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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO

IDENTIFICAÇÃO
PROC.TRT/SP nº 1000770-96.2016.5.02.0401
RECURSO ORDINÁRIO DA 01ª VT/SANTOS
RECORRENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO
RECORRIDA: ROLDÃO AUTO SERVIÇO COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA.

EMENTA
EMENTA: AÇÃO CIVIL PÚBLICA. REVISTA. DANO MORAL
COLETIVO. INDEVIDO. O ato de revista perpetrado pela reclamada,
realizado de forma habitual, padronizada e sem contato físico, importa
em legítimo exercício do seu direito de garantir a segurança de seu
patrimônio.

RELATÓRIO

Inconformado com a r. sentença de origem, cujo relatório adoto, que

julgou improcedente a ação, interpõe, o d. Ministério Público do Trabalho, Recurso Ordinário,
pretendendo a reforma da r. sentença quanto à indenização por danos morais.

Dispensado preparo.

Contrarrazões pela reclamada (id. bd6a552).

É o relatório.

FUNDAMENTAÇÃO

VOTO

Presentes os pressupostos legais de admissibilidade, conheço do

recurso impetrado.

DO DANO MORAL

Trata-se de Ação Civil Pública ajuizada pelo Ministério Público

afirmando que, após detida investigação, restou constatado que os empregados da ré são

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submetidos à revista visual, postulando, assim, a indenização por danos morais coletivo. A
sentença de origem indeferiu a pretensão contra o que recorre o autor.

Não merece prosperar o inconformismo.

A indenização perseguida decorre do que prevêem os artigos 5º,

inciso X, da Constituição Federal e 186 do Código Civil, in verbis:

"são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,

assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação."

"Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar

direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito".

Como sabido, a legislação pátria impõe a responsabilidade do

empregador apenas quando age com culpa ou dolo e pratica ato ilícito.

Consta da exordial, que a reclamada tinha como procedimento

padrão, ao final de cada jornada, ou em qualquer momento que os trabalhadores precisassem sair
do estabelecimento, realizar revista pessoal, a qual, segundo o i. Parquet, era feita de maneira
ilegal e abusiva.

Embora o recorrente alegue a existência de prejuízos de ordem

extrapatrimonial aos trabalhadores da ré, ante a ofensa aos princípios da dignidade da pessoa
humana, da intimidade e privacidade, entre outros, não vislumbro, in casu, os excessos afirmados.

Pois bem.

O ato de revista perpetrado pela reclamada, ao meu ver, importa em

legítimo exercício do seu direito de garantir a segurança de seu patrimônio.

Ademais, a revista, por si só, considerando os dias atuais, em que

qualquer indivíduo está sujeito a este tipo de investida por terceiros, ao adentrar a um
estabelecimento bancário, por exemplo, não pode gerar o direito do empregado a indenização.

Vale mencionar, ainda, que no caso dos autos, as revistas eram

realizadas como norma padrão da reclamada, sem excessos, individualmente, sem que tenha sido
noticiado qualquer contato físico, restringindo-se às bolsas e sacolas portadas pelos
trabalhadores.

Neste sentido, tem decidido o C. Tribunal Superior do Trabalho que:

"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. REVISTA ÍNTIMA.

INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. NÃO CONFIGURAÇÃO. O Colegiado
Regional concluiu, em decisão devidamente fundamentada, que a prova produzida
não amparava o pedido de indenização por dano moral, porquanto ficou

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demonstrado que a revista íntima perpetrada pela reclamada era dirigida a todos os
seus empregados, sem distinção; inclusive, para adoção desta medida, instalou-se
um dispositivo de luz que acendia aleatoriamente, sendo um procedimento
impessoal, uma rotina destinada a desestimular furtos na empresa. Registrou,
ainda, que a mencionada revista ocorria em uma cabina e sem testemunhas, e que
era realizada por pessoa do mesmo sexo e sem contato físico. Assim, consignou
que inexistia abuso de direito da reclamada na adoção de revista íntima, visto que
esta acontecia de modo não vexatório. Agravo de instrumento a que se nega
provimento." (TST, acórdão da 7a Turma no julgamento do Agravo de Instrumento
em Recurso de Revista 176840-63.2001.5.01.0069, publicado no Diário Eletrônico
da Justiça do Trabalho em 05.02.2010, Relator Ministro Pedro Paulo Teixeira
Manus).

Dessa forma, reputo ausente qualquer violação à intimidade ou à

honra dos trabalhadores através de ato ilícito da reclamada. Portanto, diante do conjunto
probatório, imperioso destacar que não restou suficientemente demonstrado quaisquer condutas
hábeis a imputar à recorrida comportamento excessivo capaz de causar dano à coletividade,
razão pela qual chancelo o entendimento do juízo de origem.

Mantenho, pois, o julgado.

Acórdão

Presidiu o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora Mariangela de

Campos Argento Muraro (Presidente Regimental).

Tomaram parte no julgamento as Exmas. Sras. Magistradas: Sônia

Maria Forster do Amaral (relatora), Rosa Maria Villa (revisora) e Mariangela de Campos Argento
Muraro.

Pelas razões expostas,

ACORDAM os Magistrados da 10ª Turma do Tribunal Regional do

Trabalho da 2ª Região em: por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso
ordinário interposto pelo d. Ministério Público do Trabalho, nos termos da fundamentação do voto
da Relatora.

ASSINATURA
SÔNIA MARIA FORSTER DO AMARAL
DESEMBARGADORA RELATORA
&

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