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DEPARTAMENTO DE GESTÃO
DEPARTAMENTO DE GESTÃO
Nº 85.571
I
Agradecimentos
Por outro lado, a elaboração deste trabalho não seria uma realidade se não
houvesse a intervenção e apoio de pessoas, entidades e instituições que se
predispuseram em nos apoiar. Daí as minhas notas de agradecimento ao corpo docente
da Faculdade de Economia, da Universidade Agostinho Neto em especial ao meu
orientador MSc. Fernandes Wanda pela sua disponibilidade, orientação e incentivo
para a materialização deste trabalho.
Aos meus pais, José Sabalo e Emília Manuel, às minhas queridas mães
Victória e Suzana, aos meus irmãos, Quiteque Aníbal, Cahanda Sabalo, Chilola Manuel,
António Bernardo, Marquinha, Fátima, Léo, Maura, Agéu, Toni, Tadeu, aos primos (as)
aos meus sobrinhos (as), a Luzia dos Reis, o meu muito obrigado pelo apoio
incondicional.
II
Abreviaturas e Siglas
FAO - Food and Agriculture Organization (Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura);
ha – hectare;
Kg – Quilogramas;
III
Epígrafe
IV
Lista de Figuras
V
Lista de tabelas
VI
Lista de Gráficos
VII
Resumo
VIII
Abstract
Keywords: Price Risk, Derivatives, forward contract, futures contract, options contract.
IX
Índice Geral
Dedicatória………………………………………….........................................................I
Agradecimentos………………………………………....................................................II
Epígrafe...........................................................................................................................III
Abreviaturas e siglas.......................................................................................................IV
Lista de figuras.................................................................................................................V
Lista de tabelas...........................................................................................................,....VI
Lista de gráficos.............................................................................................................VII
Resumo ……….…………………………………………………...............................VIII
Abstract………………………………………………………………………………...IX
Introdução…………………………………………………………………....................1
3.1 - Identificação...........................................................................................................40
3.2 - Caracterização.........................................................................................................40
3.4 - Resultados...............................................................................................................48
Conclusões......................................................................................................................49
Recomendações..............................................................................................................50
Bibliografia………………………………….................................................................51
Apêndice………………………………………………….............................................54
Introdução
A Gestão de risco tem sido uma das prioridades no mundo actual, tanto para os
indivíduos, empresas e para governos. Com o crescimento do comércio internacional e a
crescente globalização da economia, os diversos agentes económicos no mundo
passaram a estar expostos a maiores riscos no desempenho de suas actividades tendo
então surgido uma grande necessidade de protecção contra riscos que o mercado
apresenta.
Problemática
Para além do petróleo que tem sido o grande alicerce da economia nacional, Angola
dispõe de inúmeros recursos naturais e um grande potencial agrícola, contudo esse
1
potencial carece de aproveitamento sendo que apenas 16% da terra arável se encontram
cultivada1.
Hipótese
Objectivos
Objectivo geral
Objectivos específicos
1
De acordo com o nosso informante 1, esta informação ainda assim não é a mais consistente uma vez que
não tem em conta os hectares de terra utilizado pelas explorações agrícolas empresariais. Por outro lado
não existe uma coerência entre os valores apresentados pela Food and Agriculture Organization (FAO),
que afirma existir aproximadamente um total de 58.990.000 ha. de terra aráveis, suscitando alguma
dúvida sobre esta questão. Em todo caso, neste trabalho usaremos os dados do Gabinete de Estudo,
Planeamento e Estatística (GEPE) ou seja dados que o Ministério da agricultura (MINAGRI) utiliza.
2
Relatório de fundamentação do Orçamento Geral do Estado (OGE) 2016 p.38 e p.48
2
Caracterizar o sector agrícola nacional e avaliar as estratégias de gestão de risco
de preço utilizada pelos produtores nacionais;
Analisar as características em volta de cada instrumento derivativo agro-
pecuário;
Mostrar os princípios básicos de operacionalização no mercado de derivativos.
Metodologia
3
relacionados com os derivativos, recorremo-nos a metodologia de pesquisa exploratória
sendo esta uma metodologia que permite entender um fenómeno por intermédio de
análises a documentos afins produzidos de forma a proporcionar maior familiaridade
com o problema e com vista a torná-lo explícito.
Estrutura de trabalho
No capítulo II, faz-se uma revisão literária a respeito dos derivativos, expondo a
parte histórica sobre o surgimento destes contractos, das bolsas de mercadorias e uma
abordagem mais pormenorizada acerca dos diferentes derivativos agropecuários.
No capítulo III, “estudo de caso” é feita uma análise mais prática à empresa
Agricultiva, Lda de forma a verificar como ela lida com a questão do risco de preço.
Neste capítulo compara-se o resultado da metodologia de comercialização na
Agricultiva com os resultados da metodologia usando derivativos agropecuários a partir
de exemplos hipotéticos.
4
CAPITULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA SOBRE A AGRICULTURA E
OS RISCOS NESTE SECTOR
Neste primeiro capítulo, começamos por fazer uma abordagem sobre a cadeia de
valor da agricultura e características que diferenciam essa actividade das outras
actividades económicas. De seguida faremos uma análise ao sector agrícola nacional
identificando os constrangimentos e políticas para desenvolver este sector. Finalmente
abordamos o conceito de riscos e os principais riscos em que a actividade agrícola está
exposta.
A agricultura pode ser entendida como um conjunto de técnicas que visam obter
da terra a partir do processo de cultivo, produtos para a sustentabilidade do homem.
Essa actividade quando bem desenvolvida pode servir como um instrumento para o
crescimento económico de qualquer país.
A agricultura envolve um circuito integrado de mercados, abrangendo diversos
segmentos e sectores que desempenham um papel fundamental para o processo
produtivo até que o produto chegue ao consumidor final. O conceito da cadeia adoptado
aqui abrange a soma de todas as actividades relacionadas com agricultura operações de
produção dos insumos agrícolas, movimentação, transformação e comercialização de
produtos e matérias-primas oriundas do campo. À luz destas perspectivas, podemos
resumir a cadeia da actividade agrícola em três partes distintas, nomeadamente:
Os negócios à montantes da produção agrícola, representados pela indústria e
comércio que fornecem os insumos indispensáveis para o processo produtivo,
como por exemplos de fertilizantes, calcário, equipamentos e outras;
A Segunda parte tem haver precisamente com a produção agrícola, nela estão
incluídas as actividades dos produtores;
5
Figura nº 1 - cadeia de valor da actividade agrícola
Fonte: Luís César da Silva, Logística e Organização de Cadeias Produtivas, Rio de Janeiro, (n.d.), p.3
Angola dispõe de potencialidades naturais para fazer face aos níveis de produção
que fortemente podem contribuir para o desenvolvimento harmonioso dos seus
habitantes. A existência de solos com forte potencial agrário, a biodiversidade, o clima,
a genética, a abundância de recursos hídricos, constitui os factores favoráveis ao
desenvolvimento agropecuário do país.3 Mas apesar da grande potencialidade existente
em Angola os dados recentes do GEPE, mostram que dos 35.000.000 ha. disponíveis
somente 16% da área agrícola é usado para agricultura4 o que em certo modo pode
ajudar a ilustrar o subaproveitamento deste recurso e explicar também uma das razões
pela falta de auto-suficiência alimentar e do excesso de importação de produtos básicos
e remete-nos a reflectir sobre as verdadeiras razões em volta deste problema passados
14 anos após assinatura da paz em Angola.
Contudo, segundo Pereira (2014, p.84 e 87), o sector já teve momentos áureos,
o período de 1961-1974 é frequentemente tido como um período de referência do sector
da agricultura em Angola, com uma produção agrícola bastante diversificada5 e muito
virada à exportação. Angola não só detinha uma produção capaz de dar resposta à
demanda alimentar, mas também se posicionava como uma das potências em termo de
exportações,6 ou seja, a agricultura era a base da economia de angolana e o ano de 1973
uma referência para o Estado no pós independência,7 embora M.R. Bhagavan no seu
livro Angola's Political Economy 1975-1985 refuta a ideia de uma auto-suficiência
neste período. Para este autor a auto-suficiência era limitada a burguesia que de tinha
3
La 26ᵉᵐᵉConférence Régionale de La FAO por I´ Africa, Brochure de Information, 2010, p.28
4
GEPE
5
Mais informações sobre a produção agrícola podem ser encontrada na Web site FAOSTAT
6
Para melhor entendimento sobre do sector agrícola nacional desde o período de 1961-2002 ver do
professor PEREIRA, Pedro Agricultura e Desenvolvimento Económico de Angola: Análise e Solução Da
Questão da Terra, Ed. Tekute Lda, Bélgica, 2014, p.340. Entretanto a nossa análise por uma questão
delimitação singir-se-á ao período após o conflito armado até hoje.
7
Filipe Paulo, Nós e a Nossa Terra, Ed. Damer Gráfica, 2015, p.83
7
um maior poder de compra. Por outro lado ao analisar a relação entre o volume da
produção no ano 1973 e a população urbana, Bhagavan (1986, p.13), explica que
podemos ter uma visão sobre a pouca disponibilidade de alimentos neste período8.
Portanto deste modo as afirmações a respeito do ano de 1973 suscitam em nós algumas
reservas.
8
Mais detalhes, pode ser encontrado no livro de M.R. Bhagavan, Angola's Political Economy 1975-1985.
9
GEPE, Campanha Agrícola 2013/2014.
10
Segundo o Programa de Médio Prazo do Sector Agrário (PDMSA) as explorações agrícolas familiares
contribuem com 80% da produção nacional sendo o resto vindo das explorações agrícolas empresariais.
11
O VAB mostra o resultado final criado por uma empresa, sector ou ramo no decurso de um período
determinado. Calcula-se pela diferença entre o valor da produção e o consumo intermédio.
8
Este gráfico demonstra, o quanto ainda é necessário trabalhar para o
relançamento da actividade agrária no nosso país, sendo esta a “palavra de ordem” face
a crise que o país enfrenta. O incentivo ao aumento da produção agrária poderá
proporcionar resultados não só do ponto de vista da segurança alimentar ou da auto-
suficiência, como também facilitar, o relançamento da indústria, contribuir para o
relançamento diminuição das importações e mais do que isso, proporcionar um maior
número de postos de trabalho. Esta proeza pode ser garantida de três formas distintas
que utilizadas de forma coordenada poderão garantir sustentabilidade a produção, elas
segundo o nosso informante 2, os quais citamos:
9
Partnership for Africa’s Development (NEPAD), em Maputo que advoga a alocação
para agricultura de 10% OGE.12
Acesso ao Financiamento
Outro aspecto relevante e que constitui desafio para o sector é o acesso aos
financiamentos (créditos), sendo esta uma das alternativas que os investidores têm para
a materialização dos seus projectos.
Após uma análise ao relatório de gestão do Banco Desenvolvimento de Angola
(BDA), para o período 2007-2011, verificamos que do total de financiamentos directos
feito neste período pelo BDA, somente 16,6% dos mesmos foram destinados para
agricultura.
Tabela nº 1 Total acumulado do financiamento feito pelo BDA período 2007-2011
12
FAO, “Alocação Do Orçamento Geral Do Estado Para 2014 Destinado Para Agricultura”, Florestas,
Pecuária e Desenvolvimento Rural, Luanda, 2014
10
Segundo o mesmo relatório, alguns bancos comerciais também se encontram
inseridos no programa de financiamento encabeçado pelo BDA, mas a sua participação
ao longo do período em análise foi bastante modesta. Em quatro anos foram financiados
15 projectos sendo 11 projectos para o sector agrícola em quatro para a indústria
transformadora.
11
A esta medida, deve ser incorporada a questão de uma melhor alocação do
crédito, segundo o estudo do Banco Nacional de Angola (BNA) sobre potenciação de
crédito na economia angolana feito em 2013, para além de existir uma predominância
na concessão de crédito para o sector de comércio e serviços à outra questão é o facto de
que 90% do crédito estejam concentrados em Luanda.13 É uma situação a analisar de
forma que se possam alocar estes créditos para províncias com bastante potencial e que
se criem estímulos como a criação de condições infra-estruturais e incentivo fiscal, para
que os investidores possam investir nestas regiões.
Investigação Agrária
13
BNA, Sobre Potenciação De Crédito Na Economia Angolana, Angola, 2013, p.4
14
PND
15
Mais questões sobre a investigação agrária podem ser encontrada no trabalho de CORREIA, Manuel,
Prioridades da Investigação Agrária em Angola, 2013, Huambo,20p.
12
condições climatéricas; o projecto para a produção do algodão no K. Sul até o ano
passado não havia registado algum resultado plausível16.
Várias medidas já foram efectivadas até ao momento, algumas das quais podemos aqui
enunciar:
Aprovação pelo Governo em 2010 de linha de crédito para apoio aos produtores
que prevê a concessão de crédito de campanha, e crédito de investimento.17
Apesar da sua pertinência o crédito de campanha ficou paralisado durante de 3
anos, isto é de 2012-2014;
A redução da taxa de juro do credito agrícola de campanha de 5% para 2% pelo
BDA, de forma a garantir que os investidores tenham maior facilidade de
reembolso;
A construção e reabilitação de vários perímetros irrigados (Matala, Caxito,
Ganguelas, Bom Jesus, Kikuxi e outros).18
O desenvolvimento do pólo agro-industrial de Capanda em Malanje, onde se
encontra inserido o projecto Biocom que produz o açúcar e o etanol e energia
eléctrica com base na produção da cana-de-açúcar.
Contudo existe um pormenor que segundo a nossa análise deveria ser corrigido.
Trata-se das aprovações de projectos públicos de produção de larga escala,19 por
tratarem-se de projectos que consomem uma boa parte dos valores destinados para o
OGE da agricultura mas que do ponto de vista de produção ainda apresentam resultados
incipientes.
16
Posição do OPSA e da ADRA sobre o OGE 2014, p.14
17
BDA, relatório de gestão 2007- 2011, p.56
18
La 26ᵉᵐᵉ Conférence Regional de La FAO por I´ Africa, Brochure de Information, 2010 p.34
19
Posição do Observatório Político Social de Angola (OPSA) e da Acção Para o Desenvolvimento Rural e
Ambiente (ADRA) sobre o OGE 2014, p.14
13
Na nossa opinião os projectos deveriam ser terciarizados para investidores que
apresentarem melhores condições e assim fazia-se um trade off canalizando os
montantes que seriam para a operacionalização desses projectos aos agricultores
familiares sob forma de crédito, pois segundo o PDMPSA 80% da produção nacional é
proveniente desta classe de produtores. Caso contrários os mesmos valores podem ser
usados para a materialização dos programas que visam aumentar as condições de
produção.20 Acerca destas questões Stefan Dercon e Douglas Gollin (2014, p.5),
afirmam que o sector público deve por a disposição condições para o investimento
privado, sendo esta uma condição fundamental para que os actores do sector privado
respondam as estratégias do sector público.
20
PDMPSA 2009-2013, p.14
14
actividades. Por esta razão ao analisarmos os derivativos agropecuários é pertinente
fazer uma incursão sobre o risco.
Como é de conhecimento, o risco está presente em toda actividade humana; a
nível político, social, ambiental, económico etc. Segundo José Neto e Renata Sério
(2009, p.21), o risco pode ser definido como “eventos futuros incertos, factos que
podem acontecer e contrariar as expectativas iniciais”, por sua vez Aníbal e Jorge
Caiado (2008, p.207), “definem o risco como a probabilidade de ocorrerem perdas em
operações realizadas pelos agentes económicos”. Observando ambos conceitos acima,
apreende-se logo de que o conceito de risco está associado a possibilidade de haver
desvios a nível dos resultados esperados, razão pela qual os investidores a procuraram
soluções/ procedimentos que propiciem resultados mais vantajosos, confirmando-se
afirmação de Samuelson e Nordhaus (2005, p.208), segundo o qual as pessoas não
gostam de assumir riscos e preferem investimentos menos arriscado.
Risco Operacional
15
Risco de Crédito/ Financeiro
Risco de Mercado
O risco de mercado tem a ver com a variação do preço do produto agrícola. Este
risco depende do tipo de produto que se produz, da demanda pelo produto, da mudança
de hábitos dos consumidores e de saturação do mercado, ou seja, o comportamento do
mercado influenciará directamente no preço. Assim sendo para uma boa administração
desse tipo de risco é necessário o acompanhamento frequente do mercado.
De modo geral são aqui identificados dois principais riscos que podem
condicionar a actividade agrícola e causar constrangimentos para o produtor e outros
entes ligado ao sector, nomeadamente: o risco de produção e de preço.
16
acurácia) o produto que o processo gerará divergir do nível do produto anteriormente do
projectado. Este risco está associado a vários factores21 (muito deles alheios ao
produtor) tais como:
Esses riscos podem ser mitigados usando, por exemplo, uma boa tecnologia, ou até
mesmo cobri-los por um seguro agrícola.
Um aspecto básico que poderá elucidar um pouco mais a questão sobre esta
variabilidade tem a ver com a teoria económica sobre a oferta e procura agregada de
bens.
21
ODÍLIO Sepulcri, Gestão do Risco na Agricultura, Curitiba, 2006, p.2
17
Gráfico nº 3-Equilíbrio entre procura e oferta no mercado
18
procura rígida em relação ao preço22 noutros termos pode-se dizer que a diminuição do
preço permitirá com que haja uma redução das receitas totais do produtor.
Cálculo do efeito potencial de cada risco, ou seja é necessário segregar os riscos por
efeito potencial e então focalizar nas ameaças mais sérias o que não quer dizer que
não se deve olhar para as outras ameaças;
Escolha da alternativa e metodologia para mitigar o risco neste caso deve-se decidir
como cada risco deverá ser tratado.
Neste capítulo vimos que a actividade agrícola está inserida numa cadeia cujas
actividades encontram-se intrinsecamente ligadas, também vimos que embora Angola
possua potencial agrícola, este potencial está a ser subaproveitado e que existe uma série
de constrangimentos que impedem o desenvolvimento do sector agrário nacional.
Finalmente observamos que as empresas do sector agrário, podem ter rendimentos
baixos por causa das quebras nas produções ou mesmo pelos baixos preço, o que pode
leva-las a não honrarem com seus compromissos, criando uma série de
constrangimentos. Por esta razão, as empresas são desafiadas a procurar mecanismos
que possibilitem eliminar ou minimizar as questões acima levantadas. Uma das
respostas ao problema do risco de preço é certamente o surgimento dos derivativos
agropecuários, tema que será tratado no capítulo a seguir.
22
Isto significa a que quantidade da procura responde fracamente às variações do preço.
23
Mais detalhes sobre administração de risco podem ser encontrado no livro dos autores EHRHARDT,
Michael C., e BRIGHAM Eugene F. Administração Financeira, 13 ª ed., ED. Cengage Learning Lda, S.
Paulo, 2012, p.1111
19
CAPÍTULO II – METODOLOGIA SOBRE OS DERIVATIVOS
AGROPECUÁRIOS
24
Segundo Hull, o mercado de derivativos é bastante vasto, hoje, é notório este desenvolvimento com
surgimento das negociações em derivativos de crédito, derivativos de electrecidade, derivativos
climáticos, derivativos de seguro e outros tantos.
20
relação activa e permanente somente isso garante um mercado de derivativos forte e
líquido.
Arbitrador
25
Os contratos futuros a que nos referimos aqui tem a ver com qualquer um destes contratos derivativo,
por possuírem essa particularidade de serem transaccionados para uma data futura.
21
Especulador
De acordo com Mishkin (2000, p.213), nas negociações com contratos a termo é
fundamental que estes instrumentos especifiquem os seguintes elementos:
O primeiro aspecto a ter-se em consideração tem a ver com o modo como esses
derivativos são negociados, normalmente os contratos a termo podem ser encontrados
em bolsa, mas geralmente são negociados nos mercados de balcão26 sendo vantajoso
para as partes envolvidas, pois os termos dos acordos neste caso dependerão dos desejos
dos mesmos (contratos customizados).
26
O mercado de balcão é um mercado secundário em que as operações não são registadas em bolsas
também designadas por mercados “customizados” por atenderem as especificações dos clientes, esse
mercado abrange não só comercialização de acções mais também de outras variedades de activos. Estes
mercados são classificados em mercados de Balcão organizado e mercados não organizados.
23
Por serem customizados, as operações com contratos a termo são encerradas
apenas no vencimento e nunca antes do prazo. O que de certo modo impossibilita a
transição do compromisso a outro participante. Embora que por solicitação do
comprador alguns contratos a termo negociados em bolsa podem ser liquidadas antes do
tempo.27 Contudo para Mischkin (2000, p.214), os contratos a termos sofrem dois
males que limitam em muito a sua utilidade, tratam-se dos riscos de liquidez28 e de
default (risco de não pagamento).
Face aos problemas a apresentados pelos contratos a termo dos quais já nos
referimos, houve a necessidade da criação de outro instrumento que cobrisse estas
lacunas daí o aparecimento dos contratos futuros em 1975 pela Chicago Board of Trade
(CBOT).
27
BM&F Brasil, Mercados Derivativos, p.23
28
A liquidez de mercado, que é o nosso caso, se refere com à facilidade de haver transacções financeiras
num certo mercado e difere da liquidez de um activo.
24
2.3.2.1. Principais Características dos Contratos Futuros
Padronização acentuada;
Elevada liquidez;
Negociação transparente em bolsa;
Possibilidade de encerramento da posição com qualquer participante;
graças aos ajustes diários do valor do contrato;
Utilização do mecanismo das margens depositadas em garantia para
evitar acumulação de perdas decorrentes da falta de pagamento de ajustes
diários negativos.
25
2.3.2.3. Margem de Garantia nas Operações com Contratos Futuro
26
Onde:
Segundo Marques, P.V, et al, (2006, p.92), As operações com contratos futuros
podem ser liquidadas de três formas de distintas, a saber: entrega da mercadoria,
liquidação financeira e liquidação inversão de posição.
Liquidação Financeira
Fonte: Carlos Pinho, Isabel, Finanças Mercados e Instrumentos, 2.ª ed., Edições Sílabos, Lisboa, 2008,
p.189
29
Esta opção de liquidação também pode ser exigida pela bolsa caso não haver possibilidades de se
efectuar liquidação por entrega de mercadoria.
27
Onde:
PV = Preço a vista
PF = Preço futuro
De acordo com Hull (2012, p.52), a base é definida como a diferença de preço a
vista do activo a ser hedgeado e o preço futuro do contrato futuro. Tal diferença pode
ser atribuída a diversos factores como, o frete, custo de armazenagem e outros factores
que são incluídos no preço futuro da commodity. Este elemento é de extrema
importância pois ajuda na fixação do preço da mercadoria.
Fonte: John C. Hull, Options, Future and other derivates, 8th edition, Ed. Prentice Hall, Boston, 2012
30
No vencimento dos contratos, o preço a vista e a futuro convergem ou se tornam muito
próxima uma da outra, Hull (2012, p.27). Isto faz com maior parte dos contratos nas bolsas sejam
liquidados antes do período de entrega, por operação de inversão das posições.
28
Onde:
Fonte: Fabiano Gabriel, Base e o Risco de Base do Café Arábica no Brasil: um estudo empírico para o
período 2003-2010, S. Paulo, 2011, p.8
Onde:
No geral podemos dizer que a indústria teve um ganho na bolsa no valor de AKZ
40.000, ou seja [(70 - 68)×(20×1000)] e no mercado à vista a indústria desembolsou
AKZ 1.382.000 para aquisição da mercadoria (69.10×20.000), mas, no entanto o custo
efectivo foi de Kz 1.342.000, ou seja, de AKZ 67.1/ saco. Observa-se que o preço do
mercado à vista na região, quatro meses antes, era de AKZ 66 A diferença de AKZ 1,1
desfavorável a indústria, decorre exactamente do fortalecimento da base ocorrido no
período.
Apesar desta variação não é sensato dizer a indústria não foi protegida contra as
alterações dos preços porque se a indústria não fizesse o hedge teriam um custo no valor
de AKZ 1.382.000.
Fonte: Marques, P.V. et al, Mercados Futuros e de Opções Agropecuários, Piracicaba, S. Paulo, 2006,
p.115
31
Segundo MARQUES, P.V et al (2006) a base enfraquece quando torna-se mais negativa e que fortalece
quando torna-se mais positiva.
30
Um aspecto a ter em conta relativamente ao risco de base é que o mesmo não
pode ser eliminado, Schouchana e Miceli (2004, pp.21). Entretanto, o risco pode ser
conhecido e mensurado, de forma a ser incorporado nas estratégias de hedging.
Fonte: Adaptado do livro de Carlos Pinho, Isabel, Finanças Mercados e Instrumentos, 2.ª ed., Edições
Sílabos, Lisboa, 2008, p.218
32
CMV, Mercados de Valores Mobiliários Brasileiro, 3.ª ed., Rio de Janeiro, 2014, p.321
31
Option) confere ao portador o direito de vender uma dada quantidade do activo
subjacente de acordo com as especificações do contrato numa data futura.
Fonte: Carlos Pinho, Isabel, Finanças Mercados e Instrumentos, 2.ª ed., Edições Sílabos, Lisboa, p.218.
32
Gráfico nº 5 - Funcionamento das opções de venda
Se na maturidade o preço a vista for AKZ 110, o produtor não exercerá seu direito,
venderá o activo subjacente neste preço, mas, no entanto perderá AKZ 10 do valor do
prémio pago.
De acordo com CMV (2014, p.336), o titular de uma opção de compra acredita
que o preço a vista do activo subjacente suba, por isso ele adquire uma opção (de
compra), de modo a obter direitos de comprar o activo a um preço menos elevado
(preço de exercício) numa certa data. Todavia, se ao invés de subir, o preço posicionar-
se abaixo da soma entre o preço de exercício mais o prémio pago no prazo de
maturidade, o titular da opção poderá decidir em exercer o seu direito ou comprar pelo
novo preço em que o activo está cotado, perdendo desse modo o prémio pago.
33
Gráfico nº 6 - Funcionamento das opções de compra
Se na maturidade dos contratos o preço a vista for AKZ 90, o produtor não exercerá seu
direito, comprará o activo subjacente neste preço, poupando para si AKZ 20, mas, no
entanto perderá AKZ 10 que diz respeito ao valor do prémio pago.
34
Segundo a Corretora Concórdia (n.d., p.8), ao negociar com derivativos
agropecuários, os agentes económicos incorrem-se além dos riscos operacionais ao risco
de crédito, que consiste na probabilidade de umas das partes não poderem honrar com
suas obrigações tal como dissemos anteriormente, porém, as bolsas possuem
mecanismos para reduzir a este risco tais como a margens de garantia o ajuste diário, os
limites das flutuações diária das cotações e outros. Outro risco a ter em conta é o risco
de mercado, causado pelas expectativas dos preços futuros dos contratos, da liquidez
dentro do mercado, da concentração de posições (vendidas/ compradas) por parte de
investidores ou ainda pela alteração do preço do activo de referência do contrato o que
acaba originando flutuações dos preços destes contratos.
33
FÉLIX Schouchana e WILSON Miceli, Introdução aos Mercados Futuros e de Opções Agropecuários
no Brasil, 3.ª ed., S. Paulo, 2004, p.16.
34
CME Group Educação, Manual de futuros para operadores, Chicago, 2011, p.10
35
Para Marques, P.V., et al (2006,p.297) de forma a se atingir esses propósitos, é
fundamental que se verifique os seguintes elementos: Uma estrutura própria com
elementos básicos que permitam o normal funcionamento da bolsa, estrutura de
governação responsável pelas normas, procedimentos de operações, regulamentos e
controles e fiscalização das actividades da bolsa, processo divulgação, rápida,
abrangente e transparente, das informações relacionadas com as operações da bolsa.
Fonte: Adaptado do livro de Marques, P.V., et al., mercados futuros e de opções agropecuárias, 2006
p.72
Deve haver grande oferta e procura do produto, e isto exige grande número de
vendedores e compradores do produto, de modo que haja liquidez e
competividade neste mercado;
O produto deve ser idêntico para que haja facilidade de padronização e
classificação e para que possa ser comum a qualquer comprador e vendedor;
36
O mercado deve ser livre e o preço do mercado a vista deve ser transparente,
sem o constrangimento por parte do governo ou de monopólio;
A mercadoria, objecto do contrato futuro, deve ter volatilidade, pois, caso
contrário, não há necessidade de hedge;
O objecto do contrato futuro deve ser de grande interesse económico pelos
agentes económicos;
Deve haver diversos tomadores de risco, de forma a permitir que o custo desse
risco se dilua entre eles;
As regras do mercado devem ser estáveis e não podem mudar durante a vida do
contrato, pois as condições pelas quais os preços foram contratados não devem
mudar até o final do contrato, sob o risco de trazer prejuízo para uma ou ambas
as partes.
Fonte: Adaptado do livro de Marques, P.V., et al, mercados futuros e de opções agropecuárias, 2006,
p.312
37
Custos Relativos ao Uso Derivativos Agropecuários
Taxa de Corretagem
Emolumentos
Taxa de Registo
Taxa de Liquidação
Taxa de permanência
38
De modo geral, os derivativos agropecuários apresentam-se como bons
instrumentos de gestão de riscos de preços e como óptima estratégia para
comercialização de produtos, pois permitem aos agentes económicos em fixarem preços
aos produtos para uma negociação futura, garantindo a rentabilidade do negócio. Mas,
no entanto o uso destes instrumentos requer cuidados e conhecimentos sobre o
funcionamento dos mercados futuros ou ainda uma acessória especializada de forma a
evitar erros irreparáveis.
39
CAPÍTULO III- ESTUDO DE CASO: DEMONSTRAÇÃO DAS VANTAGENS
DO USO DOS DERIVATIVOS AGROPECUÁRIOS NA EMPRESA
AGRICULTIVA, Lda
3.1. Identificação
Esta organização faz parte do grupo Mitrelli, que presta serviços em todo o
mundo em áreas como a educação, energia, saúde, telecomunicações e construção. Em
2015 a Agricultiva foi distinguida na FILDA propriamente na fera do sector agrícola
com o prémio de melhor participação no que diz respeito à produção nacional.
3.2. Caracterização
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A ração é produzida para consumo interno, ou seja, para alimentação das aves.
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Chave na mão, ou turn key, é um tipo de operação empregada em processos licitatórios na qual a
empresa contratada fica obrigada a entregar a obra em condições de pleno funcionamento
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Através da criação de parcerias com os seus clientes desde o primeiro dia, a
Agricultiva envolve-se activamente na sustentação do crescimento e do emprego nas
comunidades onde intervém, ajudando os governos e as organizações locais de todos os
tipos de dimensões, bem como os empreendedores privados a aumentarem as suas
receitas e aprimorarem a gestão das suas actividades.
Objecto Social
Missão Institucional
Valores da Organização
Capital social
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Diário da República nº 7/08 Série III
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Estrutura organizacional
Fonte: Elaboração própria, baseada na entrevista com a área comercial da Agricultiva Lda.
Após análise das informações obtidas nas entrevistas mantidas com o nosso
informante 3 permitiu-nos apresentar os pressupostos necessários para entendermos a
problemática.
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Figura nº 5 - ciclo para comercialização dos produtos na Agricultiva, Lda
Ao proceder-se deste modo tal como na figura acima, a empresa poderá a assumir
um risco de preço bastante elevado, isto porque até o período de venda, existe a
probabilidade da empresa vender os produtos a um preço abaixo caso naquele período
haja um excesso de produtos mercado por exemplo, o que poderá ser desvantajoso para
a empresa.
Por outro lado essa estratégia só tem aplicabilidade para certas culturas como
exemplo produção do tomate, que é colhido três meses após a sua plantação e cuja
oferta é bastante forte nas épocas de cacimbo, a empresa pode preferir diminuir a
produção evitando excedente de produção que não poderá ser comercializado. No caso
de culturas com ciclos mais longos esta prática torna-se bastante inconsistente pois é
difícil prever como será o mercado até o período da colheita.
Cenário 1
Suponhamos que, após os três meses cada saco de milho de 25 Kg esteja a ser
comercializado no mercado no valor AKZ 49,00 devido a concentração da oferta de
milho naquele período.
Tabela nº 8 – Comercialização sem o uso de derivativos agropecuários
Neste caso a empresa acarretará uma perda gigantesca, pois será obrigada a
comercializar a um preço baixíssimo que não leva em conta o custo de produção. Isto
ocorre pela falta de instrumentos de comercialização capazes de assegurarem o preço
deste produto.
Cenário 2
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Supondo que, na maturidade do contrato, no mercado físico cada saco de milho
de 25 Kg esteja cotado no valor de AKZ 49,00.
Cenário 3
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Tabela nº 10 - Ajustes Diários do Exercício
Apesar de que após três meses o do saco de milho de 25 Kg ter sido negociado
no preço de AKZ 49,00 no mercado, a empresa Agricultiva, Lda consegue ainda assim,
assegurar as suas vendas, mesmo comercializando os sacos de milho a este valor, tudo
graças ao hedge feito na bolsa, que lhe permitiu obter um ganho de AKZ 48.000,00
fazendo com que o preço inicialmente negociado estivesse assegurado.
Cenário 4
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CONCLUSÕES
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RECOMENDAÇÕES
Para que o uso dos derivativos agropecuários possa ser um facto, é vital a
dinamização do sector agrícola/ agronegócio em termos de políticas agrárias e de
organização, potencialização do know-how, da investigação, aumento de recursos
financeiro para o sector agrícola a fim de se criar condições estruturais e de apoio para o
fomento da actividade agropecuária, aumento do volume de crédito para o sector
principalmente às províncias com potencialidades, incentivo estatal para criação das
agro-indústrias, apoio a agricultura e familiar e às cooperativas, formação e capacitação
dos técnicos e dos agricultores, criação de cadeias logística, cadeias de armazenagem,
desenvolvimento dos corredores de desenvolvimento etc., de modo que se cumpra um
dos pressupostos básicos dos mercados derivativos que é a existência de grande oferta e
procura do produto, com vista a aumentar competividade e liquidez neste mercado
(volume de negócio).
Resolvida a questão da dinamização do sector o passo seguinte deve ser a
abertura de uma bolsa de mercadoria e futuro com estruturas afins e com as condições
para operacionalização destes instrumentos. Para tal será fundamental a capacitação das
pessoas que terão acesso a este mercado. Aqui surge também um desafio a Direcção da
faculdade no sentido de promover formações sobre os derivativos agropecuários dentro
e fora da academia.
Por fim, para empresa Agricultiva, recomenda-se uma contínua estratégia de
economia de escopo que poderá ajudar na redução dos custos de produção e garantir
preços mais competitivos dos produtos agrícolas, bem como incluir dentro da sua
actividade core serviços de facilitação de distribuição e comercialização que
compreende: a transportação, pesquisa de mercado, certificação de produtos e
processos.
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BIBLIOGRAFIA
Livros
Teses
Relatórios
Sites:
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Apêndice
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Apêndice nº1: Questionário utilizado na pesquisa com os entrevistados nº1 e nº 2
(da ADRA e do MINIAGRI respectivamente)
Q1. Que condições existiam no período (1961- 1974) para que Angola se mantivesse
naqueles níveis de produção elevados?
Q2. Hoje como está a agricultura no pais e qual a sua percentagem de participação no
PIB?
Q3. Que factores levaram a desaceleração do sector agrícola nacional?
Q4. Como vê a produção agrícola hoje?
a) Subsistência
b) Virada para o mercado
c) Auto-suficiente
Q5. Há uma classe empresarial significativa no sector agrícola nacional?
Q6. Quais os principais problemas enfrentados por essa classe empresarial?
Q7. Como vê a agricultura familiar no país?
Q8. Como vê a questão da Indústria agro-alimentar actualmente?
Q9. De forma genérica quais os grandes problemas enfrentado pelo sector actualmente?
Q10. Como analisa a questão dos preços dos produtos agrícolas produzidos
internamente e os que são provenientes do exterior?
Q11. É rentável a agricultura em Angola ou ainda há bastantes prejuízos para os
produtores?
Q12. Que estratégias de comercialização dos produtos agrícolas são utilizados pelos
produtores e como os produtores nacionais se protegem contra as oscilações de preços?
Q13. O que pensa sobre abertura de uma bolsa de mercadoria e futuro em Angola?
a) Que condições seriam criadas para sua implementação?
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Apêndice nº 2: Questionário utilizado na pesquisa com o entrevistado nº 3
(Empresa Agricultiva, Lda)
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