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Centro Integrado de Educação Modelo - CIEM

Tópicos de Ciências Humanas


Profº Paulo Roberto
CORONELISMO

O que é o coronelismo?

O coronelismo é uma prática política que se tornou comum no Brasil durante as


primeiras décadas do século XX. A figura do coronel — latifundiário que exercia o poder
político, econômico e social, principalmente no interior do país — mantinha-se no poder por
meio de alianças políticas com as oligarquias estaduais, e, por meio da coação eleitoral,
obrigava seus subordinados a votarem em seus candidatos, mantendo assim o seu domínio
local.

Características do coronelismo

Voto de cabresto

O voto de cabresto é a principal característica do coronelismo. O termo “cabresto” se


refere a um arreio colocado no cavalo para controlar o seu movimento. Esse acessório foi
associado ao coronelismo porque os coronéis conseguiam controlar a votação em sua região
de domínio. Esse controle se dava mediante trocas de pequenos favores e ameaças.

Os eleitores eram conduzidos às zonas eleitorais por transportes financiados pelos


coronéis, e, como a grande maioria era analfabeta, apenas colocava nas urnas eleitorais a
cédula já preenchida com o candidato fiel ao coronel.

Vale ressaltar que, durante a Primeira República, não havia Justiça Eleitoral, ou seja,
não havia um órgão oficial responsável pela fiscalização do processo eleitoral e não havia
punições para quem coagisse o eleitor a votar em determinado candidato. Até 1930, quando
as oligarquias foram destituídas do poder, o voto de cabresto era uma prática constante no
interior do Brasil.

Origem do coronelismo

Quando se fala em coronelismo, não se refere à patente do Exército. A origem dos


coronéis que exerciam o seu domínio local está no período imperial, durante o século XIX. Com
a criação da Guarda Nacional, os latifundiários aliados do governo central recebiam o título de
coronel para que exercessem o seu domínio em sua região e evitassem qualquer tipo de
revolta.

Esses chefes locais eram temidos pelos moradores e trabalhadores. Havia uma relação de
dependência, pois os benefícios concedidos aos mais pobres eram garantidos pelos coronéis.
Com a proclamação da república, em 1889, quando o voto se tornou primordial para eleger
presidentes da república, governadores e parlamentares, as eleições se tornaram alvos dos
coronéis para que seu poder local se fortalecesse a cada votação.

Coronelismo e Primeira República (República Velha)

Prudente de Morais foi o primeiro presidente da república civil de nossa história. Ao


contrário dos dois primeiros governos republicanos chefiados por militares (os marechais
Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto), que centralizaram os poderes e desprezavam os
estados, Prudente de Morais se aproximou da oligarquia paulista, que controlava a produção
cafeeira, a principal atividade econômica na época.
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Durante o governo Campos Sales (1902-1906), o coronelismo ganhou força por causa
da política dos governadores. O presidente estabelecia alianças com as oligarquias estaduais e
os coronéis por meio de troca de favores, como a liberação de verbas públicas, garantindo a
manutenção dos mesmos grupos no poder.

Essas práticas políticas que garantiram a permanência das oligarquias e dos coronéis
no poder se enfraqueceram depois da Revolução de 1930, quando Getúlio Vargas chegou ao
poder, destituiu os chefes dos estados e nomeou pessoas de sua confiança para os governos
estaduais.

Coronelismo na atualidade

O coronelismo ainda se mantém na política atual mesmo com a implantação do voto


secreto. Em regiões onde as ações do Estado são ausentes e o crime organizado atua de forma
efetiva, existe a coação eleitoral, quando os eleitores recebem ameaças caso não votem no
candidato indicado pelos líderes das facções. Ainda existem grupos políticos que se mantêm
no poder mediante trocas de favores.

A Constituição de 1934 instituiu o voto secreto e a Justiça Eleitoral, o que promoveu


uma mudança nas práticas políticas ao se permitir que o eleitor vote em seu candidato de
acordo com a sua consciência e não sob ameaças, como acontecia nos tempos do coronelismo.

Com a criação de um órgão oficial que fiscaliza e organiza as eleições, bem como pune
os crimes eleitorais, permitiu-se maior lisura na realização do pleito e garantiu-se a
legitimidade do resultado eleitoral. No entanto, em praticamente todas as eleições, ainda é
comum pessoas comprando e vendendo votos em troca de pequenos favores ou sendo
coagidas a votarem em um candidato.

A imprensa tem noticiado, em tempos de eleição, a influência do crime organizado no


financiamento de candidatos da sua confiança, por meio da qual o eleitor que mora na região
dominada por esses criminosos é obrigado a votar para não sofrer qualquer tipo de punição.
Alguns candidatos são proibidos de acessarem regiões para fazer campanha eleitoral por
representarem alguma ameaça aos seus líderes. Apesar da liberdade de votar e ser votado, de
fazer campanha eleitoral, ainda existem resquícios do coronelismo em nossa realidade.

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