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UNIVERSIDADE LUEJI A’NKONDE

◊Lunda Norte◊Lunda Sul◊


FACULDADE DE ECONOMIA DO DUNDO
CURSO DE ECONOMIA

=====================================================

TEMA: IMPACTO DO INVESTIMENTO DIRECTO


ESTRANGEIRO SOBRE O CRESCIMENTO ECONÓMICO
DE ANGOLA NO PERÍODO COMPREENDIDO ENTRE 2004
E 2020.

Autores:
António De Sousa Amândio
Sérgio Manuel Lucas

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DUNDO, 2021
UNIVERSIDADE LUEJI A’NKONDE
◊Lunda Norte◊Lunda Sul◊
FACULDADE DE ECONOMIA DO DUNDO
CURSO DE ECONOMIA

=====================================================

TEMA: IMPACTO DO INVESTIMENTO DIRECTO ESTRANGEIRO


SOBRE O CRESCIMENTO ECONÓMICO DE ANGOLA NO
PERÍODO COMPREENDIDO ENTRE 2004 E 2020.

Monografia apresentada à Faculdade de Economia do Dundo da


Universidade Lueji A´nkonde, como parte de requisito para a obtenção do
Título de Licenciado em Economia.

Autores:
António De Sousa Amândio
Sérgio Manuel Lucas

Orientador: Dr. Adriano João Neto

Monografia Nº _______

=====================================================

DUNDO, 2021
ÍNDICE GERAL

ÍNDICE GERAL ………………………………………………………….I


LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................... III

ÍNDICE DE QUADROS............................................................................. IV

ÍNDICE DE TABELAS ............................................................................... V

EPÍGRAFE .................................................................................................. VI

DEDICATÓRIA........................................................................................ VII

AGRADECIMENTOS ............................................................................. VIII

RESUMO .................................................................................................... IX

INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1

CAPÍTULO 1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA. ...................................... 7

1.1.Conceitos do Investimento Directo Estrangeiro ................................. 7


1.2.Tipos de Investimento Directo Estrangeiro ........................................ 8
1.3.Determinantes do Investimento Directo Estrangeiro ........................ 10
1.4.Teorias explicativas do Investimento Directo Estrangeiro ............... 12
1.4.1. Teoria da vantagem monopolista ............................................ 12
1.4.2. Teoria do comportamento oligopolístico ................................ 13
1.4.3. Teoria dos custos de transação................................................ 14
1.4.4. Teoria das vantagens de localização ....................................... 14
1.4.5. Teoria do ciclo de vida do produto ......................................... 15
1.5.Definição de crescimento económico ............................................... 15
1.6.Factores do crescimento económico ................................................. 16
1.7.Indicador de medição do crescimento económico ............................ 18
1.8.Modelos de crescimento económico ................................................. 20
1.8.1. Modelo de Harrod (1939) e Domar (1946) ........................... 20
1.9.Impacto do Investimento Direto Estrangeiro na economia .............. 22
1.10. Mecanismos de transmissão do Investimento Direto Estrangeiro 23

I
para um crescimento económico ............................................................. 23
1.11. Efeito do Investimento Directo Estrangeiro ................................. 24
CAPÍTULO 2. METODOLOGIA ............................................................. 27

2.1.Variáveis, fontes dos dados e tipos de abordagens. .......................... 27


2.2.Procedimentos metodológicos .......................................................... 28
2.2.1 Método estatístico .................................................................... 28
2.2.2 Modelo de regressão ............................................................... 29
2.2.2.1. Modelo regressão linear simples ....................................... 31
2.2.2.3. Estimação dos parâmetros da equação de regressão:
Métodos dos minimos quadrado ....................................................... 34
2.2.2.4. Técnicas de diagnóstico do modelo de regressão .............. 40
2.2.2.4.1. Coeficiente de determinação ........................................... 40
2.2.2.4.2. Teste t de Student para a significância dos parâmetros .. 41
2.2.2.4.3. Teste de heterocedasticidade de Breusch-Pagan ............ 42
2.2.2.4.4. Teste de normalidade de Jarque-Bera ............................. 43
2.2.2.4.5. Teste de autocorrelação de Breusch-Godfrey ................. 44
2.2.2.4.6. Teste de especificação de Ramsey .................................. 45
CAPÍTULO 3. ANÁLISE DE DADOS, APRESENTAÇÃO E
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS. ............................................... 47

3.1.Análise estatísticá sobre o IDE e o PIB ............................................ 47


3.2.Análise de correlação entre o IDE e o PIB ....................................... 48
3.3.Estimação do modelo de regressão linear simples ............................ 48
3.3.1. Diagnóstico da estimação do modelo de regressão linear
simples............................................................................................... 49
CONCLUSÕES ........................................................................................... 51

RECOMENDAÇÕES ................................................................................. 52

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 53

ANEXO ....................................................................................................... 58

II
LISTA DE ABREVIATURAS

BM: Banco Mundial

CH: Capital Humano

EMNs: Empresas Multinacionais

FMI: Fundo Monetário Internacional

IDE: Investimento Direto Estrangeiro

IDH: Índice de Desenvolvimento Humano

IPC: Índice de Preços ao Consumidor

LM: Multiplicador de Lagrange

MMQ: Método dos Mínimos Quadrados

NX: Exportações Líquidas

OCDE: Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico

OLI: Ownership, Location and Internalisation

PIB: Produto Interno Bruto

PIL: Produto Interno Líquido

PNB: Produto Nacional Bruto

PNL: Produto Nacional Líquido

RN: Renda Nacional

RLE: Renda Líquida ao Exterior

UNCTAD: Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e

Desenvolvimento.

III
ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1– IDE - Transferência de novas tecnologias e know-how………24


Quadro 2 – IDE - Incremento do Capital Humano e Potencial ao Nível dos
Recursos Humanos………………………………………………………. 25
Quadro 3– IDE - Integração do país receptor na economia global………....25
Quadro 4– IDE - Incremento da concorrência no país receptor…………..26

IV
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 2.1: Interpretação do coeficiente de correlação de Pearson. ............... 31

A Tabela 3.1. Estatísticas descritivas, usando as observações sobre as


variáveis IDE e PIB do período 1998-2014. ............................................................ 47

Tabela 3.2 Correlação entre as variáveis IDE e PIB durante o período 1998-
2014……………………………………………………………………………………………48

Tabela 3.3. Modelo de regressão linear simples ..................................................... 48

V
EPÍGRAFE

“Ama-se mais o que se conquista com esforço”.

Benjami Disraeli (2017).

VI
DEDICATÓRIA

Dedicamos este trabalho especialmente aos nossos familiares


pelo suporte incondicional e emocional que sempre concederam-nos durante
todo o percurso académico.

VII
AGRADECIMENTOS

O presente trabalho constitui a conclusão de uma das etapas


muito importante e bastante significativa da nossa vida, para tal começamos
em primeira instância a agradecer a Deus pelo dom de vida.

Ao nosso orientador, Dr. Adriano João Neto pela sua total


disponibilidade, para esclarecer as nossas dúvidas. O seu rigor proporcionou-
nos um crescimento não só ao nível profissional, mas também ao nível
pessoal. Ser professor significa isto, deixar sinal positivo na vida das pessoas.

De igual modo, agradecemos ao Professor Doutor Kiombo Jean


Marie, Digníssimo Decano da Faculdade de Economia do Dundo e seu todo
corpo docente, por terem disponibilizado seus conhecimentos científicos que
serviu de esteio para o alcance deste objetivo.

Finalmente, aos nossos familiares, amigos e colegas pelo apoio


incondicional, dedicação e carinho que constantemente concederam-nos
durante o percurso académico, pois o mesmo serviu-nos de motivação para
o alcance e concretização deste precioso título.

VIII
RESUMO

A investigação sobre o impacto do Investimento Directo


Estrangeiro no crescimento económico é extremamente relevante, pois se
assume como um factor de crescimento da economia de um país. Deste
modo, a presente monografia visa avaliar o impacto do IDE sobre o
crescimento da economia angolana no período compreendido entre 2004 e
2020. Para atingir esse objetivo foi desenvolvida uma pesquisa bibliográfica
sobre as principais teorias associadas ao Investimento Directo Estrangeiro e
o Crescimento Económico, evidenciando os autores que contribuíram com
diversas literaturas para a fundamentação teórica. Além disso, foi utilizado
o modelo de regressão linear simples tendo permitido apresentar a relação
existente entre a variável dependente (PIB) e a variável independente (IDE).
Através dos resultados do modelo econométrico estimado, foi possível
verificar que a variável independente exerceu um efeito positivo sobre a
variável dependente durante o período em análise. O mesmo facto é
comprovado pelo coeficiente de correlação entre as duas variáveis em estudo
que é de aproximadamente 80%, o que evidencia a existência de uma
correlação positiva, isto é, quando uma aumenta a outra cresce
respectivamente. Compreende-se que a elasticidade do Produto Interno
Bruto depende positivamente da elasticidade do Investimento Directo
Estrangeiro.

Palavras-chave: Investimento Directo Estrangeiro;


Crescimento Económico; Produto Interno Bruto; Angola.

IX
ABSTRACT
Research on the impact of Foreign Direct Investment on
economic growth is extremely relevant, as it is assumed as a growth factor
for a country's economy. Thus, this monograph aims to assess the impact of
FDI on the growth of the Angolan economy in the period between 2004 and
2020. To achieve this goal, a bibliographical research was developed on the
main theories associated with Foreign Direct Investment and Economic
Growth, highlighting the authors who contributed with various literatures to
the theoretical foundation. In addition, the simple linear regression model
was used, which allowed to present the relationship between the dependent
variable (GDP) and the independent variable (IDE). Through the results of
the estimated econometric model, it was possible to verify that the
independent variable had a negative effect on the dependent variable during
the period under analysis. The same fact is verifical by the correlation
coefficient between the two variables under study, which is approximately
80%, which shows the existence of a positive correlation, that is, when one
increases the other grows respectively. It is understood that the Gross
Domestic Product elasticity positively depends on the Foreign Direct
Investment elasticity.
Keywords: Foreign Direct Investment; Economic Growth;
Gross Domestic Product; Angola.

X
INTRODUÇÃO

A literatura existente sobre o impacto do investimento directo


estrangeiro com abreviatura IDE, no crescimento económico é vastíssima e
não apresenta resultados unânimes. Alguns autores apresentam estudos que
coincidem em apontar a transferência tecnológica e o know-how, o impacto
do IDE no incremento da qualidade e potencial dos recursos humanos, a
abertura do país receptor à globalização e o incremento da concorrência
como factores que podem potenciar o desenvolvimento e a reestruturação do
sector empresarial privado e público (Sharma & Abekah, 2008). Nesta linha
de pensamento, o IDE é considerado por várias instituições internacionais,
políticas e económicas como um factor gerador do crescimento económico e
uma solução para os problemas económicos que caracterizam os países em
desenvolvimento (Mencinger, 2003).

De acordo com o Banco Mundial, com sigla BM (2014), o IDE


tem vindo a desempenhar um papel cada vez mais relevante na actividade
económica, sendo Angola, no contexto do continente africano, o segundo
país a seguir à África do Sul que acolheu mais projectos de investimento em
2011 e 2012.

De acordo com o World Investment Report publicado pela


UNCTAD, apesar do forte investimento líquido negativo ocorrido nos
últimos anos, Angola tem sido mais importante a nível mundial enquanto
receptor de IDE, do que enquanto emissor. Em 2013, o país posicionou-se
em 208ª lugar no ranking mundial enquanto receptor e ocupou a 44ª posição
no conjunto dos países emissores (Agência para o Investimento e Comércio
Externo de Portugal, 2014).

1
De acordo com a Ernst Young (2012), em Angola entre 2003 e
2011, cerca de 80% dos fluxos de IDE se destinou ao sector petrolífero que,
a par da indústria extrativa em geral, deverá continuar a ser maior fonte de
atração de capital estrangeiro. Embora, os sectores do petróleo, gás e carvão
sejam os que atraíram mais capital, foi nos serviços financeiros que se
verificou o maior número de projectos (42,5% do total). Portugal foi o país
que, no período referido, mais projectos desenvolveu em Angola, seguido
dos Estados Unidos da América, Reino Unido, Espanha e África do Sul.
Entre 2009 e 2013, o valor líquido do investimento direto em Angola
totalizou -15.229 milhões de dólares. Por outro lado, o investimento
angolano no estrangeiro tem sido reduzido, se bem que nos últimos cinco
anos o país tenha investido 8.268 milhões de dólares, o que se traduz numa
média anual de 1.653,6 milhões de dólares.

Diante do exposto, é relevante analisar o impacto do IDE sobre


o crescimento económico do país. Desta forma, a presente monografia
propõe-se analisar o impacto do IDE realizado em Angola na economia,
através de um estudo econométrico no período compreendido entre 2004 e
2020.

Formulação do problema científico

Angola é um país que consegue oferecer inúmeros excedentes


atractivos aos novos investidores estrangeiros que decidem ampliar os seus
mercados pelo mundo. Estabelece acordos com muitas isenções fiscais que
variam consoante a área geográfica do investimento. Oferece ainda uma
população jovem e vários recursos naturais. Todavia a precariedade
económica está patente na incidência de um PIB completamente dependente
do petróleo.

2
Sabendo da importância que o IDE tem para o crescimento da economia, fez-
se necessário a realização de um estudo, no sentido de se conhecer o efeito
do mesmo sobre o crescimento económico em Angola no período
compreendido entre 2004 e 2020.

Pergunta de pesquisa

Partindo deste enunciado, emerge desta monografia a seguinte


pergunta de pesquisa: Qual é o impacto do investimento directo
estrangeiro sobre o crescimento económico de Angola no período
compreendido entre 2004 e 2020?

Objectivos

Objectivo geral

No contexto desta monografia e considerando o problema


científico acima identificado, o objectivo geral consiste em analisar o
impacto do investimento directo estrangeiro sobre o crescimento económico
de Angola no período compreendido entre 2004 e 2020.

Objectivos específicos

A presente monografia apresenta os seguintes objectivos


específicos:

 Definir os conceitos do investimento directo estrangeiro e crescimento


económico;
 Identificar a relação entre o investimento directo estrangeiro e
crescimento económico;

3
 Avaliar o impacto do investimento directo estrangeiro sobre o
crescimento económico de Angola no período compreendido entre
2004 e 2020.

Hipótese

Considerando o problema científico levantado, a presente


monografia propõe-se verificar se o Investimento Directo Estrangeiro
realizado em Angola tem efeito sobre o Crescimento Económico do país.
Deste modo, as hipóteses a serem consideradas são as seguintes:

 H0 : O Investimento Directo Estrangeiro não tem contribuido


positivamente para o Crescimento Económico de Angola durente o
período em estudo.
 H1 : O Investimento Directo Estrangeiro tem contribuido
positivamente para o Crescimento Económico de Angola durente o
período em análise.

Justificativa do tema

Considera-se importante a escolha do tema por ser actual, no


contexto do processo de diversificação económica no país, pois, justifica-se
por proporcionar um entendimento extensivo relativamente aos conceitos do
investimento directo estrangeiro e sua relação com o crescimento da
economia e pela necessidade de analisar o seu impacto sobre o crescimento
económico de Angola no período compreendido entre 2004 e 2020.

4
Delimitação do tema

Com o propósito de determinar limites no processo de


concepção da presente monografia, o estudo esteve orientado aos conteúdos
ligados à avaliação do impacto do investimento directo estrangeiro sobre o
crescimento económico de Angola no período compreendido entre 2004 e
2020.

Estrutura da monografia

Para além da introdução, conclusões e recomendações, a


presente monografia compreende três capítulos.

O primeiro capítulo trata da Fundamentação Teórica. Neste,


começa-se por definir o conceito do investimento directo estrangeiro, tipos
investimento directo estrangeiro. Em seguida apresenta os determinantes do
investimento directo estrangeiro, teorias explicativas do investimento directo
estrangeiro, a definição do crescimento económico, factores ou rodas do
crescimento económico, indicadores de medição do crescimento económico,
modelos de crescimento económico, impacto do investimento directo
estrangeiro na economia Finalmente, procede-se a abordagem dos
mecanismos de transmissão do investimento direto estrangeiro para um
crescimento económico.

O segundo capítulo faz referência à Metodologia adoptada para


alcançar os objectivos preconizados nesta monografia. Caracterizam-se as
variáveis, as fontes de dados bem como o tipo de abordagens, também são
apresentados os métodos tais como o modelo de regressão linear simples,
pressupostos do modelo de regressão linear simples, estimação dos

5
parâmetros do modelo de regressão linear simples, e por fim as técnicas de
diagnóstico do modelo.

No terceiro capítulo, aborda-se sobre análise, apresentação e


interpretação dos resultados obtidos. Estima-se o modelo de regressão linear
simples, relacionando as variáveis realçadas na presente monografia. Por
conseguinte, procede-se ao diagnóstico do modelo de regressão estimado,
através dos testes de hipóteses. Finalmente, interpreta-se o modelo de
regressão que apresenta a relação existente entre as variáveis em estudo
propriamente o IDE e o PIB.

6
CAPÍTULO 1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.

Neste capítulo, apresenta-se a fundamentação teórica que


suporta a temática em estudo. Assim sendo, enfatiza-se questões ligadas aos
conceitos e tipos do investimento directo estrangeiro, assim como seus
determinantes e teorias explicativas do investimento directo estrangeiro. Por
outro lado, aborda-se sobre o crescimento económico onde se destaca os
factores ou rodas do crescimento económico, modelos de crescimento
económico e por fim, enfatiza-se o impacto do IDE na economia e os
mecanismos de transmissão para um crescimento económico.

1.1. Conceitos do Investimento Directo Estrangeiro

Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento


Económico, com sigla OCDE (2013), o investimento directo estrangeiro é
um conceito chave na integração económica, na medida em que cria ligações
diretas, estáveis e duradouras entre as economias. Para além de estimular a
transferência de tecnologias e know-how entre os países, permite à economia
de acolhimento promover os seus produtos de forma mais ampla nos
mercados internacionais.

De acordo com o Fundo Monetário Internacional, com sigla


FMI (2010), o investimento directo estrangeiro é uma categoria de
investimento que visa adquirir um interesse duradouro em uma empresa
localizada em outro país que não o do investidor, a fim de que este último
possa exercer forte influência na gestão desta empresa. Ademais, o IDE pode
ocorrer de dois modos, que seja, por meio de aquisições, quando uma
empresa adquire outra firma estrangeira, ou por meio do investimento
greenfield, quando uma firma cria uma nova subsidiária no exterior.

7
Para Ferreira, Reis e Serra (2011), o investimento directo
estrangeiro está associado a empresas ou investidores estrangeiros de um
outro país (neste caso emissor), que promove a criação de uma firma num
outro país (neste caso receptor), com o intuito de realizar a sua actividade de
forma lucrativa.

De acordo com Pedroso (2015), o investimento directo


estrangeiro envolve a transferência de activos e produtos intermediários que
inclui capital financeiro, tecnologia, know-how, técnicas de gestão, liderança
e acesso a mercados externos, podendo o investidor controlar o uso dos
recursos que transfere para outro país.

1.2. Tipos de Investimento Directo Estrangeiro

Tendo em conta as definições apresentadas podemos dizer que


para um investimento ser considerado IDE não basta apenas haver diferença
entre a residência do investidor e da empresa em que o investimento é
realizado, é necessário que o investidor tenha um certo controlo sobre as
actividades da empresa em que investiu. A decisão de realizar tal
investimento depende das necessidades da empresa e das características do
mercado externo, factores que podem determinar o tipo de IDE e o seu modo
de entrada.

Segundo Dunning (2000), os tipos de IDE variam de acordo


com a motivação da empresa a produzir no exterior. Neste caso, os tipos de
IDE podem depender dos seguintes motivos de produzir no exterior:

 Busca de mercado. Empresas que orientam o seu IDE para a procura,


ou seja, que pretendam satisfazer um determinado mercado externo;

8
 Busca de recursos naturais. IDE orientado para tornar a empresa mais
lucrativa e competitiva no seu mercado, empresas que investem no
exterior para ter acesso aos recursos naturais, produtos agrícolas e
trabalho não qualificado;
 Racionalizando ou buscando eficiência. Destina-se a promoção de
uma divisão mais eficiente do trabalho ou da especialização do
portfólio de activos domésticos e estrangeiros por parte da empresa;
 Busca de activos estratégicos: IDE para proteger ou aumentar a
vantagem específica de posse da empresa e reduzir a dos seus
concorrentes.

Para Moosa (2002), existem duas tipologias de IDE. A primeira


refere-se à empresa que realiza o IDE, distinguindo:

 IDE vertical. Backward – para explorar matéria-prima e forward –


adquirindo pontos de distribuição para se aproximar dos
consumidores;
 IDE horizontal. Produzir no país receptor o mesmo bem que se produz
no país emissor;
 IDE conglomerado. Que envolve o IDE vertical e horizontal.

A segunda, adopta o ponto de vista do país receptor,


distinguindo os seguintes tipos de IDE:

 Substituição das Importações. Quando passam a ser produzidos no


país os bens que anteriormente eram importados;
 Aumento de exportação. O país ao aumentar a exploração de matéria-
prima e de produtos intermédios aumenta a sua exportação;
 Iniciativa governamental. Acontece quando o governo cria políticas
de incentivo ao IDE.

9
A realização de IDE requer uma cuidada análise às
características do mercado, à dimensão, aos factores ambientais e às barreiras
ao comércio e ao investimento (Markusen & Maskus, 2001).

1.3. Determinantes do Investimento Directo Estrangeiro

Um considerável número de estudos empíricos tem vindo a ser


realizado no sentido de avaliar quais são os factores determinantes da
localização do IDE. Nesse sentido, identifica-se as relações entre os
determinantes da localização do IDE e os seus fluxos. Para o efeito, segue-
se a organização dos determinantes das abordagens teóricas adoptada por
Assunção e Teixeira (2011). Em concreto, são os determinantes associados
à dimensão, localização do paradigma OLI (infraestruturas, capital humano,
estabilidade económica e custos de produção); os determinantes associados
à nova teoria do comércio (dimensão e crescimento do mercado, abertura
económica e dotações fatoriais) e os determinantes associados à teoria
institucional (nível de corrupção, instabilidade política e qualidade
institucional).

De acordo com Vijayakumar, Sridharan e Rao (2010), a


localização do IDE associada ao paradigma da localização de propriedade e
internalização, pode ser descrita em:

 Infraestruturas. Um país que possua infraestruturas de qualidade atrai


mais fluxos de IDE. Logo, é esperada uma relação positiva entre este
determinante e o IDE.
 Capital humano. O reforço da inovação, através da transferência de
tecnologia e o desenvolvimento do capital humano, por intermédio da
transferência de competências e conhecimentos de gestão pode

10
exercer uma relação positiva e significativa entre este determinante e
os fluxos de IDE.
 Estabilidade económica. Um claro sinal de instabilidade económica,
torna-se num possível impedimento ao IDE. Do mesmo modo, taxas
de inflação elevadas e voláteis, balanças de pagamentos deficitárias
denotam instabilidade e podem levar a restrições à livre circulação de
capitais.
 Custos de produção. Elevados custos de produção, medidos pelos
custos de mão-de-obra, são um factor importante na escolha da
localização e podem desencorajar os fluxos de investimento externo.

De acordo com Mohamed e Sidiropoulos (2010), a localização


do IDE associada à nova teoria do comércio, pode ser descrita em:

 Dimensão e crescimento do mercado. Um mercado de grande


dimensão recebe mais fluxos de investimento directo estrangeiro do
que mercados de pequena dimensão. Assim, é esperada uma relação
positiva e significativa desta determinante com o IDE.
 Abertura de mercado. Países com políticas comerciais orientadas para
o exterior podem aumentar a atratividade e incentivar novos
investimentos diretos estrangeiros.
 Dotação de recursos naturais. A decisão de investir numa localização
muitas vezes é determinada pelas características intrínsecas desses
locais. Desta forma, as empresas que pretendam investir com o
objectivo da procura de recursos podem aumentar a sua
competitividade investindo nessas localizações e, assim, aceder a
certos recursos naturais de maior qualidade e a um custo mais baixo
do que no país de origem.

11
De acordo com a OCDE (2007), a localização do IDE associada
à teoria institucional, pode ser descrita em:

 Nível de corrupção, qualidade institucional e instabilidade política. O


nível de corrupção e a instabilidade política condicionam a qualidade
das instituições e limita o desenvolvimento das mesmas. O efeito
negativo e significativo encontrado indica que países com elevado
nível de corrupção tendem a atrair menos fluxos de IDE.
 Incentivos financeiros e fiscais. O uso dos incentivos é cada vez mais
frequente pelas economias, visto que algumas vezes fornecer esses
incentivos é mais simples do que corrigir anomalias financeiras e
fiscais, como por exemplo, nas infraestruturas ou até mesmo na
qualificação da mão-de-obra.

1.4. Teorias explicativas do Investimento Directo Estrangeiro

Várias são as teorias do IDE, nomeadamente a teoria da


vantagem monopolista, teoria do comportamento oligopolístico, teoria dos
custos de transação, teoria das vantagens de localização e teoria do ciclo de
vida do produto.

1.4.1. Teoria da vantagem monopolista

Para Sánchez e Camacho (2007), esta teoria se debruça sobre as


vantagens monopolistas das empresas multinacionais, com sigla EMNs.
Segundo esta teoria a existência das EMNs decorre do facto de estas
possuírem algum tipo de conhecimento ou vantagem competitiva, de cariz
monopolista, que lhes permite competir com as empresas locais,
descrevendo, assim, as vantagens específicas da empresa como uma
manifestação das imperfeições estruturais do mercado e consequente

12
existência de benefícios oligopolísticos. Assim sendo, esta teoria defende
que, o que alimenta o IDE é a existência das imperfeições do mercado de
produtos, a economia de escala e a intervenção governamental nos mercados.
No entanto, esta teoria apresenta a debilidade de não considerarem os
factores que incidem na escolha da localização, nem o motivo pelo qual as
empresas escolhem o IDE como mecanismo de operação no exterior e
explorar as chamadas vantagens de propriedades.

1.4.2. Teoria do comportamento oligopolístico

Esta teoria, também denominada de teoria da reação


oligopolista, assenta no pressuposto de que a internalização de uma empresa
que actua num mercado oligopolista (sendo que ela própria é também
oligopolista), resulta da reação à internalização de uma empresa concorrente.
Quando uma empresa ou uma indústria realiza um IDE, as outras empresas
sentem-se obrigadas a imitá-la, realizando elas também, o seu IDE
(Knickerbocker, 1973).

Ferreira et al. (2011), defendem que as empresas oligopolistas


procuram estabilidade, isto é, manter e consolidar uma posição no mercado
oligopolista, tanto a nível local como internacional. Por conseguinte, um dos
determinantes do IDE é a motivação de certas empresas estrangeiras
seguirem o exemplo das empresas competidoras. Assim, a estratégia de
investir no estrangeiro, por parte de uma delas, gera uma reacção em cadeia
no seio das suas competidoras, já que procura manter o equilíbrio e as
mesmas condições entre todos os participantes do oligopólio sem distinção
de localização de mercado, correndo o risco de não obter taxas de retorno
atrativas e inclusivamente obter taxas de retorno negativas, pelo menos
durante um certo período de tempo.

13
1.4.3. Teoria dos custos de transação

Segundo Medina (2005), esta teoria supõe uma intenção de


justificar qual a razão para uma empresa optar pelo mecanismo de IDE, em
vez de exportar ou de estabelecer relações contratuais com o exterior,
afirmando que este aspecto resulta do uso das suas vantagens de propriedade.

Na verdade, no caso em que o custo da transação através de uma


organização seja menor que o intercâmbio através do mercado, a empresa
cresce internalizando o mercado até ao ponto de conseguir que os benefícios
dessa sua acção compensem os seus custos, além de um melhor
aproveitamento das economias de escala e alcance que reduzem o custo
associado à transação de informação, o oportunismo e a incerteza (Sánchez
& Camacho, 2007).

Em suma, a unidade de análise seria a transação e o objectivo


seria minimizar os custos da transação associados a cada alternativa que
pudesse ser apresentada.

1.4.4. Teoria das vantagens de localização

A empresa situa as suas actividades onde existam menores


custos. Na verdade, os factores de localização são capazes de motivar, por
si, a internacionalização da empresa na procura de recursos naturais,
tecnológicos ou financeiros no exterior, com o intuito de melhorar a sua
cadeia de valor (Sánchez & Camacho, 2007).

Medina (2005), realça que os factores de localização estão


condicionados pelas características do país de destino do IDE, pelo seu
sistema económico imperante, pelo seu ambiente cultural, social, político e
legal, pela disponibilidade dos recursos no país e pelas próprias

14
características do mercado interno, a título de exemplo, as empresas
petrolíferas investem onde existem reservas de petróleo e, para a sua
exploração, combinam as suas capacidades técnicas e de gestão, com os
recursos locais disponíveis.

1.4.5. Teoria do ciclo de vida do produto

Segundo Sánchez e Camacho (2007), esta teoria estabelece que


quando um mercado estrangeiro é suficientemente grande para suportar a
produção local, a empresa estrangeira realiza IDE. Esta teoria defende que
alguns tipos de produto passam por um contínuo ou ciclo, composto,
essencialmente, por quatro fases, que são, introdução, crescimento,
maturidade e declínio.

Pode-se dizer que a teoria do ciclo de vida do produto tem


presente as vantagens de localização dos países e a sua relação entre a
produção de certos tipos de bens, em cada uma das fases do seu ciclo de vida,
sendo que a inovação dos produtos seria uma condição eminente, sobretudo
nos países com grande desenvolvimento económico e de capitais (Vernon,
1966).

1.5. Definição de crescimento económico

São várias as definições existentes de acordo com a evolução


histórica do conceito de crescimento económico.

Segundo Kuznets (1955), o crescimento económico reflete a


presença de transformações económicas e sociais num processo contínuo a
longo prazo do aumento da capacidade de oferecer à população maior
quantidade e diversidade de bens e serviços.

15
Samuelson e Nordhaus (2012), definem crescimento económico
como o processo pelo qual as economias acumulam grandes quantidades de
equipamentos de capital, alargam as fronteiras tecnológicas e tornam-se cada
vez mais produtivas. Em outras palavras, é a expansão do PIB, ou produto
nacional de um país.

Para Keynes citado por Tamele (2011), o crescimento é a


expansão do produto real ao longo do tempo, ou seja, em longo prazo o
crescimento é dado pela acumulação de capital, inovações tecnológicas ou
elevação da eficiência do trabalho.

1.6. Factores do crescimento económico

Existem na literatura económica vários os factores que


contribuem para o crescimento da economia de um país.

Para Petrakos e Arvanitidis (2008), os determinantes do


crescimento económico são, o investimento, o capital humano, a inovação,
as políticas económicas e as condições macroeconómicas, a abertura
comercial, o IDE, o quadro institucional, factores políticos, socioculturais, a
localização geográfica e as tendências demográficas.

Samuelson e Nordhaus (2012), apresentam quatro (4) factores


ou rodas importantes do crescimento económico:

 Recursos humanos (Oferta de trabalho, educação, disciplina,


motivação), que consistem na quantidade de mão-de-obra e nas
qualificações da população activa. Este factor é fundamental para se
crescer porque, um país pode comprar alta tecnologia de ponta
(computadores rápidos, modernos aparelhos de telecomunicações,
equipamentos sofisticados para geração de eletricidade ou mais…),

16
estes bens de capital só podem ser eficazmente usados e mantidos por
trabalhadores qualificados e treinados, caso contrário, é um
investimento amortizado antes do tempo.
 Recursos naturais (terra, minerais, combustíveis, qualidade
ambiental). Com estes recursos, é possível à economia crescer pese
embora no mundo moderno a posse de recursos naturais não é
necessário para o sucesso económico.
 Formação de capital (máquinas, fábricas, estradas). Acredita-se que a
acumulação de capital faz crescer rapidamente as economias na
tendência a investir fortemente em novos bens de capital (novas
infraestruturas, construção de estradas de qualidade, novas máquinas
e etc.).
 Progresso tecnológico (ciência, engenharia, gestão e iniciativa
empresarial). Tem sido um dos ingredientes vital para o rápido
crescimento das economias e dos níveis de vida. O progresso
tecnológico corresponde às alterações nos processos de produção ou à
introdução de novos produtos, ou serviços.

Estes factores são expressos sob a função de produção agregada,


cuja expressão matemática é:

Q= AF (K, L, R) (1.1)

Onde: Q representa o produto; K se referência aos serviços


produtivos de capital; L é o factor trabalho, R, A e F representam os recursos
naturais, o nível de tecnologia e a função de produção na economia,
respectivamente.

17
1.7. Indicador de medição do crescimento económico

Segundo OCDE (2002), os indicadores económicos são


grandezas de carácter económico, expressos em valor numérico com o
objetivo de aferir o nível de desenvolvimento de países, regiões, empresas
podendo naturalmente fazer-se a compreensão entre estas; compreender,
informar e prever o comportamento de uma economia; e, ajuizar a política
económica do Governo. Podem ser compreendidos como uma ferramenta de
avaliação que devem ser interpretados de maneira científica e política.
Devem, com a devida frequência, serem completados com outras
informações qualitativas e científicas, sobretudo para explicar factores que
se encontram na origem de uma modificação do valor de um indicador, que
serve de base para uma avaliação.

O desempenho de uma economia é avaliado por meio de vários


indicadores. O Produto Interno Bruto (PIB) é o indicador mais utilizado para
analisar o crescimento de uma economia. Fornece uma visão global do
estado de uma economia onde a avaliação dinâmica económica é evidenciada
em termos de eficiência na produção e alocação de recursos em termos de
bem-estar. Pode definir-se como o valor da produção total de bens e serviços
que são produzidos num determinado país durante um período de tempo,
geralmente um ano ou semestre, na base de preços de mercado ou de
estimativas consideradas como aceitáveis (Samuelson & Nordhaus, 2012).

O termo “bruto” demonstra que o valor da produção não foi


corrigido pela depreciação; o termo “interno” aparece para informar que a
produção foi efetuada dentro das fronteiras do país, independentemente se
por empresas nacionais ou estrangeiras; e o termo “valor de mercado”
informa que o produto foi avaliado aos preços correntes, ou seja, sem a
correção da inflação (Mankiw, 2004).

18
Dornbusch et al (1998), definem o produto sob três perspectivas
distintas que são, nomeadamente, a do rendimento, do produto ou valor
acrescentado e a das despesas.

 Na óptica do rendimento, o produto remunera o trabalho sob a forma


de salário e o capital sob a forma dos juros e dividendos. Nesta
perspectiva, o produto é consumido ou investido para o futuro. A
divisão do produto em remunerações dos factores proporciona um
enquadramento para o estudo do crescimento e da oferta agregada,
visto que o rendimento vai para o consumo ou para o investimento.
 Na óptica dos factores de produção, consideram-se a soma dos
rendimentos de todas as pessoas que intervêm no processo produtivo.
 Na óptica das despesas, consideram-se todos os dispêndios em bens e
serviços pelos agentes económicos de maneira a resolver suas
necessidades. Esta perspectiva oferece o enquadramento para o estudo
da procura agregada, sabendo que o produto, nesta óptica, é avaliado
segundo o critério da procura de bens ou serviços pelos agentes
económicos, de modo a satisfazer as suas necessidades. O produto
interno é o somatório de quatro componentes, nomeadamente as
despesas das famílias em consumo (C), as despesas das famílias e
empresa em investimento (I), consumo público de bens e serviços (G),
e procura externa ou exportação líquida (NX), cuja expressão analítica
é representada mediante a seguinte equação:

Y=C+I+G+NX (1.2)

Apesar de medir o bem-estar nacional, o produto interno bruto


apresenta algumas limitações abaixo apresentadas (Dornbusch et al, 1998):

 Não leva em conta as desigualdades de renda entre os indivíduos;

19
 Não considera as actividades informais da economia;
 Não calcula os custos ambientais (externalidades negativas) da
produção e do consumo;
 Não inclui as actividades das donas de casa e outros serviços que não
são remuneradas, isto porque estes não possuem um preço de mercado
que lhes permita mensurar, mas podem contribuir para o seu
crescimento;
 E finalmente, não considera variáveis qualitativas importantes como:
longevidade, o acesso à educação e conhecimento.

1.8. Modelos de crescimento económico

Segundo Barro e Sala-i-Martin (2004), Pode-se agrupar os


modelos de crescimento económico que surgiram na segunda metade do
século XX em três classes principais: primeiro, no fim da primeira metade
do século XX tem-se o trabalho de Harrod (1939) e Domar (1946); segundo,
em meados dos anos cinquenta, surgiu o modelo neoclássico de crescimento
económico introduzido por Solow (1956) e Swan (1956); e, terceiro, nos
anos oitenta, encontra os modelos de crescimento endógeno, desenvolvido
por Romer (1986) e Lucas (1988).

Para esta monografia, interessa abordar o modelo de


crescimento económico de Harrod-Domar, pelo facto de este considerar o
investimento como sendo uma variável determinante para o crescimento
económico.

1.8.1. Modelo de Harrod (1939) e Domar (1946)

Um dos primeiros contributos para a teoria de crescimento


agregado é dado por Harrod (1939), sendo considerado um dos fundadores

20
da teoria moderna de crescimento. A teoria desenvolvida por Harrod (1939)
assenta em três proposições: o nível de rendimento de uma comunidade é o
principal determinante da sua oferta de poupança; a taxa de crescimento do
rendimento é um determinante importante da procura por poupança; e, a
procura é igual à oferta.

Segundo Barro e Sala-i-Martin (2004), Harrod e Domar


defendem que o crescimento económico depende do nível da poupança e da
produtividade do investimento. Consideram estado de equilíbrio quando o
investimento (It ), em qualquer período, for igual ao aumento do produto
(Yt − Yt−1 ), pelo rácio capital/produto (k). Assumindo que a economia é
fechada, o investimento total (It ) é igual à poupança total (St ):

It = St = K(Yt − Yt−1 ) (1.3)

𝑌𝑡 −𝑌𝑡−1
A taxa de crescimento garantida é dada por: 𝐺𝑊 = , e o total da
𝑌𝑡−1

poupança por s*𝑌𝑡−1 , com s a fração do rendimento poupado pela sociedade.


Dividindo a equação (1.3) por 𝑌𝑡−1 , obtém-se:

It St Yt− Yt−1
= = K( ) (1.4)
Yt−1 Yt−1 Yt−1

Yt −Yt−1 St
Substituindo, GW = ,es= , a equação fundamental do modelo
Yt−1 Yt−1

Harrod-Domar é dada por:

S
S = K*Gw ⇔ Gw = (1.5)
K

O valor da taxa de crescimento garantida relaciona-se


positivamente com a taxa de poupança e negativamente com o rácio do
capital pelo produto. Sendo o rácio do capital pelo produto constante, o

21
crescimento é diretamente proporcional ao novo investimento. Assim,
quanto maior é a poupança, maior será o investimento e, por conseguinte,
maior o crescimento.

1.9. Impacto do Investimento Direto Estrangeiro na economia

Segundo Dabour (2000), a entrada de IDE tem um papel


importante no país receptor, sendo no total de investimento privado do país,
aquele que mais estimula o crescimento económico.

Para Ahmed (2012), o IDE nos países em desenvolvimento


pode ser o instrumento mais eficaz na redução da pobreza, uma vez que
permite a expansão tecnológica, ajuda na formação do capital humano,
contribui para a integração no comércio internacional, cria um ambiente
empresarial mais competitivo e contribui para um melhor desenvolvimento
do sector empresarial. Na visão do mesmo autor, a entrada de IDE foi um
dos componentes no rápido crescimento económico dos países do leste
asiático, permitindo que tais países alcançassem o nível de desenvolvimento
dos países ocidentais mais desenvolvidos. Logo pode-se concluir que a
literatura aponta o IDE como um dos factores com influência na transição
entre os níveis de desenvolvimento do país receptor.

Para que um país tenha acesso aos benefícios de longo prazo do


IDE tem que possuir um conjunto de características, entre as quais se
destacam o capital humano, a capacidade de absorção, a estabilidade
económica e o mercado liberalizado. O efeito do IDE varia de país para país
e as políticas comerciais têm um papel importante no impacto do IDE sobre
o crescimento económico (Li & Liu, 2005).

22
1.10. Mecanismos de transmissão do Investimento Directo Estrangeiro
para um crescimento económico

Segundo OCDE (2002), a partir da teoria do crescimento


endógeno, existem vários mecanismos através dos quais o IDE pode afectar
o crescimento económico do país receptor. A afectação pode ser positiva
e/ou negativa, já que para além dos naturais benefícios na economia, o IDE
pode trazer alguns custos para a economia do país receptor.

Os mecanismos de afectação positiva ao crescimento


económico podem ser agrupados em cinco grupos (Moura, 2009; Kunietama,
2014):

 Transferência de novas tecnologias e know-how;


 Incremento do capital humano e potencial ao nível dos recursos
humanos;
 Integração do país receptor na economia global;
 Incremento da concorrência no país receptor;
 Desenvolvimento e reestruturação empresarial.

A estabilidade política e económica do país são condições


necessárias para que as empresas locais possam extrair valor do IDE. Caso a
mesma não exista, o IDE poderá ter um impacto negativo ao nível do
emprego e da estrutura empresarial. A regulação e regulamentação das
empresas multinacionais constitui um fator decisivo para uma concorrência
sã e justa.

Segundo a conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e


Desenvolvimento, com sigla UNCTAD (1999), a transferência tecnológica
envolve a transferência de bens físicos e conhecimento tático. A tecnologia

23
tem um papel importante na economia de qualquer país e a sua difusão é
crucial para o desenvolvimento, nomeadamente para os países em
desenvolvimento. Onde uma parte substancial do crescimento económico é
assegurada pela implementação de nova tecnologia desenvolvida em países
mais avançados.

1.11. Efeito do Investimento Directo Estrangeiro

O quadro 1, expressa os principais argumentos relacionados


com os efeitos positivos e negativos do mecanismo ligado à transferência de
novas tecnologias e know-how.

Quadro 1– IDE - Transferência de novas tecnologias e know-how

Efeitos positivos Efeitos negativos


Transferências tecnológicas associadas ao Potencial dependência face às novas
IDE podem provocar incrementos na tecnologias introduzidas pelas
produtividade das empresas locais. multinacionais e perda de interesse no
desenvolvimento e produção própria.
Melhorias no desempenho das empresas As EMN podem assumir uma estratégia
que acolhem essas transferências de de desincentivo ao desenvolvimento
tecnologia. tecnológico das empresas locais para
manterem as suas vantagens
competitivas.
Redução de custos de I&D pelas empresas
receptoras com base na incorporação das
novas tecnologias. Maior competitividade.
Fonte: adaptado de Moura (2009)

O quadro 2, expressa os principais argumentos relacionados


com os efeitos positivos e negativos do mecanismo ligado ao incremento do
capital humano e potencial ao nível dos recursos humanos.

24
Quadro 2 – IDE - Incremento do Capital Humano e Potencial ao Nível dos

Recursos Humanos

Efeitos positivos Efeitos negativos


O IDE contribui com trabalhadores O incremento do nível tecnológico
altamente especializados nas economias provoca a necessidade de menos mão-de-
locais. obra. Pode provocar um incremento do
desemprego.
O incrimento do capital humano e O incrimento do capital humano e
potencial ao nível dos recursos humanos é potencial ao nível dos recursos humanos é
superior nas empresas multinacionais. inferior nas empresas locais.
Os trabalhadores das empresas
multinacionais criam empresas próprias.

Fonte: adaptado de Moura (2009)

O quadro 3, expressa os principais argumentos relacionados


com os efeitos positivos e negativos do mecanismo ligado a integração do
país receptor na economia global.
Quadro 3– IDE - Integração do país receptor na economia global

Efeitos positivos Efeitos negativos


Empresas locais podem replicar os Por vezes e como resultado da
processos de internacionalização das necessidade de matérias-primas de
empresas multicionais. qualidade, as empresas multicionais
podem incrementar as importações.
Empresas locais podem integrar-se nas Provoca a saída de fundos do país. Por
redes internacionais das empresas vezes, no longo prazo, esse impacto é
multicionais. superior ao investimento inicial.
Empresas locais podem integrar-se nas Aumentos de gastos com pagamento de
redes internacionais das empresas direitos de utilização de tecnologia e
multicionais. patentes ao exterior.
As empresas multicionais afectam a
balança comercial provocando um
aumento das exportações.
Fonte: adaptado de Moura (2009)

25
O quadro 4, expressa os principais argumentos relacionados
com os efeitos positivos e negativos do mecanismo ligado ao Incremento da
concorrência no país receptor.
Quadro 4– IDE - Incremento da concorrência no país receptor

Efeitos positivos Efeitos negativos


A concorrência fomenta a Investigação e Diminuição do rendimento das empresas
Desenvolvimento e a melhoria das locais.
capacidades organizacionais das empresas
locais.
As empresas locais aumentam o seu A concorrência criada pela empresas
investimento em equipamento e formação. multicionais pode resultar no
encerramento de empresas locais menos
competitivas. Este facto pode levar à
diminuição subsequente da concorrência.
Aumento da produtividade, preços mais Domínio do mercado pelas empresas
baixos e melhor aproveitamento de multicionais, reduz a entrada de empresas
recursos. locais nesses mercados.
As empresas multicionais atraem e retêm o
emprego mais qualificado, retirando-o às
empresas locais.
Fonte: adaptado de Moura (2009)

26
CAPÍTULO 2. METODOLOGIA

Neste capítulo, apresenta-se os procedimentos metodológicos


utilizados nesta monografia para o alcance dos objectivos preconizados. Para
tal, busca-se estabelecer uma visão geral com base nos dados obtidos,
apresentar as variáveis com a finalidade de descrever os procedimentos que,
metodologicamente, caracterizam o modelo de regressão linear simples.

2.1. Variáveis, fontes dos dados e tipos de abordagens.

Esta monografia apresenta duas variáveis, uma dependente e


outra independente, como variável dependente foi utilizada o crescimento
económico medido pelo PIB e como independente o Investimemento
Directo Estrangeiro.

O estudo teve como fonte a base de dados electrónicos do Banco


Mundial com sigla BM (2021), onde foi possível colectar um conjunto de
séries temporais, relativamente ao Investimento Directo Estrangeiro e o PIB,
no período compreendido entre 2004 e 2020.

O presente trabalho de final do curso focalizou-se


especificamente em abordagem qualitativa e quantitativa, sendo
caracterizada como exploratória. Os instrumentos utilizados para análise e
interpretação, tais como, o modelo econométrico estimado e as técnicas de
diagnóstico do modelo utilizadas foram desenvolvidas através de funções e
tabelas.

27
2.2. Procedimentos metodológicos
2.2.1 Método estatístico

A utilização deste método na presente monografia constitui-se


para a análise das medidas de tendência central ou localização e as medidas
de dispersão. Através das medidas de tendência central ou localização
descreveu-se os conjuntos de dados sobre o IDE e o PIB, identificando a
média e mediana.

A média é calculada somando-se todos os valores de um


conjunto de dados e dividindo-se pelo número de elementos deste conjunto.
Como a média é uma medida sensível aos valores da amostra, é mais
adequada para situações em que os dados são distribuídos mais ou menos de
forma uniforme, ou seja, valores sem grandes discrepâncias, e é representada
da seguinte forma (BARROS, 2008).

n
Σⅈ=1 Xⅈ
̅
X= (2.1)
𝑛

Onde, 𝑋̅ e a média aritmética, 𝑋𝑖 são os valores das variáveis, n


é o tamanho da amostra.

A mediana representa o valor central de um conjunto de dados.


Para encontrar o valor da mediana é necessário colocar os valores em ordem
crescente ou decrescente. Quando o número elementos de um conjunto é par,
a mediana é encontrada pela média dos dois valores centrais.

Por meio das medidas de dispersão, foi possível identificar e


descrever a disperssão de cada variável em estudo em relacão no seu valor
médio.

28
O desvio padrão é uma medida que expressa o grau de dispersão de um
conjunto de dados. Ou seja, o desvio padrão indica o quanto um conjunto de
dados é uniforme. Quanto mais próximo de 0 for o desvio padrão, mais
homogéneo são os dados, representa-se por (BARROS, 2008).

S = √S 2 (2.2)

O coeficiente de variação é uma medida de dispersão, que indica


o grau de dispersão dos dados em relação a média, e é determinado dividindo
o desvio padrão pela média para tal, apresenta-se por (BARROS, 2008).

S
CV = × 100 (2.3)
̅
X

Onde, CV é o coeficiente de variação, S é o desvio padrão, 𝑋̅ é a


média aritmética.

2.2.2 Modelo de regressão

Historicamente o termo “regressão”, foi proposto pela primeira


vez por Sir Francis Galton em 1885, num estudo onde demonstrou que a
altura dos filhos não tende a reflectir a altura dos pais, mas tende sim a
regredir para a média da população. O termo “Análise de Regressão”, define
um conjunto vasto de técnicas estatísticas usadas para modelar relações entre
variáveis e predizer o valor de uma ou mais variáveis dependentes a partir
de um conjunto de variáveis independentes (Gujarati & Porter, 2011).

A partir da matriz de correlação foi possível estabelecer nesta


monografia a associação estatística entre o IDE e o PIB em Angola no
período compreendido entre 2004 e 2020.

29
De acordo com Gujarati (2011), esta associação é dada por:

∑nⅈ=1(xⅈ − x̅)(yⅈ − y̅)


R xy = (2.5)
√∑nⅈ=1(xⅈ − x̅)2 √∑nⅈ=1(yⅈ − y̅)2

onde:

Σn
ⅈ=1 xⅈ Σn
ⅈ=1 yⅈ
x̅ =
n
; y̅ =
n

Ou seja, foi o quociente entre a co-variância do investimento


directo estrangeiro e crescimento económico e o produto de desvios padrão
do invetimento directo enstrangeiro e crescimento económico. A partir de
Rxy foi possível tirar conclusões sobre a direcção e intensidade da relação
existente entre as variáveis do investimento directo estrangeiro e crescimento
económico.

De acordo com Santos (2007), não existe uma classificação


unânime da correlação, mas para esta monografia esta relação foi
classificada e interpretada conforme mostra a Tabela 2.1.

30
Tabela 2.1: Interpretação do coeficiente de correlação de Pearson.

Coeficiente de correlação Correlação


Rxy = 1 Perfeita positiva
0,8 <Rxy< 1 Forte positiva
0,5 <Rxy<0,8 Moderada positiva
0<Rxy<0,1 Ínfima positiva
0 Nula
-0,1 <Rxy< 0 Ínfima negativa
-0,5 <Rxy< —0,1 Fraca negativa
-0,8 <Rxy< -0,5 Moderada negativa
-1<Rxy< -0,8 Forte negativa
Rxy =-1 Perfeita negativa

Fonte: Adaptada de Santos (2007)

2.2.2.1. Modelo regressão linear simples

Para realização desta monografia, utilizou-se o modelo de


regressão linear simples porque facilita estabelecer a relação linear existente
entre a variável Investimento Directo Estrangeiro e o Produto Interno Bruto
no período compreendido entre 2004 e 2020, já que por definição o modelo
de regressão linear simples visa estabelecer a relação existente entre uma
variável dependente (Y) e uma variável independente (X), ou ainda, o
modelo de regressão linear simples, é um conjunto formado pela equação de
regressão e os pressupostos básicos do modelo.

31
2.2.2.2. Equação e pressupostos do modelo de regressão linear simples

A equação representativa do modelo de regressão linear


simples, é dada por (Gujarati & Porter, 2011).

Yⅈ = β0 + β1 Xⅈ + eⅈ , (2.5)

Onde, Yⅈ , Xⅈ , eⅈ , β0 e β1 representam, respectivamente as


variáveis dependente e independente, o erro do modelo (variável que permite
explicar a variabilidade existente em Y e que não é explicada por X), e
β0 e β1 são os parâmetros ou coeficientes do modelo.

β0 representa o valor médio de Y quando o valor de X = 0 e é o


intercepto ou coeficiente linear;

β1 representa a inclinação da recta repressora, expressando a


taxa de mudança em Y, ou seja, indica a mudança na média da distribuição
de probabilidade de Y para um aumento de uma unidade na variável X.

Os pressupostos do modelo de regressão linear simples são


(MAIA 2017),

Os erros são independentes com média nula.


Pressupondo então que: E(eⅈ ) = 0, tem-se:

E(Yⅈ ) = E(β0 + β1 x1 + eⅈ ) (2.6)

= β0 + β1 x1 + E(eⅈ )

= β0 + β1 x1

Por outro lado, pode-se afirmar que o erro de uma observação,


é independente do erro de outra observação, o que significa que:

32
COV(εⅈ , εj ) = E(εⅈ εj ) − E(εⅈ )E(εj ) = E(εⅈ εj ) = 0, (2.7)

para i ≠ j, i, j = 1, … n.

A variância do erro é constante, isto é var(eⅈ ) = σ2 , i = 1, … , n.

Tem-se então:

var(eⅈ ) = E(e2ⅈ ) − [E(eⅈ )]2 = E(e2ⅈ ) = σ2 (2.8)


e consequentemente:

var(yⅈ ) = var(β0 + β1 x1 + eⅈ ) = var(β0 + β1 x1 ) + var(eⅈ ) = σ2 (2.9)

Os erros eⅈ , i = 1, … , n. São normalmente distribuídos.


Conclui-se, que:

eⅈ ~N(0, σ2 ), i = 1, … , n.

𝑦𝑖 ~𝑁(β0 + β1 x1 , 𝜎 2 ), 𝑖 = 1, … , 𝑛.

 Relação linear entre X e Y. O ajuste só é válido para relações lineares,


estipula que deve existir uma relação linear entre a variável
dependente e a variável independente, esta relação pode ser positiva
ou negativa.
 Os valores de X são fixos em repetidas amostras, não aleatórios. Quem
varia é o regressando, o regressor é fixo e dado, qualquer que seja a
amostra. Faz-se a pressuposição que dado um valor de X, Y irá variar
segundo uma distribuição de probabilidade com valor esperado dado
por E(Y|𝑋𝑖).
 Homocedasticidade, esse pressuposto refere que o termo de erros deve
ter variância constante, violação desse pressuposto gera problema de
heterocedasticidade.

33
 A variabilidade dos erros é constante, ou seja, E(𝑒𝑖2 ) = 𝜎². Os erros são
homocedásticos, ou seja, sua variância é a mesma para qualquer X. A
violação deste pressuposto gera problema de heterocedasticidade.
 Os erros são não autocorrelacionados, ou seja, E(𝑒𝑖𝑖2 ) = 0. Não há
relação entre valores ordenados dos erros segundo tempo ou espaço.

2.2.2.3. Estimação dos parâmetros da equação de regressão: Métodos


dos minimos quadrado

Através deste modelo foi possível apresentar o processo


matemático pelo qual derivamos os parâmetros “ β0 ” e “ β1 ” da função do
IDE. Estes parâmetros determinaram as características da função que
relaciona ‘IDE’ com ‘PIB’ que no caso do modelo linear se representa por
uma recta chamada de recta de regressão. Esta recta explica de forma geral
e teórica a relação entre o IDE e PIB. Isto significa que os valores observados
de IDE e PIB não serão iguais aos valores de IDE e PIB estimados pela recta
de regressão. Haverá sempre alguma diferença, e essa diferença significa,
que as variações do IDE não são perfeitamente explicadas pelas variações do
PIB, ou que existem outras variáveis das quais o IDE depende ou ainda que
os valores de IDE e PIB são obtidos de uma amostra específica que apresenta
distorções em relação a realidade. Esta diferença em estatística é chamada
de erro ou desvio.

O processo de regressão significou, portanto, para esta


monografia, reduzir ao mínimo possível os somatórios dos desvios entre o
invetimento directo estrangeiro e investimento directo enstrangeiro
estimado.

De acordo com Gujarati e Porter (2011), o método dos mínimos


quadrados (MMQ), é uma técnica de optimização matemática que procura

34
encontrar o melhor ajuste para um conjunto de dados tentando minimizar a
soma dos quadrados das diferenças entre o valor estimado e os dados
observados (tais diferenças são chamadas resíduos). Esta é a forma de
estimação mais amplamente utilizada em econometria. Consiste em um
estimador que minimiza a soma dos quadrados dos resíduos da regressão, de
forma a maximizar o grau de ajuste do modelo aos dados observados. Um
requisito para o método dos mínimos quadrados é que o factor imprevisível
(erro) seja distribuído aleatoriamente e essa distribuição seja normal. O
Teorema Gauss-Markov garante (embora indirectamente) que o estimador
de mínimos quadrados é o estimador não-enviesado de mínima variância
linear na variável resposta. Outro requisito é que o modelo é linear nos
parâmetros, ou seja, as variáveis apresentam uma relação linear entre si. Caso
contrário, deveria ser usado um modelo de regressão não-linear.

Como se estabeleceu nesta monografia uma relação linear entre


o Investimento Directo Estrangeiro adiante designada por (X) e o Produto
Interno Bruto (Y), foi necessário estimar os parâmetros β0 e β1 . Gauss
propôs estimar os parâmetros β0 e β1 e visando minimizar a soma dos
quadrados dos desvios ou dos termos de erro, 𝑒𝑖 , i = 1, ...n, chamando este
processo de método dos mínimos quadrados.

A utilização do método dos mínimos quadrados nesta


monografia consiste na obtenção dos estimadores dos coeficientes de
regressão "β0 e β1 ", minimizando a soma dos quadrados dos resíduos do
modelo de regressão linear, calculados como a diferença entre os valores
observados, 𝑌𝑖 , e os valores estimados, 𝑌̂ isto é:

eⅈ = yⅈ − ŷⅈ i = 1, … n (2.6)

35
O método dos mínimos quadrados propôs então encontrar os
valores para os quais a soma dos quadrados dos resíduos (SQE) é mínima.
Teve-se então:

Yⅈ = β0 + β1 Xⅈ + eⅈ (2.7)

Isolando o termo de erro tem-se o seguinte:

eⅈ = Yⅈ − β0 − β1 Xⅈ (2.8)

Elevando o termo de erro ao quadrado tem-se:

e2ⅈ = (Yⅈ − β0 − β1 Xⅈ )2 (2.9)

Atribuindo o sinal soma à função do erro ao quadrado:

n n

∑ e2ⅈ = ∑(Yⅈ − β0 − β1 Xⅈ )2 (2.10)


ⅈ=1 ⅈ=1

Minimizando a soma do erro ao quadrado:

n n

Min ∑ e2ⅈ Min = ∑(Yⅈ − β0 − β1 Xⅈ )2 (2.11)


ⅈ=1 ⅈ=1

Calculando as derivadas parciais de SQE em ordem a β0 e β1 , obtêm-se:

n n
∂ ∑ⅈ=1 e2ⅈ ∂ ∑ⅈ=1 e2ⅈ
= 0; =0 (2.12)
∂β0 ∂β1

n n
∂ ∑ⅈ=1 e2ⅈ
= −2 ∑(Yⅈ − β0 − β1 Xⅈ ) (2.13)
∂β0
ⅈ=1

36
n n
∂ ∑ⅈ=1 e2ⅈ
= 0; −2 ∑(Yⅈ − β0 − β1 Xⅈ ) (2.14)
∂β0
ⅈ=1

n n

∑ Yⅈ − nβ̂ 0 + β̂1 ∑ Xⅈ = 0 (2.15)


ⅈ=1 ⅈ=1

n n

∑ Yⅈ = nβ̂ 0 − β̂1 ∑ Xⅈ (2.16)


ⅈ=1 ⅈ=1

A expressão (2.16) é a primeira equação normal.

n n
∂ ∑ⅈ=1 e2ⅈ
= −2 ∑(X)(Yⅈ − β0 − β1 Xⅈ ) (2.17)
∂β1
ⅈ=1

n n
∂ ∑ⅈ=1 e2ⅈ
= −2 ∑(XYⅈ − β0 X ⅈ − β1 X ⅈ2 ) = 0 (2.18)
∂β1
ⅈ=1

n
n n

∑ X ⅈ Yⅈ − β̂ 0 ∑ X ⅈ − β̂1 ∑ X ⅈ2 = 0 (2.19)
ⅈ=1 ⅈ=1
ⅈ=1

n
n n

∑ X ⅈ Yⅈ = β̂ 0 ∑ X ⅈ + β̂1 ∑ X ⅈ2 (2.20)
ⅈ=1 ⅈ=1
ⅈ=1

A expressão (2.20) é a segunda equação normal. Assim sendo, tem-se as


seguintes equações normais do modelo de regressão linear simples:

37
n
n

∑ Yⅈ = nβ̂ 0 − β̂1 ∑ X ⅈ (I)


ⅈ=1
ⅈ=1
n
n n

∑ X ⅈ Yⅈ = β̂ 0 ∑ X ⅈ + β̂1 ∑ X ⅈ2 (II)
{ ⅈ=1 ⅈ=1
ⅈ=1

Os valores de β0 e β1 foram determinados através da resolução


do sistema de equações formado pelas equações normais. O sistema de
equações normais foi resolvido utilizando o programa econométrico gretl
versão 2020c.

De acordo com Maia (2017), os pressupostos do modelo de


regressão linear simples são:

 Os erros são independentes com média nula. Pressupondo então


que: E(eⅈ ) = 0, tem-se:

E(Yⅈ ) = E(β0 + β1 x1 + eⅈ ) (2.21)

= β0 + β1 x1 + E(eⅈ )

= β0 + β1 x1

Por outro lado, pode-se afirmar que o erro de uma observação é


independente do erro de outra observação, o que significa que:

COV(εⅈ , εj ) = E(εⅈ εj ) − E(εⅈ )E(εj ) = E(εⅈ εj ) = 0, (2.22)

para i ≠ j, i, j = 1, … n.

 A variância do erro é constante, isto é var(eⅈ ) = σ2 , i = 1, … , n.

38
Tem-se então:

var(eⅈ ) = E(e2ⅈ ) − [E(eⅈ )]2 = E(e2ⅈ ) = σ2 (2.23)

e consequentemente:

var(yⅈ ) = var(β0 + β1 x1 + eⅈ ) = var(β0 + β1 x1 ) + var(eⅈ ) = σ2 (2.24)

Os erros eⅈ , i = 1, … , n. São normalmente


distribuídos.
Conclui-se, que: eⅈ ~N(0, σ2 ), i = 1, … , n.

𝑦𝑖 ~𝑁(β0 + β1 x1 , 𝜎 2 ), 𝑖 = 1, … , 𝑛.

 Relação linear entre X e Y. O ajuste só é válido para relações


lineares, estipula que deve existir uma relação linear entre a
variável dependente e a variável independente, esta relação
pode ser positiva ou negativa.
 Os valores de X são fixos em repetidas amostras, não aleatórios.
Quem varia é o regressando, o regressor é fixo e dado, qualquer
que seja a amostra. Faz-se a pressuposição que dado um valor
de X, Y irá variar segundo uma distribuição de probabilidade
com valor esperado dado por E(Y|𝑋𝑖).
 Esperança condicional dos erros igual a zero, ou seja, E(e|𝑥𝑖) =
0. É a mesma coisa afirmar que E(Y|Xi) = 𝑥𝑖, 𝛽.
 A variabilidade dos erros é constante, ou seja, E(𝑒𝑖2 ) = 𝜎². Os
erros são homocedásticos, ou seja, sua variância é a mesma para
qualquer X. A violação deste pressuposto gera problema de
heterocedasticidade.

39
 Os erros são não autocorrelacionados, ou seja, E(𝑒𝑖𝑖2 ) = 0. Não
há relação entre valores ordenados dos erros segundo tempo ou
espaço.

2.2.2.4. Técnicas de diagnóstico do modelo de regressão

Após a estimação dos parâmetros do modelo, procedeu-se a sua


avaliação através do teste t de Student, antes desta avaliação determinou-se
os valores das variâncias do modelo ou do erro e dos parâmetros. A variância
do modelo foi determinada através da seguinte expressão:

2
∑e2ⅈ ∑(yⅈ − ŷⅈ )2
S = = (2.25)
n−k n−k

Onde: n foi o tamanho da amostra e k o número de parâmetros


estimados.

A variância do declive ou ângulo de inclinação foi determinada


através da seguinte expressão:

S2
Sβ12 = (2.26)
∑(xⅈ − x̅ⅈ )2

A variância do intercepto foi determinada através da seguinte


expressão:

S 2 Σ(xⅈ )2
Sβ20 = (2.27)
nΣ(xⅈ − x̅ⅈ )2

2.2.2.4.1. Coeficiente de determinação

Segundo Gujarati (2000), o coeficiente de determinação R²


mede resumidamente e prediz o quanto a linha de regressão amostral ajusta-

40
se aos dados. É o indicador mais usado para medir a qualidade do
ajustamento de uma linha de regressão. Em poucas palavras, o R2 mede a
proporção ou percentual da variável total Y explicada pelo modelo de
regressão e varia entre 0 e 1, (0≤R²≤1). O coeficiente de determinação é mais
indicado para medir a explicação da recta de regressão. Assim, quanto mais
próximo de 1 estiver o valor do coeficiente de determinação, maior a
percentagem da variação explicada pela recta estimada, e, por conseguinte,
maior é a qualidade do ajustamento. Neste caso, tem-se:

2
∑(yⅈ − y̅ⅈ )2
R =1− (2.28)
∑(yⅈ − y̅)2

Onde: a expressão ∑(yⅈ − y̅ⅈ )2 representa a soma dos quadrados


dos termos de erro e a expressão ∑(yⅈ − y̅)2 é a soma dos quadrados totais.

2.2.2.4.2. Teste t de Student para a significância dos parâmetros

O teste de hipótese t Student foi útil neste estudo porque


permitiu verificar a significância estatística dos parâmetros do modelo de
regressão em causa e também permitiu tomar uma decisão (aceitar ou rejeitar
a hipótese nula) entre duas ou mais hipóteses (hipótese nula ou hipótese
alternativa) utilizando os dados observados.

A linguagem estatística da hipótese estabelecida foi


denominada hipótese nula e é denotada pelo símbolo H o. A hipótese nula é,
em geral, testada contra a hipótese alternativa (também conhecida como
hipótese mantida), denotada por H1 ou HA. Em outras palavras, pretendeu-se
transmitir a ideia de que num teste de hipótese existem duas hipóteses, uma
nula outra alternativa, a hipótese nula é a hipótese a ser verificada, enquanto
a hipótese alternativa indica somente o sentido do teste, isto é, permite saber

41
se o teste é bilateral (bicaudal), unilateral a esquerda (unicaudal a esquerda)
ou unilateral a direita (unicaudal a direita).

A Hipótese nula, é a hipótese assumida como verdadeira para a


construção do teste. É a teoria, o efeito ou a alternativa que se está
interessado em testar.
A Hipótese alternativa, é considerada quando a hipótese nula
não tem evidência estatística.

2.2.2.4.3. Teste de heterocedasticidade de Breusch-Pagan

Segundo Maia (2017), a homocedasticidade refere que os


termos de erro εt de um modelo devem ter sempre variância constante. A
violação deste pressuposto gera o problema de heterocedasticidade.

Para testar a existência ou não da homocedasticidade dos termos


de erro do modelo de regressão estimado nesta monografia, utilizou-se o
teste de Breusch-Pagan.

De acordo com Maia (2017), o teste de Breusch-Pagan baseado


no teste multiplicador de Lagrange é usado para testar a homocedasticidade
dos resíduos do modelo de regressão linear. Sua hipótese nula tem como base
de que as variâncias dos erros são iguais e é indicado para amostras grandes
e quando a pressuposição de normalidade é atendida, sua estatística de teste
é dada inicialmente, ajusta-se o modelo de regressão linear e encontra-se os
̂ⅈ = (Y
resíduos eⅈ = (e1 , … , en ) e os valores ajustados Y ̂ⅈ , … , Y
̂n ). Em

seguida, considera-se os resíduos ao quadrado e os padronizamos de modo


que a média do vector de resíduos padronizados, que denotaremos por u, seja
1. Esta padronização é feita dividindo cada resíduo ao quadrado pela em que
é a soma de quadrados dos resíduos do modelo ajustado e n é o número de
observações. Desta forma, temos que cada resíduo padronizado é dado por:

42
e2ⅈ
uⅈ = , i = 1, … , n (2.30)
SQE ∕ n

Em que SQE = ∑nⅈ=1 e2ⅈ

Por fim, fazemos a regressão entre uⅈ = (u1 , … , un )(variável


resposta) e o vector Ŷ (variável explicativa) e obtemos a estatística X 2 BP,
̂ e dividindo o valor
calculando a soma de quadrados da regressão de u sobre Y
encontrado por 2. A estatística usada no teste é a X 2 BP studentizada que é
dada por:

2
X 2 BP
X BP studentizada = (2.31)
λ

Var(ε2 )
em que λ =
2Var(ε2 )

Sob a hipótese nula, esta estatística tem distribuição qui-


quadrado com 1 grau de liberdade. Resumidamente, se não existe
heterocedasticidade, é de se esperar que os resíduos ao quadrado não
aumentem ou diminuam com o aumento do valor predito, 𝑌̂e assim, a
estatística de teste deveria ser insignificante.

2.2.2.4.4. Teste de normalidade de Jarque-Bera

Para Ferreira (2006), Trata-se de um teste assintótico, as


hipóteses a serem testadas são:

H0: o erro do modelo de regressão linear possui distribuição normal

H1: o erro do modelo de regressão linear possui distribuição não-normal na


família de Pearson.

43
O procedimento do teste consiste em calcular os valores da
assimetria e da curtose da amostra e utilizar a seguinte estatística de teste:

𝛼̂1 (𝛼̂2 − 3)2


𝐽𝐵 = 𝑇 ( + ) (2.32)
6 24

Onde, 𝛼̂1 e 𝛼̂2 são, respetivamente, os coeficientes amostrais de


assimetria e de curtose e T é o tamanho da amostra.

Sob a hipótese nula de que os erros se distribuem normalmente,


Jarque e Bera (1987), mostraram que, assintoticamente, a estatística JB dada
em (2.32) segue uma distribuição qui-quadrado com 2 graus de liberdade.
Assim:

H0: JB ˃ χ2α,2 rejeita-se a hipótese de normalidade dos erros;

H0: JB ˂ χ2α,2 não se rejeita a hipótese de normalidade dos erros;

Onde χ2α,2 é o quantil de nível 1−α da distribuição χ2 com dois


graus de liberdade.

2.2.2.4.5. Teste de autocorrelação de Breusch-Godfrey

O teste de Breusch-Godfrey também é conhecido como teste


LM (Lagrange Multiplier) para autocorrelação. Após definir o modelo e
estimar seus coeficientes, o teste consiste em efetuar uma regressão do
resíduo contra o próprio resíduo defasado no tempo e as variáveis
explicativas. As hipóteses do teste são:

H0 : ρ1 = ρ2 = ⋯ = ρp = 0

H1 : pelo menos ρj ≠ 0, j = 1, … , p.

44
Suponha que o modelo específico seja:

𝑌𝑡 = 𝛽0 + 𝛽1 + 𝑋𝑡 + 𝑢𝑡

Suponha que o termo de erro siga um processo AR (p).

𝑢𝑡 = 𝜌1 𝑢𝑡−1 + 𝜌2 𝑢𝑡−2 + ⋯ + 𝜌𝑝 𝑢𝑡−𝑝 + 𝜀𝑡 (2.34)

Após estimar a equação acima, e definir a ordem de defagem p,


obtém-se a estatistista de teste, que está baseada na regressão:

𝑢̂𝑡 = 𝑎0 + 𝑎1 𝑥𝑡 + 𝑝̂1 𝑢̂𝑡−1 + 𝑝̂2 𝑢̂𝑡−2 + ⋯ + 𝑝̂𝑝 𝑢̂𝑡−𝑝 + 𝑣𝑡 (2.35)

Onde os últimos termos 𝑢̂𝑡−1 , 𝑢̂𝑡−2 , …𝑢̂𝑡−𝑝 são os resíduos


estimados pela equação. Por isso o tamanho efetivo da amostra usada para a
equação é (n-p). assintoticamente tem-se:

𝑛−𝑝
2 ∑𝑡=1 (𝑢 ̅ )2
̂𝑡 −𝑢
(𝑛 − 𝑝). 𝑅 = (𝑛 − 𝑝). 𝑛−𝑝
∑ ̅ )2
~𝑋𝑝2 (2.36)
𝑡=1 (𝑢𝑡 −𝑢

Esse teste possui algumas vantagens, pois permite a inclusão de


valores defasados de Y como variáveis explicativas; pode ser aplicado
mesmo que os erros não sigam processos puramente autoregressivos;
permite a inclusão de variáveis exógenas e considera autocorrelações de
ordens simples ou mais elevadas.

2.2.2.4.6. Teste de especificação de Ramsey

O teste de especificação de Ramsey é um mero teste de


especificação, ou seja, é um teste que pode detetar problemas resultantes de
omissão de variáveis significativas ou de incorreta especificação da própria
forma funcional do modelo. O teste baseia-se na hipótese de que se
combinações não lineares das variáveis explicativas têm algum poder

45
explicativo sobre a variável dependente, então o modelo estará mal
especificado. Esta ideia pode ser traduzida pela seguinte regressão auxiliar:

𝑦 = 𝑎𝑥 + 𝛾1 𝑦̂ 2 + ⋯ + 𝛾𝑘−1 𝑦̂ 𝑘 , onde 𝑦̂ 2 = 𝐸 (𝑦|𝑥) = 𝛽𝑥, ou


seja, aumenta-se a regressão original com pontêcias da variável
dependente. A hipóte nula passa a ser descrita da seguinte forma:

𝐻0 : 𝛾𝑖 = 1, … , 𝑘 − 1
{
𝐻1 : ∃𝛾𝑖 ≠ 0, 𝑖 = 1, … , 𝑘 − 1

A estatística de teste é baseada num teste-F.

46
CAPÍTULO 3. ANÁLISE DE DADOS, APRESENTAÇÃO E
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS.

O presente capítulo faz referência à análise, apresentação e


interpretação dos resultados obtidos através da aplicação dos procedimentos
metodológicos desenvolvidos no capítulo anterior.

3.1. Análise estatísticá sobre o IDE e o PIB

A Tabela 3.1, mostra as estatísticas descritivas do Investimento


Directo Estrangeiro e Produto Interno Bruto do período compreendido entre
2004 e 2020. Em média, no período em análise, a elasticidade do
investimento directo estrangeiro realizado em Angola foi igual a 11,137,
gerado pelo impacto causado pelo aumento da elasticidade média do produto
interno bruto em 3,518. Da análise da tabela acima apresentada, ressalta-se
que os valores mínimos das elasticidades do IDE e o PIB, entre 2004 e 2020,
foram aproximadamente de 5,606 e 1,256, respectivamente. Já os valores
máximos das elasticidades do IDE e o PIB, foram de 16,581 e 5,408,
respectivamente.

Tabela 3.1: Estatísticas descritivas, usando as observações sobre

as variáveis IDE e PIB do período 2004-2020.

Mínimo Média Mediana Máximo


PIB per capita (US$ actual) 1,256 3,518 3,506 5,408

IDE (% DO PIB) 5,606 11,137 11,062 16,581

Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados do BM (2021), acessado em
07/05/2021

47
3.2. Análise de correlação entre o IDE e o PIB

Através da Tabela 3.2 sobre o coeficiente de correlação entre


IDE e o PIB foi possível observar que o grau de associação entre ambas
variáveis é de aproximadamente, 80%, o que evidencia a existência de uma
correlação positiva e forte entre o IDE e o PIB. Portanto, conclui-se que o
investimento directo estrangeiro e o produto interno bruto, crescem no
mesmo sentido ou direcção, isto é, quando uma aumenta, a outra cresce.

Tabela 3.2 Correlações entre as variáveis IDE e PIB durante o


período 2004-2020

Variáveis PIB IDE


PIB 1 0,795
IDE 0,795 1
Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados do BM (2021), acessado em 07/05/2021

3.3. Estimação do modelo de regressão linear simples


Tabela 3.3. Modelo de regressão linear simples

Coeficientes Erro-padrão Estatística t Probabilidade


Intercepto 724,22 581,29 1,25 0,232
IDE 0,251 0,049 5,122 0,00014
R-quadrado: 0,6313, R-quadrado ajustado: 0,6067
F (1, 15) = 25,68, p-valor: 0,00014
Teste de autocorrelação de Breusch-Godfrey: LM test = 2,5959, df = 1, p-valor = 0,1071

Teste de Breusch-Pagan: BP = 1,0579, df = 1, p-valor = 0,3037


Teste de normalidade de Jarque-Bera: KHi-Quadrado = 2,1842, df = 2, p-valor = 0,335
Teste de especificação de Ramsey: RESET = 0,509, df1 = 2, df2 = 13, p-valor = 0,6126
Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados do BM (2021), acessado em 07/05/2021.

48
A Tabela 3.3, apresenta o modelo de regressão linear simples que
ilustra a relação existente entre o IDE e o PIB. A partir desta, extrai-se a
equação que ilustra a relação entre as variáveis consideradas nesta
monografia, que é dada por:

̂ t = 724,22 + 0,251 IDE


𝑃𝐼𝐵 (3.1)

A equação 3.1, mostra a relação existente entre a elasticidade


do investimento directo estrangeiro e o produto interno bruto. Assim, a
elasticidade do PIB depende positivamente da elasticidade do IDE, de tal
forma que o aumento do IDE no período em análise provocou um aumento
no PIB. Pode-se ainda observar, a partir da Tabela 3.3, que a elasticidade do
PIB tem um efeito significativo do ponto de vista estatístico a todos os níveis
de significância recomendados em Estatística, isto é 1%, 5% e 10%.
Finalmente, o valor do coeficiente de determinação que é de
aproximadamente 63%, mostra que as variações que ocorrem IDE são
explicadas, durante o período em análise nesta monografia, pelas variações
que ocorreram na elasticidade do PIB de Angola.

3.3.1. Diagnóstico da estimação do modelo de regressão linear simples

Feita a estimação do modelo, segue-se à verificação da sua


viabilidade usando os testes de autocorrelação de Breusch-Godfrey,
homocedasticidade de Breusch-Pagan, de normalidade de Jarque-Bera e
especificação do modelo de Ramsey.

Relativamente a existência ou não de autocorrelação, observa-


se que, a partir da Tabela 3.3, o teste de Breusch-Godfrey que fornece uma
estatística LM = 2,5959, df = 1, com p-valor = 0,1071, acima de quaisquer
níveis de significância estatística, 1%, 5% e 10%, permite a não rejeição da

49
hipótese nula de que os termos de erro do modelo estimado são não
autocorrelacionados.

No que concerne a homocedasticidade, o teste de Breusch-


Pagan, proporcionou uma estatística BP = 1,0579, df = 1 com p-valor 0,3037
maior que os níveis de significância estatística, o que permite aceitar a
hipótese nula de que os resíduos do modelo de regressão linear não são
heteroscedasticos, ou seja, são homocedásticos.

No que diz respeito à normalidade dos termos de erro, o teste de


Jarque-Bera proporciona um valor da estatística KHi-Quadrado = 2,1842
df = 2, com p-valor = 0,335, muito acima dos níveis de significância
estatística de 1%, 5% e 10%. Deste modo, pode-se afirmar que os erros do
modelo seguem uma distribuição normal.

Para a especificação do modelo, usou-se o modelo de Ramsey


que proporcionou um valor da estatística igual a 0,509, com p-valor = 0,6126
não permite a rejeição da hipótese nula de que o modelo estimado, não
apresenta problema de especificação. Deste modo, conclui-se que o modelo
estimado, ou seja, o modelo que ilustra a relação entre o IDE e PIB, não
apresenta algum problema de não-linearidade.

50
CONCLUSÕES

No presente trabalho referenciou-se o objectivo geral que é


analisar o Impacto do Investimento Directo Estrangeiro sobre o Crescimento
Económico de Angola no período compreendido entre 2004 e 2020, para
atingir esse objetivo foi desenvolvida uma pesquisa bibliográfica sobre as
principais teorias associadas ao Investimento Directo Estrangeiro e o
Crescimento Económico, evidenciando os autores que contribuíram com
diversas literaturas para o melhor entendimento do tema em análise com a
intenção de contribuir para fundamentação teórica. Além disso, foi utilizado
o modelo de regressão linear simples tendo permitido apresentar a relação
existente entre a variável dependente (PIB) e a variável independente (IDE).

Através dos resultados do modelo econométrico estimado é


possível concluir que a variável independente exerceu um efeito positivo
sobre a variável dependente durante o período em análise. De tal modo que
63% das variações que ocorrem no PIB são explicadas pelas variações que
ocorrem no IDE.

Finalmente, conclui-se através dos resultados do modelo


econométrico estimado que no período em análise o aumento do
investimento directo estrangeiro influenciou positivamente o PIB.

51
RECOMENDAÇÕES

Face aos resultados aqui obtidos, é imperioso deixar-se um


conjunto de recomendações, nomeadamente:

 O Estado deve implementar políticas que possam contribuir para a


redinamizar e modernizar o sistema fiscal angolano de forma a reduzir
a elevada dimensão da economia informal e proporcionar maior
confiança aos investidores externos.
 Por outra deve definir regras relativas aos fluxos de investimento
directo estrangeiro para minimizar o desinvestimento a longo prazo.

52
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World Investiment Report. (2014). Agência para o Investimento e Comércio


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2014 - Angola. / The World Bank.

57
ANEXO

Dados de PIB e Investimento Directo Estrangeiro em Angola


em Bilhões de dólares, no período compreendido entre 2004 e 2020.

ANOS IDE PIB per capita


(US$ actual)
2004 5606.4233 1255.565
2005 6796.0179 1902.422
2006 9066.2335 2599.566
2007 9795.8884 3121.996
2008 16581.0156 4080.941
2009 11673.0591 3122.782
2010 12156.7224 3587.884
2011 14123.611 4615.468
2012 14345.882 5100.097
2013 14853.7138 5254.881
2014 16176.3676 5408.412
2015 16543.1687 4166.98
2016 11062.3146 3506.073
2017 6208.1475 4095.81
2018 7535.7489 3289.644
2019 10488.2561 2809.626
2020 6310.8509 1895.771

Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados do BM (2021), acessado
em 08.06.2021.

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