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APRENDIZAGEM
Carime Rossi Elias
FE/UFG
carimeel@gmail.com
Kellen Cristina Prado da Silva
CIAR/UFG
kellencristinas@hotmail.com
Jaqueline Veloso Portela de Araújo
FL/UFG
jaqueveloso@hotmail.com
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buscou identificar se o modelo utilizado pelas três professoras da disciplina se aproxima
das funções descritas por Berge (1995 apud Teles 2009) e em que medida.
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A disciplina foi ministrada por três professorasi e matricularam-se trinta e seis
(36) alunos e vinte e seis (26) permaneceram até o final. Com exceção de dois alunos,
dos cursos de Licenciatura em Educação Física e Geografia, todos os outros eram
oriundos do Curso de Pedagogia.
Segundo relatos dos alunos, ainda que utilizassem outras tecnologias no seu dia
a dia, todos manifestaram ser esta a sua primeira experiência em uma disciplina
acadêmica ministrada em ambiente virtual de aprendizagem. Desta forma, nas primeiras
aulas foi realizada uma oficina de utilização do moodle com o propósito de realizar os
primeiros acessos ao AVA, ambientar os alunos na plataforma e explicar a utilização
das ferramentas e dos recursos. Neste momento as professoras também contaram com o
apoio de profissionais da informática para gerenciar problemas de usuários relacionados
a senhas e cadastros.
A disciplina compreendia três unidades temáticas: a) sociedade em rede; b)
tecnologias da comunicação e da informação e o cenário educativo e c) tecnologia da
comunicação e da informação e práticas pedagógicas. Conforme a ementa
A disciplina busca uma articulação entre experimentações
pedagógicas no ambiente moodle e a leitura de textos acerca de
relações entre conceitos de interatividade e interação, relação
professor-aluno, processos de ensino-aprendizagem em
ambientes virtuais de aprendizagem (AVA). Fundamenta-se em
uma proposta de construção de cenário educativo em AVA a
partir da articulação entre tecnologias, conteúdos ministrados e
propostas teórico-metodológicas pedagógicas.
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continham também diversos tipos de materiais, como vídeos, links, textos, referentes
aos campos de conhecimento específicos de formação dos alunos.
As funções do professor
Conforme referido anteriormente, Berge (apud Teles, 2009) propõe as funções
pedagógica, organizacional, suporte técnico e suporte social a serem exercidas pelo
professor online.
A função pedagógica, segundo Teles (op. cit), foi posteriormente subdividida
por Bonk et al. (apud Teles, 2009) em dez categorias que inspiraram a análise inicial
aqui realizada, considerando-se que “A função pedagógica inclui tudo o que é feito para
apoiar o processo de aprendizagem do indivíduo ou grupo.” (op. cit, p.73).
Uma das funções do professor online definidas por Bonk et al. (apud Teles,
2009) consiste em “realizar perguntas diretas” aos alunos. Na disciplina
Experimentações Pedagógicas em AVA encontramos esta ação do professoriii , por
exemplo, no Fórum 7 de discussão teórica, dirigindo-se ao grupo de alunos:
P2 - 30 setembro 2010, 21:05:
Pessoal,
nesse espaço vamos discutir o texto da Vani Kenski.
Como desafio, segue uma pergunta inicial: segundo a autora, tecnologias servem
para fazer educação? por que?
Bom trabalho a todos nós!
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P1 - 18 outubro 2010, 09:29
LI, que mudanças, efetivamente, a autora Kenski menciona em relação aos
novos modos de ensinar e de aprender? por exemplo, no texto 1, ela fala de
pesquisas que estão sendo realizadas e que revelam outros modos de aprender de
jovens que nasceram no mundo das TICs. O que ela fala sobre isso? o que as
pesquisas têm mostrado? abraço
19:00 – P3: Mas como essa tecnologia é apresentada pelo autor EL?
Outro tipo de intervenção realizada pelos professores e também citada por Bonk
et al. (apud Teles, 2009) visava guiar o aluno na busca de outras fontes de informação,
conforme o registro a seguir realizado no Fórum 7:
NA - 7 outubro 2010, 15:09
Oi P1, acho de fundamental importância questionar para quem vamos ensinar,
ou seja, quem é o foco de nosso trabalho. Devemos analisar quem são os alunos
inseridos nesse processo e como eles vão atuar nele. Não podendo então
desconsiderar o contexto social e tentar sempre conectar escola, aluno, relações
sociais e realidade.
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Intervenções visando “promover auto-reflexão no estudante”, conforme previsto
por Bonk et al. (op. cit), também puderam ser encontradas, por exemplo, no Forum 5.
Neste caso, a auto-reflexão buscava uma articulação entre conceitos importantes do
texto, “interaprendizagem” e “autoaprendizagem” e vivências dos próprios alunos na
disciplina:
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com o objetivo de esclarecer sobre atividades, chamar a atenção dos alunos para a
freqüência e realização de atividades, pelo Forum de Dúvidas, no qual os alunos
postavam dúvidas sobre qualquer aspecto do curso, e pelas orientações inseridas no
início de cada tópico semanal, na sala virtual, conforme exemplos a seguir:
P1 – Fórum de Dúvidas - 31 agosto 2010
Pessoal, as contribuições no ambiente estão “fraquinhas”!
Olhem o forum de notícias, o forum 1 da primeira semana, o forum Santaella!
Vamos lá, coragem!
Abraços
P1 – 12 outubro 2010
Olá NI
Lembramos que já estás no limite das faltas possíveis na disciplina de Núcleo
Livre Experimentações Pedagógicas em AVA e que só realizaste cerca da metade das
atividades propostas na disciplina. Portanto, se tiveres interesse em continuar, precisas
realizar as próximas atividades.
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relação à disciplina realizada em AVA, ao uso da tecnologia e das ferramentas e
registrar opiniões sobre a experiência na disciplina.
Outra função mencionada por Berge (apud Teles, 2009) é o suporte técnico que
tem a característica de propiciar as condições para que os alunos se tornem usuários
competentes (TELES, 2009) e possam atender aos objetivos específicos de
aprendizagem na disciplina. Essa função foi exercida, na maioria das vezes, por uma das
professoras que se encarregou da customização da sala virtual no moodle, de conduzir a
oficina com os alunos e abrir as semanas de atividades com as instruções. Segundo
Berge (apud TELES, 2009), o ideal é tornar a tecnologia “transparente”, ou seja, tornar
os usuários confortáveis no uso da tecnologia para que o foco seja a interação, e também
para que não ocorra diminuição na motivação dos alunos por dificuldades técnicas. No
decorrer do curso e nas aulas presenciais as dificuldades relacionadas ao ambiente
virtual foram minimizadas, embora alguns alunos tivessem problemas relacionados à
falta de conhecimentos básicos de informática.
Considerações
As análises demonstram que a função pedagógica foi a mais evidenciada no
decorrer do trabalho. Atribui-se este fato à própria natureza acadêmica, de estudos
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teóricos, da disciplina e também à proposta pedagógica do grupo de professoras que
visava à construção de um ambiente de aprendizagem colaborativo. No entanto, todas as
outras funções foram fundamentais para que a disciplina ocorresse e igualmente para
manter o grupo de alunos motivado a interagir. As funções de suporte técnico e de
suporte social possibilitaram que o temor dos alunos diante do “desconhecido” (o AVA)
não os impedisse de tentar, de experimentar as possibilidades apresentadas pelas
professoras, bem como para que o uso das ferramentas do moodle estivesse direcionado
para a interação aluno/aluno e professor/aluno. Em relação às interações no ambiente,
observou-se que a função de organização manteve uma ênfase maior na interação
aluno/professor, em detrimento das relações aluno/aluno. Uma das hipóteses a serem
levantadas para esta tendência é a própria compreensão do processo de ensino-
aprendizagem dos alunos que tradicionalmente valoriza a relação professor-aluno e/ou
professor-alunos. Masetto (2000), referindo-se às transformações do lugar de aluno
exigidas pelas interações de ensino-aprendizagem em ambientes virtuais de
aprendizagem, afirma que
Olhar o professor como parceiro idôneo de aprendizagem será mais
fácil, porque está mais próximo do tradicional. Enxergar seus colegas
como colaboradores para seu crescimento, isto já significa uma
mudança importante e fundamental de mentalidade no processo de
aprendizagem, Estas interações (aluno-professor-alunos) conferem um
pleno sentido à co-responsabilidade no processo de aprendizagem.
(MASETTO, 2000, p. 141)
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pertinentes e elaborando sínteses do texto estudado. Pode-se dizer que o objetivo de
construir um ambiente colaborativo, no qual os alunos aprendessem mediante interações
com o coletivo, foi atingido em alguns momentos do curso e, neste sentido, talvez fosse
mais adequado falar de “experiências colaborativas” entre os alunos. Mas a
continuidade da discussão sobre o papel do professor em ambientes virtuais, que está
longe de se esgotar nestas reflexões, ainda é fundamental para se alcançar experiências
formativas que promovam maior autonomia do aluno.
REFERÊNCIAS
CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999. 6ª. ed.
BEHRENS, M. A.. Projetos de Aprendizagem Colaborativa num Paradigma Emergente.
In: MASETTO, M.; MORAN, J.M.; BEHRENS, M.A.. Novas Tecnologias e
Mediação Pedagógica. Campinas, São Paulo: Papirus, 2000.
GILBERTO, I. J.L. Educando para o imprevisível: as tecnologias no mundo. In:
Revista Inter-Ação. Revista da Faculdade de Educação, UFG, v. 34, n.1, jan/jul./2009.
KENSKI, V.M. Educação e Tecnologias – O ritmo da informação. São Paulo:
Papirus, 2007.
MASETTO, Marcos T. Mediação Pedagógica e o uso da Tecnologia. In: MASETTO,
M.; MORAN, J.M.; BEHRENS, M.A.. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica.
Campinas, São Paulo: Papirus, 2000.
SANTAELLA, Lúcia. Da cultura das mídias à cibercultura: o advento do pós-humano.
In: Revista FAMECOS. Porto Alegre: n. 22, dez. de 2003.
http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/viewFile/3229/24
93 (aceso em maio de 2010)
SILVA, Robson Santos da. Moodle para autores e tutores. São Paulo: Novatec, 2010.
TELES, Lucio. Aprendizagem por e-learning. In: LITTO, Frederic M. & FORMIGA,
Manuel M. M. (orgs). Educação a Distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson
Education do Brasil, 2009.
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Uma professora adjunta da Faculdade de Educação, uma professora assistente da Faculdade de Letras e
uma professora coordenadora pedagógica do Centro Integrado de Aprendizagem em Rede (CIAR), todas
da UFG.
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Dois artigos de Kenski (2000) foram lidos e discutidos.
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As siglas P1, P2 e P3 referem-se aos professores. Os alunos são representados por duas letras
maiúsculas.
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