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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TURMAS RECURSAIS

PLP
Nº 71004758538 (N° CNJ: 0052191-75.2013.8.21.9000)
2013/CÍVEL

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR.


LEGITIMIDADE ATIVA. INDENIZATÓRIA.
TRANSPORTE AÉREO. EXTRAVIO DE BAGAGEM.
VIAGEM INTERNACIONAL. PROVA. DANOS
MORAIS E MATERIAIS AFASTADOS. SENTENÇA
REFORMADA, PARA JULGAR IMPROCEDENTE A
AÇÃO.

1. Tem legitimidade a autora para o pedido de


reparação de danos materiais, pois em que pese não
ser a proprietária da bagagem extraviada, alega haver
pertences seus no interior da mesma, suportando esta
todos os reflexos negativos do acidente de consumo.
Preenche, assim, as condições para o exercício do
seu direito de ação no que concerne à busca pela
reparação do dano suportado.
2. Inexiste nos autos prova robusta de que os
pertences narrados pela autora efetivamente estavam
no interior da mala extraviada, bem como não há
qualquer evidência de que a parte autora informou à
companhia aérea que o seu notebook e demais
pertences estavam dentro da bagagem registrada e
despachada, o que refoge a normalidade, haja vista
que, em regra, tais bens são transportados dentro do
avião, como bagagem de mão.
As notas fiscais acostadas pela autora provam apenas
a propriedade dos bens, mas não tem o condão de
comprovar que os aparelhos estavam dentro da mala
extraviada, não havendo falar em indenização por
danos materiais.
3. Inviável a condenação da ré ao pagamento de
indenização por danos morais, tendo em vista que a
mala extraviada pertencia a sua genitora, não podendo
a autora pleitear direito personalíssimo de outrem,
ausente, do mesmo modo, que o extravio tenha
violado atributos de personalidade da própria a autora.
4. Sentença reformada para julgar improcedente a
ação.

RECURSO PROVIDO.
UNÂNIME.

RECURSO INOMINADO TERCEIRA TURMA RECURSAL


CÍVEL
Nº 71004758538 (N° CNJ: 0052191- COMARCA DE CANELA
75.2013.8.21.9000)

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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TURMAS RECURSAIS

PLP
Nº 71004758538 (N° CNJ: 0052191-75.2013.8.21.9000)
2013/CÍVEL

VRG - LINHAS AEREAS GOL RECORRENTE

BARBARA TOMAZELLI FRANZEN RECORRIDO

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.


Acordam os Juízes de Direito integrantes da Terceira Turma
Recursal Cível dos Juizados Especiais Cíveis do Estado do Rio Grande do
Sul, à unanimidade, em dar provimento ao recurso.
Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes
Senhores DR. ROBERTO ARRIADA LOREA (PRESIDENTE) E DR. LUCAS
MALTEZ KACHNY.
Porto Alegre, 22 de maio de 2014.

DR. PEDRO LUIZ POZZA,


Relator.

RELATÓRIO
(Oral em Sessão.)

VOTOS
DR. PEDRO LUIZ POZZA (RELATOR)

Colegas: o recurso prospera.

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2013/CÍVEL

Inicialmente afasto a preliminar de ilegitimidade ativa, pois em


que pese à autora não ser a proprietária da bagagem extraviada dentro
desta havia alguns pertences da autora, suportando todos os reflexos
negativos do acidente de consumo; preenchendo, assim, as condições para
o exercício do seu direito de ação no que concerne à busca pela reparação
do dano suportado.

Sustenta a autora, em suma, que a bagagem da sua genitora


foi extraviada, no trajeto de ida para Punta Cana, e no interior da bagagem
havia alguns pertences como: notebook, aparelho para depilação,
medicamentos e produtos de higiene pessoal. Postula a condenação do réu
ao pagamento de indenização por danos morais e materiais.

Contudo, não há nos autos prova robusta de que os pertences


narrados pela autora efetivamente estavam no interior da mala extraviada,
bem como inexiste qualquer evidência de que a parte autora informou à
companhia aérea que o seu notebook e demais pertences estavam dentro
da bagagem registrada e despachada. As notas fiscais anexas às fls.23/24,
não tem o condão de comprovar que os aparelhos estavam dentro da mala a
qual foi despachada e extraviada, mas tão-somente que os bens ali referidos
pertencem a autora.

É de conhecimento comum a infalibilidade de tal serviço, sendo


o risco assumido pela consumidora ao despachar a mala com pertences de
valor e extrema necessidade. Ainda, vale ressaltar que há disposição da
ANAC, para que os pertences de valor não sejam despachados e sim
transportados pelo próprio passageiro, na bagagem de mão, conforme prevê
o art. 234, § 3º do Código Brasileiro de Aeronáutica.
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Assim, inexistindo nos autos provas acerca de que os


pertences efetivamente estavam no interior da mala extraviada é de ser
julgado improcedente o pedido de indenização por danos matérias.

No tocante aos danos morais, tenho que inviável na espécie.

No caso a mala extraviada pertencia à mãe da autora, sendo


lógico que quem sofreu transtornos e ficou sem os seus pertences pessoais,
inclusive medicamentos de uso controlado, foi a genitora da autora, não
podendo esta requer indenização por danos morais, tendo em vista que tal
indenização é um direito personalíssimo de outrem.

Cabia a mãe da autora postular indenização por danos morais,


o que já obteve conforme se denota da consulta realizada no sistema
Themis ao processo nº 041/3.13.0000123-0.

Em que pese a autora tenha sofrido aborrecimento no curso da


sua viagem, pois teve que cuidar da sua mãe, abalada pelo extravio da
mala, tal fato não enseja indenização por danos morais em favor da
recorrida.

Destarte, dou provimento ao recurso para reformar julgar


improcedente a ação.

Sem sucumbência, ante o resultado do julgamento.

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2013/CÍVEL

DR. ROBERTO ARRIADA LOREA (PRESIDENTE) - De acordo com o(a)


Relator(a).
DR. LUCAS MALTEZ KACHNY - De acordo com o(a) Relator(a).

DR. ROBERTO ARRIADA LOREA - Presidente - Recurso Inominado nº


71004758538, Comarca de Canela: "DERAM PROVIMENTO AO
RECURSO. UNÂNIME."

Juízo de Origem: VARA CANELA - Comarca de Canela

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