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Resumo: Com base na noção de linguagem enquanto ato intrínseco ao discurso (CHARAUDEAU,
2013), o presente artigo busca averiguar a forma como se dá a mecânica de construção de sentido no
contexto das elaborações audiovisuais produzidas pelo coletivo midialivrista independente Mídia
NINJA. Para isso, analisa-se um vídeo correspondente à cobertura realizada pelo grupo, e transmitida
via Facebook, na data do afastamento definitivo da presidente Dilma Rousseff do governo brasileiro:
dia 31 de agosto de 2016. O recorte é justificado com base em critérios de relevância histórica,
mobilização social e cobertura por parte de mídias alternativas. A partir da hipótese de que o grupo,
em condição de instrumento de contracultura, organiza-se em prol do estímulo ao interesse social,
com objetivos de impactar e congregar indivíduos, verifica-se que os NINJA têm crebilidade por
agirem segundo abordagem participativa, ao vivo e in loco.
Palavras-chave: Análise do Discurso Francesa; Mídia NINJA; Midialivrismo; Impeachment.
Abstract: Based on the notion of language as an intrinsic act of discourse (CHARAUDEAU, 2013),
the present article seeks to ascertain the way in which the mechanics of meaning construction take
place in the context of the audiovisual productions produced by the free media collective Mídia
NINJA. For this, a video corresponding to the coverage made by the group, and transmitted via
Facebook, is analyzed on the date of the definitive removal of President Dilma Rousseff from the
Brazilian government: August 31, 2016. The cut is justified based on historical relevance, social
mobilization and coverage by alternative media. Based on the hypothesis that the group, as a
counterculture instrument, organizes itself in order to stimulate the social interest, with objectives of
impacting and congregating individuals, it is verified that the NINJA get credibility because they
acted according to participatory approach, live and in loco.
Keywords: French Discourse Analysis; Mídia NINJA; Free Media; Impeachment.
isso graças à ação, a priori, benévola, de alguém que, por essa razão, poderia ser
considerado um benfeitor.
Essa definição mínima, por mais altruísta que pareça, suscita problemas
consideráveis: quem é o benfeitor e quais são os motivos de seu ato de informação?
Qual é a natureza do saber a ser transmitido e de onde ele vem? Quem é esse outro
para quem a informação é transmitida e que relação mantém com o sujeito
informador? Enfim, qual é o resultado pragmático, psicológico, social desse ato e
qual é seu efeito individual e social? (CHARAUDEAU, 2013, p.33, grifo no
original).
Assim, considerando que o universo de informação midiática não é apenas um reflexo
do que acontece no espaço público, mas sim um sistema construído - ou o espetáculo da
democracia, conforme Charaudeau (2013) -, admite-se a contribuição dos NINJA com relação
à instauração de vínculos sociais sem os quais não haveria sentimento de compartilhamento
de identidades por parte dos interlocutores.
Então, visando a investigação com relação à forma como esse coletivo se organiza em
prol do estímulo aos interesses público e do público (LAGE, 1998), na posição de
instrumento de contracultura, com objetivos de impactar e congregar indivíduos, delimitou-se
como objeto, para esta análise, a cobertura informativa realizada na data do afastamento
definitivo da presidente Dilma Rousseff do governo brasileiro: o dia 31 de agosto de 2016
(FREIXO; RODRIGUES, 2016).
Dessa forma, o foco analítico deste trabalho volta-se à cobertura NINJA na referida
data. Sem deixar de considerar o todo da atuação do grupo militante, selecionou-se, como
objeto elementar, uma das tomadas de vídeo postadas na página @midiaNINJA, no
Facebook. O material, nomeado “Milhares nas ruas de Curitiba, agora, no ato #ForaTemer”,
expõe a situação em Curitiba concomitantemente à divulgação da notícia, e foi escolhido por
questões de valor-notícia1 (Lage, 1982), com base em critérios de “relevância histórica”
(GOHN, 2017), “mobilização social” (BUTTERFIELD; CHEQUER, 2016) e “cobertura por
parte de mídias alternativas” (LORENZOTTI, 2014). Além disso, porque a atual verificação
é parte de uma pesquisa ampliada que investiga a contribuição ativista à elaboração do
discurso informativo audiovisual contemporâneo frente à imprensa hegemônica.
Ademais, recorre-se a outros pensadores não atrelados à Análise do Discurso francesa
(AD) para complementar as exposições e enriquecer a discussão. Comparato (1995) e Genro
Filho (2012) são bases para a explanação crítica sobre o fazer noticioso, apresentando os
preceitos e conceitos basilares dessa atividade. Já Castells (1999), McLuhan (1972, 2007) e
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É sinônimo de “noticiabilidade” e diz respeito ao processo de seleção e ordenamento de dados na construção
noticiosa. Além disso, está relacionado a uma técnica de produção que estabelece critérios de avaliação formal,
considerando constatações empíricas, pressupostos ideológicos e fragmentos de conhecimento científico. Para
mais, deve considerar proximidade, atualidade, identificação humana e social, intensidade e ineditismo (LAGE,
1982, p.66).
3
Para tratar dos assuntos os quais subintitulam este item, é necessário, antes de tudo,
estabelecer a seguinte distinção:
[...] somente aos sistemas de signos internos de uma língua, mas a sistemas de
valores que comandam o uso desses signos em circunstâncias de comunicação
particulares. Trata-se da linguagem enquanto ato de discurso, que aponta para a
maneira pela qual se organiza a circulação de fala numa comunidade social ao
produzir sentido. Assim, pode-se dizer que a informação implica processo de
produção de discurso em situação de comunicação (CHARAUDEAU, 2013, p.33-
34, grifo no original).
Nesse contexto, ancoradas no tripé composto por imagem cinética, fala e som, que
envolve todos os sentidos humanos em “profunda inter-relação” (MCLUHAN, 2007, p.378),
as elaborações audiovisuais logram destaque na contemporaneidade, seja no âmbito das
instâncias de produção profissionais ou não profissionais, seja perante o público receptor.
Para mais, no universo da cibercultura 2, mediante o “expansionismo tecnológico e
maquinístico” (RÜDIGER, 2008, p.22) que facilita a produção de “filmes domésticos ou de
amadores” (COMPARATO, 1995, p.48), oportuniza-se o alcance a esse tipo de criação.
Tendo em vista o reverberar de um ambiente de “conectividade ubíqua”,
representado, de forma genérica, por interações as quais denotam o compartilhamento
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O termo cibercultura faz referência à inter-relação social via ciberespaço, ambiente comunitário e participativo
que se caracteriza como um território virtual de trocas, ação coletiva e produção comum de linguagens
(MALINI; ANTOUN, 2013, p.18-21).
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Expressão adotada por (entre outros): Castells (1999), Negroponte (1995) e Cannito (2010).
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Termo utilizado por Gibson (1984), Negroponte (1995), Castells (1999), Lévy (1999), Lemos (2004), Rüdiger
(2008), dentre outros.
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Conjunto de TICs que permite captura, processamento e armazenamento de dados nos formatos texto, imagem
e som (PUJOLLE, 1985). Além disso, com base em Silva (2005), essa abordagem diz respeito à relação espacial
entre as cidades e as tecnologias, com ênfase nas relações socioeconômicas, políticas e culturais advindas dessa
interação.
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[...] uma fascinante batalha pela conquista das mentes e corações de seus alvos:
leitores, telespectadores ou ouvintes. Uma batalha geralmente sutil e que usa uma
arma de aparência extremamente inofensiva: a palavra, acrescida, no caso da
televisão, de imagens. Mas uma batalha nem por isso menos importante do ponto de
vista política e social [...] (ROSSI, 2006, p.07).
Ilustrando a assertiva, Beltrão (2006) admite que essa prática engloba conhecimento
social e produção de saber, complementando, então, a apresentação conceitual acerca do que
se tem por “jornalismo” no contexto deste estudo.
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Da sigla “NINJA” (LORENZOTTI, 2014, p.14).
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Cada qual à sua época, imprensa, rádio, fotografia, cinema, TV e Internet trouxeram
consequências profundas para as formas de conhecimento e comunicação (GENRO FILHO,
2012, p.32). E as possibilidades trazidas pelas inovações científicas e tecnológicas
evidenciam o impacto com relação aos processos produtivos noticiosos, uma vez que trazem
a possibilidade de uma nova configuração para o ramo.
Instaura-se, portanto, aquilo que Lorenzotti (2014) chama de “novos tempos na
comunicação”. Momento em que, impelidos pelas referidas transformações, e rapidez com
que a própria vida se dá neste século XXI, os atores sociais encontram um lugar próprio
(LORENZOTTI, 2014). Lançando mão de apetrechos como os telefones celulares, que
figuram como objetos de uso já popularizados, passam a atuar no sentido contrário das
“produções ideológicas que emanam das estruturas subjacentes em que se organiza a
mensagem” (GENRO FILHO, 2012, p.20). E, a partir de então, tornam-se eles próprios a
fonte de informação.
Então, contextualizados no ambiente ciber, estando atrelados à cibercultura e
operando via ciberespaço, estabelecem relações de trocas simbólicas, caracterizadas por
Charaudeau (2013) como a “[...] maneira pela qual os indivíduos regulam as trocas sociais,
constroem as representações dos valores que subjazem a suas práticas, criando e manipulando
signos e, por conseguinte, produzindo sentido” (CHARAUDEAU, 2013, p.16). E, quando
organizados sincronicamente, podem originar redes descentralizadas comunicação social,
com objetivos sociais informacionais.
Nesse ínterim, tem destaque o coletivo de resistência Mídia NINJA (“Narrativas
Independentes, Jornalismo e Ação”). Sendo uma rede descentralizada independente, que se
baseia na prática jornalística “alternativa” (BARBA; BLANCO, 2011), com função de
informar os cidadãos, segundo abordagem sociopolítica, por meio de coberturas em tempo
real ou gravações, os NINJA buscam ser um contraponto frente à imprensa tradicional.
Tendo visibilidade internacional (LORENZOTTI, 2014, p.07), o grupo Mídia NINJA
se autodenomina como uma rede de comunicadores que produzem e distribuem informação
em movimento, agindo e comunicando e, apostando em uma lógica colaborativa de criação e
compartilhamento de conteúdo, no Brasil e no mundo, tem seus objetivos pautados onde a
luta social e a articulação das transformações culturais, políticas, econômicas e ambientais se
expressa. Além disso, ancorados na ideia de que a Internet mudou o jornalismo e essa
transformação está submetida à participação de todos, os NINJA admitem que novas
tecnologias e novas aplicações têm permitido o surgimento de novos espaços para trocas, nos
quais as pessoas não só recebem, mas também produzem informações. E esse ambiente, que
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Disponível em: <https://www.facebook.com/MidiaNINJA/>. Acesso em: 20 de julho de 2017.
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Tecnologia que possibilita a transmissão de áudio e vídeo, em tempo real, pela Internet, sem necessidade de
download do material (LI; YIN, 2007).
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“Tudo é escolha”
Tomando a linguagem como ato de discurso, com base na ideia de que a construção
de sentidos se dá pela ação linguageira do homem em situação de troca social, mediante um
duplo processo de semiotização do mundo, verifica-se caber às mídias, em sua posição
organismo informador especializado, responder a demandas sociais por dever de democracia
(CHARAUDEAU, 2013).
Sabendo-se que os atos comunicativo e informativo são baseados em escolhas. “Não
somente escolha de conteúdos a transmitir, não somente escolha das formas adequadas para
estar de acordo com as normas do bem falar e ter clareza, mas escolha de efeitos de sentido
para influenciar o outro” (CHARAUDEAU, 2013, p.39); também com relação à forma de
estímulos os quais visem impactar e congregar indivíduos; escolha implícita por meio da
lógica comercial a qual rege as mídias. Em resumo, essas escolhas dizem respeito às
estratégias discursivas adotadas por parte das fontes de informação.
Em sentido lato, comunicação
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Em português, significa “tela sensível ao toque” e diz respeito a uma interface que traz benefícios com relação
à usabilidade e conectividade dos usuários no âmbito tecnológico (DOYUN, 2011).
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Charaudeau (2013) postula como “um ponto de vista ingênuo” a respeito da informação. Para
ele, esse esquema evoca problemas em todas as suas instâncias, pois representa
[...] um modelo que define a comunicação como um circuito fechado entre emissão
e recepção, instaurando uma relação simétrica entre a atividade do emissor, cuja
única função seria “codificar” a mensagem, e a do receptor, cuja função seria
“decodificar” essa mesma mensagem (CHARAUDEAU, 2013, p.35).
Então, eliminando todo “efeito perverso” da intersubjetividade relativa às trocas
humanas, reduz a informação a um mero procedimento de transmissão de sinais,
demonstrando que os problemas relacionados a esse mecanismo são externos a ele próprio
(CHARAUDEAU, 2013, p.35).
Transportando essa realidade ao cenário midiático, faz-se valoroso considerar a
questão discursiva. Sendo uma combinação das circunstâncias em que se dá o ato de
informação com a maneira pela qual se comunica, o discurso produz significações, remetendo
a uma mecânica de construção de sentido com abordagem para a questão da “natureza do
saber” e do “efeito de verdade” (CHARAUDEAU, 2013, p.40).
A dinâmica de produção de sentido relativa ao ato de informar é estabelecida
mediante duplo movimento baseado em processos de “transformação” e “transação”. O
primeiro, comandado pelo segundo, consiste em transformar o “mundo a significar” em
“mundo significado”. Isso segundo categorias que identifiquem os seres do mundo
(nomeando), que apliquem a esses seres propriedades (qualificando), que descrevam as ações
nas quais esses seres estejam engajados (narrando), que forneçam os motivos dessas ações
(argumentando), e que avaliem esses seres, essas propriedades, essas ações e esses motivos
(modalizando). Já o segundo, remete à atribuição de uma significação psicossocial a um ato
de linguagem produzido por um sujeito. Para tanto, considera-se parâmetros hipotéticos, tais
como identidade do outro, efeito pretendido, relação a ser instaurada e tipo de regulação
almejada. O ato de informar está inscrito nesse duplo processo de semiotização porque “[...]
deve descrever (identificar-qualificar fatos), contar (reportar acontecimentos), explicar
(fornecer as causas desses fatos e acontecimentos)” (CHARAUDEAU, 2013, p. 41, grifos no
original), além de fazer circular um objeto de saber, o qual, em princípio, é possuído pela
fonte de informação e não possuído pelo receptor. Então, a este cabe receber, compreender,
interpretar e sofrer modificação com relação a seu estado inicial de conhecimento, e, àquele,
transmitir os saberes de que dispõe.
Para mais, admitindo que a informação é relacionada a questões de linguagem, e que a
linguagem não é transparente, pois apresenta opacidade própria, por meio da qual se constrói
uma visão, um sentido particular acerca do mundo, aufere-se que as mídias não
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Avaliando a performance NINJA10 de forma geral, verifica-se forte apelo social por
meio da identificação estabelecida com o público receptor. O efeito de verdade, não existente
“[...] fora de um dispositivo enunciativo de influência psicossocial, no qual cada um dos
parceiros da troca verbal11 tenta fazer com que o outro dê sua adesão a seu universo de
pensamento e de verdade” (CHARAUDEAU, 2013, p.49), valida a credibilidade do coletivo,
dando direito à palavra àqueles aos quais ele afirma representar. Estes, por sua vez, sentem-se
como parte de todo processo noticioso. E, mais do que isso, tal sentimento de pertencimento e
participação vai de encontro à premissa que rege a questão da qual se trata:
O efeito de verdade está mais para o lado do “acreditar ser verdadeiro” do que para
o do “ser verdadeiro”. Surge da subjetividade do sujeito em sua relação com o
mundo, criando uma adesão ao que pode ser julgado verdadeiro pelo fato de que é
compartilhável com outras pessoas, e se inscreve nas normas de reconhecimento do
mundo (CHARAUDEAU, 2013, p.49).
Mediante tal interação social, constitui-se o fluxo de trocas simbólicas, permeado
pelas representações dos valores que subjazem a práticas individuais, produzindo sentido
(CHARAUDEAU, 2013, p.28). Então, essa coletividade, organizada de forma coletiva e
síncrona, dá origem a uma rede descentralizada de comunicação social. Isso denota o objetivo
de estabelecimento de confluência entre os interesses desta mídia para com os interesses de
seu público receptor, em função da colaboração popular. Portanto, evidencia-se a base
constitutiva de sentidos adotada pelo coletivo NINJA.
localidades. Porém, em quaisquer situações, mediante pedidos públicos em sua rede social, o
coletivo faz uso de imagens gravadas por “pessoas comuns”, aqueles indivíduos participantes
das manifestações, dando voz a eles, contrariando a ideia de que “[...] o cidadão comum não
aparece nos meios de comunicação senão como vítima. Seus papéis centrais estão definidos
em termos de consumo de informação e sua posição de espectadores” (CASTELLANOS,
2004, p.05, tradução livre). Além disso, coloca a informação em um lugar diferente daquele
onde era posta até então: afastando-se do monopólio das fontes tradicionais, essa atividade
discursiva parece retomar a posição de fenômeno geral, que seria, segundo Charaudeau
(2013) seu lugar de origem. Portanto, a atividade teria sido deturpada a partir do surgimento
de uma instância particular especializada em informar (o jornalismo).
No tocante à transmissão analisada, a figura seguinte demonstra a forma de
apresentação do vídeo na rede social, denotando as características gerais de todos os materiais
que são publicados pela Mídia NINJA.
Inicia-se a análise pelo conteúdo verbal, seguindo para o não verbal e, finalmente,
observando o conjunto total desse espectro. Verifica-se, por meio da legenda “Milhares nas
ruas de Curitiba, agora, no ato #ForaTemer” um tom partidário, característica fundamental
dos coletivos midialivristas. Situando o público quanto ao local, momento e estimativa de
participantes, indica o acontecimento de um ato contra a estada de Michel Temer no poder,
aquele que, até então, governava de forma interina por sua condição de vice-presidente da
República.
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Balanço crítico
Lorenzotti (2013) admite que o momento atual diga respeito a um novo tempo no
âmbito comunicacional. Para ela, o contexto ciber, bem como a existência de tecnologias
como o telefone celular, aparelho de fácil alcance aos cidadãos neste século XXI, inaugura
possibilidades diversas em todos as esferas sociais.
No que tange à atividade discursivo-informativa no contexto das manifestações
sociais brasileiras, a ação dialética coordenada pelas elaborações audiovisuais
contemporâneas denota os efeitos de poder que envolvem esse ato. Assim, “fica evidente a
cultura nativa da rede entrando em conflito com a cultura secular do jornalismo [...] na
medida em que há, na rua, uma disputa, um confronto com a estrutura de poder existente na
sociedade” (PATIAS, 2013, p.08). Nesse contexto, os cidadãos multimídia, articulados, têm o
poder de construir e compartilhar situações e opiniões em ambiente virtual. Por conseguinte,
o poder coletivo passa a controlar os eventos no ciberespaço, transpondo-os à realidade
factual.
Então, com foco à atuação dos coletivos midialivristas, que “[...] praticam algo muito
próximo do que conhecemos por jornalismo, e fazem do seu jeito, de um novo jeito”
(LORENZOTTI, 2014, p.08), vê-se o disseminar de uma nova maneira de comunicação
social. Como alternativa à mídia tradicional, que tem enfoques voltados a interesses políticos
e econômicos, a Mídia NINJA ganha destaque, conseguindo atingir um público amplo e
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Referências