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APRENDIZAGEM MEDIADA POR

DISPOSITIVOS MÓVEIS
Luciana Schmitz

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Aprendizagem mediada por
dispositivos móveis

A educação, principalmente a tradicional, vem a contribuir com sua aprendizagem.


como é conhecida hoje, tem sido muito Além disso, o uso da tecnologia na
desafiada nos últimos anos, pois quanto educação e de novas metodologias tem
mais se estuda, pesquisa e desenvolve se tornado cada vez mais necessário
métodos de aprendizagem, mais se para poder tirar a escola de um modelo
percebe que cada ser humano tem um tradicional que não dá mais conta de
jeito particular e próprio para desenvolver proporcionar todas as capacidades,
seu aprendizado; e não se pode esquecer competências e habilidades que esse
do meio em que esse indivíduo vive, se indivíduo precisa desenvolver.
desenvolve e se relaciona, pois tudo isso

Antes de mais nada, é importante que você conheça as derivações dos modelos de
learnings que fazem parte da Educação a Distância. Portanto serão apresentados
aqui os modelos, suas diferenciações e características, de acordo com Rocha, Joye e
Moreira (2020). Acompanhe:

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E-learning
Significado: electronic learning ou aprendizagem eletrônica.

Definição e características:

No Brasil, conforme Cook (2007 apud ROCHA et


al. 2020, p. 5), “também pode ser traduzido como
educação distribuída, educação eletrônica ou
instrução on-line, ou seja, é a aprendizagem mediada
pelo computador podendo ser on-line ou off-line. [...].
“Atualmente, o E-learning está associado a inovação
nas práticas de ensino e aprendizagem, pois apresenta
uma vertente colaborativa, permitindo ampliar a
interação e podendo “servir de suporte ao desenho
de cenários de educação/formação e de criação de
situações de aprendizagem baseadas na exploração
de uma imensa quantidade e diversidade de recursos
disponíveis na Internet, na partilha de experiências
entre todos os participantes (Gomes, 2005, p. 67).”
(ROCHA et al., 2020, p. 5, grifos do autor).

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B-learning
Significado: blended learning ou aprendizagem híbrida.

Definição e características:

Esta modalidade derivou do e-learning e também é


conhecida como “‘aprendizagem mista’, ou, ainda,
‘modelo híbrido’ do próprio learning tradicional.
Em português, pode ser traduzido por educação
bimodal, ensino flexível, aprendizagem combinada,
educação semipresencial e ensino híbrido. Adota
características advindas da educação on-line,
através dos AVAs utilizando-se das TICs e de
metodologias ativas, com as práticas da sala de
aula tradicional, através dos encontros presenciais.
Desta forma, a tradução mais adequada para o
termo B-learning para o contexto brasileiro seria
ensino híbrido, embora algumas instituições
adotem os termos flex, sala de aula invertida
e semi-presencial. A principal vantagem do
B-learning seria a flexibilidade unindo o melhor
de duas modalidades, o presencial e o virtual,
uma combinação de múltiplas metodologias e
estratégias de aprendizagem. (ROCHA et al., 2020,
p. 7, grifos do autor).
M-learning
Significado: mobile learning ou aprendizagem com mobilidade.

Definição e características:

Faz uso da mobilidade tecnológica proporcionada por


aparelhos móveis portáteis sem fio como smartphones,
tablets, PDAs (Personal Digital Assistants) e handhelds
para realização de atividades na modalidade a
distância. Dentre os dispositivos móveis, o smartphone
é considerado o mais popular, sobretudo, entre
jovens e adultos, fazendo parte da nova sociabilidade
humana. [...] A tecnologia móvel e sem fio admitem a
troca de informações, o compartilhamento de ideias
e experiências, resolução de dúvidas e acesso a uma
vasta gama de recursos e materiais didáticos, incluindo
texto, imagens, áudio, vídeo, e-books, artigos, notícias
on-line, conteúdos de blogs, microblogs, jogos,
Ambientes Virtuais de Aprendizagem, de forma a
interagir com colegas e professores em diferentes
contextos. (ROCHA et al, 2020, p. 8, grifos do autor).

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U-learning
Significado: ubiquitous learning ou aprendizagem ubígua.

Definição e características:

Recursos provenientes de tecnologias como a


‘internet das coisas’ e sensores são utilizados
para capturar informações sobre os estudantes
e contexto geoprocessado; e, posteriormente,
estas são empregadas para realizar adaptações
no sistema. Como exemplo, pode-se citar os AVAs
que estão se tornando cada vez mais flexíveis e
consequentemente intuitivos, obedecendo às
preferências e características dos aprendizes e os
contextos de acesso. [...] Nessa modalidade, na
aprendizagem inclui-se a experiência aumentada
com informações virtuais sendo adaptada ao perfil
do aluno e suas motivações.” (ROCHA et al., 2020,
p. 9-10).

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É importante saber que existem outras variações emergentes como:
o Microlearning, P-Learning, I-Learning, T-Learning e MOOC, que são
apresentadas em um breve resumo no quadro a seguir:

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Modalidade Características

É derivado do E-learning, mas com pequenos objetivos,


ou seja, o conteúdo é apresentado em pequenas partes
Microlearning e em tempo curto, muito adotado no mundo corporativo
por conta de sua acessibilidade, otimização do tempo e
baixo custo.

Pervasive learning, em português “aprendizagem difusa”,


é a modalidade educacional na qual a informação é
P-Learning encontrada pelo sujeito, cabendo somente ao sujeito
filtrá-la. Parte da liberdade e autonomia do adulto em
buscar seu autoaprendizado.

Immersive learning, ou aprendizagem imersiva,


considera os ambientes de aprendizagem virtuais, que
I-Learning são criados a partir de tecnologias digitais capazes de
proporcionar as aprendizagens a partir de experiências
vividas virtualmente.

Television learning, ou aprendizagem por televisores do


tipo smart TV, com a aprendizagem sendo concebida
T-Learning a partir do uso da comunicação bidirecional fornecida
pela televisão digital interativa (TVDI) conectada à
internet.

Significa Massive Open On-line Course, ou “curso


on-line aberto e massivo”, ou seja, são cursos que foram
MOOC colocados à disposição da população de forma gratuita
e on-line, com o objetivo de o conhecimento chegar a
um número maior de pessoas.

Quadro 1 – Variações emergentes de learning


Fonte: Adaptado de Rocha et al. (2020)

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Com o desenvolvimento e o uso acelerado das tecnologias, faz-se necessário
trazer novas aprendizagens e novas formas de ensinar, pois temos uma geração
de estudantes que nasceram com as tecnologias digitais e, portanto, esse uso
para eles faz parte do cotidiano.

Segundo Pedró (2006), alguns analistas consideram que a “geração millennials”


traz preocupações crescentes às instituições de ensino e aos governantes
políticos por três razões:

1
as implicações do uso intensivo que essa geração faz das
tecnologias sobre as suas capacidades intelectuais e cognitivas;

2
as mudanças nas práticas culturais e estilos de vida;

3
eventuais contradições que emergem de práticas contrastantes
dentro e fora da escola.

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Para Pedró (2006), o que fica claro é que a Uma outra situação em que o m-learning
tecnologia está em constante evolução e, pode atender é fato de que os estudantes,
portanto, é um fator de transformação na quando por motivo de doenças que os
forma de aprendizagem, por possibilitar impossibilite de ir à escola, podem ter o
locais de aprendizagem que ultrapassam mesmo acesso ao conteúdo. Contudo,
os muros das escolas. Dessa forma, o sabemos que a aprendizagem só ocorre
m-learning vem para contribuir com quando o estudante entende o motivo
essa mobilidade entre os ambientes de e a aplicabilidade do planejamento
aprendizagem, pois o estudante poderá do conteúdo apresentado. Portanto,
estudar um conteúdo em sala de aula e precisa haver uma intencionalidade no
verificar ou aplicar esses conhecimentos planejamento das aulas e abertura para
em seu cotidiano fora do ambiente escolar o uso da tecnologia a fim de mediar essa
e, ainda assim, ter o apoio via dispositivos aprendizagem, tornando o conhecimento
móveis do conteúdo que foi previamente mais acessível a todos.
planejado e preparado pelo professor.

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Quando o estudante usa um dispositivo
móvel como o smartphone como
ferramenta de aprendizagem, onde
armazena conteúdos curriculares, é
ele que decide quando e onde quer
aprender, proporcionando então uma
aprendizagem intencional e propositada.
Dada a natureza pessoal dos dispositivos
móveis coloca o professor no papel
de facilitador da aprendizagem e a
abordagem pedagógica coloca o aluno
no centro do processo de aprendizagem.
MOURA, 2010, p. 205

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Moura (2010), ainda, reforça que o uso de m-learning na educação
deve ser bem planejado, pois sua implementação implica em diversos
fatores e abordagens, e alguns desses fatores e abordagens já podem ser
identificados como:

a escolha das TICs que serão utilizadas;

como será o uso das TICs para cada conteúdo a ser trabalhado;

qual ambiente virtual de aprendizagem (AVA) será utilizado;

realizar um levantamento dos estudantes que têm acesso a um


dispositivo móvel;

verificar o conhecimento e capacitar o professor em relação às TICs que


serão utilizadas; entre outros.

De fato, o uso massivo dos


smartphones, em especial,
tem feito os estudiosos
da educação e tecnologia
a pensar sobre formas
diferentes de aprendizagem,
dessa forma não há mais
como ignorar o uso ou
resistir sua inserção no
planejamento pedagógico
assim como de tecnologias
de forma geral.

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Traxler (2011) diz que, desde o ano de 2001, o uso do m-learning vem
amadurecendo e consolidando-se, pois essa modalidade já provou ser
capaz de levar aprendizagem a pessoas, comunidades e países que antes
estavam afastados e beneficiarem de outras iniciativas educativas, reforçar
e enriquecer atividades de aprendizagem, através de experiências mais
personalizadas e sensíveis ao contexto.

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Os smartphones, quanto a seu uso em relação
aos tablets e notebooks, se destacam por suas
características físicas de tamanho, aplicativos
relativamente fáceis de usar, uso da câmera
fotográfica para várias finalidades, e fácil
transporte. Ainda há muito o que se fazer, por
exemplo, investimento em conectividade e
aplicativos educacionais, criados no contexto
de ensino-aprendizagem considerando o
desenvolvimento das habilidades e competências
do estudante, assim como o planejamento de
aulas com a mediação dessa tecnologia.
Em 2013, a Organização das Nações Unidas para
a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO,
incentivadora da Aprendizagem Móvel,
apresentou em Paris, durante a Mobile Learning
Week, o “Policy Guidelines for Mobile Learning”,
um guia com dez recomendações para ajudar
governos a implantar tecnologias móveis em
salas de aula. Segundo o guia, os pilares da
Aprendizagem Móvel são:

Essa é pra
registrar!
Levar informação onde ela é escassa, personalizar e flexi-
bilizar a aprendizagem, proporcionar feedback imediato
e ampliar a produtividade aproveitando a aprendizagem
em qualquer tempo e espaço. (VOLTOLINI, 2019).

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Para fecharmos, uma afirmação de Moura (2010, p. 207), que já dizia, no ano
de 2010, que:

O potencial do m-learning parece ser


enorme e pode-se esperar que a taxa de
desenvolvimento no futuro seja maior e
muito rápida.

Onze anos depois da publicação de sua tese, vivemos um momento em


que a tecnologia está pronta para ser utilizada e que, agora, precisam ser
trabalhados outros aspectos, como o de formação, interesse, aceitação,
pesquisa e aplicação para poder chegar no melhor modelo para o
desenvolvimento da aprendizagem do estudante.

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REFERÊNCIAS
COOK, D. Web-based learning: pros, cons and controversies. Clinical Medicine, vol.
7, n. 1, p. 37-42, Jan./Fev. 2007.

GOMES, M. J. Na senda da inovação tecnológica na Educação a Distância. Revista


Portuguesa de Pedagogia, ano 42-2, p. 181-202, 2008.

MOURA, A. M. C. Apropriação do Telemóvel como Ferramenta de Mediação em


Mobile Learning. Estudo de Caso em contexto educativo. Tese (Doutorado em
Ciências da Educação). Universidade do Minho. Instituto de Educação. Braga, 2010.
Disponível em: https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/13183/1/
Tese%20Integral.pdf. Acesso em: 22 jun. 2021.

PEDRÓ, F. The new Millennium Learners: Challenging our Views on ICT


and Learning. Paris: OECD-CERI, 2006. Disponível em: http://www.oecd.org/
dataoecd/1/1/38358359.pdf. Acesso em: 22 jun. 2021.

ROCHA, S. S. D.; JOYE, C. R. e MOREIRA, M. M. A. Educação a Distância na era digital:


tipologia, variações, uso e possibilidades da educação online. Research, Society
and Development, vol. 9, n. 6, p. 1-17, 2020.

TRAXLER, J. Aprendizagem Móvel e Recursos Educativos Digitais do Futuro. Reino


Unido: Learning Lab, Universidade de Wolverhampton, 2011. Disponível em: http://
docplayer.com.br/5167050-Aprendizagem-movel-e-recursos-educativos-digitais-do-
futuro.html. Acesso em: 26 jun. 2021.

VOLTOLINI, A. G. M. F. F.; SAAR, C. M. A. A.; VERGILI, R. Mobile Learning: da Sala de


Aula Tradicional à Educação na Ponta dos Dedos. In: VERSUTI, A; SANTINELLO, J.
Paradigmas da educação. Meistudies – 1º Congresso Ibero-americano sobre Ecologia
dos Meios. RIA Editorial, 2019.

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