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AULA 1

EDIÇÃO DE CONTEÚDO
AUDIOVISUAL

Prof. André Corradini


TEMA 1 – A EDIÇÃO E O USO DAS TECNOLOGIAS

Há tempos que o vídeo faz parte da vida de muitas pessoas, mas podemos
afirmar que na última década ele se tornou ainda mais popular, e vários fatores
contribuíram para isso.
As mídias sociais tiveram um importante papel nessa popularização em
massa e, junto a isso, houve o desenvolvimento e aprimoramento tecnológico dos
smartphones, a facilidade de adquiri-los (muitas formas de financiamento), além
da pequena melhoria na oferta de internet. Com isso, temos os principais
elementos que impulsionaram as pessoas a fazerem fotos, áudios e vídeos a todo
o momento. Mas simplesmente apontar a câmera para uma cena e gravar um
vídeo não significa que o resultado seja o mínimo satisfatório.
Por mais que o vídeo tenha se popularizado, o conhecimento técnico na
sua produção não se tornou menos indispensável, ao contrário, cada vez mais
pessoas precisam aprender a produzir vídeos com qualidade. A edição e a
tecnologia andam de mãos dadas. Muitos de nós já ouvimos falar que estamos na
Era Digital, na Era da Informação, na Era da Tecnologia, mas, enfim,
independente da denominação, é certo que vivemos em um tempo em que a
tecnologia avança a cada instante, desenvolvendo-se quase que diariamente e é
quase impossível acompanhá-la e entendê-la na mesma velocidade.
Em um passado não tão distante, o CD-ROM e o DVD-ROM foram a grande
novidade e muita gente os utilizava quase que à exaustão, seja para o
entretenimento, seja para o trabalho ou mesmo para a educação. Era comum
encontrar esse tipo de mídia até mesmo em bancas de jornal, onde eram
oferecidos filmes ou cursos inteiros dentro de um CD ou DVD, acompanhados às
vezes de encartes impressos.
Livros e cursos completos eram disponibilizados em um disco que era
acessado nos computadores, nos quais a interatividade com exercícios, vídeos,
áudios e links de internet acontecia, abrindo inúmeras possibilidades de
aprendizado.
Para Lévy (1999, p. 55):

Um CD-ROM (Compacta-Disc Read Only Memory) ou um CD-I


(Compact Disc Interactive) são suportes de informação digital com leitura
a laser. Contém sons, textos e imagens (fixas ou em movimento) que
são exibidas na tela do computador no caso dos CD-ROMs, ou em
televisões no caso do CD-I (com utilização de equipamentos especiais).

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A hipermídia, conceito definido já há algumas décadas, vem se tornando
ferramenta comum para essas novas tecnologias. Bandeira (2009, p. 12) descreve
hipermídia “como uma narrativa não linear interativa, composição de meios, com
imagens, som e texto”. Gosciola (2003) a define como um processo
comunicacional que depende do relacionamento entre os diversos conteúdos e
seus usuários.
Esse conceito é utilizado constantemente em vários segmentos,
profissional, de entretenimento, educacional ou mesmo comercial, e as novas
tecnologias se apropriaram disso.
Hoje essas novas tecnologias estão presentes em várias bases: nos
impressos, nos audiovisuais, nas câmeras, nos computadores, na internet. O
relacionamento entre diferentes bases e processos cria inúmeras combinações e
formas de disponibilização de conteúdo e transmissão de conhecimentos.
A realidade virtual ou VR, o QR-Code e os vídeos 360º são apenas alguns
exemplos do que as novas tecnologias podem oferecer a todos nós, pensando
nas mais diferentes utilizações. Já é realidade ver alguém imerso em um ambiente
virtual que possa oferecer uma viagem ao redor do mundo ou visitar museus e
andar por entre as salas e obras de arte sem sair do seu quarto, ou mesmo assistir
à aula de um professor que está em um laboratório, junto com vários outros
alunos, cada qual em suas respectivas casas.

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Figura 1 – Realidade virtual

Crédito: Mark Nazh/Shutterstock.

Dentro de um livro ou uma tela de computador ou de televisão, um QR-


Code pode ser lido por um smartphone e abrir automaticamente um link para um
site na internet ou um vídeo que complemente o assunto abordado na mídia
impressa.
São constantes os avanços e em velocidade tal que, provavelmente,
quando você estiver lendo este texto, outras formas tecnológicas estarão sendo
desenvolvidas e brevemente estarão ao seu alcance.
Como ressalta Bandeira (2009, p. 18):

Com o uso das novas tecnologias, o envio ou transmissão de uma


informação digitalizada não depende mais do meio de comunicação, tais
como telefone, rádio ou televisão. Inúmeros pesquisadores destacam
que a digitalização das informações possibilitou a convergência das
formas principais da comunicação humana, resumidas pelas matérias
impresso (jornais, livros, textos), o audiovisual (televisão, vídeo, cinema),
as telecomunicações (telefone, satélite, cabo) e a informática
(computadores, programas).

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Figura 2 – QR-Code

Crédito: Batjaket/Shutterstock.

Foi possível percebermos que as tecnologias estão em constante


renovação e em qualquer produção audiovisual é necessário o planejamento
baseado na tecnologia a ser utilizada em todas as etapas da produção. Isso
precisa ser levado em conta na hora de escolher equipamentos como as câmeras,
microfones, e os aplicativos e softwares utilizados, além dos recursos e
plataformas escolhidos para a exibição, postagem, compartilhamento etc.
Posteriormente, em outra oportunidade, vamos continuar a abordar a
tecnologia nas diferentes etapas da produção e edição de um audiovisual.

TEMA 2 – AUDIOVISUAL

Um material audiovisual é todo aquele que, como o próprio nome já diz, se


utiliza de áudio e imagens (vídeos, desenhos ou fotos).
É possível também definir um material audiovisual como aquele que
estimula os sentidos da visão e audição. Bettetini (1996) define audiovisual como
um produto, objeto ou processo que, ao trabalhar com estímulos sensoriais da
audição e da visão, objetiva uma troca comunicacional.

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Mas ele é muito mais do que isso. Existe uma forte ligação que possuímos
com os audiovisuais ou a cultura dos audiovisuais, sejam eles na televisão, no
cinema e na própria vida cotidiana.
A documentação de nossas atividades corriqueiras, festas, viagens e
eventos há muito tem se tornado alvo de nossas câmeras, sejam amadoras,
profissionais ou presentes nos smartphones. Atualmente, como já dissemos,
captar todo tipo de imagem tem influenciado o comportamento das pessoas e
levando esse hábito, em algumas situações, a esferas um tanto quanto
exageradas.
Nossa relação com o audiovisual, que já era comum quando pensamos na
televisão e no cinema, agora nos integra à internet e ao mundo virtual, levando as
propriedades, formas e linguagens do audiovisual até a educação, por exemplo.
Aliás, você já está integrado a esse meio há algum tempo, pois as próprias
ulas a que você pode assistir em seus estudos são a prova dessa integração, ou
seja, o audiovisual totalmente integrado à educação.
Almeida (1994, p. 16) comenta sobre essa integração:

A transmissão eletrônica de informações em imagem-som propõe uma


maneira diferente de inteligibilidade, sabedoria e conhecimento, como se
devêssemos acordar algo adormecido em nosso cérebro para
entendermos o mundo atual, não só pelo conhecimento fonético-silábico
das nossas línguas, mas pelas imagens-sons também.

Podemos falar em indústria da mídia e da comunicação em que o vídeo


está integrado e à frente de todas as preferências.

Figura 3 – Preferência pelos vídeos

Fonte: Kantar Ibope Media, 2020.


Crédito: Jkstock/Shutterstock.

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Os avanços da tecnologia envolvendo os mais diferentes dispositivos
móveis, aliados à produção e à captação de imagens em foto e vídeo fez com que
a atração sobre o conteúdo em vídeo aumentasse ainda mais.
Para Adriana Favaro, diretora comercial para Media Owners, “os avanços
tecnológicos trouxeram uma experiência de consumo de vídeo totalmente nova, e
o conteúdo não está mais limitado a pixels, telas ou formatos de transmissão”
(Kantar Ibope Media, 2020)
Segundo as pesquisas da Kantar Ibope Media (2020), 99% das pessoas
assistem a algum tipo de vídeo, seja pela internet, TV aberta, TV por assinatura,
vídeo em websites, vídeo por aplicativos de mensagens, vídeo sob demanda por
assinatura, vídeo gratuito na internet e cinema.

Figura 4 – Todas as telas

Fonte: Kantar Ibope Media, 2019

O audiovisual também pode ser visto como uma indústria que movimenta
números expressivos, gera emprego e renda para muitos.
Enfim, podemos ter a certeza de sua importância, seja em nossas vidas
particulares, seja na vida profissional.
Mas em nosso contexto, aqui nesta aula, onde o audiovisual se encaixa e
aonde queremos chegar?
A resposta está na sua estrutura de construção, que é o que precisamos
entender. A edição não é apenas a junção de algumas imagens e sons (vamos
ver esse assunto em detalhes mais adiante), mas é preciso entendermos as

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etapas de produção de um audiovisual para que possamos editá-lo da melhor
maneira possível.
Então, como deve ser o processo de construção de um audiovisual para
que a sua edição possa ser feita da melhor maneira possível? Essa pergunta deve
começar a ser respondida desde a pesquisa inicial, na preparação das ideias para
a construção desse vídeo.
Mais à frente, vamos tratar de todas as etapas de produção de um vídeo
para que você possa entender claramente como tudo deve funcionar.

TEMA 3 – TELEVISÃO – REFERÊNCIA PRINCIPAL

Nossa relação com a televisão é intensa. Ela tem o poder de nos mobilizar,
entreter, mexer com nossas emoções, nos oferecer viagens indescritíveis, nos
informar e até mesmo nos ajudar a aprender. Quando estamos diante da tela, a
quantidade de informações com as quais somos bombardeados é impressionante.
Você consegue imaginar o que 24 horas de programação de um canal de televisão
oferecem de informação?
É lógico que tudo isso está ligado a diferentes formas de linguagens e até
mesmo a conteúdos completamente descartáveis e não é nesse contexto que
estamos abordando a TV.
É preciso analisar a estrutura que contempla temas totalmente
diversificados, que atendem a praticamente todo tipo de público, desde as
crianças até os mais experientes. São histórias das mais diversas, filmes,
documentários, telejornais com as mais diferentes abordagens (sensacionalistas,
dramáticos, sérios etc.), abrangendo os mais diferentes ambientes e localizações
do território.
E tudo acontece ao mesmo tempo, ao alcance do controle remoto e agora
também ao alcance de um smartphone ou um tablet. Toda a programação passa
diante de nossos olhos dentro de um aparelho que cabe na palma da mão.
Junte a tudo isso uma máquina econômica importantíssima para a
economia, que movimenta grandes cifras no mercado publicitário, que emprega
milhões de pessoas.
A televisão brasileira está construída, do ponto de vista histórico, sobre uma
estrutura bem definida: controle governamental sobre as concessões de uso,
formatação predominantemente comercial e acesso amplo ao meio, mas restrito

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à produção. É indiscutível que a televisão, em nosso país, é o meio de
comunicação que possui o acesso mais popularizado.
Segundo pesquisas do IBGE (2018), embora em ligeira queda, a audiência
da televisão brasileira continua tendo um papel importantíssimo. Segundo a
pesquisa (IBGE 2018), 96,4% dos domicílios brasileiros possuem um aparelho de
televisão.
Esses números se relacionam com a compra de aparelhos de televisão de
tela fina, movimentando outra indústria importante no país, a de eletrônicos.
Veja, estamos relacionando diretamente a programação e a preferência
pela TV com outra indústria (eletrônicos), fomentando a criação de empregos e o
desenvolvimento e isso deve ser contabilizado na conta da televisão, pois com a
instalação do sinal digital no país, foi necessária a modernização dos aparelhos
de televisão por parte da população.

Figura 5 – Domicílios com televisão

Fonte: IBGE, [S.d.].

É certo que atualmente a presença da televisão divide a atenção com a


internet e outros meios, mas ainda assim, a televisão é líder na utilização.
A televisão brasileira foi criada com bases semelhantes à instituição desse
meio nas comunidades latino-americanas: surgiu a partir do final da Segunda

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Guerra Mundial e chegou a um território atravessado por questões econômicas,
sociais e políticas.
Temos uma relação bastante próxima com outras televisões latino-
americanas a ponto de termos em nossa programação diversos produtos oriundos
de outros países latino-americanos (Chaves, Chapolin e as novelas mexicanas,
além de muitos outros produtos, como minisséries e filmes).
Agora vamos conhecer um pouco da história da televisão.
A história da televisão brasileira se inicia com as bases estruturadas pelo
rádio a partir dos anos 1950, trazida pelo empresário da comunicação Assis
Chateaubriand.
Leal (2009, p. 2) define que “a história da TV brasileira é muito semelhante
com a do rádio no Brasil. Por exemplo, uma característica atual da televisão é sua
segmentação e o rádio já evidenciava essa tendência há muitos anos”.
Nesse período, o mundo passava por uma nova adaptação, e o
desenvolvimento tecnológico, influenciado diretamente pela dinâmica de
desenvolvimento do pós-guerra, desperta para um novo produto:

Após a estagnação mundial no campo televisual por causa da Segunda


Guerra Mundial, foi realizada, no dia 18 de setembro de 1950 às 17 horas
em São Paulo, a primeira transmissão de imagens no Brasil pela TV
Tupi-Difusora uma emissora do Diários Associados de Assis
Chateaubriand. A TV Tupi-Difusora começou transmitindo imagens para
apenas cerca de 500 aparelhos receptores na cidade de São Paulo, mas
três meses depois havia já 2 mil aparelhos funcionando ali.

Começava ali a história de sucesso da televisão brasileira.


Embora nesse período o aparelho de televisão ainda fosse um sonho
bastante remoto para muitos, pois custava o mesmo que um automóvel de luxo,
a televisão rapidamente caiu no gosto da população.
O primeiro canal de televisão a ser fundado foi a TV Tupi, em São Paulo.
Nessa fase, os programas ainda não eram gravados, ou seja, toda a programação
(que era de apenas algumas horas diárias) era feita ao vivo.
Já nos anos de 1960, a evolução da televisão possibilitou a criação dos
programas de auditório, e a televisão começa a adquirir personalidade própria,
com cenários e figurinos mais apropriados para a exibição da imagem. Os
programas começam a se diversificar e adquirem um formato mais popular.
Nessa fase, ganha destaque um dos mais populares personagens da
televisão brasileira, o Chacrinha.
Rohrer (2010, p. 18) relata:

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Sua estreia na televisão aconteceu na TV Tupi em 1957. Chacrinha
permaneceu na televisão durante três décadas, com grande sucesso e
sua carreira foi interrompida apenas por sua morte em 1988. Durante o
período em que ficou no ar, trabalhou nas emissoras TV Tupi, TV Rio,
TV Excelsior, TV Globo, TV Record e TV Bandeirantes. Na TV Tupi e,
em especial, na TV Globo teve que impor seu estilo de apresentação,
uma vez que eram duas emissoras de grande alcance e em épocas
diferentes, líderes de audiência.

Outro produto marcante da televisão brasileira também começa a se


destacar junto ao público nesse período, a telenovela. Inicialmente possuíam um
caráter mais teatral e com tramas importadas de países como México e Cuba,
mas logo foram adaptadas e escritas para a realidade brasileira.
Até os dias de hoje, é um dos produtos de maior sucesso da televisão
brasileira, sendo exportada para muitos outros países.
Nos anos de 1970, a televisão brasileira começa a passar por importantes
transformações, sendo aprimorado o caráter comercial de sua programação e
estrutura. Com isso, o mercado começa a ter um produto ainda mais valioso. A
partir dessa década, a televisão ganhou cores, a qualidade da imagem e do som
foi aperfeiçoada e, com a Copa do Mundo de futebol, no México em 1970, o
comércio de aparelhos de televisão ganhou um forte impulso, mesmo com a
programação ainda não sendo completa, com 24 horas no ar, e poucos jogos
sendo transmitidos. De qualquer forma, o negócio televisivo estava formatado e
hoje ele vale milhões de dólares no Brasil e bilhões pelo mundo afora.
A década de 1970 também foi marcada pelo início da hegemonia da Rede
Globo, alcançando a liderança em audiência, que permanece em grande parte até
os dias de hoje.
Os anos de 1980 foram determinantes para o aprimoramento do mercado
televisivo no país, e a publicidade passou a ser um elemento decisivo para esse
mercado. Com o mercado cada vez mais aquecido, a televisão ganha
características gradualmente mais profissionais e sua programação, agora muito
mais diversificada e profissionalizada, começa a ser conhecida
internacionalmente com produtos como as telenovelas e os comerciais, ganhando
prêmios internacionais. Isso permitiu aos canais de televisão criarem uma
estrutura mais definida com os espaços comerciais e a divisão entre as produções
nacionais e as locais.
Nessa década (1981), surge também o Sistema Brasileiro de Televisão, ou
SBT, em que o apresentador reina até os dias de hoje.
Reis (2016, p. 32) descreve:

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Ao longo dos anos, o apresentador se manteve popular e transformou
os estúdios da Vila Guilherme, em São Paulo, onde seu programa era
produzido, em sede de sua própria emissora de televisão, o SBT, em
1981. Com a nova rede, Silvio Santos se tornou referência para diversos
outros programas e apresentadores. No próprio SBT, o domingo, antes
exclusivo do dono, foi sendo dividido com outros programas de auditório
e animadores, que seguiam a mesma linha de programas populares de
Silvio Santos, que incluíam: jogos com prêmios, assistencialismo,
musicais e concursos.

Os anos de 1990 trouxeram importantes mudanças e a televisão tem papel


importante na vida política brasileira, principalmente com a eleição de Fernando
Collor de Melo, todo o processo de impeachment e a eleição de Fernando
Henrique Cardoso. Definitivamente a televisão entra na construção da figura
política e consequentemente assume o papel preponderante na construção
política brasileira.
É claro que esse assunto renderia capítulos e mais capítulos de relatos e
reflexões, mas em nosso contexto vamos usá-los apena para situar rapidamente
a trajetória da televisão na vida do país e da população. A própria presença do
horário político obrigatório abriu um novo terreno para a comunicação,
sofisticando a estrutura do marketing político e a construção audiovisual (e
propagandística) das figuras públicas.
No setor do audiovisual, as importações e o barateamento de sistemas de
gravação e reprodução domésticos (os agora ultrapassados videocassetes)
permitiram a popularização de hábitos de consumo por parte do espectador, como
a gravação de programas de TV para serem assistidos mais tarde, uma espécie
de avô do nosso atual sistema de vídeo sob demanda. Além disso, a partir da
metade da década, chegou aos nossos lares o sistema de televisão a cabo, que
multiplicou o número de canais disponíveis ao mesmo tempo e diversificou a
produção. Tornaram-se comuns canais específicos para os mais variados gostos
(filmes, séries, entretenimento, jornalismo, desenho) e, com isso, a segmentação
da publicidade pôde se aproximar ainda mais de seu público-alvo.
A partir dos anos 2000, muitos outros processos foram criados e
aperfeiçoados.
A tecnologia digital levou a televisão a um novo patamar, não só em relação
ao aprimoramento técnico, mas também houve o barateamento dos custos de
produção. Hoje as possibilidades são tantas que a produção televisiva se tornou
muito mais versátil e acessível a canais que até então não conseguiam produzir
com qualidade.

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Hoje estamos presenciando momentos únicos que envolvem a televisão e
sua aproximação (cada vez maior) com a internet e o mundo digital. Os modelos
de TV por streaming e por demanda são uma realidade e já são hábitos
estabelecidos na população.
Aonde a televisão pode chegar?
Essa é uma pergunta que dificilmente poderá ser respondida em poucas
linhas ou com qualquer argumento direto. Que tal você pesquisar e chegar a pelo
menos o início dessa resposta?

TEMA 4 – MÍDIAS DIGITAIS

Atualmente, falar sobre mídia digital é falar de praticamente tudo que está
ao alcance de nossos dedos, que selecionam rapidamente os smartphones e
tablets. Embora gradual, a evolução deste tipo de mídia foi rápida e constante.
Frequentemente observamos o lançamento de novas maneiras de disseminar
informações e conhecimento.
Os próprios smartphones mudaram a maneira como todos interagem, como
observa Bandeira (2009, p. 113) por meio dos pesquisadores Straubhaar e
Larose:

Os meios de massa convencionais – rádio, televisão, impressos e filmes


– costumam ter sistemas de produção e transmissão bem diferenciados.
Mas no atual mundo da mídia digital, essas formas convencionais de
mídias devem convergir, juntamente com outras formas híbridas, em um
único meio – uma memória de computador de grande escala conectada
a uma rede de transmissão de dados de alta velocidade.

É inevitável a utilização dos meios digitais para criação e uso dos materiais
didáticos para o ensino a distância, e a sua aplicação durante as aulas tem se
mostrado cada vez mais eficiente.
Um bom exemplo disso são os slides, os infográficos, os próprios textos
digitais, as fotos digitais, CD-ROM, DVD-Rom e até mesmo os games.
O CD-ROM é um bom exemplo da aplicação de mídias digitais em vários
segmentos. Ele foi criado nos anos de 1980, mas começou a ser divulgado e
popularizado aqui no Brasil somente nos anos de 1990.
Muita gente não vai nem lembrar que ele existiu e nem como era seu
funcionamento, mas sua funcionalidade foi revolucionária em seu tempo.
Imaginem uma época em que a internet estava engatinhando. Poucas pessoas
tinham acesso e mesmo as que tinham, o faziam com velocidades muito baixas,

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impossibilitando a transferência ou acesso a qualquer coisa muito diferente de
textos.
Sim, era o início de tudo e quando surgiu um pequeno disco com
capacidade para armazenar incríveis 650 MB (muito espaço para a época), todos
ficaram surpreendidos.
Sua utilização foi explorada ao máximo, pois logo vieram as mais diferentes
utilizações, de músicas a conteúdos educacionais. Enciclopédias, escolas e
cursos a distância passaram a disponibilizar seus conteúdos em coleções de CDs
e essa finalidade se mostrou bastante eficiente para a época, tornando-se
sucesso imediato.
O CD-ROM nunca permitiu qualquer tipo interatividade, a não ser a de
disponibilizar um link para que o usuário pudesse ser direcionado para algum site
e normalmente vinha acompanhado de manuais ou até mesmo livros,
complementando sua forma de disponibilizar os conteúdos.
A sucessão natural do CD-ROM foi o DVD, um disco semelhante na
aparência, mas com a capacidade de armazenamento quase que sete vezes
maior. Com 4,3 GB, o DVD também alcançou sucesso rapidamente no final dos
anos 90 e aposentou sem demoras o CD-ROM.
Com a capacidade de armazenamento aumentada, o DVD passou a ser
muito utilizado como mídia também de videoaulas. Com ele era possível
disponibilizar algumas horas de aulas que, com o acompanhamento de manuais
e livros, também foi bastante utilizado no ensino a distância.
Essa mídia também acumulou a funcionalidade da navegação por meio de
menus, mas também com quase nenhuma interatividade. DVD-ROMs foram
lançados, mas não repetiram o sucesso dos CDs, pois a internet já se desenvolvia
com conexões um pouco mais rápidas e capacidade de armazenamento e
transmissões maiores e mais eficientes.
A sucessão do DVD foi o disco de Blu-ray com capacidade de
armazenamento de aproximadamente 54 GB, mas nesse momento a internet já
estava apta a disponibilizar vídeos com mais qualidade e que fez com que essa
mídia fosse condenada em muito pouco tempo. Hoje ela é praticamente destinada
para a disponibilização de filmes, sucedendo o DVD e dificilmente é utilizada com
outras finalidades.
Na primeira década dos anos 2000 já tínhamos o desenvolvimento dos
dispositivos móveis e, mesmo com capacidade de processamento e

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armazenamento longe do ideal, as mudanças começaram a ser mais radicais, pois
a internet já caminhava a passos largos.
Podemos, então, iniciar uma nova etapa em que os discos dão lugar ao
armazenamento virtual. Já estamos na Era dos Ambientes Virtuais de
Aprendizagem (AVA), nos quais toda a dinâmica do curso e das aulas é
desenvolvida sem a utilização de discos. No entanto, sem dúvida alguma, a
internet, por meio do Youtube, é o local de maior penetração atualmente.

TEMA 5 – YOUTUBE E REDES SOCIAIS

A utilização da internet como fonte de divulgação, repositório e até mesmo


como canal de vídeos já não é novidade. Pessoas, instituições de ensino,
empresas dos mais diferentes ramos se valem da possibilidade de
armazenamento na nuvem em troca do armazenamento físico.
Branco Júnior, Machado e Monteiro (2014, p. 47) explicam a computação
na nuvem:

A computação em nuvem é uma tecnologia que tem como objetivo


proporcionar serviços de Tecnologia da Informação (TI) sob demanda
com pagamento baseado no uso. A nuvem computacional é um modelo
de computação em que dados, arquivos e aplicações residem em
servidores físicos ou virtuais, acessíveis por meio de uma rede em
qualquer dispositivo compatível (fixo ou móvel), e que podem ser
acessados a qualquer hora, de qualquer lugar, sem a necessidade de
instalação ou configuração de programas específicos.

Dentro do nosso contexto da produção audiovisual, é fácil percebermos


como a internet facilitou os processos produtivos em praticamente todas as etapas
(nas próximas aulas, vamos conhecer todas as etapas de produção de um vídeo).
E no universo da internet, as redes sociais são fenômenos imprescindíveis
no desenvolvimento e divulgação e principalmente utilização do audiovisual.
As redes sociais são descritas por Patrício (2010) como programas de
colaboração social que são utilizados principalmente por meio das afinidades e
interesses em comum, em que o compartilhamento do conhecimento, a
colaboração e a comunicação são aplicações principais.
É quase impossível dissociar as redes sociais dos vídeos, que se integram
e se completam. A cada dia mais e mais pessoas se envolvem na produção de
vídeos, nem que seja o registro de uma simples refeição.

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Futilidades à parte, as redes sociais popularizaram ainda mais o vídeo,
aliadas às facilidades tecnológicas dos smartphones e de todas as possibilidades
de comercialização existentes.
O Facebook, o WhatsApp, o Twitter, o Instagram e muitos outros aplicativos
e ferramentas que existem e outras que certamente aparecerão são os ambientes
perfeitos que contribuíram para a explosão dos vídeos.
Patricio (2010, p. 6) define o Facebook da seguinte maneira:

O Facebook é uma das redes sociais mais utilizadas em todo o mundo


como espaço de encontro, partilha, interacção e discussão de ideias e
temas de interesse comum. Foi criada a 4 de fevereiro de 2004 por Mark
Zuckerberg e alguns colegas, estudantes da Universidade de Harvard,
que criaram um site para que pudessem comunicar entre si, partilhar
informação académica, enviar mensagens e publicar fotografias.

Neste momento, você deve estar em seu computador, tablet ou smartphone


lendo este texto e em breve assistirá a uma aula em vídeo por meio de um desses
dispositivos, mas, além disso, você deve estar se conectando com a sua
comunidade por meio de uma dessas redes sociais.
Inevitavelmente, quando pensamos em vídeo na internet, pensamos no
Youtube, seja para o entretenimento, seja para o trabalho e nas mais diferentes
áreas.
O Youtube se tornou ferramenta de acesso a conteúdo e integração entre
todos com interatividade avançada de acordo com a maneira como a ferramenta
é gerenciada e utilizada. Foi criado em 2005 (sim, parece que foi há mais tempo),
mas seu sucesso é tamanho que quase não conseguimos lembrar do nosso
cotidiano sem a utilização desta ferramenta.
Ele está localizado em dezenas de países em mais de 50 idiomas e os
números que envolvem sua utilização são surpreendentes. Onde está o seu
segredo? Na sua simplicidade. A sua manipulação, de “subir e descer” vídeos é
feita com poucos comandos, facilitando sua operação e tornando-o acessível a
praticamente todos que tenham smartphones e tablets.
Muita gente quer postar seus vídeos nele e fenômenos de exibição com
milhões de acessos já são frequentes. É comum abrirmos o Youtube para
assistirmos a filmes, vídeos, para nos entretermos ou mesmo para aprendermos
sobre alguma coisa. É comum as pessoas realizarem pesquisas sobre os mais
diferentes assuntos no Youtube e até mesmo desenvolverem seus próprios
conteúdos.

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Ao alcance de cliques, vídeos são adicionados, legendas, comentários,
anotações, links, tudo pode ser incluído, criando dinamicidade para quem posta e
para quem usa.
Se criarmos uma conta no Youtube, será possível enviar mensagens para
uma lista de contatos e, com isso, criar uma dinâmica que torna possível
compartilhar vídeos de forma privada, por exemplo, e assisti-los em grupo,
obtendo interação entre todos. Isso sem falar do Youtube ao vivo, em que é
possível fazer uma transmissão ao vivo.
Mattar (2009) descreve que o Youtube permite ao usuário construir um
ambiente particular de aprendizagem fazendo com que um grupo de pessoas
compartilhe conteúdos e possam trocar entre si materiais e opiniões sobre esse
conteúdo. Mattar (2009) ainda relata a experiência do curso Youtube for
Educators, ministrado desde o ano de 2008 pela Boise State University, Idaho,
EUA, no curso de pós-graduação de sensibilização, simulação, documentação,
ilustração e intervenção. Todos esses departamentos de tecnologia educacional,
em que os alunos e professores trabalham com vídeos postados no Youtube.
Sim, estamos falando do uso do Youtube na educação!
Várias escolas e faculdades já o utilizam para o armazenamento e
compartilhamento de suas videoaulas.
E lá vamos nós novamente entrarmos no ambiente educacional! Sim, o
Youtube é utilizado como ferramenta educacional em vários locais do mundo.
Mattar (2009, p. 7) relata uma experiência com o Youtube na educação:

Uma experiência mais recente é o curso YouTube for Educators,


ministrado desde 2008 na Boise State University. No curso, oferecido
como disciplina de pós-graduação pelo Departamento de Tecnologia
Educacional da instituição norte-americana, os alunos produzem vídeos
que são disponibilizados no YouTube e avaliados também por vídeos do
instrutor, explorando os diversos aspectos do uso educacional do
YouTube. No curso os alunos desvendam as inúmeras possibilidades da
integração do YouTube à educação.

Mattar (2009, p. 7) descreve mais uma experiência bem sucedida com a


utilização do Youtube na educação:

Numa outra experiência recente, Richard Buckland, professor de ciência


da computação da University of NSW na Austrália, tem gravado e
disponibilizado suas aulas no YouTube, permitindo que alunos do ensino
médio participem dos seus cursos à distância da mesma maneira que
seus alunos universitários, o que pode contar inclusive como crédito
caso o aluno queira posteriormente estudar na universidade. Ou seja, o
aluno, mesmo não matriculado ainda na universidade, pode assistir às
aulas e fazer as atividades, e depois, se desejar estudar na NSW, terá
os créditos dessas atividades validados.

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O Vimeo, uma espécie de concorrente do Youtube, também funciona nos
mesmos moldes com possibilidades de postar ou fazer o download de vídeos,
criação de canais etc., mas com menor popularidade. Ele acaba sendo utilizado
por um público mais restrito embora seus resultados sejam muito bons. Também
tem sido muito utilizado no ensino a distância para armazenamento e
compartilhamento de videoaulas. Como vimos, a internet se torna hoje a principal
mídia digital e uma parceira inseparável das produções audiovisuais.

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REFERÊNCIAS

ALMEIDA, M. Imagens e sons – A nova cultura oral. São Paulo: Cortez, 1994.

BANDEIRA, D. Material didático: conceito, classificação geral e aspectos da


elaboração. Curitiba: Iesde, 2009.

BETTETINI, G. L’audiovisivo: dal cinema ai nuovi media. Milano: Bompiani,


1996.

BRANCO JUNIOR, E. C.; MACHADO, J. C.; MONTEIRO, J. M. Estratégias para


proteção da privacidade de dados armazenados na nuvem. In: SIMPÓSIO
BRASILEIRO DE BANCO DE DADOS, 29., Curitiba, 2014.

GOSCIOLA, V. Roteiro para as novas mídias. São Paulo: Senac, 2003.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional por


Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Contínua. IBGE, S.d. Disponível em:
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