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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E DAS ORGANIZAÇÕES

Fiscalidade
1ª Frequência – Ano letivo 2022/23 – 2º Ano – Licenciatura em Gestão – Ramo de Gestão de
Empresas
Data: 17/11/2022 – Duração: 2h00m – Docente: Ana Clara Borrego

Correçao

Elementos de Consulta: Código do IVA e RITI + Interpretações administrativas


NOTAS:
1 - Todas as respostas devem ser efetuadas na folha de teste, à exceção do Grupo II.
2 - As respostas escritas a lápis não serão consideradas na correção.
3 - Caso surja algum problema de interpretação do enunciado, deverá indicar, junto à
resolução da questão, quais os pressupostos que o levaram a responder dessa forma. Só se o
pressuposto fizer sentido, é que o mesmo será tido em conta aquando da correção. Em casos
dúbios deverá indicar qual a solução para cada uma das alternativas, só assim poderá ser
considerado correto.
No Grupo I, em qualquer resposta indique sempre a legislação que considerou, só assim a
resposta será considerada correta.
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Nome:_________________________________________________ Nº ________ Turno___

GRUPO I (14,50 Valores)


NOTAS INICIAIS AO GRUPO I:
1 – Todas as perguntas são referentes à empresa “XPTO”, pelo que os enquadramentos devem
ser feitos só, exclusivamente posicionando-se no papel da XPTO;
2 – Quando nada se diz em contrário todos os intervenientes são empresas nos seus países de
origem e encontram-se só registadas nesse país para efeitos tributários.
3 – Quando nada se diz em contrário os intervenientes são empresas portuguesas.
4 – Taxas de IVA é à taxa normal (23%)
5 – O Iva só é incluído nas operações assinaladas com *, nos restantes casos, os valores que
vos são facultados são valores sem IVA
6 – Antes de começar leio no fim do grupo I o que se pretende com este grupo.

A empresa “XPTO”, com sede em Portugal continental, dedica-se à venda de máquinas


industriais e equipamentos de frio industrial, assim como, à sua reparação. A empresa está no

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regime normal do IVA, em periodicidade mensal. Sabe-se que trazia um reporte de IVA de
1.160,00€ de Outubro de N. Durante o mês de Novembro, do mesmo ano, a XPTO realizou as
seguintes operações: - os 1.160 euros de crédito do mês anterior irão ser reportados para o
mês de novembro como IVA a favor da empresa (artº 22º nº 4 do CIVA)

1 – Um fornecedor nacional concedeu à XPTO (suportado por uma nota de crédito) um


desconto financeiro. (A XPTO havia feito uma compra a esse fornecedor em outubro) - Valor
do desconto: 60,00€.
Desconto concedido por um fornecedor é uma operação contrária a uma compra,
consequentemente o desconto vai dar origem a uma regularização a favor do Estado (artº 78º
do CIVA)

NOTA ADICIONAL: Caso se tratasse de um desconto concedido a um cliente, ou de uma


devolução feita por um cliente a regularização seria a favor da empresa (desde que houvesse
documento assinado pelo cliente a tomar conhecimento da nota de crédito).

2 – Oferta, a um sócio da empresa XPTO, de uma máquina de sumos, no valor de 55,00€.


Por se tratar de uma oferta (tanto faz que seja a um sócio como a um cliente) há IVA para
liquidar (IVA a favor do Estado), nos termos do artº 3 nº 3 f) do CIVA, desde que o valor da
oferta seja maior do que 50 euros.
Neste caso o valor era maior do que os 50 euros, logo havia que liquidar IVA (a favor do
Estado) no valor de 50 x 23% = 11,50 euros

NOTA ADICIONAL: caso a oferta fosse até ao limite de 50 euros não haveria liquidação de
IVA – artº 3º nº 7 do CIVA.

3 – A XPTO vendeu a um cliente nacional uma camara frigorifica com a instalação. O bem
acrescido da montagem consistiu no seguinte:
• Câmara frigorifica: 600.000,00€.
• Mão de obra (serviço de instalação): 300,00€.
• Transporte da camara frigorifica e dos materiais para a montagem: 250,00€.
• Desconto comercial: 500,00€.
• Juros de uma letra comercial a cobrar ao cliente: 15,00€.
Como se trata de uma venda (se fosse um serviço prestado era igual), o IVA que estava em
causa era IVA liquidado (ou seja, a favor do Estado).
Para sabermos qual o valor do IVA liquidado era necessário fazer o cálculo do valor tributável,
de acordo com o artº 16º nº 5 e nº 6 do CIVA.
Valor tributável: 600.000 + 300+250 – 500 = 600.050 euros
IVA liquidado (a favor do Estado): 138.011,50 euros

NOTA ADICIONAL: Caso se tratasse de uma compra feita pela empresa, o IVA que estaria a ser
calculado era o IVA suportado e era necessário analisar se o mesmo era dedutível.

4 – Venda a uma empresa situada na Bélgica, de um balcão frigorifico, no valor de


5.000,00€.
É uma transação de bens (em que a XPTO é a empresa vendedora), consequentemente
aplica-se o princípio da tributação no local de destino, logo a tributação não é em Portugal. A
XPTO vai realizar uma venda isenta nos termos do artº 14º do RITI (a XPTO emite fatura sem
IVA).

NOTAS ADICIONAIS:

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- Uma vez que a Bélgica é um país da comunidade europeia e se trata de uma venda de
bens aplicam-se as regras (e os artigos) do RITI.
- Caso se tratasse de uma venda para um país terceiro (fora da comunidade europeia a
resposta seria igual, exceto o facto de a venda ser isenta nos termos do artº 14º do CIVA.

5 – Aquisição de combustíveis para viaturas e outros bens da empresa XPTO:


• Biocombustível, no valor de 2.000,00*€, para uso nas viaturas pesadas da
empresa (comerciais com peso bruto superior a 3.500Kg) (A)
• GPL, no valor de 150,00*€, para uso num gerador. (B)
(A) – IVA dedutível (a favor da empresa) a 100% - artº 19º, 20º e 21º nº 1 b) V) do CIVA
Cálculo do valor sem IVA: 2.000 /1.23 = 1.626,02 ➔ IVA suportado e dedutível = 373,98
euros

(B) – IVA dedutível (a favor da empresa) a 100% - artº 19º, 20º e 21º nº 1 b) III) do CIVA
Cálculo do valor sem IVA: 150 /1.23 = 121,95 ➔ IVA suportado e dedutível = 28,05 euros

NOTA ADICIONAL: Caso o tipo de bem consumidor do combustível não estivesse previsto
em nenhuma das subalíneas (I a V) do artº 21º nº 1 b) do CIVA, no caso de ser gasolina
não era dedutível e no caso de ser outro tipo de combustível a dedução seria só de 50%
do IVA suportado.

6 – Adquiriu a um hotel em Badajoz (Espanha), o serviço de alojamento para o pessoal da


XPTO que se encontrava a fazer serviços em clientes em Espanha: 180,00€.
Aquisição internacional de um serviço (B2B).
Verifica-se que há uma exceção aplicável, assim, com base no artº 6º nº 7 a) do CIVA, o
IVA é tributável em Espanha, o que implica que:
- A empresa espanhola emite uma fatura com IVA em vigor em Espanha
- A empresa XPTO suporta o IVA e não pode deduzir por duas razões:
1 – O IVA foi liquidado em outro país;
2 – O CIVA impede a dedução de IVA suportado com despesas de hotéis, restaurantes,
alimentação e bebidas e afins – artº 21º nº 1 d) do CIVA

NOTA ADICIONAL: Apesar de Espanha ser um país da comunidade europeia, como se trata
de um serviço NÃO se aplicam as regras (nem artigos) do RITI. Os artigos do RIT só se aplicam
a transações de bens dentro da comunidade europeia.

7– Pagou os vencimentos aos funcionários da XPTO, no valor de 12.750,00€.


Esta operação está fora da incidência do IVA, por não ser uma transmissão de bens nem
prestação de serviços.

NOTA ADICIONAL: Não tem impacto em IVA, mas é errado referir-se a ela como isenta.

8 – Uma empresa nacional, cuja atividade é carpintaria, forneceu e montou, portas


interiores em madeira para as instalações da XPTO. As portas com a instalação custaram
3.500,00€.

Esta operação interna, por ser de construção civil e cumprir os requisitos definidos no
ofício circulado 30.101, nomeadamente, enquadrando-se no Anexo I daquele oficio circulado,
é uma operação sujeita a inversão de sujeito passivo interna, pelo que a liquidação do IVA, em
vez de ser feita pelo fornecedor, é feita por quem adquiriu, neste caso a XPTO.
Assim, a XPTO:
- Liquida o IVA (a favor do Estado): 3.500 x 23 % = 805 euros – artº 2º nº 1 j) do CIVA

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- Deduz o IVA autoliquidado (a favor da empresa): 3.500 x 23 % = 805 euros – artº 19º e
20º do CIVA

9– Compra de uma máquina de engarrafamento de azeite, a uma empresa devidamente


registada para efeitos tributários no Luxemburgo - Valor da máquina 10.000,00 €.
É uma transação de bens (em que a XPTO é a empresa compradora), consequentemente
aplica-se o princípio da tributação no local de destino, logo a tributação é em Portugal.
Assim, a XPTO:
- Liquida o IVA (a favor do Estado): 10.000 x 23 % = 2.300 euros – artº 18º e 23º do RITI
- Deduz o IVA autoliquidado (a favor da empresa): 10.000 x 23 % = 2.300 euros – artº 19º
e 20º do RITI

NOTA ADICIONAL: Uma vez que o Luxemburgo é um país da comunidade europeia e se


trata de uma compra de bens aplicam-se as regras (e artigos) do RITI.

10 – Adquiriu o serviço de publicidade a uma agência publicitária com sede em Valência


de Alcântara (Espanha) – Valor do serviço 1.700,00€.
Aquisição internacional de um serviço (B2B).
Verifica-se que NÃO há uma exceção aplicável, assim, aplica-se a REGRA GERAL, pelo que,
com base no artº 6º nº 6 a) do CIVA, o IVA é tributável em Portugal, por ser o país da sede do
adquirente.
- A empresa espanhola emite uma fatura sem IVA (inverte sujeito passivo para a empresa
portuguesa)
- A empresa XPTO, porque lhe foi invertido sujeito passivo, simultaneamente:
1 – Liquida o IVA (a favor do Estado) através da sua DP: 1700 x 23% = 391 euros – artº
2º nº 1 e) CIVA
2 –Deduz o IVA autoliquidado (a favor da empresa) através da sua DP: 1700 x 23% =
391 euros – artº 19º e 20º do CIVA

NOTA ADICIONAL: Apesar de Espanha ser um país da comunidade europeia, como se trata
de um serviço NÃO se aplicam as regras (nem artigos) do RITI.

11 – Recebimento de um adiantamento de uma empresa Portuguesa sua cliente, à qual


irá vender uma máquina em Abril de N+1 – Valor recebido em novembro como adiantamento:
4.500,00€*.
De acordo com o artº 8º do CIVA o recebimento de adiantamentos de clientes nacionais
implica a liquidação de IVA (IVA a favor do Estado).
Cálculo do valor sem IVA: 4.500/1,23 = 3.658,54 euros ➔ IVA liquidado: 841,46 euros

12 – Pagou a renda do armazém a partir do qual exerce a sua atividade. Valor mensal da
renda 900,00€.
Esta operação é isenta nos termos do artigo 9º do CIVA, pelo que o senhorio não liquidou
IVA, assim, no âmbito da XPTO não há qualquer repercussão em IVA.

Pretende-se que realize, em cada operação o enquadramento da operação em termos de IVA


(sempre na perspetiva da empresa XPTO), nomeadamente:

- Justifique cada operação com base na legislação.

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- Em cada operação deve indicar explicitamente se o IVA, para a XPTO, é a deduzir ou se o IVA
é a liquidar, ou ambos (liquidar + deduzir), ou nenhum dos casos, indicando, também,
explicitamente se o IVA é a favor do Estado ou da empresa em cada operação. Havendo
regularizações, deve indicar explicitamente a favor de quem são as regularizações (Estado ou
Sujeito Passivo).
- Explique, ainda, o que fazer com o reporte de IVA do período anterior.

GRUPO II – 5,5 valores (1,5 Valores cada resposta certa, exceto a 1.4 que vale 1 valor)

Indique a alínea correspondente à melhor resposta a cada questão (neste grupo não é
necessário indicar a legislação de suporte).

1.1 – Prestigiado cantor, residente em Madrid (Espanha), sujeito passivo de IVA registado só
em Espanha, foi convidado para cantar numa festa em Portugal, organizada por uma empresa
portuguesa. A tributação sobre o consumo desta operação ocorre em que país?
a) Em Portugal, por ser a residência do adquirente.
b) Em Espanha, por ser a sede do prestador.
c) Em Portugal, por ser o local de realização do evento.
d) Seria em Portugal, se não gozasse de uma isenção.

NOTA ADICIONAL: Não há nenhuma exceção, aplica-se a regra geral – sede do adquirente.

1.2 – Uma sociedade com sede em Badajoz (Espanha) contratou uma empresa portuguesa de
transportes para transportar bens a partir de Madrid, com destino a Portugal. Pretende-se
que identifique onde é tributada a operação de serviço de transporte para efeitos de
liquidação de IVA.

a) Tributado em Espanha, por ser o local de partida do transporte.


b) Tributado em Espanha, por ser a sede do adquirente.
c) Transporte em Portugal, por ser a sede do prestador do serviço.
d) Tributado em Portugal, de acordo com o princípio da tributação no local de destino.

NOTA ADICIONAL: Não há nenhuma exceção, aplica-se a regra geral – sede do adquirente.

1.3 – A sociedade Agrícola Monte dos Castanheiros, Lda, com sede em Coruche, sujeito
passivo do regime normal com periodicidade mensal em Portugal e com a sua situação
regularizada para efeitos de IVA, importou uma máquina ceifeira a um fornecedor dos EUA,

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tendo sido a máquina desalfandegada no Porto de Leixões em Portugal. Sabemos que o valor
da máquina foram 200.000 euros, sobre as quais foram pagas taxas alfandegárias no valor de
15.000 euros.
Sabendo que esta operação é sujeita a IVA à taxa de 13%, escolha abaixo qual a situação mais
vantajosa para a empresa “Sociedade Agrícola Monte dos Castanheiros”, bem como, qual o
valor do IVA que está em causa:
a) Pagar o IVA na Alfandega, em conjunto com as taxas alfandegárias, sendo o IVA a
pagar no valor de: 27.950 euros.
b) Pagar o IVA na Alfandega, em conjunto com as taxas alfandegárias, sendo o IVA a
pagar no valor de: 26.000 euros.
c) Liquidar o IVA na DP (declaração periódica) de IVA, sendo o IVA a liquidar na DP no
valor de: 27.950 euros.
d) Liquidar o IVA na DP (declaração periódica) de IVA, sendo o IVA a liquidar na DP no
valor de: 26.000 euros.

NOTAS ADICIONAIS: Caso a periodicidade do IVA fosse trimestral não poderia fazer
esta opção (Artº 27, nº 8 CIVA); O IVA incide sobre o valor do bem + taxas alfandegárias (Artº
17º CIVA).

1.4 – A Marta é estudante universitária numa universidade pública e foi ao site do seu banco
na internet pagar as propinas do mês de outubro. Como se atrasou a pagar as propinas, pagou
mais 5 euros desse atraso. Indique o que pagou a Marta no ato do pagamento dos 5 euros
adicionais:

a) Um imposto
b) Uma taxa
c) Uma penalidade
d) Um subsídio

BOM TRABALHO ! ! !
Ana Clara Borrego

Os 27 Estados-membros da UE são: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária,

Chipre, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia,

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Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia,

Luxemburgo, Malta, Polônia, Portugal, República Tcheca, Romênia, Suécia.

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