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DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL

Aula 2 - BASES LEGAIS

Olá aluno (a), na aula de hoje vamos dar continuidade ao tema educação a
distância, falando de suas bases legais. Bons estudos!

Educação a distância: Bases legais

Com o avanço da tecnologia incorporada à educação nos deparamos com a


alternativa do ensino a distância que teve a sua primeira aparição em lei no artigo 80
da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Esse artigo estabelecia as diretrizes e
bases da educação nacional, na qual "O Poder Público incentivará o desenvolvimento
e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades
de ensino, e de educação continuada".

Não obstante, tornou-se imprescindível regulamentar essa nova modalidade de


ensino. O governo, então, regulamenta o artigo 80 da lei supracitada com o Decreto nº
2.494, de 10 de fevereiro de 1998, normatizando a educação e distância, no artigo 1º,
como a modalidade que permite a auto aprendizagem, utilizando-se de recursos
mediatizadores proporcionados por suportes de informação distintos, podendo ser
empregados de maneira isolada ou combinada, conduzidos pelas tecnologias de
comunicação.

Acompanhando a evolução da sociedade e das TIC’s, mais a necessidade de


definir o modo como a educação a distância poderá ser aliada à educação, o governo
vem desde 1996 tentando regulamentar tal modelo de ensino. No que tange à esfera do
Ensino Superior, o Ministério da Educação publicou em 10 de dezembro de 2004 a
Portaria nº 4.059 que, no artigo 1º, institui a introdução da modalidade semipresencial
nos cursos de Ensino Superior. Adverte, ainda, que, quando tal modalidade for

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empregada em uma disciplina, não poderá ultrapassar o limite de 20% (vinte por cento)
da carga horária.

Na mesma portaria, o governo compreende Educação a Distância, ainda que


modalidade semipresencial, como autodidata, todavia utilizando "mediação de
recursos didáticos organizados em diferentes suportes de informação que utilizem
tecnologias de comunicação remota", indo contra ao que autores como Palloff e Pratt
(2002), Belloni (1999) e Moran (2004) indicam que o Ensino a Distância não deve ser
totalmente pautado pela aprendizagem individual, todavia criando comunidades de
aprendizagem, fazendo uso da aprendizagem colaborativa. Conforme artigo 2º, da
mencionada Lei, a modalidade semipresencial deverá:

(...) incluir métodos e práticas de ensino-aprendizagem que incorporem o uso


integrado de tecnologias de informação e comunicação para a realização dos
objetivos pedagógicos, bem como prever encontros presenciais e atividades de tutoria.

O governo, ainda reconhecendo Educação a Distância como autodidatismo, em


que o aluno é o único responsável pela aprendizagem, apoiada por alguma(s)
tecnologia(s), como indicado no Decreto nº 2.494/98 e na Portaria nº 4.059/2004,
atenta para a atividade de tutoria na modalidade semipresencial, dizendo que, quando
tal modalidade for utilizada, esta “implica na existência de docentes qualificados em
nível compatível ao previsto no projeto pedagógico do curso, com carga horária
específica para os momentos presenciais e os momentos a distância”. Moran (2004)
tentando, de tal maneira, criticar o uso das tecnologias como mero apoio ao ensino
tradicional, diz que "colocamos tecnologias na universidade e nas escolas, mas, em
geral, para continuar fazendo o de sempre – o professor falando e o aluno ouvindo –
com um verniz de modernidade", ou como Kenski (2005, p. 72) coloca: Embora a
tecnologia seja avançada, a forma como é usada, em muitos casos, é bem convencional.

Já com olhar mais atento e menos restrito, em 19 de dezembro de 2005, o


governo revoga o Decreto nº 2.494 e publica o Decreto nº 5.622, no qual, de maneira
mais clara e objetiva, caracterizar Educação a Distância como sendo a:
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(...) modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos
processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias
de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades
educativas em lugares ou tempos diversos.

Com a definição mais clara de Educação a Distância em lei, o desafio é como


fazer uso das tecnologias para o ensino a distância com qualidade, corroborando o que
Kenski (2005, p. 73) coloca:

A grande revolução no ensino não se dá apenas pelo uso mais intensivo do


computador e da Internet em sala de aula ou em atividades a distância. É preciso que
se organizem novas experiências educacionais em que as tecnologias possam ser
usadas em processos cooperativos de aprendizagem, em que se valoriza o diálogo e a
participação permanente de todos os envolvidos no processo.

Se você optou por se matricular em um curso a distância, já deu um grande


salto para seu crescimento! Tente explorar ao máximo todos os recursos
disponibilizados e tenha sempre uma postura ativa! Desse modo, você terá as
condições necessárias para concluir seu curso!

Educação a distância ON-LINE

Como o objetivo aqui não é traçar históricos da Educação a Distância, mas saber
como ela está sendo utilizada, não cabe entrar no mérito que alguns autores apontam
quanto à evolução histórica da EAD. Contudo, Peters (2003, p. 46) afirma que
historicamente a Educação a Distância passou por quatro períodos (além de abordagens
históricas e individuais), sendo que se torna necessário fazer referência do último.
Desse modo, caracteriza o quarto período como a “Educação a Distância
informatizada, que nos permite reagir e lidar com as principais mudanças sociais... ela
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agora irá assumir a maior importância, já que pode contribuir por meio de suas
abordagens, técnicas, estratégias...”. Já Kenski (2005, p. 75) indica que:

(...) o grande salto nas relações entre educação e tecnologias dá-se, no entanto,
em um terceiro momento, com as possibilidades de comunicação entre computadores
e o surgimento da internet, possibilitando o acesso à informação em qualquer lugar
do mundo.

Nos dias de hoje, a modalidade de ensino a distância usufrui de enorme gama de


tecnologias de informação e comunicação, sendo que a mais utilizada é a Internet,
devido a possibilidade de interação síncrona e assíncrona, ou seja, simultânea ou não.

Exemplos de recursos que permitem dessas relações são os chats, wikis e e-mail,
que normalmente estão em Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), no caso a
nossa sala de aula.

É interessante considerarmos também que a EaD on-line não se limita ao uso do


computador, atualmente existem outros recursos tecnológicos
como tablets e smartphones, que por meio de Internet móvel 3G ou 4G, permitem ao
aluno acompanhar o curso de qualquer lugar.

A Internet não “nasceu” com essa terminologia e nem com finalidades


educacionais. No período da Guerra Fria, entre 1960 e 1970, o governo norte-
americano e o Pentágono necessitavam criar um sistema no qual os computadores
militares pudessem trocar informações entre suas bases, desenvolvendo assim a
ARPANET, em referência à Advanced Research Projects Agency (Agência de
Pesquisa de Projetos Avançados). Com efetivo sucesso, em meados da década de 1980,
as universidades norte-americanas começaram a fazer uso desse sistema, eliminando,
dessa forma, a distância e demora no acesso ao conhecimento. Com efeito, o sistema
ficou sobrecarregado e dividiu-se em dois: a MILNET para áreas militares e a
ARPANET para localidades não militares.

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A Internet, como é conhecida hoje, é possível graças a Tim Berners-Lee, um
pesquisador do CERN - Conseil Européen pour la Recherche (Centro Europeu de
Pesquisas Nucleares). Ele desenvolveu a World Wide Web (rede de alcance mundial;
Sistema de documentos em hipermídia que são interligados e executados na Internet.)
unindo o hipertexto e a Internet, que inicialmente interligou sistemas de pesquisas
científicas e posteriormente universidades europeias. O navegador Mosaic 1.0 foi
lançado em 1993, possibilitando acesso público à Internet e a partir de 1996 esse já
estava popularizada nos países desenvolvidos.

Abandonando a linguagem técnica, aproveita-se para inserir o que Lévy (1999,


p. 11) chama de ciberespaço. Esse é o universo formado pelas redes digitais no qual a
informação encontra-se em contato virtual com todos e com cada um. Serrano (2005,
p. 5) coloca que a aprendizagem on-line tem caráter colaborativo e ela demanda
participação ativa e interação entre professores e/ou alunos. O conhecimento deve ser
construído por meio da interação social. Assim, a mesma autora afirma que
o ciberespaço:

Se configura então como um local onde o processo de aprendizagem é facilitado,


visto que a produção do conhecimento é fruto da ação coletiva, da sinergia das
competências e modelos mentais independente da sua diversidade e onde quer que eles
se encontrem.

Com efeito, pode-se dizer que a Educação a Distância on-line é aquela que
utiliza estratégias pedagógicas de aprendizagem baseadas em atividades interativas
autônomas, todavia colaborativas, possibilitadas por uma tecnologia de informação e
comunicação, nesse caso a Internet; ou como afirma Almeida (2003):

Educação on-line é uma modalidade de Educação a Distância realizada via


internet, cuja comunicação ocorre de formas sincrônicas ou assim crônicas. Tanto
pode utilizar a internet para distribuir rapidamente as informações como pode fazer
uso da interatividade propiciada pela internet para concretizar a interação entre as

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pessoas, cuja comunicação pode se dar de acordo com distintas modalidades
comunicativas.

Para que a construção do conhecimento seja efetiva e com qualidade, as salas de


aula on-line necessitam oferecer condições básicas para que os alunos possam definir
os caminhos para a aprendizagem individual e grupal. Kenski (2005, p. 76) aponta três
características para tal, quais sejam:

Interação (síncrona e assíncrona) permanente entre os usuários.

Hipertextualidade que facilita a propagação de atitudes de cooperação entre os


participantes.

Conectividade garantindo o acesso rápido à informação e a comunicação


interpessoal, em qualquer tempo e lugar, o que sustenta o desenvolvimento de projetos
em colaboração e coordenação das atividades.

Um fato que merece atenção é que indiferente do que uns chamam de interação
e outros de interatividade estas são fundamentais na construção do conhecimento
coletivo. Tanta interação (e/ou) quanto interatividade são fundamentais no que diz
respeito à distância física e comunicativa no processo de aprendizagem. Tal distância
Kenski (1998, p. 3 apud MOORE) chama de distância transacional. Essa pode ser
maior ou menor, variando de acordo como os alunos são tratados. Sendo assim, Kenski
acrescenta que se os alunos forem abandonados apenas com materiais de estudo e sem
comunicação entre os pares, a distância transacional será maior; ou, se os alunos podem
estabelecer comunicação tanto com seus pares quanto professores a distância será
menor.

Exemplifica desta maneira "(...) havendo mais comunicação entre alunos e


professores, a distância entre eles é menor, independente da distância física". Tomando
como base a aprendizagem que as salas da aula virtuais possibilitam, Kenski (1998).
Afirma que "a aprendizagem será mais significativa quanto maior for o grau de
interação e comunicação entre os participantes do processo".

A produção do conhecimento pelo coletivo nas salas de aula virtuais faz-se


mediante duas modalidades de comunicação, uma síncrona e outra assíncrona. A
comunicação síncrona é aquela que ocorre entre sujeitos em tempo real (chat, vídeo
conferência, áudio conferência) enquanto a assíncrona acontece em tempos distintos
(fórum, listas de discussão).

Ao contrário dos termos interatividade e interação, essas duas formas de


comunicação são distintas. Contudo, não podemos afirmar que uma é melhor ou
superior a outra. Santos (2001, p. 8), num estudo realizado sobre as contribuições das
formas síncronas e assíncronas, constata que:
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(...) a comunicação síncrona, devido a sua característica de simultaneidade da
comunicação, pode contribuir para a troca de experiências, enquanto que, a
comunicação assíncrona possibilita mais tempo para a pesquisa, reflexão, análise,
necessárias para a construção de uma argumentação fundamentada e mais teórica
sobre a questão. Entretanto, a experiência vivenciada tem um lugar de destaque
servindo de catalisadora da discussão.

Outro ponto a ser destacado é colocado por Silva (2000) quanto ao sucesso das
ações interativas síncronas e assíncronas:

O nível de sucesso da interação ou de interatividade que acontecerá no curso


dependerá da escolha que fizermos entre essas duas formas de comunicação. Nas duas
encontraremos vantagens e desvantagens, porém, as vantagens irão sempre superar
as desvantagens se a utilização for feita de forma adequada, harmônica e
complementar no âmbito de um projeto educacional que envolva os recursos de
Educação a Distância.

Tanto a comunicação síncrona quanto a assíncrona são de extrema relevância


quando a aprendizagem colaborativa está em jogo. Dessa maneira, os professores têm
que atentar para a avaliação da qualidade nas participações. Portanto, não se esconda!
Mostre-se e diga a que veio! Assim, Gerosa; Fuks e Lucena (2003, p. 12) apontam que:

Serviços de comunicação assíncronos normalmente são utilizados quando se


deseja valorizar a reflexão dos participantes, pois estes terão mais tempo antes de
agir. Em um serviço de comunicação síncrono, valoriza-se a interação, visto que o
tempo de resposta entre a ação de um participante e a reação de seus companheiros é
curto. Desta forma, surge a necessidade de avaliar diferentemente as contribuições
dos dois tipos de serviço.

Bibliografia

https://www.nead.ufrr.br/index.php/sobre-a-ead

https://blog.eadplataforma.com/setor-ead/regulamentacao-ead-brasil/

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