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de plantas utilizadas como adubos verdes: feijão- edafoclimáticas diferentes. Cardoso et al. (2013)
de-porco (Canavalia ensiformis); crotalária obtiveram produtividade de massa seca superior
(Crotalaria juncea); mucuna-preta (Mucuna para Crotalaria juncea, também cultivada no
aterrima); guandu-anão (Cajanus cajan L. Millsp), espaçamento de 0,50 m nas entrelinhas, quando
milheto (Pennisetum glaucum); nas subparcelas, comparado com os resultados verificados no
avaliou-se a aplicação de vinhaça (presença e estudo.
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ausência), numa quantidade de 12 m ha . Quanto ao feijão-de-porco e guandu-anão, a
Para a implantação das espécies de adubos produção de fitomassa foi superior quando
verdes, utilizou-se o preparo convencional do comparadas à mucuna-preta e milheto, com
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solo, envolvendo aração e gradagem; com produção de 8,5 e 8,8 t ha , respectivamente
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aplicação de 2 t ha de calcário, com PRNT de (Tabela 1). Alguns autores relatam que o guandu
83%, incorporado ao solo através de uma é uma espécie recuperadora de solos
gradagem. A semeadura dos adubos verdes foi degradados, em virtude da sua capacidade de
realizada de forma manual, com auxílio de uma promover aumento nos teores de carbono
matraca, sendo o espaçamento e densidade de orgânico total e na CTC (Santos et al., 2001),
semeadura de 0,5 m entrelinhas e 2 a 3 portanto é indicado para solos de baixa fertilidade
sementes/cova para mucuna-preta e feijão-de- e pobres em fósforo (Pott et al., 2007; Calvacante
porco; 5 sementes/cova para crotalária e o et al., 2012).
guandu-anão e 20 sementes por metro para o Segundo Lopes et al. (1987) e Kluthcouski et
milheto. al. (2003), para a cobertura plena da superfície do
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Aos 90 dias após a semeadura, a massa verde solo, são necessárias cerca de 7 t ha de matéria
da parte aérea dos adubos verdes foi seca de palhada, uniformemente distribuída.
determinada, aleatoriamente, utilizando-se uma Portanto, para as condições edofoclimáticas do
moldura de 0,5 x 0,5 m por parcela, para experimento, as produtividades de matéria seca
amostragem. O material coletado passou por para mucuna-preta e milheto não foram
processo de secagem numa estufa, à 65ºC, e, suficientes para manter, de maneira adequada, a
quando atingiu massa constante, foi pesado. Em cobertura do solo.
seguida, essas amostras passaram por um O desafio na região do Cerrado é conseguir o
processo de moagem, em moinho tipo Willey, adequado estabelecimento da cultura de
para a determinação dos teores de N, P, K, Ca, cobertura do solo, com quantidade de massa
Mg e S, segundo a metodologia descrita por produzida e rusticidade suficiente para que haja
Malavolta (1997). O acúmulo de macronutrientes fornecimento constante de material ao solo, até o
foi obtido pelo produto da massa seca com o teor início do plantio da cultura subsequente
de nutrientes da parte aérea das plantas de (Alvarenga et al., 2001).
cobertura. Os resultados obtidos foram Para acúmulo de nutrientes na parte aérea das
submetidos à análise de variância e as médias plantas de cobertura, observou-se que o feijão-
comparadas pelo teste de Scott-Knott, ao nível de de-porco e guandu-anão foram às espécies que
5% de probabilidade. mais acumularam N, seguidas pela crotalária,
mucuna-preta e milheto, sucessivamente (Tabela
RESULTADOS E DISCUSSÃO 1). Para o feijão-de-porco, a quantidade
acumulada de N foi inferior aos valores obtidos
No que se refere às variáveis avaliadas por Almeida & Camara (2011) e superior aos
(fitomassa e teores de nutrientes acumulados na observados por Oliveira et al. (2002). Segundo
parte aérea), não houve interação significativa Wutke et al. (2009), esta espécie produz até 8 t
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entre as plantas de cobertura e a aplicação de ha , podendo acumular de 49 a 190 kg ha de
vinhaça. As plantas de cobertura apresentaram nitrogênio. Enquanto que o guandu-anão tem o
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diferenças significativas (p<0,05) quanto à potencial produtivo de 6,5 a 9,5 t ha de massa
produção de fitomassa e aos teores de nutrientes seca na parte aérea (Fernandes et al., 1999), com
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acumulados, demonstrando contribuições a capacidade de fixação de 90 a 150 kg de N ha
variáveis entre as plantas de cobertura na ano (Gichuru, 1991). Esta espécie é pouco
produção de palhada e ciclagem de nutrientes exigente em relação à fertilidade do solo e
(Tabela 1). Observou-se que a crotalária obteve adapta-se à ampla faixa de precipitação pluvial; é
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maior rendimento de fitomassa, com 11,5 t ha , resistente à seca, mostrando-se bem adaptada
sendo superior às demais espécie avaliada. A aos solos que predominam no bioma Cerrado
produção de fitomassa da crotalária verificada no (Tanaka, 1981).
presente estudo foi superior aos encontrados por Quanto aos teores de P e Ca, a mucuna-preta
Silva et al. (2002), Nascimento & Silva (2004), e o feijão-de-porco apresentaram os maiores
Suzuki & Alves (2006), Pott et al. (2007), Carneiro valores em relação às demais espécies avaliadas
et al. (2008), Torres et al. (2008), Cavalcante et al. (Tabela 1). Para teores de P, esses resultados
(2012) e Pittelkow et al. (2012), em condições corroboram os encontrados por Rodrigues et al.
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in no-tillage system. Pesquisa Agropecuária Brasileira, SILVA, J.A.A.; VITTI, G.C. et al. Reciclagem e
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1087, 2002. SUZUKI, L.E.A.S. & ALVES, M.C. Fitomassa de
plantas de cobertura em diferentes sucessões de
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plantas de cobertura sob diferentes sistemas de
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2012. 7:62-67, 1981.
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fertilidade do solo. Ambiência, 3:51-63, 2007. cerrado do alto Vale do Jequitinhonha. Revista
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leguminosas na recuperação de áreas degradadas:
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Brasileira de Ciência do Solo, 25:1063-1071, 2001. Estado de São Paulo. Campinas: Coordenadoria de
Assistência Técnica Integral – CATI, 2009. 85p.
(Boletim Técnico, 249).
Tabela 1. Produção de fitomassa e teores de nutrientes acumulados na parte aérea de adubos verdes de
verão, aos 90 dias após o plantio, Glória de Dourados, MS. 2013.
Fitomassa N P K Ca Mg S
Plantas de cobertura -1 -1
t ha ------------------------------------(kg ha )----------------------------------------------
Mucuna-preta 3,5 d 76,9 c 13,8 a 10,0 b 248,0 a 18,7 b 1,85 a
Milheto 5,7 c 43,4 d 4,3 c 24,7 a 24,6 c 38,8 a 1,81 a
Feijão-de-porco 8,5 b 207,0 a 12,7 a 10,8 b 262,8 a 16,6 b 1,10 b
Guandu-anão 8,8 b 182,9 a 7,0 b 10,7 b 115,2 b 11,1 b 0,69 b
Crotalária 11,5 a 127,8 b 2,4 c 4,6 c 44,5 c 13,1 b
0,64 b
---------------------------------------------------------- Adição de vinhaça ------------------------------------------------------
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0 m ha 7,0 b 110,3 b 7,3 a 10,9 a 128,0 a 20,2 a 1,3 a
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12 m ha 8,3 a 144,9 a 8,8 a 13,4 a 150,0 a 19,1 a 1,2 a
As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo o teste de Scott-Knott ao nível de 5% de
probabilidade.