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CENTRO UNIVERSITÁRIO ASSIS GURGACZ - FAG

EDUARDO TINOCO, DOGLAS MARTINS GLUSZCRAK, EVERTON, MARCIANO,


GABRIEL EDUARDO

TRABALHO DE AGROECOLOGIA E AGRICULTURA ORGÂNICA

CASCAVEL
2024
EDUARDO TINOCO, DOGLAS MARTINS GLUSZCRAK, EVERTON, MARCIANO,
GABRIEL EDUARDO RESCH

TRABALHO DE AGROECOLOGIA E AGRICULTURA ORGÂNICA

Relatório apresentado como requisito parcial de


conclusão da disciplina de Agroecologia e Agricultura
Orgânica do Curso de Agronomia do Centro
Universitário Assis Gurgacz de Cascavel, PR.

Professor: Eng. Agr. MSc. Esmael Lopes

CASCAVEL
2024
1. Introdução

Nos últimos anos, tem-se observado um interesse crescente na adoção de práticas


agrícolas sustentáveis, visando reduzir os impactos negativos da agricultura convencional no
meio ambiente e na saúde humana. Nesse contexto, o uso de bioinsumos, especialmente
bioinseticidas, tem ganhado destaque como alternativa aos pesticidas químicos tradicionais.

A utilização indiscriminada de produtos químicos convencionais ao longo dos anos


resultou em sérios danos ambientais e, por consequência, à agricultura. Isso se manifestou
através do surgimento de novas pragas, surtos de pragas secundárias, supressão dos inimigos
naturais das pragas, declínio da fauna benéfica, incluindo polinizadores, aumento das
populações de pragas resistentes, fitotoxicidade e impactos negativos na saúde humana.

Ultimamente, diversos estudos têm se concentrado na investigação da atividade


biológica dos óleos essenciais de plantas ou de seus componentes químicos como uma
alternativa viável aos inseticidas sintéticos (Rajendran & Srianjini, 2008).

A prática de utilizar plantas ou seus componentes para desenvolver substâncias


destinadas a proteger as plantações é uma técnica ancestral que remonta a tempos antigos,
sendo especialmente difundida entre agricultores que habitam regiões tropicais. Nessas áreas,
a grande diversidade de insetos, devido à rica biodiversidade entre os trópicos, motivou a
busca por soluções naturais para o controle de pragas.

Antes da popularização dos inseticidas sintéticos, o controle de pragas por meio de


derivados botânicos era amplamente empregado em países tropicais. Dentre os primeiros
inseticidas botânicos utilizados estão a nicotina extraída do tabaco (Nicotiana tabacum), a
piretrina do crisântemo (Chrysanthemum cinerariaefalium), entre outros (GALLO et al.,
2002).

A utilização de inseticidas naturais, como os produtos alternativos como óleos


essenciais de origem vegetal, tem sido destacada como uma estratégia eficaz no manejo
integrado de pragas em cultivos comerciais e na agricultura biológica (Arruda e Batista,
1998). Esses compostos naturais oferecem uma abordagem sustentável para o controle de
pragas, contribuindo para a redução dos custos, a preservação do ambiente e a minimização
da contaminação química dos alimentos (Kéita et al., 2001; Roel, 2001).
Em razão da necessidade de elaborar métodos que possibilitem um manejo voltado ao
biológico, ao invés do químico, esse trabalho busca investigar o aumento do uso desses
bioinsumos, focando no controle de pragas, como o pulgão em culturas de hortaliças.

2. Desenvolvimento

Inseticidas são agentes químicos desenvolvidos para exterminar, atrair ou repelir


insetos, com seus processos de descoberta, isolamento, síntese e avaliação toxicológica e de
impacto ambiental sendo temas de amplo interesse em pesquisas globais, com significativo
avanço observado nas últimas décadas. Além disso, o uso desses produtos representa um
investimento global de bilhões de dólares na tentativa de controlar insetos, com uma mudança
significativa ocorrendo após a Segunda Guerra Mundial, quando os produtos sintéticos
começaram a predominar sobre os naturais devido à sua maior potência e ampla
aplicabilidade (Mariconi, 1963; Vieira e Fernandes, 1999).

Com a sua utilização, alguns desafios vêm sendo encontrados, sendo alguns deles:
desequilíbrios ecológicos, como a eliminação de insetos benéficos e, também, preocupações
ambientais relacionadas à contaminação. Diante disso, a busca por novas substâncias para o
controle de pragas é essencial, com foco em proporcionar segurança, seletividade,
biodegradabilidade, viabilidade econômica e baixo impacto ambiental. Essas substâncias
devem ser integradas em programas abrangentes de controle de insetos para garantir uma
abordagem eficaz e sustentável (Vieira e Fernandes, 1999).

Em vista de tal situação, ressurgem os estudos sobre inseticidas botânicos. As plantas


com propriedades inseticidas apresentam-se como uma alternativa vantajosa devido ao seu
baixo custo, fácil disponibilidade e simplicidade de preparo. Dentre as famílias de plantas
reconhecidas por suas propriedades inseticidas estão Meliaceae, Labiatae, Umbeliferae, entre
outras. Além disso, há uma variedade de espécies promissoras para o desenvolvimento de
novos inseticidas de origem vegetal, pertencentes às famílias Asteraceae, Annonaceae,
Canallaceae e Rutaceae (OLIVEIRA, 1997; JACOBSON, 1989; MIANA et al., 1996).

As plantas, como entidades coevoluídas com insetos e outros microorganismos,


representam fontes naturais de substâncias inseticidas e antimicrobianas, uma vez que tais
compostos são produzidos em resposta a ataques patogênicos.

Com relação as pragas, esse estudo tem como foco principal o controle de pulgão, inseto
praga recorrente na agricultura, inclusive na produção de hortaliças, causando danos
significativos às plantas e prejuízos econômicos aos produtores. Os pulgões são insetos
sugadores de seiva, pertencentes à ordem Hemiptera, caracterizados por seu tamanho pequeno
e corpo mole, muitas vezes verde, preto ou marrom. Eles se alimentam principalmente das
partes jovens das plantas, como brotos, folhas e flores, através de suas peças bucais
perfuradoras-sugadoras.

Os danos causados pelos pulgões incluem a deformação e murchamento das folhas,


redução do crescimento e da produção de frutos, além da transmissão de doenças virais às
plantas hospedeiras. Além disso, os pulgões são capazes de se reproduzir rapidamente,
formando colônias numerosas em pouco tempo e contribuindo para a disseminação de pragas
secundárias. A presença de pulgões em hortaliças requer a implementação de medidas de
controle integrado, visando minimizar os danos e manter a saúde e produtividade das culturas.

O óleo essencial de neem (Azadirachta indica) e o óleo essencial de citronela


(Cymbopogon spp.) são conhecidos por suas propriedades inseticidas e repelentes. Estudos
demonstraram que esses óleos essenciais têm potencial para o controle de pulgões e outras
pragas de hortaliças. O neem contém compostos como azadiractina, que interferem no
desenvolvimento e no comportamento das pragas, enquanto a citronela possui compostos
como o citronelal, que atuam como repelentes e podem afetar o sistema nervoso dos insetos.

O óleo de neem é um óleo extraído das sementes da planta neem (Azadirachta indica),
nativa da Índia e de outros países do sudeste asiático. É conhecido por suas propriedades
inseticidas, antifúngicas e pesticidas, e tem sido amplamente utilizado na agricultura orgânica
como uma alternativa aos pesticidas químicos.

Já o óleo essencial de citronela é um óleo obtido a partir das folhas de plantas do gênero
Cymbopogon, principalmente Cymbopogon nardus e Cymbopogon winterianus. É conhecido
por suas propriedades repelentes de insetos e seu aroma cítrico característico. O principal
componente ativo do óleo essencial de citronela é o citronelal, e é frequentemente utilizado
em produtos para controle de pragas, cosméticos, aromaterapia e na indústria de fragrâncias.

A combinação desses dois óleos essenciais em um único produto bioinseticida


representa uma abordagem inovadora para o controle de pulgões em hortaliças. A sinergia
entre os compostos presentes no neem e na citronela pode potencializar os efeitos inseticidas e
repelentes, proporcionando uma proteção mais eficaz às plantações.

Estudos prévios têm indicado a eficácia dos óleos essenciais de neem e citronela
individualmente no controle de pragas, porém, a avaliação da eficácia de uma formulação
combinada é escassa na literatura. Portanto, é necessário realizar pesquisas adicionais para
desenvolver e testar um bioinseticida que contenha uma combinação otimizada de óleo
essencial de neem e citronela, com concentrações adequadas para garantir a eficácia no
controle de pulgões em hortaliças.

O desenvolvimento do bioinseticida à base de óleo essencial de neem e citronela


envolverá várias etapas. Inicialmente, será realizada uma revisão da literatura para identificar
estudos relevantes sobre a eficácia dos óleos essenciais no controle de pulgões e outras pragas
de hortaliças. Em seguida, serão conduzidos testes para determinar as concentrações ideais
dos óleos essenciais e sua combinação para maximizar os efeitos inseticidas e repelentes.

Posteriormente, serão realizados ensaios em campo para avaliar a eficácia do


bioinseticida desenvolvido em condições reais de cultivo de hortaliças. Serão monitorados
parâmetros como infestação de pulgões, danos nas plantas e desenvolvimento das culturas.

3. Conclusão

O aumento do uso de bioinsumos, especialmente bioinseticidas, e a inovação de


produtos à base de óleos essenciais representam uma tendência importante na agricultura
moderna, visando o manejo integrado de pragas e doenças. No controle do pulgão em culturas
de hortaliças, essas alternativas têm se mostrado eficazes, seguras e sustentáveis, contribuindo
para a redução do impacto ambiental e para a produção de alimentos mais saudáveis. É
fundamental que haja investimentos em pesquisa e desenvolvimento nessa área, bem como
políticas de incentivo para a adoção dessas práticas pelos agricultores, visando promover uma
agricultura mais sustentável e resiliente.

A utilização de um bioinseticida inovador à base de óleo essencial de neem e citronela


para o controle de pulgão em hortaliças apresenta grande potencial para fornecer uma
alternativa segura e eficaz aos inseticidas químicos tradicionais. O desenvolvimento e testes
desse produto são fundamentais para fornecer evidências científicas sólidas de sua eficácia e
contribuir para a adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis e amigáveis ao meio
ambiente.
Referências bibliográficas

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MARICONI, F.A. 1963. Inseticidas e seu emprego no combate às pragas. 2.ed. São Paulo:
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