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3.

REFERENCIAL PROJETUAL
Em busca de uma análise projetual e conceitual, de projetos
associados aos temas abordados anteriormente, as referências
projetuais contam com dois projetos nacionais e um internacional,
sendo uma delas o estudo de caso. Este capítulo tem como
finalidade o entendimento do funcionamento a das intenções de
proejto para o melhor resultado final da proposta deste trabalho.
LXFACTORY - LISBOA
3.1.1 DADOS HISTÓRICOS E LOCALIZAÇÃO Figura 1: Bairros de Lisboa com destaque para a Região de Alcântara.
De acordo com Carvalho (2009), as industrializações das cidades em
Portugal aconteceram de uma forma tardia. E apesar de sempre estarem atrás da
cidades da Inglaterra e Bélgica, o bairro de Alcântara (Figura 1) representa muito
bem um dos impulsos que Lisboa deu para a indústria portuguesa. Em 1846 foi
iniciada a construção da Companhia de Fiação e Tecidos Lisbonense e inaugurada
três anos depois com um grande conjunto industrial construído de pedra e ferro.
Após a implementação da República, em 1910, a Companhia de Fiação e
Tecidos Lisbonense começou a apresentar problemas financeiros, o que agravou
em 1917 com a crise. A companhia se separou, tendo os edifícios vendidos à
empresa Portugal e Colónias e, depois, à tipografia Anuário Comercial de Portugal
e Gráfica Mirandela (RIBEIRO, 2007, p. 54).
Anos se passaram e as atividades das empresas foram parando, o
abandono foi ficando visível e fazendo o lugar se tornar inseguro e inútil à cidade.
Fonte: Vetor modificado por autora, 2019.
Foi quando em 2007 uma empresa chamada Mainside investiu no local. A
qual teve algumas dificuldades no início por causa do plano diretor que taxava o
local como zona industrial. Porém, arranjou a solução de justificar as novas Figura 2: Localização LxFactory (Em Vermelho).
atividades como indústria criativa (RIBEIRO, 2007, p. 54). A ideia era realmente
criar uma cidade criativa, onde ali entre os edifícios industriais houvesse cultura,
lazer, gastronomia e muita informação. Numa localização estratégica (Figura 2),
com 10 edifícios, 200 empresas de diversos campos, o LxFactory trouxe vida ao
local abandonado e fez com que a população se identificasse e curtisse o local
todos os dias.

3.1. 2 FICHA TÉCNICA E LOCALIZAÇÃO


ANO DO PROJETO ORIGINAL: 1846
PROJETO ARQUITETÔNICO: JOÃO PIRES DA FONTE
ANO PROJETO LXFACTORY: 2007-2008
ÁREA CONSTRUÍDA: 9.000m²
Fonte: Lopes, 2014.
ENDEREÇO: AV BOULEVARD CASTILHO S/N BAIRRO CAMPINA BELÉM.PA
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3.1.3 ACESSOS E CIRCULAÇÃO
Na figura 3 pode-se entender a implantação de uma forma básica, juntamente com suas principais circulações e acessos.
Os acessos principais são apenas dois e bem definidos, um pela Av. Índia (Figura 4) e outro pela Rua Rodrigues de Faria (Figura 5). O primeiro
encontra-se em uma avenida de grande fluxo e tornou-se algo de passagem, sem ser muito atrativo, por isso o portão de entrada localizado lá fica fechado,
segundo Ribeiro (2014). Já o segundo acesso se faz como o principal e o mais famoso do local, onde está localizado o seu portal de entrada em uma rua
estreita e de baixo fluxo de automóveis.
Como no complexo fabril a circulação de carros é restrita para dias de eventos e para serviço, a entrada dos mesmos é feita pela Av. Índia e a saída
pela Rua Rodrigues de Faria. E como citado acima, a entrada e saída de pedestres está concentrada também na Rua Rodrigues de Faria. Em torno do local
existem estacionamentos com o valor, em torno, de dois euros sem um tempo limite, facilitando a chegada de usuários que estão em áreas mais distantes.
Porém o local incentiva bastante o uso de bicicletas, tendo bicicletários e alugueis das mesmas no local.
Figura 4: Entrada de Veículos fechada.
Figura 5: Entrada principal

Fonte: Site Viagem para Lisboa, 2018.

Figura 3: Vista de cima da implantação da Estação das Docas. Fonte: Street View, Google Earth, 2017.
LEGENDA:
RUA RODRIGUES DE FARIA

AV. ÍNDIA
RUA 1º DE MAIO
LIMITE TERRENO
PERCURSO DE VEÍCULOS
ENTRADA/SAÍDA DE PEDESTRES
SAÍDA VEÍCULOS
ENTRADA DE VEÍCULOS

Fonte: Google Earth com adaptações do autor, 2019. RUA/CIRCULAÇÃO PRINCIPAL


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3.1.4 ZONEAMENTO Figura 6: Macro zoneamento LxFactory.
Segundo Carvalho (2009), por conta da enorme variedade de
usos dos edifícios industriais, há uma análise mais ampla para o
entendimento do zoneamento. Na Figura 6, pode-se perceber que há
espaços livres, espaços ocupados e espaços reservados. A diferença
entre eles está, basicamente, na função dos mesmos. Os espaços de
circulação possuem plantas livres, utilizados para pontos de
encontros, feiras, apresentações e shows. Os espaços ocupados são
aqueles que já estão em uso fixo para cunho cultural e comercial. Já o
espaço acizentado é reservado para serem alugados para eventos
privados.

Fonte: Carvalho, 2009.


Figura 7: Zoneamento das Edificações.
Conforme a Figura 7, é possível analisar a implantação em perspectiva e
ENTRADA VEÍCULOS entender melhor a volumetria e a disposição dos edifícios. Nela também pode-se notar
a separação dos edifícios por nomes, a qual também segrega as funções de cada um
deles. No térreo, a arte e a cultura estão por todos os lados sejam eles em forma de
comércio ou exposições. Já nos pisos do Edifício 1 e da Fábrica XL encontram-se
empresas de âmbito mais privativo e com acesso mais restrito.
Há alguns estacionamentos espalhados pela área, porém são pouco
explorados já que a utilização de bicicletas é bem incentivada de forma que há lugar
para estacioná-las também.
LEGENDA:
COMÉRCIO CULTURAL/ FLUXO PRINCIPAL
COMÉRCIO EMPRESARIAL/ESCRITÓRIOS/USO SEMIPRIVADO
NDIA ESPAÇO PARA EVENTOS

AV CAIXA D’ÁGUA/MARCO
Fonte: Acervo LxFactory adaptado por autora, 2019. ENTRADA PRINCIPAL
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3.1.5 VOLUME E RELAÇÃO COM O ENTORNO Figura 8: LxFactory e a relação com seu entorno.
A LxFactory tem uma volumetria característica do estilo
industrial, passou por uma revitalização encontra-se em uma área com PONTE 25 DE ABRIL
cunho industrial de Lisboa. Outra consequência deste estilo é o pé
direito alto, o qual na época do projeto inicial era essencial para a
utilização de máquinas e afins. Como o complexo foi construído aos
poucos, muitos edifícios não possuem o mesmo estilo, ordem e simetria,
porém todos possuem suas particularidades industriais.
Por serem construções de grande porte, teriam tudo para A. INDUSTRIAL
criarem uma relação desordenada com o entorno. Porém como a região
de Alcântara era industrial, os espaços são extensos e não dão a
sensação do real tamanho que elas realmente têm, como observado na A. INDUSTRIAL
Figura 8 e 9. A Ponte 25 de Abril com seu porte mais alto, também
ameniza essa sensação. Já em relação aos muros que a circundam, a
solução para não se tornarem uma barreira entre a cidade e o complexo RIO TEJO
foi trazer a arte para eles. Como o conceito já era esse, a ideia de criar
grafites (Figura 10) e uma entrada que traga conforto aos usuários foi
Fonte: Google Earth com alterações do autor, 2019.
fácil.
Figura 10: Arte nas fachadas. Figura 9: A relação entre pessoas e os edifícios.

Fonte: Site Viagem para Lisboa, 2018. Fonte: Site Viagem para Lisboa, 2018.
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3.1. 6 ESTRUTURA
A estrutura é composta de ferro, pedra e tijolos, materiais típicos de uma arquitetura industrial. Foi projetada pelo arquiteto João Pires da Fonte em
1846 e inaugurada três anos depois. De acordo com Carvalho (2009), o arquiteto privilegiou a insolação e sempre previu a expansão da fábrica de Santo Amaro,
deixando uma distância no seu entorno, além de seguir seu estilo de formação neoclássica.
A construção onde se localizava a fábrica de Santo Amaro é considerada uma das principais do complexo, como sendo a mais antiga e mais
característica da história do local. Por isso, Carvalho (2009) analisa ela de uma forma mais específica, mencionando que o edifício conta com uma planta de
forma retangular, lembrando um bloco de paralelepípedo. Possui quatro andares, sendo acrescentado, posteriormente, o quinto com uma cobertura de
fibrocimento. Este modelo de fábrica com pisos superiores foi seguido pelo modelo manchesteriano, segundo Carvalho (2009). Este modelo tinha como pré
requisito uma planta baixa livre, a fábrica em altura, o sistema de transmissão a vapor e uma estrutura de coluna, vigas metálicas e coberturas abobadilhas,
como por exemplo na Figura 12. A ideia era que a fabricação dos produtos seguisse uma sequência de produção de cima para baixo e diretamente do térreo
para fornecedores.
A planta livre tinha como função caber o maquinário. E conforme Carvalho (2009) comenta e a Figura 11 mostra, a estrutura metálica no seu interior
compõe grandes naves com duas fileiras de colunas, cada uma delas com 23 colunas de 3,34 metros de altura, que distam da mais próxima 3,05 metros e 6,2
entre fileiras. Já as aberturas das janelas são de 1,22m e possuem um espaçamento entre elas na mesma medida. Um fato curioso é sobre um buraco que é,
sem dúvidas, um marco na fachada da fábrica e toma lugar de onde deveria estar uma janela (Figura 13). Porém quando algum maquinário estragava, a solução
para retirada deles e a colocação de um novo era quebrar a parede para a passagem dos mesmos. Sendo assim, como lembrança, o buraco na fachada
continuou a fazer parte do cenário do complexo industrial LxFactory.

Figura 11: Vista interna estrutura Armazém 2. Figura 12: Vista interna estrutura Armazém 2.
Figura 13: Vista interna estrutura Armazém 2.

Fonte: Carvalho, 2009. Fonte: Mariana Vetrone, 2017.


Fonte: Carvalho, 2009.
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3.1. 7 CONFORTO AMBIENTAL Figura 14: Mapa conforto ambiental LxFactory.
Pelo fato de estar localizado em uma área industrial, com um
espaçamento bom entre um terreno e outro, o complexo LxFactory tem
uma insolação considerada boa, pois recebe a luz do sol diariamente. Norte
Segundo Carvalho (2009), o arquiteto João Pires da Fonte teve como
diretriz a orientação perpendicular do complexo fabril ao Rio Tejo. Na
figura 14 é possível entender a relação que o rio tem quanto a
implantação da fábrica. OESTE
Mesmo possuindo materiais pesados, a quantidade de aberturas
é suficiente para a luz natural adentrar ao edificío juntamente com a
ventilação cruzada que elas causam. Isso também faz com que a relação
interior e exterior cresça e traga um melhor conforto visual de quem
está dentro da fábrica. Vale ressaltar também a criação de novas
LESTE
aberturas além das já existentes, as quais trazem iluminação para os
corredores que costumavam ser mais sombrios, como por exemplo nas
RIO TEJO
Figuras 15 e 16. Fonte: Google Earth com alterações do autor, 2019.
Figura 16: Aberturas grandes
Figura 15: Vista interna e sua iluminação natural. proporcinando iluminação natural

Fonte: Carvalho, 2009.


Fonte: Michelle Benedet, 2018.
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