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Integração de mídias digitais na elaboração de material didático para aulas

de violão a distância

Giann Mendes Ribeiro


IFRN/UERN/UFRGS/CAPES
giannribeiro@gmail.com

Resumo: Essa comunicação pretende relatar a integração de mídias, sobretudo às digitais na


elaboração do material didático para um projeto piloto que está sendo realizado como parte de
uma pesquisa-ação, que objetiva investigar as necessidades psicológicas básicas na
aprendizagem musical através de aulas de violão na modalidade a distância. Fundamentado
no referencial teórico de Deci e Ryan (2004) e Reeve (2006), o material didático foi
concebido em uma estrutura de aprendizagem flexível. Para tanto foram utilizadas desde
mídias impressas, redes sociais, envio de arquivos de áudios e vídeos entre outros. Alguns
resultados parciais apontam para a efetividade das interações a distância na construção da
aprendizagem autodeterminda, embora que para alguns estudantes a modalidade a distância
tenha causado estranhamento. As redes sociais da internet se mostraram atraentes, pois
inicialmente pensou-se que apenas as interações nas videoconferências e nos fóruns via e-mail
seriam suficientes. É importante considerar que nesse estudo as redes sociais da internet
levaram destaque por causa da facilidade de troca de arquivos de vídeos devido ao caráter
prático do estudo instrumental. Espera-se que esse estudo possa fomentar discussões sobre
novas tendências de aprendizado e apontem novos caminhos para a concretização de outras
pesquisas em música a distância, possibilitando, de maneira mais ampla, que a sociedade
tenha acesso a um conhecimento contextualizado com a realidade dessa modalidade de
ensino.
Palavras-chave: mídias integradas, aprendizagem flexível, redes sociais.

1. Introdução

Cada vez mais somos expostos cotidianamente à tecnologia, através de


computadores, internet, redes sociais, telefones celulares entre outras. Todas essas
ferramentas fazem parte da vida de uma significativa parcela de jovens na atualidade. As
tecnologias de informação e comunicação (TICs) estão sendo cada vez mais utilizadas no
século XXI causando dessa forma transformações para a educação. Alguns estudos mostram
que a tecnologia educacional impacta positivamente na aprendizagem (PAPERT, 2008;
SANDHOLTZ, RINGSTAFF, DWVER, 1997), enquanto outros alertam os riscos e a
escassez de evidências dos benefícios das TICs na sala de aula. (ARMSTRONG e
CASEMENT, 2001, CUBAN, 2001).

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Nesses tempos repletos de inovações tecnológicas, é que foi idealizada a elaboração
do material didático para uma pesquisa-ação cujo objetivo didático foi proporcionar
flexibilidade, utilizando uma combinação criativa da educação formal com a informal e não
formal para o suprimento das necessidades psicológicas básicas de autonomia, competência e
relacionamento em aulas de violão a distância para alunos do curso licenciatura em música da
Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN), trazendo essas inovações em
benefício da experiência da aprendizagem, buscando minimizar de certa forma os possíveis
problemas de comunicação num curso de violão a distância.
Assistimos nos dias atuais à criação de muitos programas não-formais1, em que
professores organizam cursos com as mais variadas ferramentas tecnológicas2 disponíveis. A
ideia para elaborar o material específico para atender as necessidades psicológicas básicas
surgiu a partir do meu principal problema de pesquisa: Que interações em aulas de violão a
distância podem satisfazer necessidades de autonomia, competência e pertencimento dos
estudantes? O objetivo deste artigo é descrever como a integração das mídias digitais
minimizou os problemas de comunicação em aulas de violão na modalidade a distância.

2. Considerações sobre o projeto piloto

A fim de obter informações que pudessem orientar o desenvolvimento da presente


pesquisa, foi planejado um estudo piloto para ser realizado durante sete semanas no primeiro
semestre de 2011 com sete estudantes matriculados na disciplina de Pratica Instrumental III
em Violão da UERN. A realização das aulas aconteceu entre 14 de Abril a 22 de Junho 2011.
Dois estudantes selecionados acabaram desistindo na primeira semana de aula por motivos
particulares, assim as aulas contaram apenas com a participação de cinco estudantes
matriculados na disciplina.
Adotamos na ação, a abordagem colaborativa, segundo a qual a aprendizagem é
concebida como resultado da interação e da construção coletiva do conhecimento (COHEN,
MANION e MORINSON 2007). Em consonância com essa questão, enfoquei em termos de
didática musical o ensino coletivo de instrumentos. As relações proporcionadas entre o
professor e os alunos, e alunos entre si, a socialização, a colaboração, a motivação, o ambiente
lúdico provocados por essa abordagem de ensino são aspectos relevantes apontados por

1
Na Virtual School of music o estudante pode encontrar diversos especialistas oferecendo seus serviços online
(http://www.virtualschoolofmusic.com).
2
Softwares como o Skype e MSN, assim como blogs, podcasts, fórum e lista de discussões a fim de disseminar
conteúdos musicais diversos.
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educadores musicais para uma prática efetiva de preocupação mútua (BRAGA, 2010;
CRUVINEL, 2005; BIGET, 2005; TOURINHO, 2003).
Apesar das possibilidades da aprendizagem de maneira auto-instrucional, com a
utilização do material didático, esse foi entendido apenas como um recurso didático, mas que
não era suficiente para promover uma experiência genuinamente colaborativa. Decidiu-se
investir na relação entre as pessoas para se criar um espaço fértil e apropriado para o
aprendizado. Essas relações inicialmente foram pensadas para acontecer através dos fóruns de
discussão, e nos momentos das videoconferências. As videoconferências foram planejadas
para ocorrer todas as semanas durante o período das aulas, os alunos ainda participarão de
uma lista de discussão ou fórum inserida num site, especialmente criado para duplicar e
complementar o material impresso de maneira online. Os fóruns são ferramentas assíncronas
bastantes utilizadas em cursos a distância, nesse estudo através desse canal de comunicação os
alunos puderam dirimir suas dúvidas referentes às lições, mesmo os aspectos mais práticos
para dialogar a respeito de música, aquilo que Swanwick (1979) chama de atividades sobre
música.

3. Integração de mídias digitais

Inicialmente as videoconferências e os fóruns de discussão seriam os meios de


comunicação que dariam conta das demandas interativas nas aulas a distância. Mesmo assim
criei um site, que viabilizou uma versão online do material impresso e do DVD do curso, bem
como no decorrer das atividades serviu para ampliar as possibilidades com outros recursos
disponibilizados na internet gratuitamente (vídeos do Youtube, sites, blogs, afinadores e
metrônomos online entre outros).
No transcorrer das aulas foram utilizados um desktop e dois laptops alternadamente.
A largura da banda larga disponibilizada inicialmente no IFRN era de seis Mbps3, porém
fomos surpreendidos no início das aulas com a danificação da rede lógica da instituição no
mês de abril de 2011, que comprometeu significativamente o áudio nas videoconferências. Já
onde as aulas onde foram transmitidas a banda larga disponível era de cinco Mbps.
Nas videoconferências, utilizei WebCam HD na transmissão do professor para a
turma. Já a câmera utilizada no IFRN foi a EVID30 NTSC da Sony, uma câmera profissional
para videoconferência com alta definição. A WebCam HD mostrou-se eficiente na qualidade

3
Mbps – Megabytes por segundo.

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do som, mas, por outro lado, apresentou limitações quanto ao número de pessoas que permitiu
visualizar. Apesar dessa limitação, ela mostrou-se ser eficiente por ser utilizado apenas para
transmitir as imagens do professor, o que exigirá a apenas a visualização do mesmo e do
violão. Já a câmera da Sony, que filmava todos alunos ao mesmo tempo, permitiu captar
imagens da sala em quase toda a sua amplitude. Além do mais, o seu recurso de zoom
possibilitou aproximar os detalhes que o professor precisava para observar melhor no
transcorrer da aula. A operação da filmadora para a gravação das aulas, inclusive do recurso
do zoom, foi realizado por controle remoto, pelo estagiário da disciplina.
As videoconferências através freeware Skype ofereceu uma boa resposta de áudio e
vídeo. Nos dias atuais essa ferramenta apresenta a visualização simultânea de dois ou mais
ambientes. Além de ver quem está do outro lado da conferência, o Skype permite também
visualizarmos como nossa própria imagem estava sendo transmitida.
As interações online ocorreram de maneira síncrona e assíncrona. A comunicação
síncrona através das videoconferências buscou priorizar principalmente os aspectos técnicos
inerentes a natureza prática da disciplina. Ainda realizamos a comunicação através de chats
coletivos e individuais. Essas atividades aconteceram principalmente quando não foi possível
realizarmos a videoconferência programada durante a semana devido a problemas técnicos
citados anteriormente. Nesse sentido buscamos realizar discussões em grupo e/ou individual a
fim de sanar dúvidas relacionadas às atividades práticas. Antes da realização coletiva dos
chats foi enviado e-mail para os fóruns de discussão com orientações, data e programação das
atividades. Individualmente os alunos ou enviavam para o fórum suas disponibilidades ou
acontecia quando estavam online4. Os conteúdos dos chats foram armazenados na íntegra em
um arquivo de texto. Esse arquivo foi posteriormente analisado, buscando priorizar os
aspectos relacionados à aprendizagem dos conteúdos, a influência da modalidade de ensino e
das ferramentas de interação nesse processo.
O fórum de discussão caracterizou as atividades assíncronas nesse estudo. Nesse
canal foi possível promover discussões acerca do material didático, das dúvidas nas lições, do
curso, da metodologia empregada, bem como estabelecer um fórum com críticas/ sugestões da
execução entre os participantes. Também foram propostas atividades pelos próprios alunos,
tais como: elaboração de arranjos em grupo e apreciação de vídeos livres disponível na
internet. Todas as atividades no fórum foram guardadas para análise, na qual se buscou
observar o nível de participação dos estudantes, suas percepções do curso e das ferramentas

4
Esses encontros aconteceram principalmente no MSN, por esse chat possibilitar o envio de vídeos capturados
pela webcam, facilitando assim as dúvidas desses estudantes.
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de interação online, como também a discussão acerca dos conteúdos musicais estudados em
cada lição. Esse foi um importante meio utilizado para os professores e alunos refletirem e
avaliarem os diversos aspectos para a manutenção e modificação das tomadas de decisões
nesse estudo, principalmente os sentimentos dos alunos para o suprimento das necessidades
psicológicas básicas foco desse estudo. Entre as discussões levantas para a reflexão nesse
canal estão: o plano de curso; a possibilidade de adaptação da abordagem coletiva na
modalidade a distância no contexto universitário; o papel desempenhado pelo material
didático; as possíveis soluções das lições; a execução gravadas em vídeo para posterior
avaliação crítica entre outras.
Para proceder com essa análise-reflexiva em conjunto dialogávamos principalmente
no fórum de grupo fechado (Google grupos), denominado “Oficina de violão a distância” Foi
também utilizado chats para algumas reflexões em conjunto. Uma vantagem importante dessa
forma de reflexão é que todas as considerações sejam nas ferramentas síncronas ou
assíncronas puderam ser armazenadas, assim servindo a uma dupla maneira de reflexão, na
ação e após a ação. Esse exercício foi importante também para a reflexão da ação dos
docentes envolvidos. Assim como serviu para reflexão-avaliação dos os sentimentos dos
próprios estudantes em relação ao foco desse estudo. Esses diálogos foram fundamentais para
se criar um espaço de reflexão e construção colaborativo do conhecimento.
Para que esses diálogos fossem mais inteligíveis, fizemos adaptações para apresentá-
los tanto aqui como nas discussões dos dados posteriormente. Com base nesses diálogos, em
diferentes momentos e espaços é que produzi uma síntese de tudo que havia sido fruto de
nossa reflexão.
Apesar do bom funcionamento dos fóruns de discussão realizados num grupo
fechado no googlegroups, sentimos a necessidade de usarmos uma rede social que
pudéssemos de forma mais dinâmica trocar o envio de áudios e vídeos das músicas, sobretudo
pelos problemas técnicos ocorridos com a rede lógica do IFRN, dificultando em algumas
videoconferências a qualidade do áudio. Para essa pesquisa o grande desafio tecnológico nas
videoconferências foi à qualidade do áudio. Naquele momento questionei o grupo: porque não
integrarmos uma rede social ao site do curso para envio de arquivos de vídeos?
Nesse sentido optamos usar a rede social Facebook devido ela oferecer os recursos
que precisávamos naquele momento. Também percebi que os participantes dessa pesquisa já
estavam se relacionando por essa rede, até mesmo para obter informações acerca do curso.
Inicialmente foram utilizados recursos digitais dos próprios estudantes (câmeras de celulares,
MP3 player, câmeras digitais...). Percebendo que a qualidade dos áudios desses recursos não
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era suficiente para as minhas análises, decidi então disponibilizar algumas WebCam com
definição de vídeo HD e boa qualidade de captação sonora, uma Handycam (3CCD) de alta
definição para que os estudantes pudessem enviar os vídeos em arquivos com extensão FLV5
para o grupo6 do Facebook denominado “Oficina de Violão a Distância” Nossa dificuldade
nas primeiras videoconferências ficou muito bem evidencia nas considerações desse
7
estudante: Acho que aula por videoconferência exige uma conexão muito boa e
equipamentos de ponta. Já o material (Impresso e DVD) com o suporte via MSN e
FACEBOOK dá para orientar bem aos alunos (Tiago). Após o restabelecimento com a
mudança do local das aulas pudemos notar uma melhora significativas na conexão, mas
mesmo com essa mudança, o depoimento do estudante mostrou que as redes sociais dentre
todas as formas de comunicação foi a que mais despertou sua atenção:

A respeito das formas de comunicação (FÓRUM, FACEBOOK, MSN


e videoconferência) gosto bastante de todas as formas, mas estou
percebendo a maior utilidade da Rede social FACEBOOK, ela
consegue reunir um bate-papo estilo MSN, uma discussão estilo fórum
e ainda viabilizar um vídeo-mensagem similar as videoconferências,
diferenciando apenas da realidade temporal, pois as conferências são
em tempo real. Mas com a opção de envio de vídeo no FACEBOOK
posso tirar as dúvidas que não tirei nas videoconferências e ainda
demonstrar ao professor meu rendimento e etc. Creio que apenas a
videoconferência não seria suficiente, da mesma forma em que ela
não pode ser abolida por enquanto de uma modalidade de ensino a
distância, pois é ela que aproxima de certa forma o professor do
aluno e consegue diminuir a lacuna temporal da não presença
corporal, olho no olho necessária a qualquer processo de ensino e
aprendizagem, por essa ótica é imprescindível de acordo com as
minhas experiências vividas durante o curso, que a rede social
FACEBOOK unida às videoconferências são meios imprescindíveis
para a comunicação e a relação professor e aluno, sendo as que mais
gosto e as que mais me agradam (Pedro).

Percebe-se no depoimento desse estudante que a rede social Facebook poderia


substituir os fóruns via e-mail, pois além da possibilidade da mensagem textual essa rede
permitiu a troca de arquivos de vídeo com mais praticidade. O estudante ainda fez uma
significativa consideração sobre a utilização das videoconferências. Para esse estudante a
videoconferência sozinha não garantiria uma boa comunicação na percepção dele. Acredito
que a danificação da rede lógica induziu o depoimento desse estudante, porque a discussão no

5
Abreviação de Flash Vídeo. Esse formato é muito utilizado nos vídeos do Youtube.
6
Esse grupo era fechado, assim somente os membros podem interagir e visualizar os vídeos.
7
Todos os depoimentos nesse artigo foram extraídos dos fóruns de discussão.
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fórum aconteceu em função do transtorno causado com os problemas técnicos operacionais,
sendo preciso buscar uma solução em conjunto para o problema em questão. Para isso as
redes sociais emergentes da internet se mostraram atraentes, mesmo com alunos universitário,
na qual inicialmente pensou-se que apenas a comunicação com o e-mail seria suficiente. É
importante considerar que nesse estudo as redes sociais levaram destaques a outros contextos
devido ao caráter prático do estudo instrumental:

Se tratando do que não gosto, acredito ser os e-mails, por vezes preguiçoso
de se abrir, acho necessário a leitura de informes e avaliações por meio
desse mecanismo, mas não gosto de tirar dúvidas por meio dele, é muito
difícil de se expressar, sem contar que leva tempo para articular melhor as
idéias que por vezes tornam-se incompreensíveis se não conseguir transmitir
as idéias por texto. Finalizando vejo o FACEBOOK uma ferramenta que
consegue sozinha suprir as dificuldades encontradas na minha leitura e
expressão de dúvidas por e-mail, vejo a necessidade de mandar um vídeo
com a dúvida ou tira - lá na videoconferência e sugiro também que todos
adotem ao FACEBOOK como meio de avaliar e dar informes também, pois
quando mandamos mensagens por ele automaticamente ele avisa em todas
as suas caixas de e-mail dessa forma estamos fazendo fórum também
(Pedro).

A diversidade de recursos de comunicação e informação agregadas pelas redes


sociais está cada vez mais atraindo os indivíduos e causando modificações nas relações
comunicativas através da internet. Uma dessas modificações diz respeito ao abandono do uso
do e-mail, principalmente dos mais jovens. Apesar dos participantes terem usados com uma
boa freqüência os e-mails nos fóruns de discussão, houve uma forte adesão pela rede social
Facebook.
Esse estudo foi pensado para utilizar recursos tecnológicos acessíveis. Mesmo com
todas as transformações tecnológicas pelo qual a EAD passou, o material impresso ainda faz
presente para a maioria dos programas dessa modalidade nos dias atuais (PALHARES, 2009;
FERNANDEZ, 2009). Nos dias atuais é possível dispensarmos a tradicional estante de
partituras e o livro impresso para estudarmos com sofisticados tablet PC’s para músicos8.
Porém dentre os recursos utilizados na escolha do material didático, optei também pelo
material impresso devido a dificuldades de acesso a internet por parte de alguns estudantes
que não moram na mesma cidade aonde eles estudam e onde estão sendo realizadas as
videoconferências. Outro problema que considerei foi o fato quem nem todos os estudantes
possuem um computador pessoal para organizar os seus horários de estudos, não sendo
possível somente usar o computador como ferramenta para o estudo dos textos e partituras

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Ver um modelo de tablet: http://www.youtube.com/watch?v=F_QxZJERPI8&feature=related
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musicais. Para alguns dos participantes do curso o material impresso e o DVD foram recursos
bastante aproveitados como indicam os depoimentos a seguir:

Acho bastante interessante um vídeo seguido duma apostila (ou vice-versa).


Tá sendo muito proveitoso para mim (Marcos).

Acho muito proveitoso sempre ter um vídeo da peça estudada, assim


podemos ter uma noção geral da música e observar varias interpretações
(Marta).

Se tratando do material didático percebo a importância do kit (DVD,


Apostila) [...] Consegui através dos materiais organizar meus conhecimentos
prévios sobre o instrumento e com certeza me ajuda a pensar como devo
sistematizar as minhas aulas de violão (Pedro).

Gostei muito do material impresso, o site, o suporte via MSN e


FACEBOOK... Mas o DVD está muito bom, muito bom mesmo! (Tiago).

Para esses estudantes o material impresso e a mídia do DVD não foram


subutilizados pela disponibilidade desses materiais estarem no site. O site acabou exercendo
outras importantes funções para as aulas a distância, como diz o estudante na discussão no
fórum sobre os materiais didáticos:

Comentando o site, ele me da mais mobilidade, pois certa vez estava no meu
emprego eu não tinha a apostila por perto, mas consegui acessar a apostila
pelo celular, além de termos como um norte os exemplos de vídeos dos
grandes mestres contemporâneos do violão (Pedro).

No comentário acima o site também foi bastante útil para as possibilidades móveis de
sua utilização. Dessa forma pudemos apontar para outra possibilidade de aprendizagem nesse
estudo, a aprendizagem móvel ou aprendizagem em movimento, mais conhecida como mobile
learning (m-learning). Essa possibilidade de aprendizagem está sendo investigada com o uso
de telefones celulares, MP3 entre outros dispositivos portáteis causando modificações nos
processos de aprendizagem em diversas partes do mundo (RAMOS, 2011; OKABE, 2003).
Nesse sentido me apropriei também dessa ferramenta para postar mensagens instrutivas,
informativas entre outras em relação as atividades.

4. Considerações

São inúmeros os tipos de aplicação que as mais variadas tecnologias têm recebido no
sentido de propiciar situações de Educação Musical tanto na modalidade presencial quanto na

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a distância. Hoje é possível adaptarmos alguns recursos digitais para fins educativos musicais.
Naturalmente, a quantidade de material e cursos voltados a questões mais teóricas é
predominante. Porém as disciplinas que abarcam aspectos mais práticos, sobretudo o ensino
de instrumentos, ainda são relativamente pouco exploradas, até mesmo no âmbito da
Educação a Distância (EaD). Isso se deve também ao fato de o ensino de instrumentos
requererem recursos mais sofisticados, como os vídeos e áudios em alta definição. Hoje
podemos encontrar bons materiais disponibilizados na web, repositórios específicos para o
uso de professores de música, com milhares de opções em materiais didáticos e softwares
para ensino mediado por computador (RED BALLOON TECHNOLOGY, 2011;
FREEBYTE, 2011). Nesses repositórios, encontram-se desde planos de aula e textos de
assuntos de interesse em várias áreas do conhecimento musical, até programas como editores
de partitura e afinadores eletrônicos, tutoriais multimídia e vídeo aulas.
Espero que a presente investigação possa levantar questões que apontem novos
caminhos preparatórios de materias didáticos para a concretização de outras pesquisas em
música a distância, possibilitando, de maneira mais ampla, que a sociedade tenha acesso a um
conhecimento contextualizado com a realidade dessa modalidade de ensino.

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