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VERÍSSIMO, J.

História da literatura brasileira: de Bento Teixeira (1601) a


Machado de Assis (1908). 1o milheiro. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves
& Cia, 1916., pp. 86-89.

CAPÍTULO VIII: O ROMANTISMO E A PRIMEIRA GERAÇÃO


ROMÂNTICA

Breve biografia do autor:


José Veríssimo (José Veríssimo Dias de Matos), jornalista, professor,
educador, crítico e historiador literário, nasceu em Óbidos, PA, em 8 de abril de
1857, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 2 de fevereiro de 1916. Compareceu
a todas as reuniões preparatórias da instalação da Academia Brasileira de
Letras. Escolheu por patrono João Francisco Lisboa, e é o fundador da cadeira
nº 18.
Como escritor, a sua obra é das mais notáveis, destacando-se os vários
estudos sociológicos, históricos e econômicos sobre a Amazônia e as suas
séries de história e crítica literárias. Na Introdução à sua História da literatura
brasileira tem-se uma primeira revelação de todas as vicissitudes por que havia
de passar uma literatura que se nutriu por muito tempo da tradição, do espírito
e de fórmulas de outras literaturas, principalmente do que lhe vinha de Portugal
e da França.
Acima de tudo ressalta da sua obra o cunho nacionalista, que ele
procurou rastrear desde o início da literatura brasileira, na obra de poetas e
ficcionistas nos quais soube detectar o sentimento de brasilidade. Foi ele que,
ao seu tempo, chegou à mais íntima comunicação com o espírito e a obra de
Machado de Assis, notando o quanto ele trazia, pelo romance, pelo conto, pela
própria poesia, de original e único para a literatura brasileira. (Fonte: Academia
Brasileira de Letras, 2021).
De acordo com a Fundação Itaú Cultural (2021), a obra A História da
Literatura Brasileira (1916) “é resultado da sistematização do crítico, educador
e literato paraense José Veríssimo (1857-1916)” que se diferencia de obras
semelhantes da época por seu recorte e método inéditos que procuram
identificar através de uma análise cronológica crítica da Literatura Brasileira, o
conjunto das obras que a compõem, denotando que esta seja “expressão de
um pensamento e sentimento que não se confundem mais com o português, e
em forma que, apesar da comunidade da língua, não é mais inteiramente
portuguesa”.

O romantismo e a primeira geração romântica

De acordo com Veríssimo (1916), a vinda da Família Real Portuguesa


para o Brasil trouxe consigo ares de modernidade ao país. Da modernidade e
da emancipação do Brasil, surgiu uma geração de indivíduos letrados que
trouxeram avivamento cultural e principalmente literário ao país. Trata-se da
primeira geração romântica brasileira. Tal geração, influenciada pelo
romantismo europeu dos anos 1836 deixou registros que compreendem por
volta de 25 anos.
Os conhecidos são Monte Alverne (1784 - 1858), Magalhães, Porto
Alegre (1806-1879), Teixeira e Sousa (1812-1861), Pereira da Silva (1817-
1891) e Gonçalves Dias (1823-1864), considerado o maior dentre eles.
Aspectos como a versatilidade, a variedade nas obras e os propósitos
patrióticos eram característicos a esses poetas, dramaturgos, novelistas,
eruditos, críticos e artistas que estavam a frente do seu tempo. Procuravam
expandir os estilos para além poesia que, até então, dominava literatura
brasileira .
A fundação do Parnaso Brasileiro em 1829 teve nos românticos os
seus principais colaboradores, desde 1839 o que gerou publicações trimestrais
do periódico. Outro aspecto relevante da primeira geração romântica é a moral
e a religiosidade que refletem nas obras dos autores tristeza, ceticismo,
desalento e melancolia. Segundo o autor, "A melancolia de Magalhães e seus
parceiros é a tristeza de que tem metrô a alma humana o sombrio catolicismo
medieval"(p. 87).
Apesar disso, eram bem quistos pelo povo e pelo Imperador D. Pedro II,
que apreciava, incentivava e patrocinava o desenvolvimento artístico-cultural
do país, alimentando um sentimento de vaidade nos românticos que seria
revertido em um entusiasmo político e literário que seria ampliado pela geração
seguinte e encontraria lugar permanente na literatura nacional.
Apesar de terem uma formação local, os românticos lançaram mão dos
estilos europeus, abrasileirando-os conforme lhes aprouvesse, evitando
estrangeirismos "quer de vocabulário, quer de sintaxe"(p. 88).
“Só na segunda fase do que chamamos Modernismo, com a introdução
dos estudos filológicos segundo seu novo conceito, e da sua reação sobre o
da língua nacional, consoante os mesmos programas do ensino oficial
entraram a chamar a nossa, inicia-se aqui um movimento em contrário àquela
indiferença pelo apuro desta. Começa-se então a fazer timbre de escrever bem
segundo os ditames gramaticais e os modelos chamados clássicos. A mesma
crítica, que até aí descarava este relevante aspecto da obra literária, principia
a prestar-lhe atenção e a nota-lo, ainda quando ela própria o desatende”
(VERÍSSIMO, 1916, p. 88).
Entretanto, na opinião do autor, a literatura deve assumir uma postura
mais tradicional e conservadora sobre as obras, não aderindo ao que foge à
norma e mantendo seu aspecto vernáculo. Para o autor, os primeiros
românticos apresentam-se sob versos mais simples, como a exemplo de
Gonçalves Dias e seus sucessores, os românticos da segunda geração, que
deram o que chama de “rico sentimento que jamais tivemos, mas que o
exprimiram numa língua e forma poética ao alcance de todos” (p. 88), a
exemplo de Alencar e Macedo.
Para mim, o que Veríssimo deixa claro é que os românticos da primeira
geração não usaram de artifícios rebuscados em sua escrita, com exceção de
Porto Alegre e de outros nomes menos expressivos do período, representando
uma “relativa simplicidade” que foi buscada pelos românticos da segunda
geração como uma virtude. Contudo, Veríssimo pontua ainda, que no que
ambas gerações falharam foi no exagerado sentimentalismo que apresentam.
Nesse sentido, percebo o texto do capítulo analisado como de fácil
entendimento, apesar de ter sido escrito há tanto tempo. Ademais, entendo que
a obra de Veríssimo representa grande contribuição para a crítica e para a
Literatura Brasileira como um todo, pois permanece atual e aborda a temática
de forma dinâmica sendo um excelente registro sobre a visão que se tinha da
primeira geração romântica brasileira.
REFERÊNCIAS:

VERÍSSIMO, J. História da literatura brasileira: de Bento Teixeira (1601) a


Machado de Assis (1908). 1o milheiro. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves
& Cia, 1916., pp. 86-89.

HISTÓRIA da Literatura Brasileira. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e


Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível
em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra67621/historia-da-literatura-
brasileira. Acesso em: 17 de agosto de 2021. Verbete da Enciclopédia.

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