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A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL NOS GRUPOS

OPERATIVOS DA USF DO RAIAR DO SOL EM BOA VISTA, RORAIMA


Jhomerson Nunes Lima1
Andréa dos Santos Cardoso2

RESUMO
Este relato de experiência descreve o desenvolvimento das atividades práticas
de trabalho em equipe na atenção primária a saúde utilizando os grupos
operacionais destinados às pessoas que apresentam condições de saúde
complexas, e a pacientes com doenças crônicas que tenham dificuldades em
seguir prescrição clínica e tratamento. Ademais, aborda o funcionamento das
boas práticas de saúde efetuados junto a população atendida pela Unidade de
Saúde Familiar do Bairro Raiar do Sol no Município de Boa Vista, Roraima. A
escolha se justifica por se tratar de uma intervenção educacional utilizada como
estratégia de prevenção e promoção a saúde pela equipe de educação
interprofissional. Essas ações têm a finalidade de desenvolver estratégias para
a redução das doenças e de outros agravos que acometem a população alvo
desses grupos em questão, além de compartilhar os conhecimentos adquiridos
nas ações e serviços de promoção, proteção da saúde em equipe.

Palavras-Chave: Unidade de Saúde Familiar; Grupos Operacionais; Educação


Interprofissional.

INTRODUÇÂO
Enquanto acadêmico do curso de Especialização em Saúde Pública
FIOCRUZ/UFRR, experenciamos vivências teóricas e práticas que nos
auxiliaram em nossa formação, necessária para a nossa futura vida
profissional. Dessa forma, se tornam importantes registros escritos que
evidenciem os conhecimentos que nos são oferecidos e aqueles que
vivenciamos na prática em momentos específicos ao longo do curso.
Dessa forma, o relato ora apresentado é resultante do desenvolvimento
da experiência que tivemos quando atuamos junto aos grupos operacionais da
Unidade de Saúde Familiar do Bairro Raiar do Sol, na capital roraimense, Boa
Vista. Tais grupos, funcionam prestando atendimento humanizado aos
cidadãos que apresentem condições de saúde classificadas como complexas,
isso é, idosos, crianças, gestantes, adultos em vulnerabilidade social, bem

Acadêmico do Curso de Especialização em Saúde Pública FIOCRUZ/UFRR.


1

Professora Mestra em Saúde da Família pela Universidade Estácio de Sá, UNESA.


2
como pacientes com doenças crônicas ou que tenham algum tipo de
dificuldade em seguir prescrições e tratamentos médicos orientados.
Nesse sentido, apresentamos um detalhado desenvolvimento das
atividades realizadas nos grupos nas modalidades de cuidado coletivo, como
aprendido e frequentemente praticado ao longo do curso e na USF.
Entretanto, o ano de 2020 trouxe consigo a pandemia mundial por
Covid-19 e, por consequência, a suspensão dos atendimentos dos grupos,
suspendendo os procedimentos realizados presencialmente nos grupos pelas
equipes.
Compreendemos a necessidade de tal suspensão, mas queremos
evidenciar a importância que essas ações e serviços prestados representam
para a comunidade em questão, fortalecendo ainda o desenvolvimento do
trabalho da educação interprofissional. Essa suspensão trouxe ainda, inúmeros
desafios, a nível pessoal, organizacional, a escassez de materiais e de
gerenciamento, entre outros. Seguem, portanto, as ações realizadas, de forma
sucinta e clara.

DESENVOLVIMENTO

a) METODOLOGIA
Com o objetivo de dar destaque para a importância da responsabilidade
dos profissionais em saúde enquanto agentes na promoção de uma vida mais
saudável para as pessoas da comunidade que são atendidas por eles. Nesse
sentido, compreendemos a relevância social que essas ações apresentam
instrumento de apoio à saúde pública. Assim, fixamos para este registro, as
três metas específicas que constaram em nosso planejamento inicial:
 descrever as práticas realizadas por todos os profissionais
envolvidos;
 desenvolver ações integradas com os profissionais da ESF e
demais profissionais de saúde correlacionadas;
 promover a integração dos demais membros das equipes de
trabalho e o matriciamento.
O público-alvo dos grupos operativos se estabelece de acordo com as
vulnerabilidades, isto é, são grupos de idosos /Hiperdia compostos por
hipertensos e diabéticos; grupos de gestantes em todos trimestre e familiares,
por grupos de puericultura com crianças de 0 a 9 anos; grupos de
planejamento familiar, dos quais participavam homens, mulheres e
adolescentes em vulnerabilidade social.
Os instrumentos usados na divulgação das ações foram ligações
telefônicas, cartazes na Unidade de Saúde Familiar, divulgação direta feita
pelos Agentes Comunitários de Saúde, ACS nas visitas domiciliares e pela
equipe multiprofissional.
As principais atividades realizadas nos grupos opertativos referiam-se às
boas práticas físicas com os idosos, atividades de alongamento, caminhadas
curtas, aferição da pressão arterial e dos batimentos cardíacos, mensuração de
peso e altura em crianças, aplicação de vitamina A e vacinas de campanhas.
Nessas ações os atendimentos eram realizados de forma coletiva, atendendo
aos participantes dos grupos, executando políticas de bem-estar e de
socialização, com trocas de informações entre os profissionais das diversas
áreas a fim de estimular e melhorar o âmbito social e salutar das pessoas.
Como estratégias educacionais lançávamos mão de círculos de
conversação (teias de aranha), festas comemorativas, oficinas, painéis, folders,
cartilhas, jogos, vídeos, músicas, entre outros dispositivos.
Na ausência do educador, outros profissionais auxiliavam nos
alongamentos e nos exercícios físicos aos idosos. Dessa forma, todos os
profissionais participavam das orientações aos usuários, promovendo a
socialização e a qualidade de vida dos participantes, e ainda adquirir
conhecimentos com trocas de informações e de dados com a equipe
multiprofissional sobre a população. Desse modo, realizávamos reuniões junto
à equipe multiprofissional para discussões sobre balanços e outros afazeres
ligados à saúde dos usuários dos grupos.
A equipe era composta pelo enfermeiro responsável pela organização e
planejamento; médico responsável pelo planejamento e execução; técnico de
enfermagem; ACS (Agentes Comunitários de Saúde): responsáveis pelo
planejamento e execução; fisioterapeuta do Nasf que comparecia aos grupos
de gestantes; nutricionista que contribuía nos grupos de idosos, gestantes e
puérperas; farmacêutica que contribuía nos grupos de idosos, gestantes e
planejamento familiar; odontólogo que contribuía nos grupos de puericultura,
gestantes e idosos; psicólogas que atuavam em todos os grupos;
fonoaudiólogos que trabalhavam em todos os grupos; orientador físico que
atuava junto ao grupo de idosos/hiperdia (Programa Nacional de Hipertensão e
Diabetes Mellitus - HIPERDIA); e Assistente social que contribuía em todos os
grupos.
Os equipamentos utilizados eram: áreas de passeio para executar as
atividades físicas em parcerias institucionais com igrejas, escolas, creche e
associação de bairro, além de materiais para divulgação, como computador,
impressoras, fita métrica, balança e equipamentos para verificar pressão
arterial.

b) DISCUSSÃO
Assim a proposição da implantação dos grupos operativos ocorreu de
forma assertiva e eficaz. Os resultados observados depois da implantação dos
grupos na unidade básica de saúde foram expressivos e notórios nas
mudanças de comportamentos dos atores sociais participativos em contraste
com os que não participavam como observadas em particular às gestantes que
seguiam com aleitamento materno exclusivo até os seis meses, outro exemplo
aconteceu com os pais orientados no grupos de puericultura quanto aos
cuidados de higiene com seus filhos. Nesse sentido, notou-se que houve
redução no número de diarreia em crianças da comunidade.
Somando-se a isso, a atenção à pessoa idosa foi percebida através das
consultas de rotina, as quais utilizávamos como monitoramento das ações que
colocavam em práticas a orientações quanto alimentação, atividade físicas
regularmente, ainda percebemos a redução de adolescentes grávidas após
intervenção nas escolas por meio Programa Saúde na Escola -PSE. Convém
ressaltar para as ações terem sucesso o ponto fundamental estas precisam
estar relacionadas com a organização dos serviços e no planejamento de
ações.
Pretendemos no período pós-pandemia, retornar as atividades para
organizações dos serviços dos grupos pessoa idosa, crianças, gestantes e
pessoas em vulnerabilidades. Para tanto, a equipe de saúde da unidade
básica está sempre aberta para discussões de planejamentos de ideias para
realização de novas ações. Torna-se importante destacar a laguna dos
trabalhos realizados nos grupos operativos foi a presença dos acadêmicos,
mas não foi for falta de interesse, foi solicitado a gestão para incluí-los e a
resposta era sempre permeada por procedimentos burocráticos que nos
orientavam a aguardar o envio de ofícios para universidades, os quais nunca
obtivemos resposta de qualquer natureza.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo revelou grandes desafios a serem superados para
que sejam mantidas a efetiva implantação dos grupos operacionais na unidade
de ESF do Bairro Raiar do Sol do município de Boa vista. Dentre tais
dificuldades destaca-se a necessidade de toda equipe de educação
interprofissional compreender a verdadeira importância significado da
abordagem grupal pode ser concebida como importante elemento de promoção
e assistência à saúde da família.
Uma vez que tal abordagem possibilita aos profissionais da saúde uma
atuação favorecedora de autonomia dos cidadãos, promotora do cuidado, de
sensibilização, da informação, do esclarecimento, da motivação, da educação
em saúde, da comunicação, do esclarecimento entre outros importantes
aspectos, por meio da escuta acolhedora, de ações realizadas e direcionadas
de acordo com a problemática identificada, possibilitando uma atuação mais
prática e efetiva, nesse caso organizar os serviços seja na adequação das
estruturas físicas e nos fluxos de atendimentos para estar preparados
integralmente para acolher os usuários com dignidade.

REFERÊNCIAS
Capozzolo, Angela Aparecida et al. Formação interprofissional e produção do
cuidado: análise de uma experiência. Interface - Comunicação, Saúde,
Educação [online]. 2018, v. 22, n. Suppl 2 [Acessado 18 Julho 2021], pp. 1675-
1684. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1807-57622017.0679>. ISSN
1807-5762. https://doi.org/10.1590/1807-57622017.0679.

Peduzzi, MarinaO SUS é interprofissional. Interface - Comunicação, Saúde,


Educação [online]. 2016, v. 20, n. 56 [Acessado 18 Julho 2021], pp. 199-201.
Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1807-57622015.0383>. ISSN 1807-
5762. https://doi.org/10.1590/1807-57622015.0383.

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