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Especialização em Educação a Distância

CONFERÊNCIAS EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

MARCELO PUPIM GOZZI

A comunicação a distância não é novidade quando consideramos a variável espaço nesse


processo. Lembranças da linha do tempo nos permitem identificar as novidades e inovações
que determinaram a evolução dos meios que viabilizam o processo de comunicação entre
pessoas distantes geograficamente: o rádio, o correio, a telegrafia, a televisão, a telefonia
fixa, o fac-símile, a telefonia móvel, os computadores conectados em tempo real, o satélite
etc. Nesse contexto de evolução histórica, surge a teleconferência, cujo termo refere-se à
conferência a distância (“tele” significa “a distância”).

Os diferentes tipos de teleconferência possibilitam a transmissão de áudio, vídeo e textos e


até trocas síncronas, ou seja, em tempo real, possibilitando a comunicação entre pessoas
dispersas e distantes geograficamente. Ver e/ou ouvir pessoas espacialmente separadas,
como se estivessem em um mesmo local, são possibilidades de interação viabilizadas pela
web, vídeo e audioconferência.

CONCEITOS

As teleconferências são formas de interação que viabilizam a comunicação síncrona entre


pessoas distantes geograficamente. Segundo Cruz (2008), uma variável que as caracteriza
é a comunicação com o uso de imagem e de som, permitindo que as pessoas envolvidas
nesse processo vejam e ouçam umas às outras como se estivessem reunidas no mesmo
instante em um mesmo local. Dessa forma, segundo a autora,

[...] a videoconferência passou a ser utilizada com um fim educativo.


Isso porque, dentre as mídias aplicadas na EAD, é a que está mais
próxima do presencial ao permitir que participantes situados em dois
ou mais lugares geograficamente distantes possam realizar uma
reunião sincrônica com imagem e som, por meio de câmeras,
microfones e periféricos, como CD-ROM, vídeo e computador como
base para apresentações em slides, Internet etc. (CRUZ, 2008, p. 87)

Podemos considerar os seguintes tipos de teleconferência, segundo Moore e Kearsley (


2007):

Audioconferência – os participantes são


conectados através de linhas telefônicas e
trocam mensagens em áudio.

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Videoconferência – transmissão síncrona de


imagens televisionadas que podem ser por
computador ou por equipamentos de
videoconferência. Na maior parte das vezes,
permite interação entre os participantes.

Teleconferência – transmissão ao vivo. Os


participantes interagem através de uma
combinação entre linhas telefônicas, fac-
símile e computadores.

Conferência por computador – interação


síncrona e assíncrona, com a utilização de
computadores e de conexão com a Internet.

TELE, VÍDEO E WEBCONFERÊNCIA

A teleconferência consiste na transmissão “via satélite” de aulas, palestras, conferências ou


outros eventos, com a possibilidade de interação entre os participantes por meio de
telefone, envio de fac-símile ou mesmo pela Internet. O professor apresenta sua aula “ao
vivo” em estúdio de geração (vídeo), e os alunos recebem-na em uma sala com um
aparelho de televisão conectado a uma antena parabólica sintonizada em um canal pré-
determinado. A Teleconferência é indicada para grande número de alunos dispersos
geograficamente.

A videoconferência, usualmente, é transmitida por meio de linha de comunicação em duas


vias, logo, permite a interação entre os participantes em tempo real. Dessa forma, o
professor e os alunos podem se ver e ouvir simultaneamente. O professor, em um estúdio
de geração ou em uma sala de aula adaptada, pode apresentar sua aula “ao vivo” e contar
com recursos como projeção de vídeos, acesso à Internet, uso de equipamentos para
transmissão de imagens de documentos ou transparências etc. Os alunos, em outras
localidades, podem interagir com o professor por meio de áudio e vídeo ou usar os mesmos
recursos para comunicação. A videoconferência é indicada para grupos não muito grandes
de alunos (30 em cada sala de recepção).

A conferência por computador, ou web conferência, é um tipo de videoconferência realizada


com apoio de microcomputadores conectados entre si via Internet, cuja comunicação é

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gerenciada por um software que possibilite a interação entre pessoas através de imagens e
sons. Dessa forma, o professor pode apresentar sua aula em um estúdio de geração, em
um computador pessoal ou mesmo em sua casa. Os alunos, por sua vez, podem participar
da aula em qualquer localidade por meio de computadores com acesso à Internet e
recursos de áudio e vídeo. A webconferência é indicada para pequeno número de alunos.

A facilidade de comunicação via Internet em banda larga e o aumento da capacidade de


processamento dos microcomputadores têm viabilizado a aplicação desses recursos em
inúmeras situações, principalmente no âmbito organizacional e educacional. Os softwares
gerenciadores de webconferência usualmente contam com recursos para interação por
meio de Chat, apresentação de arquivos e outros recursos para comunicação. Observe o
exemplo de uma tela capturada de uma sessão de webconferência:

Exemplo de tela de sessão de webconferência

A diferença entre a vídeo e a webconferência reside também na padronização dos


protocolos de comunicação, isto é, a troca de informações entre os equipamentos para
transmissão de áudio e vídeo é baseada em determinados padrões estabelecidos
internacionalmente permitindo que sistemas, mesmo instalados em diferentes localidades
ou instituições, sejam compatíveis.

O mesmo não ocorre com a conferência por meio de computadores e Internet, pois até o
momento não existe padrão de comunicação estipulado para a webconferência. Nesse
caso, cada software, gerenciador da interação, baseia-se em determinado conjunto de
normas tecnológicas, o que dificulta a compatibilidade entre os sistemas de webconferência.

Daremos seqüência ao estudo dessas tecnologias aplicadas à EAD considerando os


aspectos relevantes da videoconferência e da webconferência, à luz da visão de Moore e
Kearsley (2007).

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A partir deste ponto do texto, para nos referirmos tanto à vídeo como à webconferência,
utilizaremos somente o vocábulo “videoconferência”, dispensando a diferenciação de
nomenclaturas entre esses termos.

PANORAMA HISTÓRICO

O entendimento da evolução histórica das comunicações é o caminho que conduz ao


surgimento da videoconferência.

A comunicação é o ato de transmissão de informações de uma pessoa a outra (FERRARI,


1991). Na Pré-História, a comunicação direta de pessoa a pessoa era a maneira de
transmitir informações acerca de perigos iminentes etc. A invenção da escrita corresponde
ao próximo passo, e as informações passaram a ser grafadas em pedras e transportadas
por mensageiros.

A necessidade de aumentar a velocidade de transmissão de informações nos processos de


comunicação levou o homem a criar códigos que lhe permitissem que as mensagens
fossem enviadas e recebidas através de sinais visuais ou sonoros, tais como o som de
tambores e o fogo.

Seguindo essa evolução, com a descoberta da eletricidade foi possível perceber que os
sinais elétricos poderiam ser os transmissores das informações, dando início ao que
denominamos telecomunicações. Isso desencadeou a invenção do telégrafo e da telefonia.

Na última década do século XIX, surgiram os primeiros transmissores de rádio, inaugurando


a possibilidade de transmitir informações através de ondas. As televisões surgiram a seguir,
recebendo ondas que transmitiam imagens e sons codificados através de processos de
modulação. As evoluções nesse segmento caminharam para a construção de satélites, em
meados do século XX.

Os meios de transmissão de informações continuaram evoluindo com a descoberta dos


cabos ópticos que transmitiam informações por meio de feixes de luz.

O desenvolvimento das transmissões de informações através dos sinais elétricos, das


ondas e dos feixes de luz, utilizando cabos elétricos, satélites e os cabos ópticos,
possibilitou um aumento muito significativo na velocidade de transmissão dos dados,
viabilizando a transmissão de grandes quantidades de informações em um mínimo espaço
de tempo, através de longas distâncias, com grau de confiabilidade muito elevado.

A figura que se segue mostra a evolução das telecomunicações no mundo da segunda


metade do século XIX até o final do século XX.

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Fonte: Consortium British Teleconsult ET alia apud Ferrari, 1991, p. 6.

Destacando o surgimento da videoconferência em meados da década de 80, podemos


observar sua relação com a transmissão de dados, som e imagem.

Com o advento e a expansão da Internet, bem como dos meios para acesso a essa rede, a
webconferência vem sendo amplamente utilizada em processos educacionais a distância.

ASPECTOS PEDAGÓGICOS

Há muito que se observar acerca do uso da videoconferência para fins do processo de


ensino e aprendizagem.

Apesar da afirmação de Cruz (2008) que essa é a mídia que mais aproxima a EAD do
modelo de aula presencial, ela demanda do professor diferentes competências, como, por
exemplo, o envolvimento dos alunos e o favorecimento da interação nesses ambientes.

O professor deve realizar atividades adequadas à mídia, evitando a possível passividade do


aluno diante do vídeo ou do aparelho de TV. Isso implica estabelecer estratégias de
abordagem aos alunos distantes, diminuindo a sensação de distância geográfica em relação
ao professor.

Além de conhecer os recursos tecnológicos utilizados na videoconferência, é importante


que o professor aprenda a utilizar pedagogicamente os recursos da câmera de vídeo, do
microfone e dos demais recursos, viabilizando a comunicação com os alunos.

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O domínio técnico e didático do professor é fundamental, inclusive, para que ele oriente os
participantes durante a sessão, pois existem tempos a serem respeitados para a
consecução de uma comunicação efetiva.

Conforme salientam Peña e Alegretti (2005), um aspecto a ser considerado

[...] é que a comunicação é realizada por meio de vídeo e áudio,


exigindo a ampliação da compreensão de diferentes linguagens
(vídeo, áudio, ícones etc.), e tanto a sua imagem projetada no vídeo
como o som da sua fala não se restringem ao único meio de
comunicação. Ele é impelido a buscar novas formas de linguagem
para a apresentação do conteúdo. Este processo de busca do
conteúdo por meio de novas linguagens pode propiciar a conexão
com a sociedade, inundada pelas diferentes mídias, aproximando o
educando do mundo atual. (p.12)

A PRÁTICA DA VIDEOCONFERÊNCIA E A INFRA-ESTRUTURA NECESSÁRIA

As videoconferências podem ser realizadas com diversos recursos tecnológicos,


dependendo do escopo do projeto, da instituição, do público a ser atingido e do grau de
qualidade na transmissão e recepção de imagens e sons.

Uma variável tecnológica é a qualidade dos meios físicos que conectam os equipamentos
que compõem o sistema. Um meio físico que permite o tráfego de grandes quantidades de
informações a uma velocidade alta irá garantir alta qualidade na imagem e sons recebidos
durante a sessão.

A qualidade das câmeras e dos microfones utilizados também irá definir a qualidade do
processo de comunicação que será desencadeado.

Atualmente, é possível realizar conferências com microcomputadores pessoais conectados


à Internet, utilizando webcams (câmeras para computadores) e microfones muito simples,
associados a um “link” que permita o tráfego de uma quantidade adequada de informações
a uma velocidade compatível com as necessárias para o trânsito de imagens e sons.

Existem, porém, equipamentos mais sofisticados, que, além de permitirem conexões em


velocidades superiores às dos recursos disponíveis nos computadores pessoais, possuem
câmeras com elevada resolução e microfones muito sensíveis, garantindo melhor qualidade
das imagens e sons transmitidos e recebidos.

Existem várias formas de conexão possíveis para a realização de uma videoconferência,


conforme Carneiro (1999). Vamos detalhar três delas:

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Conferência ponto-a-ponto - é
uma conexão entre dois pontos,
na qual cada um deve rodar um
software em seu equipamento que
viabilize a videoconferência,
podendo estabelecer a conexão
através da Internet ou de outra
rede qualquer de computadores;

Conferência “multicast” em grupo


- tem alta interatividade, podendo
todos os usuários enviar e receber
áudio e vídeo, proporcionando um
ambiente colaborativo.
Eventualmente, podem ser
enviados e recebidos textos,
simultaneamente ao áudio e
vídeo, como se os usuários
conectados estivessem em
“Chat”. O grupo se conecta,
através da Internet, a um software
servidor.

Conferência “multicast” de via


única – o detentor do direito de
enviar áudio e vídeo é somente o
criador da conferência, tornando
os demais agentes passivos
capazes de ver e ouvir as
informações transmitidas, mas
sem poderem interagir.

Para Saber Mais

Conheça um pouco mais sobre o tema acessando o site: Disponível em:


http://www.rnp.br/newsgen/0105/video.html. (Acesso em 19/11/2008).

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Quanto à dispersão geográfica dos professores e alunos, podemos ter as seguintes


situações:

Aula mista – professor e alunos situam-se em uma mesma sala e


comunicam-se com outra(s) sala(s) onde estão os alunos a distância;

Estúdio ou “desktop” – o professor sozinho em sua sala ou por computador


ministra aula para alunos distantes situados em uma ou mais salas ou em
computadores individuais também equipados com câmeras e microfones.
(CRUZ, 2008, p.88).

No caso da videoconferência realizada com acesso de todos os participantes a um único


software disponível na web que viabiliza a comunicação “multicast” em grupo, esses
programas disponibilizam uma grande variedade de recursos, tais como: visualização de
apresentações de slides; possibilidade de arrastar ou escrever em tela branca, usando o
teclado ou o mouse; elaboração de comentários em imagens e diagramas; transmissão de
imagens ou vídeos; compartilhamento de documentos; manutenção de sessões interativas
com texto, som e imagem; transferência de arquivos, entre outros.

Segundo Cruz e Barcia (2000), para aplicações educacionais, as salas para


videoconferências podem ter dois formatos:

Sala de teleducação – muito parecida com


a sala de aula tradicional: as cadeiras
devem estar dispostas de forma a estarem
voltadas para a frente da sala de aula, onde
devem estar os monitores e demais
equipamentos. Podem existir uma ou duas
câmeras, de acordo com a necessidade de
transmissão e recepção estabelecida
previamente.

Sala de geração –sala voltada apenas


para a transmissão, e o professor deverá ter
todos os recursos à sua disposição, sem a
necessidade de locomoção.

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EXEMPLOS

Podemos citar algumas aplicações para ilustrar a prática do uso dessas mídias em EAD.

National University Telecommunications Netword (NUTN) – Estados Unidos

[...] possui cerca de 50 universidades, faculdades comunitárias e


associadas e institutos vocacionais e técnicos com representação em
praticamente todos os estados. Os cursos da NUTN consistem de
uma ou mais transmissões, com vídeo transmitido por satélite e com
interações conduzidas aos locais receptores por telefone. A maioria
dos cursos oferecidos pela NUTN é de educação continuada,
produzidos pelas instituições associadas. Uma instituição associada
desenvolve a videoconferência em um tópico de interesse atual
utilizando apresentadores especializados e oferece programas para
outras instituições em todo o país. Um programa típico consiste em
uma apresentação ao vivo por vídeo transmitida por satélite e uma
discussão e formulação de perguntas por áudio. (MOORE;
KEARSLEY, 2007, p.61).

Rede SESC-SENAC

Desde 2000, o SENAC desenvolve a Rede Sesc-Senac de Teleconferência.

[...] A Rede conta com cerca de 400 salas e auditórios espalhados por
todos os estados brasileiros. Equipados com infra-estrutura moderna
possibilitando que o público interaja com os debatedores por meio de
e-mail, fax ou telefone. O público das teleconferências da Rede é
amplo e bastante heterogêneo e, por isso, todos os programas
contam com um intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Os principais objetivos da Rede são: desenvolvimento de programas de educação


corporativa a distância, formação da opinião pública a respeito de temas de interesse geral
da sociedade, democratização da informação e do conhecimento para formação da
cidadania.

Para Saber Mais

Conheça um pouco mais sobre a Rede Sesc-Senac de Teleconferência acessando o site:


Disponível em: http://www.senac.br/conhecimento/teleconferencia.html (Acesso em
19/11/2008).

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REDE DO SABER

A Rede do Saber utiliza um conjunto articulado de dispositivos


técnicos e metodologias capazes de criar um sistema de
comunicação e de trabalho interativo de largo alcance. Para isso,
está fortemente apoiada em recursos de teleconferência,
videoconferência, ambientes de colaboração virtual pela internet,
ferramentas administrativas integradas e expertise de gestão e
educação com suporte de tecnologias de informação e comunicação.

A Rede do Saber atua junto à Secretaria da Educação do Estado de


São Paulo em programas de capacitação de professores e
profissionais da rede pública estadual contando com estrutura para
recepção em 645 cidades.

Para Saber Mais

Conheça um pouco mais sobre a Rede do Saber acessando o site: Disponível em:
http://www.rededosaber.sp.gov.br/ (Acesso em 19/11/2008).

Além das aplicações em EAD, esses meios são largamente utilizados em empresas para a
realização de reuniões virtuais, seminários virtuais, reuniões de negócios, entrevistas,
palestras. Esses recursos são também utilizados em diferentes áreas, como na área médica
(telemedicina) e na área jurídica.

PREPARO DE VIDEOCONFERÊNCIAS - AMBIENTE

Segundo Montes e Molina (2001), existem algumas características que são desejáveis para
a qualidade de uma aula por meio de videoconferência:

 Tamanho das salas – deve permitir a perfeita integração entre os participantes,


portanto, deve existir um equilíbrio entre o tamanho da sala, a quantidade e a
qualidade dos meios utilizados (telas, microfones, caixas de som etc.).

 Quantidade de aulas e alunos que irão interagir – quanto maiores esses dois
parâmetros, mais esforços serão empregados na realização da aula
(movimentações de câmera, ativação de microfones etc.), para isso, deve-se contar
com uma equipe técnica especializada.

 Iluminação – é importante que a iluminação seja o mais uniforme possível, para


garantir que as imagens se mostrem com mais detalhes.

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 Disposição das câmeras – as câmeras devem mostrar professores e alunos em


todas as salas nas quais está ocorrendo a videoconferência.

 Acústica – todos os participantes devem falar em um tom de voz alto e claro, e o


microfone mais adequado para as videoconferências é o de lapela, pois transmite o
som mais apurado.

Para Saber Mais

Conheça um pouco mais sobre as qualidades desejáveis de uma aula por meio de
videoconferência, segundo Montes e Molina, acessando o site: Disponível em:
http://www.sav.us.es/pixelbit/pixelbit/articulos/n17/n17art/art173.htm (Acesso em
20/10/2008).

PLANEJAMENTO DIDÁTICO

O roteiro para o planejamento de uma videoconferência assemelha-se aos utilizados no


rádio e TV. No roteiro, são indicados os itens a serem abordados e o tempo de duração de
cada atividade, bem como o tempo dispensado no processo de comunicação. Além do
roteiro didático propriamente dito, são necessárias informações sobre a geração -
recepção, bem como sobre os recursos a serem utilizados.

Cabe ressaltar que o roteiro didático deve ser flexível de forma a favorecer a participação
dos alunos.

Preparar um documento de roteiro como o apresentado no exemplo a seguir pode ser muito
útil para a organização da videoconferência.

Roteiro de Videoconferência

Nome do Evento Data

Sala de transmissão principal

Coordenador do Evento Telefone E-mail

Quantidade Total de Público-Alvo Objetivo


Participantes

Facilitador(es) / Professor(es) / Palestrante(s)

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Horário Sim Não

D Manhã Tarde Haverá interatividade?


a
Início Fim Início Fim Deverá ser gravado?
t

Deverá ser transmitido via


Intranet?

Deverá ser transmitido via


Internet?

Deverá ser transmitido via


satélite?

Salas participantes

Localidade e/ou Responsável Técnico Telefone E-mail


Instituição

Sala(s) onde haverá Facilitador(es) / Professor(es) / Palestrante(s)

Recursos Necessários (PowerPoint, Câmera de Documentos, Vídeo VHS, CD, DVD)

Observações

Detalhamento das atividades propostas

Dia Horário Itens a serem abordados Duração Responsável

A seguir, será apresentado um breve guia para a organização de uma sessão:

Procedimentos a serem tomados antes do início:

 Preparação do(s) professor(es) para o uso dos recursos.

 Familiarização dos professores com os equipamentos.

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 Orientações sobre o comportamento frente à câmera e uso do microfone.

 Apresentação das regras da videoconferência.

Procedimentos a serem tomados quando a sessão estiver no ar:

 Abrir a sessão.

 Apresentar os facilitadores / palestrantes / professores.

 Apresentar rapidamente as salas conectadas.

 Apresentar o conteúdo pelo facilitador (organizar o conteúdo em pequenos blocos e


abrir para discussão entre os blocos).

 Solicitar aos participantes que anotem suas dúvidas / intervenções para os


momentos oportunos.

 Abrir espaço para intervenções.

 Prover feedback.

 Realizar o fechamento da sessão.


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Dicas para participantes e professores

Vestimentas

 Evite usar roupas muito estampadas ou listradas.

 Evite cores como vermelho e preto.

 Evite uso de jóias ou bijuterias que possam fazer barulhos.

 Prefira cores pastéis e sólidas.

Para Saber Mais

Conheça um pouco mais sobre preparação de videoconferências, acessando o site:


http://www.videnet.gatech.edu/cookbook.pt/list_page.php?topic=11&url=K12/issues.html&lev
el=1&sequence=3&name=Quest%C3%B5es%20de%20cunho%20educacional%20e%20hu
mano. (Acesso em 21/10/2008)

Conheça um pouco mais sobre dicas para participantes, acessando o site:


http://www.tsl.state.tx.us/distancelearning/videoconferencing/tips.html (Acesso em
21/10/2008)

1
Fonte: Distance learning: Texas State Library and Archives Commission. Disponível em:
http://www.tsl.state.tx.us/distancelearning/videoconferencing/tips.html (Acesso em 19/11/2008).

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PREPARO DE WEBCONFERÊNCIAS

As webconferências diferenciam-se das videoconferências por utilizarem computadores. Na


preparação de uma webconferência é necessário saber utilizar o software e todos os
recursos disponíveis para a comunicação, como Chat, apresentação de arquivos (MS
Powerpoint ou similar, documentos, planilhas, imagens ou animações).

Cabe ressaltar que a formação do(s) professor(s) para o uso desses recursos de forma
simultânea é fundamental, pois ao mesmo tempo em que fala ao microfone e apresenta um
arquivo, o professor poderá também desenvolver estratégias para atender aos alunos no
Chat e viabilizar a participação dos alunos por meio de voz.

A seguir, são apresentadas algumas orientações para preparo e participação em


webconferências:

 Verifique se seu vídeo e áudio estão funcionando.

 Verifique o sistema utilizado e a necessidade de baixar algum software específico.

 Conheça bem o software que será utilizado para melhor aproveitamento de seus
recursos.

 Realize testes de utilização do sistema com outros participantes.

 Teste sua conexão.

 Desenvolva um guia passo a passo para os participantes sobre como utilizar o


sistema.

 Informe os pré-requisitos de hardware e software necessários para a participação na


webconferência.

 Prepare um roteiro para a sua webconferência (pode utilizar o mesmo roteiro da


videoconferência).

 Disponibilize outro canal de comunicação (telefone ou comunicação síncrona).

A GESTÃO DA VIDEOCONFERÊNCIA

Falar em gestão de uma mídia em EAD, segundo Kenski (2006), implica discutir aspectos
relativos aos custos, à complexidade e ao tempo de implantação, à necessidade de
formação de uma equipe de apoio e necessidade de formação de professores e alunos.

Em relação aos custos envolvidos na implantação da videoconferência, Capron e Johnson


afirmam que

[...] embora o aluguel e o custo de propriedade dessa configuração


sejam caros, os custos parecem triviais quando comparados com
despesas de viagens – passagens aéreas, hospedagem, refeições,

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perda de produtividade – para reuniões de “corpo presente”.


(CAPRON; JOHNSON, 2004, p. 212)

Os equipamentos utilizados para a realização de teleconferências e videoconferências


representam um custo maior do que os utilizados para webconferência. Isso acontece
porque o custo dos CODECs (codificadores-decodificadores), aparelhos utilizados nas
videoconferências, é mais alto do que o dos microcomputadores que executam a mesma
função na webconferência.

Outro diferencial de custo reside nos meios de conexão para as comunicações, pois a
Internet usada nas webconferências tem custo relativamente baixo.

Para a maioria das aplicações em EAD, basta um computador equipado com uma simples
câmera, um microfone e conexão de banda larga com a Internet, viabilizando uma
webconferência, com acesso a um software comum que permita o gerenciamento e o
desenvolvimento da comunicação.

Essa tecnologia já representou, em épocas anteriores, um custo elevado. Atualmente, uma


configuração como essa é perfeitamente viável financeiramente para a maioria das
instituições de ensino que almejam a prática da EAD.

Caso a qualidade de imagem e som exigida, bem como a quantidade de recursos


necessários para atender determinada demanda, seja especial e diferenciada, com maiores
níveis de exigência, o custo da implementação do sistema para videoconferência pode
aumentar significativamente.

Portanto, deve-se estudar as necessidades de aplicação para que se defina qual o tipo de
conexão e de equipamentos que se farão necessários, objetivando otimizar os
investimentos e evitando despesas com aquisições de recursos desnecessários.

O tempo de implantação também irá variar de acordo com o tipo de equipamentos, recursos
e infra-estrutura determinados pela demanda. Porém, uma vez adquiridos os equipamentos
e definidos os locais para instalação, esse tempo é pouco significativo, no cronograma de
projeto e desenvolvimento de um curso em EAD por videoconferência, pois pode acontecer
paralelamente às atividades de construção do conteúdo do curso e do planejamento das
atividades.

A equipe necessária à execução do projeto, com a garantia de implantação, execução e


sustentabilidade desejada, varia de acordo com o modelo escolhido para o curso. Conforme
os dois modelos discutidos anteriormente – aula mista e estúdio ou desktop -, Cruz afirma
que

[...] no primeiro, existe um técnico que opera os equipamentos


(principalmente as câmeras e a distribuição dos microfones) e auxilia
o professor nos eventuais problemas técnicos que possam surgir.
Esse caso geralmente ocorre em salas com alunos presenciais. No
segundo tipo, mais comum quando o professor está sozinho, é ele
mesmo quem se responsabiliza por todos os periféricos do
computador utilizados na aula em seu ambiente. Neste caso, os

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Especialização em Educação a Distância

alunos a distância podem ter um apoio técnico local para realizar a


monitoração da imagem e do som, ou podem eles mesmos serem
responsáveis pela operação da câmera e dos microfones, durante o
transcorrer da aula. (CRUZ, 2008, p. 92)

Isso pressupõe a capacitação do professor e dos alunos na questão tecnológica para a


condução das aulas e a solução de eventuais problemas técnicos decorrentes da utilização
dos recursos tecnológicos que viabilizam a comunicação.

POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES

Vimos que são inúmeras as possibilidades de utilização de conferências em EAD, porém,


podemos relatar alguns limites para sua aplicação.

O custo de implantação pode ser elevado dependendo da demanda do projeto. O custo de


implantação pode elevar-se significativamente, se houver necessidade de adequar a infra-
estrutura dos ambientes para que assumam características de um estúdio, instalar
equipamentos que garantam um padrão elevado de qualidade de som e imagem e usar
softwares sofisticados e com muitos recursos para o gerenciamento da comunicação.

Nem todas as pessoas sentem-se confortáveis diante de câmeras e microfones. Outras, por
mais confortáveis que possam se sentir, têm dificuldade de comunicação ou não estão
suficientemente preparadas para realizar o processo de comunicação através da utilização
dos microfones e câmeras. Além disso, existe a necessidade de capacitar o professor e,
eventualmente, os alunos, para que possam operar os aparatos tecnológicos, sobretudo
diante de situações adversas ou de pane.

Por fim, o tráfego de vídeos e imagens por uma rede de computadores exige uma conexão
capaz de permitir o trânsito de grandes quantidades de dados em uma velocidade alta.
Portanto, os “links” com a Internet devem ser adequados a essa demanda tecnológica.

Possibilidades Limitações

Favorece o desenvolvimento de espaço Os altos custos de determinados


colaborativo para aprendizagem e equipamentos podem inviabilizar
socialização em grupo. determinados projeto.

Permite flexibilidade na escolha dos Os problemas nos meios de transmissão


meios de transmissão, de acordo com as das informações podem representar
possibilidades e demandas. grandes ruídos nos processos de
comunicação, podendo, inclusive,
inviabilizar o processo educacional.

Permite uma transição mais gradual do A falta de conhecimento dos recursos


modelo presencial para o modelo a pode enfraquecer o uso do potencial
distância. didático da mídia, bem como provocar
baixa interação.

Cruz e Moraes (1997)

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ambiente virtual de videoconferência. In: Anais Virtual Educa Brasil 2007, Universidade do
Vale do Paraíba, 2007. Disponível em:
http://aveb.univap.br/opencms/opencms/sites/ve2007neo/pt-BR/imagens/27-06-
07/Cognitivas/trabalho_110_mariadelosdolores_anais.pdf (Acesso em: 19/11/08)

Marcelo Gozzi Pupim.


Possui graduação em engenharia elétrica pela Faculdade de Engenharia São Paulo (1993),
pós-graduação em Engenharia de Telecomunicações (1995) e Engenharia de Segurança
no Trabalho (1998), e mestrado em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade
Presbiteriana Mackenzie. Está cursando o Doutorado na Faculdade de Educação de USP.
Atualmente é técnico em planejamento e gestão da Fundação do Desenvolvimento
Administrativo e professor titular do Centro Universitário Nove de Julho. Tem experiência na
área de Educação, com ênfase em Educação a Distância mediada por Internet.

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