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Letramento digital em 15 cliques
CONTEXTUALIZANDO A DISCIPLINA E
OS ALUNOS PARTICIPANTES
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não têm computador pessoal. Outros acabaram de adquiri-lo, em
função das exigências do curso e graças ao crediário. São, em sua
maioria jovens, mas há um número significativo de alunos mais
maduros, ou de outras gerações, como querem alguns.
Trazer para a sala de aula propostas pedagógicas que envolvam as
linguagens e práticas sociais dos alunos no ambiente digital é um
desafio, pois, para muitos deles, participar de redes sociais, remi-
xar slides de PowerPoint com músicas e postar no YouTube, inserir
comentários hilariantes em imagens, fotografar placas curiosas de
aviso, de venda, etc. e montar pequenos vídeos são atividades de
lazer e de socialização, isto é, não se relacionam com a escola. Por
outro lado, para aqueles que estão descobrindo a cibercultura agora,
perceber que a escola se interessa por essas práticas causa um estra-
nhamento e uma dificuldade inicial quase insuperáveis.
Vocês devem ter percebido que compartilhamos, em menor ou
maior grau, das mesmas dificuldades e da mesma vontade de buscar
formas de contornar e superar os problemas que a tecnologia digital
propõe à escola e aos professores.
Claro que lerão nossa proposta não como algo certeiro, que possa ser
replicado integralmente em outros contextos, mas, sim, como experi-
ências que cumpriram seus objetivos onde foram desenvolvidas e que
poderão, acreditamos, serem adaptadas e ajustadas aos contextos em
que cada um atua. Essa troca de experiências aliada à coragem de ten-
tar, experimentar, arriscar e aprender junto faz do nosso ofício sua arte.
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Tomamos, então, o conceito de cibercultura proposto por André
Lemos, que a tem como uma forma cultural que nasce da relação
simbiótica entre a sociedade, a cultura e as novas tecnologias da
informação e da comunicação, a partir dos anos 1970. Desse caldo
cibercultural emergem novas práticas comunicacionais, entre elas, a
arte eletrônica, o jornalismo on-line, as redes virtuais de relaciona-
mento, os fotologs e os blogs.
A cibercultura, ainda segundo André Lemos (2005, p. 1), “carac-
teriza-se (a) pela libertação do pólo de emissão; (b) pelo princípio
da conexão em rede; e (c) pela reconfiguração dos formatos midi-
áticos e práticas sociais”, pois são essas leis, afirma o autor, que re-
configurarão o modo como nos comunicamos e nos relacionamos.
A internet móvel disponível em aparelhos celulares, notebooks e
tablets, por exemplo, permite a conexão em tempo integral e ge-
neralizada, enquanto os aplicativos permitem que compartilhemos
fotos, vídeos e outros tipos de arquivo imediatamente.
Nesse espaço de fluxos, as noções de direito autoral tornam-se lí-
quidas e acabamos entendendo que, se está na rede, é livre. Embo-
ra ainda haja muita controvérsia sobre isso, a facilidade de acesso a
imagens, fotos, vídeos, arquivos de áudio, etc. e a disponibilidade
de ferramentas de edição (Movie Maker, Audacity, Picasa, GIMP,
etc.) acabam possibilitando a apropriação desses produtos cultu-
rais midiáticos e sua remixagem, gerando um novo produto, que
é devolvido à rede de computadores para consumo e novas apro-
priações, de forma que essa prática acaba sendo parte essencial da
web e da cibercultura.
Não é nosso interesse discutir o remix como forma legítima ou
não de apropriação ou mesmo de produção discursiva, mas deve-
mos lembrar que o “corta & cola” já existia nas artes plásticas dos
cubistas, no século XIX, e que teses e dissertações, entre tantos ou-
tros gêneros discursivos, são elaborados por meio de colagens e de
apropriações de discursos alheios.
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Vocês já devem ter na memória um grande repertório de remixes,
mas, a título de ilustração, sugiro que vejam esses dois: http://perolas.
com/page/13/ e http://perolas.com/page/6/. É claro que nosso obje-
tivo não é artístico, e sim comunicacional, mas vocês verão que mes-
mo esses limites parecerão um tanto incertos nas atividades a seguir.
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Optamos por não ensinar a fazer blogs por quatro razões:
• Imaginarmos que, para a maioria dos alunos, isso seria desne-
cessário e incentivamos os mais experientes a auxiliar os colegas em
suas dificuldades.
• Para ensiná-los seria necessário levá-los ao laboratório de in-
formática, cuja conexão costuma ser lenta, e isso poderia ser um
elemento desmotivador.
• Por haver grande quantidade de tutoriais on-line a que o alu-
no pode assistir no momento que julgar mais adequado, pausar e
retomar detalhes da explicação, o que nos pareceu tornar desneces-
sária uma explicação pelo professor em classe.
• A quarta razão é um tanto psicológica. Imaginamos que, se
dedicássemos, por exemplo, 4 ou 6 h/a para o ensino e a supervisão
da abertura de cada blog no laboratório – são 40 alunos –, estarí-
amos chamando muito a atenção para o blog como um fim e não
como um meio, uma ferramenta para compartilhamento de ano-
tações, reflexões sobre as aulas e para abrigo das tarefas que seriam
solicitadas nessa disciplina, como o remix e o podcast, por exemplo.
CRIAÇÃO DE UM REMIX
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dos alunos acessar o que quisessem na web sobre remix. Por sinal,
esse é um comportamento que tem se tornado comum: alguns alu-
nos, durante a aula, buscam, em seus notebooks, exemplos do que
está sendo estudado, acessam sites que estão sendo comentados e
trazem informações do que estão vendo naquele momento. Mesmo
depois das aulas, muitos preferem buscar quantos exemplos acha-
rem necessários para entender o que foi tratado na sala de aula.
O quadro a seguir explicita os procedimentos.
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No final deste trabalho, vocês encontrarão os endereços de alguns
blogs com remixes muito bem feitos, inclusive blogs de alunos que
participaram da atividade aqui descrita.
COMENTÁRIOS FINAIS
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públicas é possível utilizar o computador em horários alternativos.
Além do mais, não podemos esperar uma conjunção ideal de todos
os fatores para introduzir práticas de usos da escrita em ambiente
digital; temos de fazer as propostas e verificar, em cada caso, como
podemos superar as dificuldades que surgirem. Muitas vezes, os
próprios alunos se mobilizam para a retirada dos entraves.
Pode-se comentar que o conteúdo teórico foi insuficiente, pois
a leitura de apenas um texto sobre o tema é pouco. De fato, mas
diante da quantidade de temas a serem abordados no componente
curricular e na pequena carga horária, a relação teoria e prática pa-
rece estar equilibrada.
Houve um ponto que se pode chamar de negativo: alguns poucos
alunos postaram remixes que não eram de sua autoria. Esses casos
precisarão ser tratados à parte, por meio de diálogo, a fim de conhe-
cer as causas desse comportamento e propor um plano para que os
alunos superem suas dificuldades.
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EM QUE LEITURAS ME INSPIREI
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