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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO
10002476120155020614
/REPR/25/#/2015-12-14
EMENTA
Dano moral. Revista nos pertences dos empregados. Comprovado que a ré realizava revista na mochila do
autor e que não era prática rotineira os superiores hierárquicos tocarem os pertences dos empregados durante
a revista. Não há prova de abuso do poder diretivo do empregador ou exposição a situação vexatória apta a
gerar o dano moral.
RELATÓRIO
Contra a r. sentença que julgou procedente em parte a ação, recorre o autor alegando que: foi dispensado
imotivadamente; que são devidas as consequências do art. 467 da CLT; que faz jus à indenização por danos
morais, em razão da realização de revista em sua mochila.
FUNDAMENTAÇÃO
1. Apelo aviado a tempo e modo. Conheço-o.
Recurso da parte
RECURSO DO AUTOR
2. Dispensa imotivada. A defesa (Id Num. 7a9dc85 - Pág. 3) alegou que o autor deixou de prestar serviços
por livre e espontânea vontade em 17.01.15. A alegação da ré equivale a dizer que o empregado deixou
espontaneamente o trabalho, a pedido ou por abandono de emprego.
2.1. A única testemunha da ré, Sra. Sueli, em que pese exercer a função de gerente e ter mencionado o nome
de cada um dos nove empregados da ré, afirmou, de forma contraditória, que a empresa tinha dois
"esfiheiros", além de "esfiheiro" extra em feriados e em semana de pagamento e que os "esfiheiros" são
registrados, mas nem sequer se recordou do nome deles. O depoimento não possui valor probante.
2.2. A segunda testemunha do autor não soube dizer o porque deixou de trabalhar na ré. O ônus de prova
competia à empregadora (CLT, 818), em atenção ao princípio da continuidade da relação de emprego
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(Súmula 212, TST). Assim, reformo para reconhecer a dispensa imotivada e acrescer à condenação o
pagamento do aviso prévio, 13º salário, férias+1/3, FGTS+40% e indenização correspondente ao seguro
desemprego.
3. Aplicabilidade do art. 467 da CLT. O reconhecimento do vínculo empregatício e da dispensa sem justa
causa ocorreram em Juízo. A modalidade da ruptura contratual era controvertida, assim como os títulos
rescisórios postulados (Súmula n° 33 do TRT da 2ª Região[1]). Indevidas as consequências do art. 467 da
CLT.
4. Dano moral. Revista Pessoal. O autor (Id 4d1ffbf - Pág. 6) afirmou que "tinha a sua mochila revistada
pela Sra. Sueli, sendo que esta própria era quem abria a bolsa e revistava a bolsa, colocando as mãos
dentro e revirando, para ver se encontrava algo "furtado". A primeira testemunha do autor afirmou que
"chegaram a serem feitas revistas na reclamada; como o depoente era mais antigo, apenas abria a bolsa e
mostrava; já presenciou mexerem na bolsa do reclamante (...) não sabe dizer o motivo das revistas, não se
lembra de ter ouvido a respeito de furto por empregados." A segunda testemunha do autor afirmou que "era
aberta a bolsa e o pessoal revistava, colocando a mão dentro da bolsa para olhar os objetos."
4.1. Não há prova de situação ensejadora do dano moral. O poder potestativo permite que o empregador faça
algum tipo de controle, visando a proteção de seu patrimônio, tais como a revista de bolsas. Ademais, a
primeira testemunha do autor demonstra que não era prática rotineira os superiores hierárquicos mexerem
nas bolsas ("como o depoente era mais antigo, apenas abria a bolsa e mostrava"). Não há prova de abuso do
poder diretivo do empregador ou exposição a situação vexatória apta a gerar o dano moral.
[1] 33 - Multa do art. 477, § 8º, da CLT. Cabimento. (Res. TP nº 04/2015 - DOEletrônico 04/08/2015 - Republicada por erro
material)
I. A rescisão contratual por justa causa, quando afastada em juízo, não implica condenação na multa. Precedentes
II. O reconhecimento mediante decisão judicial de diferenças de verbas rescisórias não acarreta a aplicação da multa. Precedentes
III. A rescisão do contrato de trabalho por justa causa patronal não enseja a imposição da multa. (Res. TP nº 06/2015 -
DOEletrônico 11/12/2015) Precedentes
Conclusão do recurso
Dou parcial provimento ao recurso ordinário do autor para reconhecer a dispensa imotivada e acrescer à
condenação o pagamento do aviso prévio, 13º salário, férias+1/3, FGTS+40% e indenização correspondente
ao seguro desemprego. Rearbitro à condenação o valor de R$ 20.000,00, com custas no importe de R$
400,00, pela ré.
ACÓRDÃO
Acórdão
Vistos, Relatados e Discutidos os presentes autos, ACORDAM os Desembargadores da 6ª Turma do Tribunal
Regional do Trabalho da 2ª Região, nos termos da Certidão de Julgamento que a este integra, em: DAR
PARCIAL provimento ao recurso ordinário do autor para reconhecer a dispensa imotivada e acrescer à
condenação o pagamento do aviso prévio, 13º salário, férias+1/3, FGTS+40% e indenização correspondente
ao seguro desemprego. Rearbitrar à condenação o valor de R$ 20.000,00, com custas no importe de R$
400,00, pela ré.
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
Certifico que, em sessão realizada nesta data, a 6ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da Segunda
Região, julgando o presente processo, resolveu: por unanimidade de votos, DAR PARCIAL provimento ao
recurso ordinário do autor para reconhecer a dispensa imotivada e acrescer à condenação o pagamento do
aviso prévio, 13º salário, férias+1/3, FGTS+40% e indenização correspondente ao seguro desemprego.
Rearbitrar à condenação o valor de R$ 20.000,00, com custas no importe de R$ 400,00, pela ré.
Tomaram parte no julgamento os Exmos. Srs. RAFAEL EDSON PUGLIESE RIBEIRO, VALDIR
FLORINDO e RICARDO APOSTÓLICO SILVA.
Secretária da 6ª Turma
VOTOS
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