12 – Estrutura de Gastos da Demonstração de Resultados Funcional ...............44

Gráfico 13 – Evolução do CMVMC .................................................................................46

Gráfico 15 – Evolução dos Gastos com Pessoal .............................................................46

Gráfico 14 – Evolução dos Fornecimentos e Serviços Externos .....................................46

Gráfico 16 – Evolução dos Gastos de Depreciações e Amortizações .............................47

Gráfico 17 – Evolução Absoluta das Rúbricas dos Gastos Operacionais ........................49

Gráfico 18 – Comparação dos rendimentos aos gastos operacionais .............................51

Gráfico 19 – Evolução do ponto morto económico ..........................................................57

Gráfico 20 – Evolução da margem de segurança ...........................................................59

Gráfico 21 – Evolução da Liquidez Geral ........................................................................60

Gráfico 22 – Evolução da Liquidez Reduzida ..................................................................60

Gráfico 23 – Evolução da Liquidez Imediata ...................................................................61

Gráfico 24 – Cobertura do ativo não corrente por capital permanente ............................63

Gráfico 25 – Cobertura do ativo não corrente por capital próprio ....................................64

Gráfico 26 – Evolução da Autonomia Financeira ............................................................65

ix
Relatório de Análise Económica e Financeira

Gráfico 27 – Debt to Equity .............................................................................................66

Gráfico 28 – Evolução da Rotação do Ativo Corrente .....................................................69

Gráfico 29 – Evolução da Rotação do Passivo ...............................................................70

Gráfico 30 – Evolução da Rentabilidade das Vendas ......................................................71

Gráfico 31 – Evolução do Grau de Alavanca Operacional...............................................73

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Relatório de Análise Económica e Financeira

Índice de Anexos

Anexo 1 – Demonstração de Resultados por Naturezas de 2016 ...................................82

Anexo 2 – Demonstração de Resultados por Naturezas de 2017 ...................................83

Anexo 3 – Demonstração de Resultados por Naturezas de 2018 ...................................84

Anexo 4 – Balanço Contabilístico de 2016 ......................................................................85

Anexo 5 – Balanço Contabilístico de 2017 ......................................................................86

Anexo 6 – Balanço Contabilístico de 2018 ......................................................................87

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Relatório de Análise Económica e Financeira

Introdução

A contabilidade financeira é, sem dúvida, um dos mais importantes instrumentos de


suporte à gestão, traduzindo-se num processo de recolha, análise, registo e interpretação
dos dados respeitantes à atividade de uma organização, contribuindo dessa forma para a
tarefa principal dos gestores, decidir.
O principal objetivo deste trabalho, consiste em demonstrar a importância da Análise
e do Planeamento Financeiro como instrumento de apoio à tomada de decisões, já que, no
contexto atual em que as organizações estão inseridas, a concorrência é cada vez mais
forte e a procura pela competitividade é uma necessidade constante, em que as
informações devem ser exatas e oportunas para apoiar essa mesma tomada de decisões.
A escassez de recursos e o elevado custo dos mesmos, associado a uma falta de
planeamento e controlo, tem contribuído para que muitas empresas encerrem as suas
atividades. Nesse sentido, a aplicação de técnicas de análise financeira através dos mais
diversos mapas, gráficos, e outras ferramentas, possibilitam que a gestão seja uma
atividade baseada em factos e não em meras opiniões o que, por sua vez, permite que as
empresas assegurem a sua sobrevivência, crescimento e permanência no mercado.
Na elaboração deste trabalho académico, tiveram-se em consideração todas as
técnicas de análise lecionadas em aula e abordadas pelo docente da unidade curricular,
pelo que foram aplicados os maiores esforços no sentido de conseguir complementar, num
só trabalho de grupo, toda a dinâmica e interpretação crítica dos valores que também nos
foi transmitida.
A estrutura deste relatório é composta por seis capítulos:
• CAPÍTULO I – breve introdução à análise económico-financeira, onde se procura
transmitir a sua importância na gestão;
• CAPÍTULO II – apresentação e caracterização das demonstrações financeiras
utilizadas como base às análises seguintes;
• CAPÍTULO III – análise crítica dos valores das demonstrações apresentadas no
capítulo anterior, através de uma adaptação dos mapas originais;
• CAPÍTULO IV – análise económico-financeira propriamente dita, onde se
apresentam os vários quadros que auxiliam a interpretação dos valores
provenientes das demonstrações financeiras;
• CAPÍTULO V – análise a nível dos rácios, bem como de interpretação dos valores
obtidos;
• CAPÍTULO VI – última abordagem à atividade da empresa, com foco direcionado
para a avaliação do risco através de indicadores adequados a essa análise.

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Relatório de Análise Económica e Financeira

Em cada análise começou-se por elaborar um breve enquadramento teórico e


introdutório, no sentido de realçar os fundamentos de cada técnica e explicitar em que é
que cada uma delas consiste. Posteriormente, procedeu-se a uma apreciação crítica dos
valores, com base num estudo ativo por parte do grupo, e que pretende destacar os
aspetos mais significativos e que devem ser considerados pela empresa.
Importa ainda neste contexto, agradecer a disponibilidade manifestada por parte do
escritório de contabilidade Números Famosos Contabilidade, Lda., em fornecer elementos
contabilísticos, nomeadamente Balanço Contabilístico e Demonstração de Resultados, dos
últimos três anos, que possibilitaram este trabalho académico. Também nos tinha sido
proposto pelo docente a possibilidade deste nos disponibilizar estes dados, o que não foi
necessário, pelo que se agradece, quer ao professor, quer à empresa de contabilidade.

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Relatório de Análise Económica e Financeira

CAPÍTULO I – A ANÁLISE ECONÓMICO-FINANCEIRA

1.1. A Importância da Análise Económico-Financeira

A análise económico-financeira de uma empresa consiste num conjunto de técnicas


que visam estudar o desempenho económico e financeiro de uma empresa, através da
análise das demonstrações contabilísticas e demais informações complementares. O
principal objetivo é proporcionar informações úteis que servirão de base à principal
responsabilidade dos gestores, a tomada de decisões. Nesse processo, compete também
nesta análise compreender como são obtidos, utilizados e rentabilizados os recursos da
empresa, por forma a maximizar não só o valor da mesma, mas também a sua capacidade
de criar valor para os seus clientes, colaboradores, sócios e acionistas e em última análise
para a sociedade em geral.
É extremamente importante nos dias que correm, em que a competitividade entre as
organizações se revela cada vez mais agressiva, onde os recursos “escassos” que as
empresas movimentam se destinam não só à gestão corrente, mas também à inovação e
desenvolvimento, entre outras áreas, e que visam tornar as empresas mais competitivas,
saudáveis e capazes de superar desafios, garantindo em última análise uma rentabilidade
crescente e sustentada das suas operações, recorrendo para tal a uma análise corrente da
sua situação financeira histórica, atual e futura, onde a análise e o planeamento financeiro
desempenham um papel crucial.

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Relatório de Análise Económica e Financeira

CAPÍTULO II – AS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

2.1. Balanço Contabilístico

O Balanço Contabilístico é um instrumento que representa a situação patrimonial de


uma empresa, a nível de recursos que podem ser convertidos em dinheiro, Ativo, e à forma
como estes são financiados quer pelos sócios quer pelos acionistas da organização,
Capital Próprio, ou por terceiros, Passivo.

Quadro 1 – Balanço Contabilístico

Fonte: Elaboração própria

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Relatório de Análise Económica e Financeira

2.2. Demonstração de Resultados por Naturezas

A demonstração de resultados por naturezas é um documento contabilístico de


extrema relevância na análise económica da empresa e que evidência as componentes
positivas (Rendimentos) e negativas (Gastos) do resultado relativo ao intervalo de tempo
entre duas datas, traduzindo assim a proveniência e composição do resultado nesse
período.

Quadro 2 – Demonstração de Resultados por Naturezas

Fonte: Elaboração própria

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Relatório de Análise Económica e Financeira

CAPÍTULO III – ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

3.1. Análise do Balanço Contabilístico

3.1.1. Rácios de estrutura

Os rácios de estrutura, representam o peso de cada uma das rúbricas do balanço


contabilístico em relação ao total do ativo. É uma análise importante na medida em que
permite perceber qual é a evolução da estrutura do balanço.
Para a empresa em estudo, elaborou-se o seguinte quadro representativo dos rácios
de estrutura:
Quadro 3 – Rácios de Estrutura

Fonte: Elaboração própria

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Relatório de Análise Económica e Financeira

Da análise dos rácios de estrutura, podem retirar-se as seguintes conclusões:


Relativamente ao ano de 2016, podemos concluir que existe um equilíbrio entre o
peso do Ativo não Correte e do Ativo Corrente no Total do Ativo, já que o Ativo não Corrente
representa cerca de 48% dessa razão, enquanto o Ativo Corrente representa 52%,
existindo assim uma diferença de “apenas” 4% entre eles. A rúbrica dos Ativos Fixos
Tangíveis é a única que contribui para o peso do Ativo não Corrente no Total do Ativo, já
que não existem Investimentos Financeiros realizados pela empresa. Por sua vez, nas
rúbricas que compõem o Ativo Corrente, destaca-se a rúbrica de Clientes, que apresenta
um maior peso no Total do Ativo (42%), seguindo-se os Inventários, com uma percentagem
bastante inferior (6%), e logo as outras rúbricas (EOEP, Diferimentos, Outros Ativos
Correntes e Caixa e Depósitos Bancários), cuja expressão neste primeiro ano se revela
muito baixa. No que diz respeito ao peso do Total do Capital Próprio no Total do Ativo, com
uma percentagem de 92% (quase a totalidade desta razão), destaca-se a rúbrica de Capital
Realizado como sendo aquela que apresenta uma maior expressão (86%), seguindo-se as
rúbricas Outras Variações do Capital Próprio, Resultado Líquido do Período e Resultados
Transitados, com valores relativos de 5%, 1% e 0%, respetivamente. Por sua vez, tanto o
Passivo não Corrente como o Passivo Corrente, apresentam um peso pouco significativo
no Total do Ativo, de 5% e 3%, respetivamente.
No ano de 2017, verificou-se um aumento significativo no peso do Ativo não Corrente
face ao Total do Ativo (89%), o que se traduz num facto negativo para a empresa, já que
os componentes desta rúbrica são de baixa liquidez, o que faz com que exista uma maior
dificuldade em transformar estes ativos em dinheiro. Deve-se realçar que, embora na razão
anteriormente mencionada se verifique uma subida substancial do peso relativo dos Ativos
não Correntes em relação ao Total do Ativo, isso não se verifica no valor absoluto da
rúbrica, que em verdade diminuiu face ao do ano anterior. De facto, este aumento apenas
ocorre devido a uma diminuição acentuada dos Ativos Correntes (11%), face ao ano
anterior. O que sucede é que no ano de 2017 deixou de existir a rúbrica de Clientes, que
teve um peso significativo no Ativo Corrente do ano de 2016. A nível dos Capitais Próprios
no Total do Ativo, verifica-se que existe um grande peso na rúbrica dos Capitais Realizados
face ao Total do Ativo (99%), em termos relativos, o que não sucede em valores absolutos,
que, em verdade, diminuíram bastante face ao ano anterior. Nas componentes do Passivo
Corrente e não Corrente, ocorre então uma diminuição de 8% para 1% do seu peso no
Total do Ativo, que sucede principalmente, devido a uma diminuição dos valores dos
Financiamentos Obtidos e da rúbrica de Fornecedores, se comparado ao ano anterior.

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Relatório de Análise Económica e Financeira

No ano de 2018, verifica-se um aumento do peso dos Ativos não Correntes em


relação ao Total do Ativo, chegando agora a atingir os 91%, ou seja, mais 2% face ao ano
anterior e mais 43% face ao primeiro ano em análise. Pese embora exista esse aumento
em termos relativos, à semelhança do ano anterior, isso não acontece em termos
absolutos, onde ocorreu mais uma vez a diminuição do peso desta rúbrica, mais
especificamente na componente de Ativos Fixos Tangíveis. Verifica-se unicamente um
aumento nos Investimentos Financeiros face ao ano anterior, no entanto, o seu peso no
Total do Ativo não chega a 1%. O inverso, por sua vez, ocorre nos Ativos Correntes, que
continuam a decrescer tal como no ano de 2017, atingindo desta vez uma expressão de
cerca de 9% no Total do Ativo. Também a tendência crescente do peso relativo dos
Capitais Próprios, se continua a verificar no último ano, onde estes representam
aproximadamente 100% do Total do Ativo, destacando-se na sua composição a rúbrica de
Capital Realizado, pela abrupta queda no seu peso relativo face ao ano anterior, passando
de cerca de 99% para 11% neste último ano. Também é importante dar destaque às
rúbricas de Resultados Transitados e de Outras Variações do Capital Próprio, que não
apresentavam qualquer expressão relativa ou absoluta no ano anterior e que neste último
ano de 2018 apresentam, respetivamente, um peso de 50% e 39% no Total do Ativo. Em
contrapartida, é a rúbrica do Passivo que acaba por perder a sua expressão, apresentando
valores relativos inferiores a 1%, com uma diminuição significativa da conta de
Fornecedores relativamente aos dois anos anteriores e também da conta de Financiamento
Obtidos, face ao primeiro ano.
No sentido de ilustrar de uma forma mais clara a evolução ao longo dos três anos
das rúbricas do Ativo não Corrente, Ativo Corrente, Capital Próprio e Passivo no Total do
Ativo, respetivamente, elaboraram-se os seguintes gráficos:
Gráfico 1 – Ativo não Corrente em relação ao Total do Ativo

100%
89% 91%
90%
80%
70%
60%
48%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
2016 2017 2018

Fonte: Elaboração própria

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Relatório de Análise Económica e Financeira

Gráfico 2 – Ativo Corrente em relação ao Total do Ativo

60%
52%
50%

40%

30%

20%
11%
9%
10%

0%
2016 2017 2018

Fonte: Elaboração própria

Gráfico 3 – Capital Próprio em relação ao Total do Ativo

102%
100%
100% 99%

98%

96%

94%
92%
92%

90%

88%
2016 2017 2018

Fonte: Elaboração própria

Gráfico 4 – Passivo em relação ao Total do Ativo


8% 8%

7%

6%

5%

4%

3%

2%
1%
1%
0%
0%
2016 2017 2018

Fonte: Elaboração própria

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Relatório de Análise Económica e Financeira

3.1.2. Números Índices

A análise do balanço em números índices permite conhecer a evolução das


diferentes rúbricas do balanço contabilístico nos vários anos em análise. É essencial
perceber quais são as rúbricas onde ocorrem as maiores variações ao longo do tempo, por
forma a que se possam tomar medidas de imediato para as corrigir ou manter, consoante
estas sejam negativas ou positivas para a empresa. Também se podem utilizar os números
índices numa perspetiva previsional, no sentido de perspetivar aquilo que ocorrerá no
futuro, partindo do pressuposto que todos os fatores se mantêm minimamente constantes,
para que não ocorram grandes desfasamentos nessa previsão.
Nesse âmbito, elaborou-se para a empresa em estudo o seguinte quadro:

Quadro 4 – Análise em Números Índices

Fonte: Elaboração própria

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Relatório de Análise Económica e Financeira

Das variações ocorridas nas diferentes rúbricas do balanço entre os anos de N e


N+1, destacam-se as seguintes: o desvio ocorrido na rúbrica de Inventários, em que
ocorreu uma redução bastante significativa do seu valor, em cerca de 69%; o incremento
da Caixa e Depósitos bancários, em cerca de 90%; a diminuição do Total do Ativo Corrente,
em cerca de 89%, o que traduz uma baixa de liquidez de grande significância para a
empresa; a diminuição de aproximadamente cerca de metade do valor do Total do Ativo; a
diminuição de praticamente 42% na rúbrica de Capital Realizado; uma redução
consideravelmente alta do Resultado Líquido do Período, em torno de 78%; por
conseguinte, a acompanhar estes valores, também o Total dos Capitais Próprios se reduz
em aproximadamente 46%; no Passivo Não Corrente, especificamente na rúbrica de
Financiamentos Obtidos, existe uma redução de 100% do seu valor; e, por último, tanto a
rúbrica de Fornecedores, Total do Passivo Corrente, Total do Passivo e Total do Capital
Próprio e do Passivo, sofrem uma diminuição dos seus valores em aproximadamente, 87,
85%, 94% e 50%, respetivamente, sendo que apenas a rúbrica Estado e Outros Entes
Públicos apresenta um incremento de sensivelmente 18%. As restantes variações que
ocorreram nas rúbricas do balanço contabilístico, entre o primeiro e o segundo ano, não
foram muito significativas, já que não apresentaram percentagens de variação superiores
a 15% e por isso não se enunciaram anteriormente.
Em relação às variações, das várias rúbricas do balanço, que sucederam entre o
ano N+1 e o ano N+2, destacam-se a seguintes: o incremento em aproximadamente 101%
dos Investimentos Financeiros, parte integrantes dos Ativos não Correntes; a diminuição
em cerca de 45% e 35% nos Inventários e no Estado e Outros Entes Públicos,
respetivamente, refletindo também um decréscimo dos Ativos Correntes, próximo de 25%,
apesar de existir um aumento de 15% nos Diferimentos; o decréscimo significativo do
Capital Realizado e do Resultado Líquido do Período, em torno de 89% e 45%,
respetivamente; a redução das rúbricas do Passivo em cerca de 97% na conta de
Fornecedores, em 27% no Estado e Outros Entes Públicos, que, por sua vez, perfaz uma
queda em 85% do Total do Passivo. Nas restantes rúbricas não ocorreram variações
superiores a 15% que merecessem especial atenção.
Por fim, também a comparação das variações do terceiro ano, o ano N+2, com o
primeiro ano, o ano N, é importante, já que permite uma visão do que está de facto a
acontecer com as diferentes rúbricas da empresa no curto/médio prazo. Dessa forma, após
aferir as principais variações ocorridas no período, destacam-se as seguintes: o
decréscimo dos Inventários, da rúbrica Estado e Outros Entes Públicos e o incremento da
Caixa e Depósitos Bancários, em cerca de 73%, 41% e 74%, respetivamente, o que perfaz
um decréscimo significativo no Ativo Corrente da empresa em aproximadamente 92%; o

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Relatório de Análise Económica e Financeira

declínio do Capital Realizado, tal como do Resultado Líquido do Período, em 94% e 88%,
respetivamente; o incremente significativo, em 238% da rúbrica Outras Variações do
Capital Próprio; a diminuição, no geral, da totalidade dos Capitais Próprios em cerca de
49%; o decréscimo, principalmente da rúbrica de Fornecedores, componente do Passivo
Corrente, em cerca de 99%, o que contribuiu para uma baixa no Total do Passivo Corrente
em sensivelmente 99%; e por fim, uma redução geral dos totais do Capital Próprio e do
Passivo, em torno de 53%. Mais uma vez, as contas que não sofreram variações superiores
a 15%, não foram aqui consideradas, por se julgar não serem de grande significância.

3.1.3. Mapa de Mutação de Valores

O mapa de mutação de valores consiste num quadro, construído a partir do Balanço


Contabilístico, que permite fazer a comparação dos valores deste em valores absolutos. É
essencial na compreensão das variações, tanto positivas como negativas das diferentes
rúbricas. Fornece também, em última análise, uma perspetiva de como evolui a situação
financeira real da empresa ao longo dos anos.
Para a empresa em questão, elaborou-se o seguinte quadro:

Quadro 5 – Análise do Mapa de Mutação de Valores

Fonte: Elaboração própria

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Relatório de Análise Económica e Financeira

A respeito das variações em valores absolutos das diferentes rúbricas do Balanço


Contabilístico podem tirar-se as seguintes conclusões:
Relativamente aos Ativos Fixos Tangíveis, verifica-se um decréscimo moderado do
ano N para o ano N+1. Este decréscimo acaba por atenuar ligeiramente do ano N+1 para
o N+2, mantendo-se, ainda assim, com uma perda moderada de valor nos Ativos Fixos
Tangíveis. Pelo contrário, os Investimentos Financeiros sofrem um pequeno incremento no
primeiro ano, que não se revela muito significativo no conjunto dos valores tratados nas
várias rúbricas do balanço, no entanto, assumem uma tendência crescente, chegando a
existir um incremento semelhante em termos de valor, do segundo para o terceiro ano.
Sendo que os Ativos Fixos Tangíveis são aqueles que, neste caso em concreto,
apresentam componente negativa dentro do Ativo não Corrente, pode verificar-se que
existe uma tendência bastante semelhante entre eles.
Nas rúbricas do Ativo Corrente, destaca-se a rúbrica de Clientes, já que perdeu a
totalidade do seu valor do primeiro para o segundo ano, não apresentando qualquer
crescimento do segundo para o terceiro. O mesmo sucede na rúbrica de Outros Ativos
Correntes, em que existe uma perda total de valor do primeiro para o segundo ano, também
sem crescimento posterior. Segue-se a rúbrica de Inventários, que embora tenha
apresentado um decréscimo significativo do primeiro para o segundo ano, aligeira um
pouco do segundo para o terceiro, pese embora se mantenha no negativo. O Estado e
Outros Entes Públicos, por sua vez, segue uma tendência decrescente ao longo dos anos,
destacando-se o maior decréscimo do segundo para o terceiro ano. O inverso acontece
nas rúbricas de Diferimentos e de Caixa e Depósitos Bancários, onde existe um
crescimento significativo do primeiro para o segundo ano. No entanto, do segundo para o
terceiro ano, esse crescimento já não se verifica na mesma proporção no caso dos
Diferimentos, enquanto que a rúbrica Caixa e Depósitos Bancários chega mesmo a
decrescer o seu valor. O conjunto das rúbricas que compõem o Ativo Corrente, fazem com
que este diminua significativamente do primeiro para o segundo ano, e provocam ainda um
ligeiro decréscimo do segundo para o terceiro ano.
Nas rúbricas do Capital Próprio, destacam-se pelas maiores variações: o Capital
Realizado, com uma redução significativa do seu valor, tanto do primeiro para o segundo
ano, como do segundo para o terceiro; os Resultados Transitados, com um incremento
significativo do segundo para o terceiro ano; e, as Outras Variações do Capital Próprio, que
deixam de existir do primeiro para o segundo ano, mas que, no entanto, acabam por sofrer
um incremento bastante elevado do segundo para o terceiro ano. Também no Resultado
Líquido do Período, embora em valores não tão elevados como nas rúbricas anteriormente
referidas, se verifica uma diminuição do seu valor, tanto do primeiro para o segundo ano,

24
Relatório de Análise Económica e Financeira

como do segundo para o terceiro. O Total do Capital Próprio, por sua vez, segue a mesma
tendência negativa.
O Passivo não Corrente, uma vez que contém apenas a rúbrica de Financiamentos
Obtidos, acaba por seguir a tendência deste, que sofre um decréscimo do total do seu valor
do primeiro para o segundo ano, não sucedendo qualquer oscilação no período seguinte.
Também com uma tendência decrescente ao longo do tempo se encontra a rúbrica de
Fornecedores, com um declínio elevado do primeiro ano para o segundo, no entanto com
uma variação absoluta negativa em menor valor do segundo ano para o terceiro. Em
relação ao Estado e Outros Entes Públicos, sucede que existe uma estabilidade nos
valores, sendo as variações ao longo dos anos de baixa significância.
Por fim, destaca-se tanto o Total do Passivo como o Total do Capital Próprio e do
Passivo pelos decréscimos significativos principalmente do primeiro para o segundo ano,
pese embora também decresçam do segundo para o terceiro ano, mas em menor escala.

3.1.4. Índices de Base Fixa e Móvel

Os índices de base fixa e móvel dão-nos uma visão da variação percentual das várias
rúbricas do balanço contabilístico ao longo dos vários anos. A componente fixa desta
análise diz respeito a uma comparação com um ano “fixo”. Neste caso selecionou-se o ano
de 2016 como sendo fixo, por ser o primeiro ano. A componente móvel, por sua vez,
permite a comparação de um dado ano face ao ano anterior.
Para esta análise, elaborou-se o seguinte quadro:

Quadro 6 – Análise em termos de índices de base fixa e móvel

25
Relatório de Análise Económica e Financeira

Fonte: Elaboração própria

Da variação relativa das diferentes rúbricas, do ano de 2016 para o ano de 2017
destaca-se: o decréscimo significativo de cerca de 69% nos Inventários e um incremento
substancial da Caixa e Depósitos Bancários, de aproximadamente 90%; uma diminuição
bastante significativa do Total do Ativo Corrente, em cerca de 90%, o que reflete claramente
uma diminuição da liquidez da empresa do primeiro para o segundo ano; o decréscimo de
sensivelmente 42% e 78% do Capital Realizado e Resultado Líquido do Período,
respetivamente, o que leva a uma diminuição do Total dos Capitais Próprios em quase
46%; uma diminuição significativa dos Fornecedores, de aproximadamente 77%, o que
leva a que tanto o Passivo Corrente, como o Total do Passivo decresçam, também eles,
85% e 94%, respetivamente; e, uma diminuição do Total do Capital Próprio e do Passivo,
numa escala semelhante à do Total do Ativo, para cerca de metade do seu valor.
No que toca à variação relativa, de 2016 face a 2018, verifica-se uma proximidade
nos valores, comparativamente à análise anterior, no entanto destacaram-se pela
continuidade da performance negativa ou positiva as seguintes rúbricas: os Inventários,
Estado e Outros Entes Públicos, decresceram significativamente, bem como o Capital
Realizado e o Resultado Líquido do Período, realçando-se as Outras Variações do Capital
Próprio, com um incremento elevadíssimo de cerca de 238%. No geral, tanto o Total do
Ativo como o Total do Capital Próprio e do Passivo decresceram cerca de 4%, sendo o
Total do Passivo, do Ativo não Corrente e do Ativo Corrente, a mais contribuir para essa
variação.
O primeiro índice de base móvel é semelhante ao primeiro índice de base fixa, no
entanto, já em relação ao índice de base móvel do ano de 2017 para o ano de 2018, onde

26
Relatório de Análise Económica e Financeira

se destacam pelas maiores variações as seguintes rúbricas: os Investimentos Financeiros,


pelo crescimento substancial de cerca de 100%; os Inventários e Estado e Outros Entes
Públicos, pelo decréscimo de sensivelmente 45% e 35%, cada, o que provocou um
decréscimo significativo no Total do Ativo Corrente, de aproximadamente 25%; o Capital
Realizado, Resultado Líquido do Período e Fornecedores, cuja diminuição do valor também
foi bastante elevada, em cerca de 89%, 45% e 97%, respetivamente.

3.2. Análise da Demonstração de Resultados

3.2.1. Mapa de Mutação de Valores

Quadro 7 – Mapa de Mutação de Valores da Demonstração de Resultados

Fonte: Elaboração própria

A demonstração de resultados pode ser analisada, também na perspetiva das


variações absolutas ocorridas ao longo do tempo. Neste caso concreto, destacam-se, do
ano N para o ano N+1, as seguintes rúbricas: a rúbrica de vendas e serviços prestados,
uma vez que sofreu um incremento significativo neste período, sendo este aumento
bastante benéfico para a empresa; as variações ocorridas nos inventários de produção,

27
Relatório de Análise Económica e Financeira

onde existe um decréscimo bastante acentuado do seu valor em aproximadamente 135 mil
euros; o custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas, que sofreu um
decréscimo de aproximadamente 44 mil euros e que, tal como a rúbrica enunciada
anteriormente, não são boas oscilações para a empresa; os rendimentos e ganhos, a
acompanhar a evolução das vendas, sofrem um incremento de cerca de 40 mil euros; e,
também, o resultado líquido do período por apresentar uma diminuição significativa do seu
valor, do primeiro para o segundo ano, em cerca de 25 mil euros, o que perfaz valor
bastante baixo, face ao conjunto dos outros valores da demonstração de resultados. As
restantes rúbricas, por não apresentarem oscilações absolutas de grande valor, não se
consideraram na análise destes dois anos.
No que se refere às variações em termos absolutos, do ano de 2017 para o ano de
2018, das várias rúbricas, destacam-se as seguintes: as vendas e serviços prestados, uma
vez que, em contraste com o período anterior, diminuíram em aproximadamente 35 mil
euros; a variação dos inventários de produção, com um incremento benéfico para a
empresa, em cerca de 74 mil euros; os gastos com o pessoal, que ao contrário do período
anterior, aumentaram de valor em aproximadamente 32 mil euros; os outros rendimentos
e ganhos, que diminuíram a expressão que tinham anteriormente em cerca de 26 mil euros;
e, ainda, a verificar-se uma tendência de diminuição do valor do resultado líquido do
período, que decresceu aproximadamente 3 mil euros, do segundo para o terceiro ano. As
restantes rúbricas, por não apresentarem oscilações absolutas de grande valor, não se
consideraram na análise destes dois anos.
No geral pode concluir-se que existiram grandes oscilações em termos absolutos,
tendo em consideração o curto espaço de tempo de três anos, o que torna difícil que a
empresa consiga controlar plenamente a sua atividade em termos de tesouraria e também
no sentido de realizar possíveis previsões futuras. Nesse ponto de vista, a empresa deve
procurar manter a sua atividade, no entanto, de maneira a que não ocorram variações tão
elevadas nas diferentes rúbricas. Ainda neste âmbito, se forem negociados os PMP’s com
os fornecedores e os PMR com os clientes, pode-se obter uma boa tesouraria para prevenir
eventuais períodos de grande crescimento dos gastos em relação aos rendimentos.

28
Relatório de Análise Económica e Financeira

3.2.2. Números Índices

Quadro 8 – Demonstração de Resultados em Números Índices

Fonte: Elaboração própria

Na análise da demonstração de resultados em números índices, destacam-se, das


variações ocorridas, as seguintes rúbricas: as vendas e serviços prestados, com um
incremento elevado do primeiro para o segundo ano em cerca de 211%, seguido de um
ligeiro decréscimo no seu valor, no período seguinte, em cerca de 11%, o que perfaz um
incremento de aproximadamente 176% do primeiro para último ano, sendo esta variação
muito positiva; os subsídios à exploração, onde se destaca o crescimento da rúbrica em
cerca de 30% do primeiro para o terceiro ano; a variação nos inventários de produção, pela
grande oscilação de valores ao longo do tempo, apresentando um decréscimo de cerca de
169% do primeiro para o segundo ano e, um decréscimo de aproximadamente 80% do
segundo para o terceiro ano, sendo que do primeiro para o último ano, a variação ocorrida
tenha sido de aproximadamente 114%; o custo das mercadorias vendidas e das matérias
consumidas, pelo incremento significativo no primeiro período, em aproximadamente 85%
do seu valor, seguido de outro incremento de menor expressão no ano seguinte, de 19%,
o que perfaz um incremento do primeiro para o terceiro ano de 119%, sendo uma das

29
Relatório de Análise Económica e Financeira

rúbricas de gastos que apresentam maior oscilação, no entanto, como se pode verificar,
ainda existe um desfasamento entre o crescimento desta rúbrica em relação às vendas e
serviços prestados, especialmente no período do primeiro para o último ano; os outros
gastos e perdas, pelo incremento significativo do seu valor, do primeiro para o segundo
ano, em aproximadamente 248%, seguido de um decréscimo de 42% no período seguinte,
o que faz com que esta rúbrica apresente um incremento de cerca de 101% do primeiro
para o último ano, no entanto, embora seja importante avaliar a sua oscilação relativa,
deve-se também referir que em termos absolutos a variação não foi significativa; e, o
resultado operacional, resultado antes de impostos e resultado líquido do período, pelo
decréscimo significativo do primeiro para o segundo ano em cerca de 78%, seguido de
outro decréscimo de aproximadamente 45% no ano seguinte, o que leva a concluir que o
lucro que a empresa consegue do exercício da sua atividade, sofre uma tendência
decrescente ao longo do tempo, e, caso a tendência se mantenha, é muito provável
existirem resultados negativos nos próximos anos.

30
Relatório de Análise Económica e Financeira

Capítulo IV – ANÁLISE ECONÓMICO-FINANCEIRA

4.1. Introdução ao Balanço Funcional

O Balanço Funcional mostra, num dado momento, as origens e aplicações de fundos


relativos aos ciclos financeiros de uma empresa. Estes, por sua vez, traduzem as
consequências das decisões tomadas pelos gestores aos diferentes níveis: estratégico,
operacional e financeiro.
Os ciclos financeiros podem dividir-se em outros ciclos que importa conhecer:
• Ciclo de investimento – engloba o conjunto de atividades e decisões respeitantes à
análise e seleção de investimentos, ou seja, à aplicação monetária em ativos não
correntes (afetos à exploração da empresa), ou desinvestimentos, que consistem
na alienação de ativos adquiridos para a produção, na tentativa de recuperar parte
do capital anteriormente aplicado para utilizar em novos investimentos;
• Ciclo de exploração – corresponde às atividades e decisões a nível de
aprovisionamento, produção e comercialização. Começa com a encomenda de
matérias-primas e outros fatores de produção, passa pela transformação das
matérias-primas em produto acabado, e termina com a venda e o recebimento do
valor de um lote de exploração. A duração do ciclo de exploração pode variar
consoante as características da atividade;
• Ciclo de operações financeiras – corresponde às atividades de obtenção de fundos
financeiros que são necessários ao financiamento, tanto dos investimentos em
ativos fixos, como das necessidades de exploração que a empresa enfrenta na sua
atividade.

Estas são as principais rúbricas do Balanço Funcional:


• Capitais permanentes – conjunto de capitais próprios e capitais alheios estáveis;
• Fundo de maneio – existência ou não de fundos disponíveis (estáveis) para o
funcionamento do ciclo de exploração;
• Necessidades cíclicas – rúbricas com carácter de renovabilidade. Dizem respeito
ao ativo corrente, relacionam-se com o ciclo de exploração e implicam
necessidades de financiamento;
• Recursos cíclicos – rúbricas com carácter de renovabilidade. Dizem respeito ao
passivo corrente resultante das decisões enquadradas no ciclo de exploração;

31
Relatório de Análise Económica e Financeira

• Necessidades de fundo de maneio – necessidades de financiamento do ciclo de


exploração;
• Tesouraria ativa – conjunto de ativos líquidos e quase líquidos que se preveem
transformar em dinheiro num prazo não superior a doze meses;
• Tesouraria passiva – conjunto de passivos de curto prazo que resultam de
decisões de financiamento. Devem incluir todas as dívidas da empresa, não
afetas à exploração, e cujo prazo não exceda os doze meses;
• Tesouraria líquida – resulta da diferença entre a tesouraria ativa e a tesouraria
passiva. Quando é positiva considera-se que a empresa tem excesso de
tesouraria (superavit), e quando apresenta valores negativos considera-se como
tesouraria negativa (deficit).

4.2. Balanço Funcional

Quadro 9 – Balanço Funcional

Fonte: Elaboração própria

32
Relatório de Análise Económica e Financeira

4.2.1. Aplicações e Origens Financeiras

Quadro 10 – Aplicações e Origens Financeiras no ano de 2016

Fonte: Elaboração própria

Gráfico 5 – Aplicações e Origens Financeiras no ano de 2016

2016
100%
90%
80%
47,56%
70%
60% AF/CP
50% 97,00% NC/RC

40% TA/TP

30% 48,61%
20%
10%
3,00%
0% 3,83% 0,00%

Fonte: Elaboração própria

F.M. = 1.189.499,64 €
N.F.M. = 1.097.369,76 €

F.M. > 0
N.F.M. > 0
Como F.M. > N.F.M. => T.L. > 0

33
Relatório de Análise Económica e Financeira

Como se pode observar pelo quadro de aplicações e origens financeiras, bem como
pelo gráfico representativo das mesmas, existe um equilíbrio financeiro no ano de 2016
nesta empresa, já que os capitais permanentes superam em grande medida o ativo fixo, o
que proporciona à empresa uma diminuição considerável do risco na medida em que esta
financia o ativo não corrente com capitais próprios, e por esse motivo mantém-se
equilibrada com uma tesouraria líquida superior a zero.
De notar, também, que embora a situação da empresa se considere favorável,
acontece que existe um grande desfasamento entre os recursos cíclicos e as necessidades
cíclicas, com uma diferença de cerca de 46% entre si. Para que esta situação se possa
regularizar, a empresa deve aumentar o PMP (prazo médio de pagamentos), no sentido de
aumentar um pouco o peso dos recursos cíclicos, ou então, tentar diminuir o PMR (prazo
médio de recebimentos) e assim, conseguir reduzir as necessidades cíclicas, e, se possível
ainda, embora normalmente difícil para empresas comerciais, já que é um fator que
depende muitas das vezes da vontade ou não do cliente em adquirir o produto, diminuir a
duração média de existências, sem, claramente, afetar o normal funcionamento da
empresa.
Como última análise, importa ainda verificar a tesouraria líquida, que neste caso é
superior a zero, já que o fundo de maneio é maior em valor do que as necessidades de
fundo de maneio, o que é claramente positivo para a empresa. Embora esta relação de
verifique, constata-se que o fundo de maneio é superior às necessidades de fundo de
maneio, no entanto, não muito, e por esse motivo a tesouraria líquida é superior a zero,
mas não será superavitária, e, portanto, não existe um financiamento elevado da atividade
pelos fornecedores, o que pode efetivamente melhorar, como já foi referido, a situação
financeira da empresa, se o PMP for negociado para um prazo mais alargado.

Quadro 11 – Aplicações e Origens Financeiras no ano de 2017

Fonte: Elaboração própria

34
Relatório de Análise Económica e Financeira

Gráfico 6 – Aplicações e Origens Financeiras no ano de 2017

2017
100%

90%

80%

70%

60% AF/CP
89,14%
50% 99,10% NC/RC

40% TA/TP

30%

20%

10% 5,63% 0,90%


0% 5,23%
0,00%

Fonte: Elaboração própria

F.M. = 120.203,76 €
N.F.M. = 57.091,38 €

F.M. > 0
N.F.M. > 0
Como F.M. > N.F.M. => T.L. > 0

Relativamente ao ano de 2017, constata-se que a as aplicações e origens financeiras


da empresa sofreram alterações bastante significativas, não só em proporção, mas
também em valor, com os capitais permanentes a diminuírem para cerca de metade do
seu valor face ao período homólogo, tal como um decréscimo de grande significância nos
recursos cíclicos e nas necessidades cíclicas, comparativamente ao período anterior. No
geral, verifica-se uma diminuição, para cerca de metade, do valor geral das aplicações e
das origens financeiras, face ao ano de 2016.
Em termos relativos, verifica-se que as aplicações financeiras são, em grande
medida, compostas pelo Ativo Fixo, chegando praticamente a 90% do seu todo. De igual
modo, ocorre uma abrangência total das origens financeiras por Capitais Permanentes, em
cerca de 99%.

35
Relatório de Análise Económica e Financeira

Esta alteração relativa e absoluta nas rúbricas indica que, de 2016 para 2017, a
empresa sofreu também alterações em fundo de maneio e em necessidades de fundo de
maneio, e de facto essas alterações podem ser verificadas. Repare-se que ocorreram
grandes diminuições nestas duas rúbricas, de tal forma que sugere que tenham existido
grandes alterações no funcionamento da empresa. Embora tenham existido diminuições
nestas rúbricas, a empresa mantém um fundo de maneio superior a zero, tal como as
necessidades de fundo de maneio. O fundo de maneio é aproximadamente o dobro das
necessidades de fundo de maneio, o que não acontecia no ano de 2016 e, por esse motivo,
ocorreu um aumento da rúbrica da tesouraria líquida, o que pode indicar, que a empresa
melhorou a sua capacidade para satisfazer as necessidades e os compromissos de curto
prazo.

Quadro 12 – Aplicações e Origens Financeiras no ano de 2018

Fonte: Elaboração própria

Gráfico 7 – Aplicações e Origens Financeiras no ano de 2018

2018
100%
90%
80%
70%
60% AF/CP
91,28%
50% 99,85% NC/RC

40% TA/TP

30%
20%
10%
3,54% 0,15%
0% 5,18% 0,00%

Fonte: Elaboração própria

36
Relatório de Análise Económica e Financeira

F.M. = 96.693,27 €
N.F.M. = 38.307,45 €

F.M. > 0
N.F.M. > 0
Como F.M. > N.F.M. => T.L. > 0

No que respeita ao ano de 2018, sucede que a situação da empresa não sofre
grandes alterações a nível global das aplicações e origens financeiras, no entanto, é de
salientar que, tal como no ano anterior, também aqui as necessidades cíclicas são, em
grande medida, superiores aos recursos cíclicos, o que traduz que a empresa está a
financiar as necessidades cíclicas com parte dos capitais permanentes. Para corrigir esta
situação e para que a empresa possa socorrer as necessidades cíclicas com o máximo de
recursos cíclicos possíveis, deve tentar negociar o PMP com os fornecedores, com o
objetivo de aumentar o saldo de fornecedores, ou pode ainda socorrer-se de um
empréstimo bancário de curto prazo, para dar resposta imediata a este tipo de encargos.
O fundo de maneio, tal como as necessidades de fundo de maneio, não se alteram
muito em proporção, face ao ano anterior. Por esse motivo, a situação da tesouraria líquida
mantém-se superior a zero, o que continua a indicar uma situação estável a nível da
tesouraria líquida da empresa. Relativamente a esta, veja-se a sua análise mais detalhada
no capítulo dedicado aos rácios, para uma melhor compreensão da sua evolução ao longo
dos três anos em estudo.

4.3. Demonstração de Resultados

4.3.1. Demonstração de Resultados Funcional

Tal como o Balanço Funcional, também a Demonstração de Resultados Funcional


se revela uma ótima ferramenta de análise financeira. Este mapa, resulta de uma
transformação e adaptação da Demonstração de Resultados Contabilística. O novo
modelo, apresenta os resultados de uma forma um pouco distinta da anterior, já que
decompõe as contas da demonstração de resultados original em dois grandes grupos: o
grupo operacional, ou seja, todos os gastos antes e depois de depreciações, gastos de
financiamento e impostos, e o grupo financeiro. Assim sendo, consegue-se uma perspetiva
financeira através de uma nova arrumação das contas. O objetivo desta separação, é

37
Relatório de Análise Económica e Financeira

representar de forma clara os resultados em termos de exploração, extraexploração e


financeiros. Veja-se a demonstração de resultados funcional, construída para a empresa
em questão:
Quadro 13 – Demonstração de Resultados Funcional

Fonte: Elaboração própria

38
Relatório de Análise Económica e Financeira

Importa conhecer, antes de mais, as rúbricas mais importantes da demonstração de


resultados funcional e a sua importância na análise crítica da situação financeira da
empresa. Assim sendo, segue-se a análise rúbrica a rúbrica deste mapa, sendo que para
cada uma das rúbricas mais importantes é feita também uma introdução genérica:
O volume de negócios, traduz a quantia líquida das vendas e das prestações de
serviços que dizem respeito à atividade de uma empresa, bem como os subsídios à
exploração que possam existir. Neste caso concreto, verifica-se incremento significativo do
ano de 2016 para o ano de 2017, para, aproximadamente, mais do dobro do seu valor
inicial. Embora os subsídios à exploração se tenham mantido em valores muito similares
de um ano para o outro, o que sucede é que as vendas e os serviços prestados
aumentaram em muito o seu valor, fazendo com que também o volume de negócios da
empresa aumentasse. No entanto, este incremento do volume de negócios não se verifica
de 2017 para 2018. Pelo contrário, existe uma diminuição do valor da rúbrica em cerca de
25 mil euros, que se deve principalmente a uma diminuição no valor das vendas face ao
ano anterior, pese embora os subsídios à exploração tenham aumentado ligeiramente
neste último ano. Pode dizer-se que a evolução da rúbrica do volume de negócios é, em
grande medida, positiva ao longo dos 3 anos, já que não existiram decréscimos
significativos e que mereçam grande atenção. No entanto, esta perceção só por si não
indica que a empresa esteja saudável financeiramente, pelo que o volume de negócios
deve ser comparado a outras rúbricas da demonstração de resultados funcional, como
forma de permitir uma análise mais crítica e objetiva da situação financeira da empresa.
Outra rúbrica importante, no que diz respeito a outros proveitos que a empresa possa
ter no exercício da sua atividade, são os rendimentos operacionais. Ao analisar esta
rúbrica, verifica-se que existe um crescimento acentuado dos seus valores, de ano para
ano. No ano de 2016, os rendimentos operacionais apresentam um valor bastante positivo,
comparativamente ao volume de negócios, chegando mesmo a apresentar um valor de
quase o dobro daquele, causado principalmente por uma variação significativa dos
inventários de produção. No entanto, de 2016 para 2017 o mesmo não acontece, já que
existe um decréscimo de cerca de 227 mil euros de um ano para o outro na variação dos
inventários de produção. Pese embora exista esta alteração nos valores dos inventários de
produção, os rendimentos operacionais mantêm-se em crescimento, principalmente por
conta de um incremento significativo no volume de negócios, de aproximadamente 210 mil
euros de 2016 para 2017. No último ano, apesar de existir uma diminuição de cerca de 25
mil euros no valor do volume de negócios, mantém-se a tendência crescente da rúbrica de
rendimentos operacionais, causada principalmente por um incremento significativo das
variações dos inventários de produção, em cerca de 74 mil euros.

39
Relatório de Análise Económica e Financeira

É importante, em qualquer empresa, aferir tanto os custos variáveis como os custos


fixos, por forma a adotar uma gestão mais cuidada dos mesmos, privilegiando claramente
os custos variáveis, já que os custos fixos podem prejudicar a empresa, por exemplo, nos
meses em que não existe produção. Por esse motivo e não só, distinguem-se, na
demonstração de resultados funcional, gastos operacionais variáveis e gastos
operacionais fixos. Para a empresa em questão, verifica-se apenas, como gasto
operacional variável, o CMVMC, que tal como se pode verificar, sofreu incrementos ao
longo dos três anos. Estes aumentos de valor nesta rúbrica podem derivar de um aumento
da atividade da empresa, já que também as vendas e os serviços prestados aumentaram
nestes anos. Relativamente aos gastos operacionais de natureza fixa, verifica-se também
um incremento no seu valor, ao longo dos três anos, causada principalmente por um
aumento considerável dos gastos com o pessoal particularmente do ano de 2017 para o
ano de 2018. Repare-se que, este incremento pode de facto significar um aumento da
atividade da empresa, no entanto, se forem comparados os gastos operacionais de
natureza fixa e variável, constata-se que os primeiros superam em grande medida os
segundos, o que pode trazer complicações a nível da gestão corrente da empresa e da
gestão da tesouraria, já que, se existem compromissos, por exemplo, a nível de gastos
com pessoal que sejam mensais, isso implica que, embora a empresa possa não produzir
ou não vender produtos durante determinados meses do ano, tenha de realizar estes
pagamentos.
Distinguidos os gastos operacionais fixos dos variáveis, importa agora analisar outras
duas rúbricas de grande importância neste mapa, nomeadamente a margem de
contribuição e o excedente bruto de exploração. A primeira, consiste na quantia de dinheiro
que resulta da diferença entre os rendimentos operacionais e o valor dos gastos
operacionais variáveis. Com o aumento do CMVMC e com a diminuição dos rendimentos
operacionais, sucede que a margem de contribuição tem uma tendência decrescente, o
que não é nada positivo para a situação financeira da empresa. Deverão ser tomadas
medidas no sentido de minimizar a variação negativa que os inventários de produção
assumiram nos últimos dois anos, como forma de colmatar esta situação. O excedente
bruto de exploração, por sua vez, corresponde à diferença entre os proveitos líquidos da
exploração e os custos diretamente ligados a esta, desconsiderando as amortizações e
provisões. Esta rúbrica apresenta, no primeiro ano, um valor positivo de com alguma
expressão, no entanto, decresce significativamente em 26 mil euros e em 15 mil euros, de
2016 para 2017 e de 2017 para 2018, respetivamente. Estes valores no excedente de
exploração, derivam principalmente dos valores da margem de contribuição.

40
Relatório de Análise Económica e Financeira

Uma vez que não existem valores significativos nos resultados financeiros, e que, por
sua vez, também não levam a uma oscilação dos resultados correntes comparativamente
aos resultados operacionais e sem valores nas rúbricas subsequentes, chega-se ao
resultado líquido do período. Este resultado é muito próximo dos resultados operacionais
e reflete uma tendência decrescente que merece especial atenção.
Importa ainda calcular o autofinanciamento bruto, que corresponde à parcela dos
investimentos que são custeados com os lucros acumulados ao longo do tempo, ou seja,
com capitais próprios provenientes de resultados líquidos obtidos. Neste caso em concreto,
verifica-se que no primeiro ano a empresa financia grande parte da sua atividade dessa
forma, no entanto, nos dois anos seguintes, isso não se verifica já que este indicador
apresenta valores decrescentes. A empresa deve procurar resolver esta situação,
procurando implementar algumas medidas já enunciadas anteriormente e tentar
transformar o máximo de gastos operacionais fixos em variáveis, potencializando assim a
maximização do lucro através da afetação de recursos apenas quando necessários, por
exemplo, a nível de mão de obra.
Outro indicador importante na análise financeira é o cálculo do EBITDA (Earnings
before interest, taxes, depreciation and amortization), em português, lucros antes de juros,
impostos, depreciações e amortizações. Permite determinar a evolução da produtividade
da empresa e da sua eficiência ao longo do tempo. Para a empresa em questão, verifica-
se este indicador, à semelhança dos anteriores, uma situação financeira saudável, no
entanto com uma tendência para valores mais baixos, no que respeita aos rendimentos no
geral.
Por último, estuda-se a empresa quanto ao seu valor acrescentado bruto (VAB), ao
longo do tempo. Este, consiste no resultado final da atividade produtiva, resultante da
diferença entre o valor da produção e o consumo intermédio. Neste caso em concreto,
também o VAB indica que a situação financeira da empresa é saudável. Pode-se tirar essa
conclusão pela comparação deste valor aos gastos da empresa.
Para ilustrar a análise da demonstração de resultados funcional quanto às principais
rúbricas e principais oscilações de valores, elaboraram-se os seguintes gráficos:

41
Relatório de Análise Económica e Financeira

Gráfico 8 – Evolução do Volume de Negócios

€350 000,00

€300 000,00

€250 000,00

€200 000,00

€150 000,00

€100 000,00

€50 000,00

€-
2016 2017 2018

Fonte: Elaboração própria

Gráfico 9 – Variação do Volume de Negócios

180%
157%
160%

140%

120%

100%

80%

60%

40%

20%
-7%
0%
2016/2017 2017/2018
-20%

Fonte: Elaboração própria

42
Relatório de Análise Económica e Financeira

Gráfico 10 – Evolução do Resultado Líquido do Período

€35 000,00

€30 000,00

€25 000,00

€20 000,00

€32 118,18
€15 000,00

€10 000,00

€5 000,00
€7 068,27
€3 894,99
€-
2016 2017 2018

Fonte: Elaboração própria

Gráfico 11 – Evolução do EBITDA

€120 000,00
€108 587,52

€100 000,00

€82 337,61
€80 000,00
€67 765,86

€60 000,00

€40 000,00

€20 000,00

€-
2016 2017 2018

Fonte: Elaboração própria

43
Relatório de Análise Económica e Financeira

Quadro 14 – Estrutura de Gastos da Demonstração de Resultados Funcional

Fonte: Elaboração própria


Gráfico 12 – Estrutura de Gastos da Demonstração de Resultados Funcional

0,00%
Juros e Gastos Similares Suportados 0,00%
0,00%

15,80%
Gastos/Reversões de Depreciações e de Amortizações 19,88%
23,12%

1,55%
Outros Gastos e Perdas Operacionais Fixos 2,86%
2018 0,94%

2017
40,02%
2016 Gastos com o Pessoal Fixos 34,33%
42,32%

14,32%
Fornecimentos e Serviços Externos Fixos 17,43%
17,83%

28,31%
Custo das Mercadorias Vendidas e das Matérias Consumidas 25,49%
15,80%

0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00% 45,00%

Fonte: Elaboração própria


44
Relatório de Análise Económica e Financeira

No âmbito do estudo da demonstração de resultados funcional, importa ainda


analisar as várias rúbricas que a compõem, mas desta vez em termos de estrutura e em
valores relativos.
Relativamente aos gastos que a empresa suporta ao longo dos três anos, importa
conhecer quais são os seus pesos relativos individuais no total de gastos de cada ano.
Para tal, elaborou-se um quadro e um gráfico que tornam mais percetíveis as oscilações e
os pesos de cada rúbrica.
No ano de 2016, a empresa tinha gastos no valor aproximado de 331 mil euros, sendo
que cerca de 42% desses gastos correspondiam a gastos com pessoal de natureza fixa. É
de facto uma percentagem muito elevada e que merece alguma atenção. Seguem-se os
gastos/reversões de depreciações e amortizações com cerca de 23%, e não muito
distantes destes valores relativos, os fornecimentos e serviços fixos (cerca de 18%) e os
custos das mercadorias vendidas e das matérias consumidas (cerca de 16%). Com menor
significância, consideraram-se ainda as rúbricas de outros gastos e perdas operacionais
fixos (cerca de 1%) e os juros e gastos similares suportados (cerca de 0%).
No ano seguinte, ocorre um aumento do valor total dos gastos da demonstração de
resultado funcional, com um incremento de aproximadamente 48 mil euros, e também uma
alteração no peso relativo de cada rúbrica nesse valor. Os gastos com pessoal fixos
diminuem em cerca de 8% face ao ano anterior, no entanto, mantêm-se como sendo os
que apresentam maior peso no total dos gastos da empresa. Seguem-se os custos das
mercadorias vendidas e das matérias consumidas com um incremento de quase 9%
comparativamente ao ano de 2016, o que equivale a um aumento do valor da rúbrica em
cerca de 44 mil euros. Nas restantes rúbricas, não se verificaram grandes oscilações.
Já no último ano, ocorre um aumento do valor total dos gastos, à semelhança do
período anterior, de aproximadamente 26 mil euros. Destaca-se um aumento percentual
nos gastos com pessoal fixos, em cerca de 6%, aproximando-se da percentagem do
primeiro ano. Para além disso, verifica-se agora uma tendência crescente no peso dos
custos das mercadorias vendidas e das matérias consumidas ao longo dos 3 anos , bem
como um decréscimo da rúbrica gastos/reversões de depreciações e amortizações, em
termos percentuais durante o mesmo período. As restantes rúbricas não sofreram grandes
alterações, pelo que não se considera conveniente interpretá-las como sendo
determinantes na situação financeira da empresa.
Para ilustrar a evolução rúbrica a rúbrica dos gastos da demonstração de resultados
funcional, elaboraram-se ainda os seguintes gráficos:

45
Relatório de Análise Económica e Financeira

Gráfico 13 – Evolução do CMVMC

€140 000,00

€120 000,00 €114 469,23

€96 499,50
€100 000,00

€80 000,00

€60 000,00 €52 264,05

€40 000,00

€20 000,00

€-
2016 2017 2018

Fonte: Elaboração própria

Gráfico 14 – Evolução dos Fornecimentos e Serviços Externos

€140 000,00

€120 000,00 €114 469,23

€96 499,50
€100 000,00

€80 000,00

€60 000,00 €52 264,05

€40 000,00

€20 000,00

€-
2016 2017 2018

Fonte: Elaboração própria

Gráfico 15 – Evolução dos Gastos com Pessoal

€180 000,00
€161 820,09
€160 000,00
€139 982,76
€140 000,00 €129 955,80

€120 000,00

€100 000,00

€80 000,00

€60 000,00

€40 000,00
€20 000,00

€-
2016 2017 2018

Fonte: Elaboração própria

46
Relatório de Análise Económica e Financeira

Gráfico 16 – Evolução dos Gastos de Depreciações e Amortizações

€140 000,00

€120 000,00 €114 469,23

€96 499,50
€100 000,00

€80 000,00

€60 000,00 €52 264,05

€40 000,00

€20 000,00

€-
2016 2017 2018

Fonte: Elaboração própria

Quadro 15 – Evolução da Estrutura de Gastos/Volume de Negócios

Fonte: Elaboração própria

Considerou-se ainda a elaboração de um novo quadro, onde se calculou o peso


relativo de cada rúbrica de gastos analisada anteriormente, mas desta vez relativamente
ao valor do volume de negócios para cada ano. Assim, é possível compreender se existem
rúbricas que têm pesos superiores ou inferiores ao volume de negócios e em que
percentagens.
Em 2016, verifica-se que o volume de negócios apresenta um baixo valor se
comparado às diferentes rúbricas de gastos. Como tal, todas elas têm grandes
percentagens neste ano. Destacam-se os gastos com pessoal fixos, que equivalem a
aproximadamente mais 5% do valor do volume de negócios, o que significa que só os
valores provenientes das vendas e dos subsídios à exploração não são suficientes para
satisfazer este gasto. Por outro lado, também os gastos/reversões de depreciações e de
amortizações são elevados, comparativamente ao volume de negócios, com cerca de 57%
do peso destes. No que diz respeito aos custos das mercadorias vendidas e das matérias
consumidas, bem como dos fornecimentos e serviços externos fixos, acontece uma

47
Relatório de Análise Económica e Financeira

situação semelhante. De facto, neste ano a empresa apresentou um grande valor de gastos
comparativamente ao volume de negócios, o que indica que as vendas de produtos,
prestações de serviços e subsídios à exploração, não se revelam suficientes para
conseguir liquidar parte dos gastos, que, para além disso, são na maioria dos casos de
natureza fixa.
Em 2017, por sua vez, sucede que o volume de negócios aumenta para mais do
dobro do ano anterior, e embora a estrutura de gastos da empresa tenha sofrido algumas
variações absolutas, acontece que o peso dessas rúbricas de gastos no total do volume de
negócios do ano é muito menor. A nível dos gastos com pessoal fixos é onde se verifica a
maior alteração, não em valores absolutos, mas percentuais, já que, devido ao aumento
do volume de negócios decresceram em cerca de 67%. Também ocorreu um decréscimo
significativo no peso dos gastos/reversões de depreciações e amortizações no total do
volume de negócios, em aproximadamente 36% e, em menor proporção nos fornecimentos
e serviços externos fixos e no custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas.
Verificou-se apenas um aumento da rúbrica outros gastos e perdas operacionais fixos no
total do volume de negócios, no entanto, com pouca expressão (cerca de 1%). Estas
alterações percentuais, sugerem que a situação da empresa, nesta análise de estrutura
em concreto, melhorou, na medida em que começou a ter uma maior possibilidade de
satisfazer as suas necessidades financeiras com recursos provenientes das vendas e
prestações de serviços, ou dos subsídios à exploração.
No último ano, constata-se uma diminuição do volume de negócios em cerca de 25
mil euros, o que, a juntar a um acréscimo dos gastos nesse ano, tal como se verificou na
estrutura de gastos da demonstração de resultados funcional, abordada no tópico anterior,
causa um novo incremento da relação gasto/volume de negócios. Os maiores incrementos
surgiram nos gastos com pessoal fixos e no custo das mercadorias vendidas e das matérias
consumidas em relação ao volume de negócios, em cerca de 13% e 8%, respetivamente.
As restantes rúbricas mantiveram-se semelhantes ao ano anterior.
Em suma, conclui-se que, ao longo dos três anos, a empresa apresenta uma
estrutura de gastos/volume de negócios pouco saudável no que diz respeito à sua situação
financeira, sendo que grande parte das rúbricas de gastos representam uma boa parte do
volume de negócios e, em nenhum ano o volume de negócios é suficiente para colmatar
todos os gastos. Nesse sentido, e independentemente de a empresa poder liquidar estes
gastos através de outras fontes de rendimento, sucede que somente os valores das
vendas, prestações de serviços e subsídios à exploração não são suficientes para suprir
as necessidades. Se porventura a empresa ficar sem outras fontes de rendimento para

48
Relatório de Análise Económica e Financeira

além das contempladas no volume de negócios, corre o risco de não conseguir responder
aos compromissos atuais.

Quadro 16 – Evolução das várias rúbricas de Gastos Operacionais

Fonte: Elaboração própria

Gráfico 17 – Evolução Absoluta das Rúbricas dos Gastos Operacionais

€165 000,00

€145 000,00

€125 000,00

€105 000,00

€85 000,00

€65 000,00

€45 000,00
CMVMC Gastos com o Pessoal Fornecimentos e Gastos/Reversões de
Serviços Externos Depreciações e de
Amortizações

2016 2017 2017

Fonte: Elaboração própria

Outra análise importante que pode ser feita no contexto da demonstração de


resultados funcional, com vista a esmiuçar e detalhar os gastos como sendo estas rúbricas
importantes numa empresa, procede-se agora ao estudo dos gastos operacionais e à sua
evolução ao longo dos três anos. É importante analisar estes gastos em particular,
especificamente porque são estes os gastos realizados pela empresa com o objetivo de
gerar receita e, por esse motivo, estão diretamente relacionados com a natureza dos
negócios da organização.

49
Relatório de Análise Económica e Financeira

A começar pelo custo CMVMC, é percetível um incremento significativo do seu valor


absoluto ao longo dos vários anos iniciando 2016 com um valor de aproximadamente 52
mil euros, rapidamente sofrem um incremento desse ano para o seguinte de cerca de 44
mil euros, o que é quase o dobro do valor inicial, e que tem tendência crescente do segundo
para o terceiro ano, cujo aumento é de aproximadamente 18 mil euros, que, embora tenha
sido um aumento menor, se comparado ao do período anterior, origina que esta rúbrica se
mantenha como a segunda com maior peso do conjunto dos gastos operacionais, enquanto
no ano de 2016 era a que apresentava menor valor.
Os gastos com pessoal, tal como já se verificou em análises anteriores, tem também
aqui uma tendência crescente de ano para ano e é a componente de gastos fixos mais
elevada desde o primeiro ano em análise. Repare-se que, logo em 2016, a empresa já
apresenta gastos com pessoal de aproximadamente 140 mil euros, o que diz respeito a
quase o dobro das outras rúbricas, se comparadas individualmente. Pese embora esta
rúbrica mantivesse um valor elevado no primeiro ano, ocorreu um decréscimo de cerca de
10 mil euros no transitar do primeiro para o segundo ano. No entanto, este decrescimento
não se revelou de todo uma tendência futura, já que logo no ano seguinte os gastos com
pessoal aumentaram em cerca de 32 mil euros. Por ser a rúbrica que maior peso tem no
total dos gastos operacionais, e por ser de natureza fixa, a empresa deve dedicar aqui
parte da sua atenção, no sentido deste crescimento não se tornar uma tendência futura ao
longo do exercício da sua atividade.
Os fornecimentos e serviços externos são precisamente a rúbrica que apresenta um
menor valor absoluto no conjunto dos gastos aqui abordados, à exceção do primeiro ano.
No ano de 2016, os fornecimentos e serviços externos significam, em valor,
aproximadamente 59 mil euros dos gastos operacionais. Não se trata de um valor muito
elevado no conjunto, no entanto, verifica-se um ligeiro incremento de 2016 para 2017 de
cerca de 7 mil euros. No entanto, este crescimento não se mantém e no último ano a rúbrica
acaba por ficar com um saldo inferior aquele que tinha no ano de 2016.
Por último, os gastos/reversões de depreciações e amortizações, é também uma
rúbrica importante no total dos gastos operacionais. No primeiro ano, apresenta um valor
de aproximadamente 76 mil euros, mantendo-se estável e com um valor semelhante no
segundo ano, no entanto, com um ligeiro decréscimo, de cerca de 11 mil euros para o ano
de 2018. Não é uma rúbrica que apresente oscilações que mereçam uma atenção
reforçada, no entanto, tem o seu peso no conjunto dos gastos operacionais e, por esse
motivo, deve ser considerada num todo.
Outra análise que deve ser feita é a relação entre os rendimentos e os gastos
provenientes do exercício da atividade da empresa. Para ilustrar a discrepância entre os

50
Relatório de Análise Económica e Financeira

gastos operacionais e os rendimentos operacionais da demonstração de resultados


elaborou-se o seguinte gráfico:

Gráfico 18 – Comparação dos rendimentos aos gastos operacionais

€450 000,00

€400 000,00

€350 000,00

€300 000,00

€250 000,00

€200 000,00

€150 000,00

€100 000,00

€50 000,00

€-
2016 2017 2018

Rendimentos Operacionais Gastos Operacionais

Fonte: Elaboração própria

Da atividade exercida por uma empresa resultam, naturalmente, gastos e


rendimentos, que devem ser considerados num todo em que se inserem, e também
isoladamente no que respeita à análise financeira. Se ambos, gastos e rendimentos, estão
completamente relacionados com o negócio da empresa, então refletem muito do que é
também a sua situação financeira.
Verifica-se, para a empresa em estudo, que existe logo no primeiro ano um
desfasamento saudável de aproximadamente 109 mil euros entre os gastos e os
rendimentos operacionais, sendo que estes últimos se revelam bastante superiores, o que
traduz, logo à partida, uma situação favorável no que respeita ao gastos e rendimentos que
a empresa suporta e aufere no exercício da sua atividade. É necessário ainda que exista
a compreensão de que os gastos e rendimentos de uma empresa não são só os gastos e
rendimentos operacionais, no entanto, estes dizem muito sobre a situação financeira da
empresa, já que estão diretamente relacionados com o seu core business.
No ano seguinte ocorre um ligeiro decréscimo da diferença entre rendimentos
operacionais e aos gastos, em cerca de 27 mil euros. A empresa tem agora uma menor
margem de diferença nestes valores, já que no desempenho da sua atividade, os gastos

51
Relatório de Análise Económica e Financeira

daí provenientes, estão a crescer a um ritmo mais elevado (cerca de 19%),


comparativamente aos rendimentos (cerca de 6%).
No último ano, embora os rendimentos operacionais tenham sido incrementados em
aproximadamente 23 mil euros (cerca de 6%), verifica-se também um incremento nos
gastos operacionais, à semelhança do ano anterior, desta vez em cerca de 37 mil euros
(cerca de 12%). A empresa deverá, naturalmente, tentar diminuir os gastos operacionais,
uma vez que o seu crescimento ainda supera, em muito, o crescimento dos rendimentos
operacionais.
Para uma melhor compreensão destas duas grandes rúbricas, elaborou-se o
seguinte quadro:

Quadro 17 – Comparação – Rendimentos e Gastos Operacionais

Fonte: Elaboração própria

4.3.2. Demonstração de Variações de Fundos Circulantes

Quadro 18 – Demonstração de Variações dos Fundos Circulantes

Fonte: Elaboração própria

52
Relatório de Análise Económica e Financeira

O mapa da demonstração de variações de fundos circulantes surge a partir do mapa


de mutação de valores da demonstração de resultados (quadro 7), e tem interesse para a
análise financeira na medida em que permite detetar as rúbricas de investimentos e
também as fontes de financiamento de curto prazo, para o período que se entender. Neste
mapa, temos duas colunas principais que correspondem às variações ativas e variações
passivas, cujo total deve ter igual valor.
Na empresa em estudo, destacam-se como variações ativas as seguintes rúbricas:
o aumento dos meios financeiros líquidos, com um incremento significativo de
aproximadamente 29 mil euros do primeiro para o segundo ano; o aumento dos
diferimentos, com um aumento de cerca de 2 mil euros do primeiro para o segundo ano e
um incremento de aproximadamente 310 euros do segundo para o terceiro ano; e, a
diminuição das contas a pagar de curto prazo, cuja variação teve bastante expressão do
primeiro para o segundo ano, de aproximadamente 62 mil euros, e um incremento de
menor expressão do segundo para o terceiro ano, em cerca de 9 mil euros. Este conjunto
de rúbricas contribuem para a formação das variações ativas e podem ser interpretadas
com sendo a componente positiva desta análise e que contribuem para um aumento dos
fundos circulantes.
Relativamente às variações passivas, destacam-se as seguintes rúbricas: a
diminuição de inventários e ativos biológicos, com um incremento significativo de
aproximadamente 93 mil euros do primeiro para o segundo ano, e também um aumento de
valor, do segundo para o terceiro ano, em cerca de 19 mil euros; a diminuição de contas a
receber de curto prazo, cujo valor incrementa significativamente em cerca de 1,07 milhões
do primeiro para o segundo ano e em cerca de 9 mil euros do segundo para o terceiro ano;
a diminuição dos meios financeiros líquidos, onde existe um incremento do segundo para
o terceiro ano, de aproximadamente 5 mil euros; e, o aumento das contas a pagar de curto
prazo, cujo aumento tem pouca expressão no conjunto dos valores, de aproximadamente
290 euros. Ao conjunto das rúbricas enunciadas anteriormente, denomina-se de variações
passivas, já que contribuem para uma diminuição dos fundos circulantes.
A importância deste mapa está precisamente relacionada com os fundos circulantes
e, nesse sentido, importa referir que o total das variações passivas de aproximadamente
1,162 milhões supera em muito as variações ativas de aproximadamente 93 mil euros de
valor. Da discrepância destes dois valores pode concluir-se que a empresa está perante
um aumento do endividamento de curto prazo, como consequência de uma redução dos
fundos circulantes de cerca de 1,069 milhões. Este facto, verifica-se principalmente pela
grande expressão das variações das contas a receber de curto prazo, que colocam a

53
Relatório de Análise Económica e Financeira

empresa numa situação complicada em termos de tesouraria e do cumprimento dos


compromissos de curto prazo.

54
Relatório de Análise Económica e Financeira

4.3.3. Demonstração da Origem e da Aplicação de Fundos

Quadro 19 – Demonstração da Origem e da Aplicação de Fundos

Fonte: Elaboração própria

55
Relatório de Análise Económica e Financeira

Outra análise que pode ser feita é a da demonstração de origens e aplicações de


fundos, já que tem como base para a sua construção dois mapas elaborados
anteriormente, o mapa de mutação de valores da demonstração de resultados (quadro 7)
e a demonstração de variações dos fundos circulantes (quadro 18). A demonstração de
origens e aplicações de fundos tem interesse já que permite evidenciar as “novas e
efetivas” fontes de financiamento, também denominadas de origens de fundos, e os “novos
e efetivos” investimentos feitos com esses fundos, a que se denominam aplicações de
fundos.
Na análise desta demonstração conclui-se que a empresa em estudo financia
grande parte da sua atividade através de autofinanciamento, ou seja, através de recursos
próprios, provenientes do resultado líquido do período, em cerca de 7 mil euros no segundo
ano e cerca de 4 mil euros no terceiro ano e das depreciações e amortizações, em
aproximadamente 75 mil euros no segundo ano e aproximadamente 64 mil euros no
terceiro ano. Para além disso, a empresa financia-se ainda com aumentos do capital
próprio, mais especificamente em reservas especiais, no terceiro ano, em cerca de 1
milhão de euros.
Posto isto, verificam-se no conjunto das aplicações de fundos da empresa, que
grande parte delas deriva da redução do capital próprio, mais especialmente a nível do
capital realizado, em cerca de 875 mil euros no segundo ano e 1,06 milhões de euros no
terceiro ano. Também, neste âmbito, destaca-se a rúbrica outras reduções por uma
contribuição de cerca de 128 mil euros para o total das aplicações externas a nível da
redução do capital próprio. Destaca-se, ainda, a rúbrica distribuição de resultados pelo seu
valor de aproximadamente 32 mil euros no segundo ano e cerca de 7 mil euros no terceiro
ano. Verifica-se também uma redução das dívidas no que respeita aos movimentos
financeiros a médio/longo prazo , nomeadamente na rúbrica da redução do passivo não
corrente, em aproximadamente 109 mil euros no segundo ano, acompanhada de um
aumento de outros ativos financeiros em cerca de 1,3 milhares de euros no segundo e
terceiro ano. Ainda, no âmbito dos investimentos realizados pela empresa, destacam-se os
ativos fixos tangíveis em 6 mil euros no segundo ano e em 15 mil euros no terceiro ano,
pelo que se pode concluir que a totalidade dos investimentos pode ser financiada
autofinanciamento, ficando ainda uma larga margem nas origens de fundos.
Em suma, conclui-se que a empresa tem muito poucos recursos para financiar
as suas aplicações e, ainda, que muito poucos fundos estão a ser aplicados em
investimento, o que impossibilita a empresa de melhorar o desempenho no exercício da
sua atividade.

56
Relatório de Análise Económica e Financeira

4.3.4. Ponto Morto Económico

Quadro 20 – Apuramento do Ponto Morto Económico

Fonte: Elaboração própria

Gráfico 19 – Evolução do ponto morto económico

€480 000,00

€457 528,77
€460 000,00 €452 543,12

€440 000,00

€420 000,00

€392 033,10
€400 000,00

€380 000,00

€360 000,00
2016 2017 2018

Fonte: Elaboração própria

Um indicador também relevante na análise económica é o ponto morto económico


ou limiar da rentabilidade, e traduz o volume de atividade para o qual a empresa não tem
lucro nem prejuízo, ou seja, o momento em que os gastos operacionais assumem o mesmo
valor dos rendimentos. Assim, apurou-se este indicador para a empresa em estudo e
verificou-se que os valores para os quais a empresa não tem lucro nem prejuízo,

57
Relatório de Análise Económica e Financeira

correspondem a níveis de atividade muito elevados, comparativamente aos valores das


diferentes demonstrações verificadas anteriormente, no entanto, isso sucede porque a
empresa tem uma elevada quantia de encargos com gastos de natureza fixa. O ponto morto
económico da empresa é de cerca de 458 mil euros no primeiro ano, aproximadamente
392 mil euros no segundo e cerca de 453 mil euros no terceiro. Com esta atividade, a
empresa não apresenta lucro e, para que isso aconteça, a empresa deve ter um nível de
atividade acima destes valores.

4.3.5. Margem de Segurança

Quadro 21 – Apuramento da Margem de Segurança

Fonte: Elaboração própria

Outro indicador importante é a margem de segurança, que consiste numa


percentagem que representa o distanciamento do nível de atividade da empresa, ou seja,
o volume de negócios, e o ponto morto económico. No fundo, procura-se saber com este
indicador quanto é que a empresa pode reduzir ou aumentar (em percentagem), o seu
volume de negócios sem, para isso, apresentar prejuízo. Já que, para a empresa em
questão, a margem de segurança é negativa e apresenta um elevado valor no primeiro
ano, esse facto indica que o risco económico neste ano era extremamente alto, já que a
empresa estava a funcionar a níveis muito abaixo do ponto morto económico, no entanto
a situação melhora substancialmente no ano seguinte, mas, ainda assim, abaixo do ponto
morto económico. Já no último ano, verifica-se um maior desfasamento entre o volume de
negócios e o ponto morto económico, já que a empresa está a cerca de 30% de conseguir
atingir o nível de vendas que permita que não existam lucros nem prejuízos. Estes valores
para os três anos indicam, claramente, um risco económico elevado.

58
Relatório de Análise Económica e Financeira

Gráfico 20 – Evolução da margem de segurança

0,00%
-12,26%
-10,00%

-20,00%
-29,64%
-30,00%

-40,00%

-50,00%

-60,00%
-70,80%
-70,00%

-80,00%
2016 2017 2018

Fonte: Elaboração própria

59
Relatório de Análise Económica e Financeira

CAPÍTULO V – RÁCIOS
5.1. Rácios de Liquidez

Quadro 22 – Rácios de Liquidez

Fonte: Elaboração própria

Gráfico 21 – Evolução da Liquidez Geral

70,00
59,86
60,00

50,00

40,00

30,00
17,48
20,00
12,03
10,00

-
2016 2017 2018

Fonte: Elaboração própria

Gráfico 22 – Evolução da Liquidez Reduzida

50,00 46,06
45,00
40,00
35,00
30,00
25,00
20,00 15,61
15,00
8,23
10,00
5,00
-
2016 2017 2018

Fonte: Elaboração própria

60
Relatório de Análise Económica e Financeira

Gráfico 23 – Evolução da Liquidez Imediata

40,00
34,11
35,00

30,00

25,00

20,00

15,00

10,00 5,60
5,00 1,28
-
2016 2017 2018

Fonte: Elaboração própria

Os rácios de liquidez são muito importantes no que respeita à avaliação do equilíbrio


financeiro de curto prazo numa empresa. Através de três diferentes cálculos da liquidez de
uma empresa para um determinado ano, ou conjunto de anos, consegue-se perceber até
que ponto é que esta é autossuficiente no sentido de satisfazer os seus compromissos de
curto prazo. Esses rácios são a “liquidez geral”, a “liquidez reduzida” e a “liquidez imediata”.
Do apuramento destes rácios, resultaram as seguintes conclusões:
➢ A liquidez geral 1, permite determinar qual a capacidade da empresa para fazer face
aos seus compromissos de curto prazo e assume-se, normalmente, valores
aceitáveis entre 1,3 e 1,5. Na empresa em estudo, verifica-se que o os valores
obtidos neste rácio são bastante satisfatórios, se equiparados aos valores para os
quais se aceita a liquidez de uma empresa como sendo favorável. Com valores de
17,48, 12,03 e 59,86 nos anos de 2016, 2017 e 2018, respetivamente. Estes valores
permitem concluir que os ativos correntes são superiores ao passivo corrente, logo,
existe um baixo nível de risco para os credores da empresa, já que a realização dos
ativos correntes em liquidez é suficiente para suprir as dívidas de curto prazo, o que
proporciona à empresa uma certa margem de segurança.
➢ A liquidez reduzida 2, consiste num tipo de liquidez que desconsidera o valor dos
inventários, que são, no conjunto da atividade de uma organização, a rúbrica com
menor grau de liquidez dentro do ciclo de exploração. Para este rácio, consideram-
se valores aceitáveis entre 0,9 e 1,1. Verifica-se, à semelhança da análise anterior,
que a empresa apresenta uma liquidez excelente, mesmo sem entrar em
consideração com os inventários. Com valores muito acima do que é aceitável, de

_________________________
1
Liquidez geral = Ativo Corrente / Passivo Corrente
2
Liquidez reduzida = (Ativo Corrente – Inventários) / Passivo Corrente

61
Relatório de Análise Económica e Financeira

15,61, 8,23 e 46,06 para os três anos em estudo, respetivamente, conclui-se que a
empresa consegue transformar facilmente os seus recursos em meios financeiros
líquidos para dar resposta a necessidades de curto prazo.
➢ A liquidez imediata 3, retrata os valores disponíveis para fazer face às dívidas a
pagar de curto prazo e também nesta análise se verifica uma ótima liquidez na
empresa, já que os valores são bastante positivos e também porque apresentam
uma tendência crescente de ano para ano.
É de notar que, principalmente de 2017 para 2018, a empresa alcançou
aproximadamente cinco vezes mais liquidez, o que significa que a empresa não tem
problemas nenhuns em dar respostas aos compromissos de curto prazo.

5.2. Rácios de Solvabilidade e Autonomia

Quadro 23 – Rácios de Solvabilidade e Autonomia

Fonte: Elaboração própria

Enquanto os rácios de liquidez refletem a capacidade da empresa em dar resposta a


compromissos de curto prazo, os rácios de solvabilidade e autonomia representam a
aptidão da empresa para solver os seus compromissos de médio e longo prazo, bem como
fazer uma análise a nível de independência face a terceiros e medir os efeitos das políticas
de investimentos.
Destacam-se desta análise os seguintes rácios:
➢ A cobertura do ativo não corrente por capital permanente 4, que apresenta um valor
excelente no primeiro ano, com um decréscimo significativo no segundo, no
entanto, a manter valores semelhantes no terceiro ano. Em 2016, verifica-se que o
ativo não corrente estava a ser financiado, em cerca de 204% por capitais
permanentes, enquanto no último ano o valor é relativamente menor, sendo que os
capitais permanentes estão a financiar cerca de 109% do ativo não corrente.
_________________________
3
Liquidez imediata = Meios Financeiros Líquidos / Passivo Corrente
4
Cobertura do ativo não corrente por capital permanente = Capital permanente / Ativo não corrente

62
Relatório de Análise Económica e Financeira

➢ A cobertura do ativo não corrente por capital próprio 5, que acaba por ser bastante
semelhante ao rácio anterior, no entanto, desta vez no que respeita ao capital
próprio. Também neste indicador se verifica um decréscimo bastante acentuado do
primeiro ano, onde o capital próprio financiava aproximadamente 194% do ativo não
corrente, para o segundo ano, onde o capital próprio apresentava uma capacidade
de cerca de 111% para financiar os ativos não correntes.
➢ A variação do capital permanente em relação à variação do ativo não corrente 6, é
outro indicador importante a analisar, já que permite determinar até que momento
é que os aumentos líquidos do ativo não corrente estão a ser financiados com
capitais permanentes. Para a empresa em questão, estima-se que, do ano de 2016
para 2017, os capitais permanentes estão a financiar os aumentos líquidos do ativo
não corrente em cerca de 16 vezes, reduzindo drasticamente este valor no que
respeita ao período do ano de 2017 para 2018.
Para ilustrar os dois primeiros rácios enunciados anteriormente, elaboraram-se os
seguintes gráficos:

Gráfico 24 – Cobertura do ativo não corrente por capital permanente

COBERTURA DO ATIVO NÃO CORRENTE


POR CAPITAL PERMANENTE
250,0%
203,9%
200,0%

150,0%
111,2% 109,4%
100,0%

50,0%

0,0%
2016 2017 2018

Fonte: Elaboração própria

_________________________
5
Cobertura do ativo não corrente por capital próprio = Capital próprio / Ativo não corrente
6
Variação do capital permanente / Variação do ativo não corrente

63
Relatório de Análise Económica e Financeira

Gráfico 25 – Cobertura do ativo não corrente por capital próprio

COBERTURA DO ATIVO NÃO CORRENTE


POR CAPITAL PRÓPRIO
250,0%

194,4%
200,0%

150,0%
111,2% 109,4%
100,0%

50,0%

0,0%
2016 2017 2018

Fonte: Elaboração própria

Ainda no âmbito dos rácios de solvabilidade e autonomia, importa analisar os


seguintes indicadores:

➢ A autonomia financeira 7, possibilita a compreensão da política de financiamento


da empresa e da evolução do risco financeiro da mesma. A autonomia financeira
pode estar diretamente relacionada com a pressão na tesouraria, ou seja, se a uma
empresa tiver uma autonomia financeira alta, significa que não existem,
provavelmente, grandes pressões na tesouraria, no entanto, se aquela se revelar
baixa, existe uma grande probabilidade de a empresa, no desenrolar da sua
atividade, necessitar de recursos disponíveis que não tem. Na empresa em
questão, não existe de todo esse problema, já que a autonomia financeira assume
valores bastante altos, crescentes ao longo dos anos, e a atingir praticamente uma
percentagem de 100% de autonomia no último ano.

_________________________
7
Autonomia financeira = Capital Próprio / Ativo

64
Relatório de Análise Económica e Financeira

Gráfico 26 – Evolução da Autonomia Financeira

AUTONOMIA FINANCEIRA
102,0%
99,9%
100,0% 99,1%

98,0%

96,0%

94,0%
92,5%
92,0%

90,0%

88,0%
2016 2017 2018

Fonte: Elaboração própria

➢ A capacidade de endividamento a médio/longo prazo 8, traduz a capacidade do


capital próprio em financiar as contas de médio e longo prazo. Nesta empresa,
essa capacidade revela-se gigantesca no primeiro ano, já que cerca de 2036% das
contas a pagar a médio longo prazo são financiadas por capital próprio. Verifica-se
que, no segundo e terceiro ano, a empresa já não apresenta valores a pagar neste
prazo, pelo que não existem valores para estes dois anos.
➢ O rácio de endividamento 9, também de grande importância na análise da
solvabilidade e do próprio endividamento da empresa. No primeiro ano a empresa
conta com cerca de 7% de endividamento, o que não se pode considerar de um
endividamento muito elevado, no entanto, essa situação melhora no ano seguinte,
com aproximadamente 1% de envidamento. No último ano, a empresa já
praticamente não apresenta qualquer valor nesta rúbrica, sendo a sua proporção
de cerca de 0,1%.
➢ O debt to equity ratio 10
, ou, rácio de endividamento geral, é muito semelhante ao
rácio anterior, diferindo apenas no facto de considerar o passivo exclusivamente
sobre o capital próprio. Aqui, a situação é bastante idêntica ao do rácio de
endividamento, já que a empresa surge com um valor ligeiramente mais elevado
no primeiro ano, de aproximadamente 8% de endividamento, no entanto perde
qualquer expressão nos dois anos seguintes e não se considera que seja um
aspeto a dedicar especial atenção na situação financeira da empresa.
_________________________
8
Capacidade de endividamento a MLP = Capital Próprio / Contas a pagar MLP
9
Endividamento = Passivo / (Capital Próprio + Passivo)
10
Debt to equity ratio = Passivo / Capital Próprio

65
Relatório de Análise Económica e Financeira

Gráfico 27 – Debt to Equity

DEBT TO EQUITY
9,0%
8,2%
8,0%
7,0%
6,0%
5,0%
4,0%
3,0%
2,0%
0,9%
1,0%
0,1%
0,0%
2016 2017 2018

Fonte: Elaboração própria

5.3. Rácios de gestão (ou atividade)

Quadro 24 – Rácios de Gestão

Fonte: Elaboração própria

Podem ainda ser calculados alguns rácios no sentido de permitir avaliar a atividade
e a gestão de uma organização. Nesse sentido, e tendo em vista que a gestão operacional
de uma empresa é fundamental para o seu bom funcionamento, consideraram-se os
cálculos dos seguintes rácios para a empresa em estudo:
➢ O prazo médio de recebimentos 11
, em dias, permite uma perceção da gestão do
crédito de exploração que está a ser concedido aos clientes, na medida em que é
possível saber através dele, em média, quantos dias demora a empresa a receber
os créditos que concedeu aos clientes. Este indicador é importante porque é um
dos fatores que pode ser negociado, e que deve sê-lo, de maneira a que a empresa
desempenhe a sua atividade com o máximo de liquidez possível e sem problemas
de tesouraria. Para a empresa em questão, infelizmente, só é possível calcular este

_________________________
11
Prazo médio de recebimentos (PMR) = (Crédito concedido / Volume de negócios) x 365

66
Relatório de Análise Económica e Financeira

indicador para o primeiro ano, o que não possibilita a análise ao longo do período
de três anos em comparação com o prazo médio de pagamentos. No entanto,
verifica-se que no ano de 2016 a empresa apresenta um prazo médio de
recebimentos dos clientes de cerca de 8 dias, o que é ótimo, já que o prazo médio
de pagamentos como se verifica no próximo indicador, é de aproximadamente 170
dias. Este grande desfasamento permite à empresa ter “espaço de manobra” para
rentabilizar o dinheiro proveniente dos recebimentos, até ao momento em que terá
de realizar os pagamentos aos fornecedores, sem afetar, claramente, a gestão
corrente da organização.
➢ O prazo médio de pagamentos 12
, em dias, como já foi possível verificar no ponto
anterior, permite reconhecer o crédito de exploração que a empresa obtém dos
seus fornecedores. Quanto mais elevado for este valor, e quanto maior
desfasamento existir entre este e o prazo médio de recebimentos, maior
financiamento a empresa consegue dos fornecedores para a sua atividade. No caso
concreto da empresa em estudo, verifica-se essa situação no primeiro ano, já que
existe uma diferença de aproximadamente 162 dias entre o recebimento de clientes
e o pagamento a fornecedores, o que equivale a cerca de 5 meses. No entanto,
apesar de não existirem valores para o prazo médio de recebimentos nos anos de
2017 e 2018, verifica-se um decréscimo significativo do crédito conseguido pelos
fornecedores, em dias, diminuindo em cerca de 140 dias do primeiro para o
segundo ano e novamente cerca de 28 dias do segundo ano para o terceiro. Neste
último ano, verifica-se que a empresa está a obter crédito dos fornecedores de
apenas 1 dia, ou seja, a empresa tem de prestar contas com os fornecedores, em
média, 1 dia após a aquisição de materiais essenciais à sua atividade. Dessa forma,
não consegue que parte da sua atividade seja financiada, como também incorre em
graves problemas de tesouraria.

_________________________
12
Prazo médio de pagamentos (PMP) = (Fornecedores / Compras) x (1 + IVA) x 365

67
Relatório de Análise Económica e Financeira

5.4. Rácios de Eficiência

Quadro 25 – Rácios de Eficiência

Fonte: Elaboração própria

Outros rácios relevantes na análise económico-financeira, são os rácios de eficiência,


já que permitem aferir até que ponto a empresa é ou não eficiente na sua atividade. Quanto
maiores forem os valores dos rácios, mais eficiente se considera a empresa. Para essa
análise, apuraram-se os seguintes rácios:
➢ A rotação do ativo 13
, que expressa qual a capacidade da empresa para gerar
resultados com os seus ativos, ou seja, até que ponto é que uma organização utiliza
os seus ativos para gerar rentabilidade para o negócio. O ideal seria conhecer as
rotações médias das outras empresas da indústria, no entanto, considera-se que a
empresa em estudo tem uma baixa rotação do ativo, apesar de subir de 0,06 para
0,28, do primeiro para o segundo ano, mas mantém esse valor também no terceiro
ano.
➢ A rotação do ativo não corrente 14
, que permite aferir o grau de utilização do ativo
não corrente. Este indicador, à semelhança do anterior, depende muito da atividade
da empresa, já que empresas com muito capital apresentam, em norma, valores
mais elevados. No entanto, em relação aos valores deste indicador para a empresa
em questão, também nesta não existe uma boa rotação do ativo não corrente, já
que os valores nunca ultrapassam os 0,32.
➢ A rotação do ativo corrente 15
, semelhante ao indicador anterior, no entanto
dedicado à rotação do ativo corrente. Traduz, consoante o seu valor, quão maiores
ou menores são as necessidades de financiamento do ciclo de exploração.

_________________________
13
Rotação do ativo = Volume de negócios / Ativo
14
Rotação do ativo não corrente = Volume de negócios / Ativo não corrente líquido
15
Rotação do ativo corrente = Volume de negócios / Ativo corrente

68
Relatório de Análise Económica e Financeira

Aqui a empresa já apresenta valores mais significativos do que nos dois indicadores
anteriores. No ano de 2016 a rotação ainda era, de facto baixa, no entanto, sofreu
um incremento significativo de aproximadamente 2,5 para o ano seguinte e, ainda
de cerca de 0,6 para o último ano, cujo valor é de 3,24 neste indicador. Sem
conhecer a média das rotações para empresas a atuar na mesma atividade é difícil
tirar conclusões mais elaboradas, no entanto, considera-se que estes valores já têm
alguma expressão em termos de rotação.
➢ A rotação do capital próprio 16, muito semelhante aos outros indicadores, no entanto
direcionada para o capital próprio. Conclui-se que a empresa tem uma baixa
rotação do capital próprio, com valores muito semelhante aos das rotações dos dois
primeiros rácios.
➢ A rotação do capital permanente 17
, de igual forma semelhante, no entanto tendo
em consideração o capital permanente, apresenta valores muito baixos de rotação
e carece, também ele, de melhorias significativas para que se considere um valor
aceitável.
➢ A rotação do passivo 18
, semelhante aos rácios anteriores, mas considerando o
passivo, apresenta valores bastante significativos nos últimos dois anos, de 31,56
e 193,84, respetivamente. Este indicador não só permite a compreensão de que a
empresa está a ter uma boa rotação do passivo, como também de que este valor é
crescente de ano para ano e chega mesmo a ser muito elevado no ano de 2018.

Para ilustrar os indicadores que apresentaram uma maior oscilação de ano para ano e
valores ligeiramente acima da média dos outros rácios, elaboraram-se os seguintes
gráficos: Gráfico 28 – Evolução da Rotação do Ativo Corrente

3,50 3,24

3,00
2,62
2,50

2,00

1,50

1,00

0,50
0,11
0,00
2016 2017 2018

Fonte: Elaboração própria


69
Relatório de Análise Económica e Financeira

Gráfico 29 – Evolução da Rotação do Passivo

250,00

193,84
200,00

150,00

100,00

50,00 31,56

0,74
0,00
2016 2017 2018

Fonte: Elaboração própria

5.5. Rácios de Rentabilidade

Quadro 26 – Rácios de Rentabilidade

Fonte: Elaboração própria

70
Relatório de Análise Económica e Financeira

Gráfico 30 – Evolução da Rentabilidade das Vendas

120%
109%

100%

80%

60%

40% 32%
27% 25%
20%
2% 1%
0%
2016 2017 2018

Rendibilidade operacional das vendas Rendibilidade de exploração

Fonte: Elaboração própria

Ainda no âmbito do cálculo de rácios, importa calcular os denominados rácios de


rentabilidade, cujo objetivo está diretamente relacionado com a avaliação da relação
existente entre os lucros da empresa e o seu património. Para a empresa em questão,
elaboraram-se os seguintes rácios:
➢ Rendibilidade operacional das vendas 19
, ou seja, a relação existente entre os
resultados operacionais e as vendas. No caso concreto da empresa em estudo,
verifica-se que existe uma baixa rendibilidade operacional, com tendência
decrescente ao longo dos anos.
➢ Rendibilidade de exploração 20, onde o mesmo aspeto enunciado anteriormente se
verifica. Apesar de existir uma rentabilidade significativa no primeiro ano, a
tendência deste indicador é decrescente nos dois anos seguintes. No último ano,
apesar de ainda ter alguma expressão (aproximadamente 25%) não se pode
considerar como sendo uma boa rendibilidade para a empresa.
➢ Rendibilidade do capital próprio 21, que consiste num indicador que permite aferir
se a rendibilidade dos capitais próprios compreende níveis aceitáveis, e que, para
esta empresa apresenta valores bastante baixos daquilo que é tido como sendo
uma boa rendibilidade dos capitais próprios. No ano de 2018 chega mesmo a não
apresentar qualquer valor, o que não traduz um bom desempenho da empresa
neste aspeto.

_________________________
19
Rendibilidade operacional das vendas = Resultado operacional / Vendas
20
Rendibilidade de exploração = Resultados correntes / Vendas
21
Rendibilidade do capital próprio = Resultados líquido / Capital próprio

71
Relatório de Análise Económica e Financeira

➢ Rendibilidade do ativo 22, semelhante à rendibilidade operacional das vendas, no


entanto, ao invés destas, em consideração com o ativo líquido. Também aqui os
valores de rendibilidade são bastante baixos, o que não é um bom indicador.

No geral, considera-se que a empresa não tem uma boa performance na rentabilização
dos seus capitais e recursos, pelo que deverá, sem dúvida nenhuma, rever a possibilidade
de melhorar este aspeto para que a sua atividade não seja negativamente afetada.

72
Relatório de Análise Económica e Financeira

CAPÍTULO VI – RISCO

6.1. Indicadores de Risco de Negócio

6.1.1. Grau de Alavanca Operacional

O grau de alavanca operacional (GAO) permite avaliar o impacto que irá produzir
uma alteração nas vendas nos resultados operacionais. No conjunto dos gastos totais,
quanto maior é o peso dos gastos fixos relativamente aos variáveis, maior será a margem
de contribuição. Assim, quanto maior for o valor deste indicador, maior é também o risco
económico da empresa.
Para o apuramento do valor do GAO elaborou-se o seguinte quadro:

Quadro 27 – Grau de Alavanca Operacional

Fonte: Elaboração própria

E também o seguinte gráfico:

Gráfico 31 – Evolução do Grau de Alavanca Operacional

80,00 75,27

70,00

60,00

50,00
40,86
40,00

30,00

20,00
9,67
10,00

-
2016 2017 2018

Fonte: Elaboração própria

73
Relatório de Análise Económica e Financeira

Verifica-se o valor deste indicador é crescente ao longo dos três anos, o que significa
que o risco económico também é crescente. Como consequência, os resultados da
empresa, de ano para ano, serão mais sensíveis às variações, sejam elas positivas ou
negativas, do volume de vendas. A interpretação destes valores pode ser feita da seguinte
forma: no ano de 2016, com um GAO de 9,67, por cada variação de 1% nas vendas ocorre
uma variação de 9.67% nos resultados operacionais da empresa; no ano de 2017, com um
aumento do GAO para 40,86, por cada variação de 1% nas vendas, sucede uma variação
de 40,86% nos resultados operacionais; e, no último ano, com um GAO extremamente alto
de 75,27, por cada variação de 1% nas vendas, a empresa terá um impacto de 75,27% nos
resultados operacionais.

6.1.2. Grau de Alavanca Financeira

O grau de alavanca financeira (GAF) consiste no indicador que avalia o impacto que
uma alteração nos resultados operacionais irá produzir nos resultados líquidos da empresa.
Quanto maior o GAF, maior o risco financeiro. Para o apuramento deste indicador,
elaborou-se o seguinte quadro:

Quadro 28 – Grau de Alavanca Financeira

Fonte: Elaboração própria

Verifica-se que os valores são equilibrados ao longo dos anos, mantendo-se o


GAF=1, pode-se concluir que independentemente do ano, por cada variação de 1% nos
resultados operacionais, originam também uma variação de 1% nos resultados por ação.
Logo, conclui-se que a empresa poderá ter uma estrutura financeira elevada e por esse
motivo não se verifica qualquer risco associado à utilização da dívida.

74
Relatório de Análise Económica e Financeira

Apreciações Finais

Um relatório de análise económica e financeira, constitui-se como um precioso auxílio


às funções do gestor, de entre as quais destacaríamos, nesta vertente, o controlo e a
decisão. A saúde financeira e a prática comercial de uma empresa carecem de análise
financeira e de gestão. Através destes instrumentos é possível conhecer o risco de
qualquer negócio e caraterizar a atividade ao seu nível estrutural. O relatório funcionará
como um semáforo, que sustentado nos vários indicadores apurados, apontará as áreas
preocupantes e orientará o gestor na direção a seguir.
Assim, sustentados na avaliação dos dados efetuada ao longo do trabalho, deixam-
se aqui, de forma resumida, algumas apreciações que nos parecem mais relevantes, sobre
o desempenho desta empresa.
Da informação plasmada no quadro de aplicações e origens financeiras, verifica-se
existir um equilíbrio financeiro no ano de 2016, já que os capitais permanentes superam
em grande medida o ativo fixo, o que proporciona à empresa uma diminuição considerável
do risco, na medida em que esta financia o ativo não corrente com capitais próprios, e por
esse motivo mantém-se equilibrada com uma tesouraria líquida superior a zero;
De notar, também, que embora a situação da empresa se considere favorável,
acontece que existe um grande desfasamento entre os recursos cíclicos e as necessidades
cíclicas, com uma diferença de cerca de 46% entre si. Para que esta situação se possa
regularizar, a empresa deve aumentar o PMP (prazo médio de pagamentos), no sentido de
aumentar um pouco o peso dos recursos cíclicos, ou então, tentar diminuir o PMR (prazo
médio de recebimentos) e assim, conseguir reduzir a necessidades cíclicas, e, se possível
ainda, diminuir a duração média de existências;
No que se refere à tesouraria líquida, verifica-se ser superior a zero, já que o fundo
de maneio é maior em valor do que as necessidades de fundo de maneio, o que é
claramente positivo para a empresa. Embora esta relação de verifique, constata-se que
pese embora a tesouraria líquida seja superior a zero, não será superavitária, e, portanto,
não existe um financiamento elevado da atividade pelos fornecedores, o que pode
efetivamente melhorar, se o PMP for negociado para um prazo mais alargado;
Relativamente ao ano de 2017, constata-se que a as aplicações e origens financeiras
da empresa sofreram alterações bastante significativas, não só em proporção, mas
também em valor, com os capitais permanentes a diminuírem para cerca de metade do
seu valor face ao período homólogo, tal como um decréscimo de grande significância nos
recursos cíclicos e nas necessidades cíclicas, comparativamente ao período anterior.

75
Relatório de Análise Económica e Financeira

Verifica-se uma diminuição, para cerca de metade, do valor geral das aplicações e das
origens financeiras, face ao ano de 2016.
Em termos relativos, verifica-se que as aplicações financeiras são, em grande
medida, compostas pelo Ativo Fixo, chegando praticamente a 90% do seu todo. De igual
modo, ocorre uma abrangência total das origens financeiras por Capitais Permanentes, em
cerca de 99%.
Esta alteração relativa e absoluta nas rúbricas indica que, de 2016 para 2017, a
empresa sofreu também alterações em fundo de maneio e em necessidades de fundo de
maneio, e de facto essas alterações podem ser verificadas. Repare-se que ocorreram
grandes diminuições nestas duas rúbricas, de tal forma que sugere que tenham existido
grandes alterações no funcionamento da empresa. Embora tenham existido diminuições
nestas rúbricas, a empresa mantém um fundo de maneio superior a zero, tal como as
necessidades de fundo de maneio. O fundo de maneio é aproximadamente o dobro das
necessidades de fundo de maneio, o que não acontecia no ano de 2016 e, por esse motivo,
ocorreu um aumento da rúbrica da tesouraria líquida, o que pode indicar, que a empresa
melhorou a sua capacidade para satisfazer as necessidades e os compromissos de curto
prazo.
No que respeita ao ano de 2018, sucede que a situação da empresa não sofre
grandes alterações a nível global das aplicações e origens financeiras, no entanto, é de
salientar que, tal como no ano anterior, também aqui as necessidades cíclicas são, em
grande medida, superiores aos recursos cíclicos, o que traduz que a empresa está a
financiar as necessidades cíclicas com parte dos capitais permanentes. Para corrigir esta
situação e para que a empresa possa socorrer as necessidades cíclicas com o máximo de
recursos cíclicos possíveis, deve tentar negociar o PMP com os fornecedores, com o
objetivo de aumentar o saldo de fornecedores, ou pode ainda socorrer-se de um
empréstimo bancário de curto prazo, para dar resposta imediata a este tipo de encargos.
O fundo de maneio, tal como as necessidades de fundo de maneio, não se altera
muito em proporção, face ao ano anterior. Por esse motivo, a situação da tesouraria líquida
mantém-se superior a zero, o que continua a indicar uma situação estável a nível da
tesouraria líquida da empresa;
Pode dizer-se que a evolução da rúbrica do volume de negócios é, em grande
medida, positiva ao longo dos três anos, já que não existiram decréscimos significativos e
que mereçam grande atenção;
Ao analisar a rúbrica de rendimentos operacionais, verifica-se que existe um
crescimento acentuado dos seus valores, de ano para ano. No ano de 2016, os
rendimentos operacionais apresentam um valor bastante positivo, comparativamente com

76
Relatório de Análise Económica e Financeira

o volume de negócios, chegando mesmo a apresentar um valor de quase o dobro daquele,


causado principalmente por uma variação significativa dos inventários de produção. No
entanto, de 2016 para 2017 o mesmo não acontece, já que existe um decréscimo
acentuado em valor absoluto, de um ano para o outro na variação dos inventários de
produção. Pese embora exista esta alteração nos valores dos inventários de produção, os
rendimentos operacionais mantêm-se em crescimento, principalmente por conta de um
incremento significativo no volume de negócios, de 2016 para 2017. No último ano, apesar
de existir uma diminuição no valor do volume de negócios, mantém-se a tendência
crescente da rúbrica de rendimentos operacionais, causada principalmente por um
incremento significativo das variações dos inventários de produção;
Como gasto operacional variável verifica-se apenas o CMVMC, que sofreu
incrementos ao longo dos três anos. Os aumentos de valor nesta rúbrica podem derivar de
um aumento da atividade da empresa, já que também as vendas e os serviços prestados
aumentaram nestes anos. Relativamente aos gastos operacionais de natureza fixa,
verifica-se também um incremento no seu valor, ao longo dos três anos, causada
principalmente por um aumento considerável dos gastos com o pessoal particularmente do
ano de 2017 para o ano de 2018. Repare-se que, este incremento pode de facto significar
um aumento da atividade da empresa, no entanto, se forem comparados os gastos
operacionais de natureza fixa e variável, constata-se que os primeiros superam em grande
medida os segundos, o que pode trazer complicações a nível da gestão corrente e da
gestão da tesouraria, já que, se existem compromissos, por exemplo, a nível de gastos
com pessoal que sejam mensais, isso implica que, embora a empresa possa não produzir
ou não vender produtos durante determinados meses do ano, terá de realizar estes
pagamentos;
Com o aumento do CMVMC e com a diminuição dos rendimentos operacionais,
sucede que a margem de contribuição tem uma tendência decrescente, o que não é nada
positivo para a situação financeira da empresa. Deverão ser tomadas medidas no sentido
de minimizar a variação negativa que os inventários de produção assumiram nos últimos
dois anos, como forma de colmatar esta situação;
Uma vez que não existem valores significativos nos resultados financeiros, e que, por
sua vez, também não levam a uma oscilação dos resultados correntes comparativamente
com os resultados operacionais e sem valores nas rúbricas subsequentes, chega-se ao
resultado líquido do período. Este resultado é muito próximo dos resultados operacionais
e reflete uma tendência decrescente que merece especial atenção;
No cálculo do indicador EBITDA (Earnings before interest, taxes, depreciation and
amortization), determina-se a evolução da produtividade da empresa e da sua eficiência

77
Relatório de Análise Económica e Financeira

ao longo do tempo. Para a empresa em questão, verifica-se neste indicador, uma situação
financeira saudável, no entanto com uma tendência para valores mais baixos, no que
respeita aos rendimentos no geral;
O valor acrescentado bruto (VAB), da empresa indica que a situação financeira é
saudável. Pode-se tirar essa conclusão pela comparação deste valor com os gastos da
empresa;
No ano de 2016, a empresa tinha gastos de natureza fixa, com pessoal, de cerca de
42% sendo uma percentagem muito elevada e que merece alguma atenção. No ano
seguinte os gastos fixos com pessoal diminuem em cerca de 8% face ao ano anterior, no
entanto, mantêm-se como sendo os que apresentam maior peso no total dos gastos da
empresa;
As alterações percentuais verificadas na análise de estrutura, sugerem que a
situação da empresa melhorou, na medida em que começou a ter uma maior possibilidade
de satisfazer as suas necessidades financeiras com recursos provenientes das vendas e
prestações de serviços, ou dos subsídios à exploração. No entanto, ao longo dos três anos,
a empresa apresenta uma estrutura de gastos/volume de negócios um pouco má no que
diz respeito à sua situação financeira, sendo que grande parte das rúbricas de gastos
representam grande parte do volume de negócios e, em nenhum ano o volume de negócios
é suficiente para colmatar todos os gastos. Nesse sentido, e independentemente de a
empresa poder liquidar estes gastos através de outras fontes de rendimento, sucede que
somente os valores das vendas, prestações de serviços e subsídios à exploração não são
suficientes para suprir as necessidades. Se porventura a empresa ficar sem outras fontes
de rendimento para além das contempladas no volume de negócios, corre o risco de não
conseguir responder aos compromissos que de momento tem.
A empresa deverá, naturalmente, tentar diminuir os gastos operacionais, uma vez
que o seu crescimento ainda supera, em muito, o crescimento dos rendimentos
operacionais. Verifica-se principalmente pela grande expressão das variações das contas
a receber de curto prazo, que colocam a empresa numa situação complicada em termos
de tesouraria e do cumprimento dos compromissos de curto prazo;
A empresa financia grande parte da sua atividade através de autofinanciamento, ou
seja, através de recursos próprios, provenientes do resultado líquido do período e das
depreciações e amortizações. Para além disso, a empresa financia-se ainda com aumentos
do capital próprio, mais especificamente em reservas especiais;
A margem de segurança é negativa e apresenta um elevado valor no primeiro ano.
Esse facto indica que o risco económico neste ano era extremamente alto, já que a
empresa estava a funcionar a níveis muito abaixo do ponto morto económico, no entanto

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Relatório de Análise Económica e Financeira

a situação melhora substancialmente no ano seguinte, mas, ainda assim, abaixo do ponto
morto económico. Já no último ano, verifica-se um maior desfasamento entre o volume de
negócios e o ponto morto económico, pois a empresa está a cerca de 30% de conseguir
atingir o nível de vendas que permita que não existam lucros nem prejuízos. Estes valores
para os três anos indicam, claramente, um risco económico elevado;
Verifica-se que a empresa apresenta uma liquidez excelente, mesmo sem entrar em
consideração com os inventários. Com valores muito acima do que é aceitável para os três
anos em estudo, conclui-se que a empresa consegue transformar facilmente os seus
recursos em meios financeiros líquidos, para dar resposta a necessidades de curto prazo;
A empresa em questão, tem uma autonomia financeira que assume valores bastante altos,
crescentes ao longo dos anos, e a atingir praticamente uma percentagem de 100% de
autonomia no último ano;
No geral os rácios de rotação são baixos, exceto a rotação do passivo, necessitando
de melhorias. Poderá considera-se que a empresa não tem uma boa performance na
rentabilização dos seus capitais e recursos, pelo que deverá, sem dúvida nenhuma, rever
a possibilidade de melhorar este aspeto para que a sua atividade não seja negativamente
afetada;
Por último refira-se que se verifica que o valor do indicador grau de alavanca
operacional é crescente ao longo dos três anos, o que significa que o risco económico
também é crescente. Como consequência, os resultados da empresa, de ano para ano,
serão mais sensíveis às variações, sejam elas positivas ou negativas, do volume de
vendas. Já no grau de alavanca financeira, verifica-se que os valores são equilibrados ao
longo dos anos, mantendo-se o GAF=1. Pode-se assim concluir que, independentemente
do ano, por cada variação de 1% nos resultados operacionais, originam também uma
variação de 1% nos resultados por ação. Logo, conclui-se que a empresa poderá ter uma
estrutura financeira elevada e por esse motivo não se verifica qualquer risco associado à
utilização da dívida.

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Conclusão

Assimilar conceitos novos é sempre uma tarefa gratificante. Pegar nesses conceitos
e transformá-los em algo palpável, com princípio, meio e fim é um processo desafiante,
complexo e, por vezes, de extrema exigência. Mas ver nascer um projeto, alimentá-lo e
fazê-lo crescer, sabendo que esse esforço será uma mais-valia futura, é algo que se
entende como compensador. Foi o caso deste trabalho, ou pelo menos assim foi assimilado
pelos elementos do grupo, que ao mesmo tanto se dedicaram.
À medida que o mesmo foi progredindo, e por vezes regredindo para tornar a
avançar, auxiliou-nos muito no entendimento e compreensão dos diversos tópicos
lecionados na disciplina de análise e planeamento, já que a elaboração de um trabalho
académico de carácter prático como este, obriga a um estudo ativo dos tópicos abordados
em sala de aula.
Não foi fácil a adaptação à nova realidade derivada da pandemia. Aulas à distância,
novas tecnologias e condicionantes que tiveram que se conjugar com as obrigações
profissionais dos discentes que, pelo menos no nosso caso, nunca se suspenderam e
antes se tornaram mais exigentes. Mas, a maior exigência, maior compensação no alcance
dos objetivos. E os nossos estão bem definidos, custe o que custar, vamos terminar com
o maior êxito possível a meta a que nos propusemos.
Também para este desiderato contámos com a disponibilidade do docente, que
também ele, apanhado nesta amálgama de novidades e ajustamentos, sempre se
disponibilizou para apoiar no que fosse necessário. Os nossos agradecimentos.

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Bibliografia

Carvalho das Neves, João. (2012). Análise e Relato Financeiro - Uma visão integrada de
gestão. Alfragide: Texto Editora.
Monteiro, Carlos. & Almeida, Fernando. (2013). Análise de Balanços e Estudos de
Indicadores Económicos com Base nos Modelos SNC. Ordem dos Técnicos Oficiais de
Contas.
Apontamentos fornecidos pelo docente, relativos à UC de Análise e Planeamento
Financeiro.

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Anexos

Anexo 1 – Demonstração de Resultados por Naturezas de 2016

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Anexo 2 – Demonstração de Resultados por Naturezas de 2017

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Anexo 3 – Demonstração de Resultados por Naturezas de 2018

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Anexo 4 – Balanço Contabilístico de 2016

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Anexo 5 – Balanço Contabilístico de 2017

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Anexo 6 – Balanço Contabilístico de 2018

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