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História Enem

Brasil republicano

Importante a forma como a gente nomeia o passado expressa como no tempo presente a
gente enxerga esse passado. O termo “República Velha” foi uma nomenclatura que foi usada
para delimitar esse período que se estende de 1889-1930 e foi criada na Era Vargas durante o
Estado Novo – que queria se mostrar como algo novo, avançado, uma democracia melhor em
relação à experiência republicana que o Brasil viveu.

Como essa foi a primeira experiência republicana do Brasil, o Enem adora cobrar aspectos
desse período. E como é que o Enem cobra?

O olhar que o aluno deve lançar sobre qualquer texto referente à primeira republica é,
primeiro, refletir sobre as novas formas de construção da cidadania que vão se dar agora sob
um novo regime republicano – que se prometia próximo a democracia e que, portanto, vai
trazer mudanças na estrutura política, acompanhada de mudanças na estrutura social.

É importante lembrar que quando o Brasil entra no regime republicano com muitas mudanças
mais intensamente desde a metade do século 19... O Enem adora abordar as novas dinâmicas
sociais que o Brasil passava nesse momento. Um exemplo dessas novas dinâmicas são o
aumento demográfico (o país entra na fase com crescimento populacional considerável e
concentrado nas metrópoles), capitais crescendo e se encaminhando para a urbanização...
Começaram as novas demandas por cidadania e novas formas de construção dessa cidadania;
como isso afetava os poderes políticos e como isso vai se traduzir em novos desafios à
construção da democracia brasileira.

Esses são os aspectos que os estudantes devem buscar nos textos referentes à primeira
república.

A “República da espada” (não costuma ser cobrada) se situa nessa época na fase inicial, entre
os anos de 1889-1894. Esse era o momento em que a república, uma vez instaurada, estava se
consolidando. Esse foi o período em que nossos 2 presidentes foram militares – Deodoro da
Fonseca e Floriano Peixoto -, FOI MARCADA PORMUITO AUTORITARISMO e por isso esses anos
são conhecidos como republica da espada. A partir de 1894 nós temos o que realmente foi a
república velha, onde teremos o primeiro presidente civil da nossa republica – Prudente de
Moraes.

O Enem gosta muito de tratar sobre os períodos de transição. Por esse motivo é importante
estudar sobre as rupturas e permanências.

Quando falamos de permanências, é importante destacar que o Brasil rompe com a foma de
governo monárquica e começa o período republicano, mas com a manutenção de algumas
estruturas sociais do Brasil colônia e do Brasil império.

A estrutura econômica era bastante dependente e baseada no latifúndio agro-exportador (o


que até hoje é uma realidade), a manutenção da estrutura fundiária (problema que
permanece) muito desigual e marcada pela concentração absurda de terras (isso está na base
de vários problemas sociais de hoje; manutenção da lógica de concentração do poder marcada
pelo afastamento das massas do centro das decisões políticas (limitações para efetivação da
democracia e cidadania no nosso pais).

Outro ponto são as transformações, estruturas de formação do trabalho a partir de uma lógica
de saída de uma legalização da escravidão para uma forma de trabalho livre (processo de
muitas contradições), café como um produto de muita importância na cultura de exportação e
que alcança, ainda no século 19, o status de produto mais vendido pelo Brasil (portanto, muito
importante para a economia).

A nossa 1ª república teve um perfil muito oligárquico (poder centralizado nas mãos de poucos,
de uma família, um partido...).
É importante entender que a forma de governo vai ser federativo e presidencialistas – os
estados tem uma autonomia grande quando se pensa o poder a nível federal (isso é uma
marca da 1ª república);

O voto censitário (baseado na renda) pelo sufrágio universal que, apesar do nome, excluía
ainda do direito de voto os analfabetos (maior parte da população), mulheres, mendigos,
militares sem patente... Ou seja, quase todo mundo. Muitas contradições, pois ainda se
manteve a possibilidade cidadã por meio do voto bastante limitada. As próprias novas leis
eleitorais faziam com que fosse limitado o número de eleitores e cidadãos elegíveis.

A política dos governadores é o que mantém a estrutura da república bastante oligárquica.


Essa foi uma política a partir da qual os estados estavam em harmonia/consonância com o
poder federal a partir da troca de favores e apoio entre os níveis de poder. Essa troca de
favores e apoio mútuo vai atuar em várias instancia das estruturas de poder.

Quando pensamos do poder federal, teremos o poder executivo (presidente) atuando em


consonância com o poder legislativo (congresso/senado). O poder a nível federal era marcado
pela hegemonia política das oligarquias de SP e MG (esses 2 estados tinham a maioria no
poder legislativo e atuavam a partir do aparelhamento do poder executivo. Minas e são Paulo
é que vão se revezar na escolha dos presidentes durante esse período – o que chamamos de
política do café com leite que, nada mais foi que hegemonia das oligarquias de SP e MG sobre
o poder federal). Outra coisa que possibilitou essa hegemonia foi a política de não intervenção,
pois ao não interferir nos estados, as oligarquias dos estados tinham plena autonomia para
planejar e executar suas políticas a nível local como bem desejassem.

Pra que essa complexa rede de poder funcionasse, havia ainda a importância da esfera local
nesse sistema dos governadores e essa importância se dava a partir do fenômeno conhecida
como coronelismo. A figura dos coronéis a nível municipal/local, pois era a figura dos coronéis
é que exercia poder sobre a população. Essa figura era normalmente um grande latifundiário
como, no Brasil, terra é poder, quem detinha grandes porções de terra controlava política,
economia, etc.
Eram os coronéis que garantiam os votos para os governadores e, em troca, esse
governadores, que atuavam em consonância com o poder federal, é que garantiam a
manutenção do poder dos coronéis sobre os seus dependente, sobretudo com a concessão de
cargos públicos. Ao fazer com que os coronéis tivessem poder sobre aqueles que detinham os
cargos públicos dava a eles muito poder no que tange vários aspectos da vida cotidiana - Eram
os coronéis que escolhiam o juiz, a professora, o delegado de polícia local... E é a partir desse
domínio dos cargos públicos que faz com que surja o voto de cabresto (moeda de troca que
mostrava lealdade ao coronel, pois o voto não era secreto).

É importante notar que, pela política de não intervenção, o Estado maior acabava não se
fazendo presente e, onde o Estado não se faz presente, outros poderes se fazem. Como o
estado não vai garantir, principalmente no meio rural, acesso a terra, à educação, assistência
médica... A única figura que podia garantir isso era a figura dos coronéis. Então as pessoas
tinham o seu voto “cabrestado” por essa lógica social e estrutura de poder que dominava,
sobretudo, o campo.

Nessa lógica, as cidades eram importantes, mas quem decidia as eleições era o campo, pois
70% da população era rural. Então quem dominava o campo, dominava a política local na
primeira república.

Nessa primeira experiência de república, as fraudes eleitorais eram institucionalizadas, pois as


próprias instituições políticas do estado criavam mecanismos que possibilitavam que as
eleições tivessem caráter de fraude sistemática (eleições a bico de pena). Um dos mecanismos
era a comissão verificadora de poderes (que só reconheciam a vitória de deputados da
situação, ou seja, dos que apoiavam a política estadual e federal) que “degolava” os
candidatos da oposição (impedia a posse).

Outra coisa que o Enem adora cobrar é como as limitações que essas estruturas de poder
marcadas pelas estruturas de poder, pela concentração da terra, pela fraude política, pela
dominação e opressão social... vão levar a novas demandas por cidadania numa república
marcada por relações de poder tão desiguais e tão violentas que vão acabar levando ao
acontecimento de revoltas sociais (não cobra com abordagem factual).
Também é importante lembrar do movimento operário que surge de maneira organizada com
consciência de classe e com um conjunto de demandas e formas de organização e da
experiência da aliança liberal (2 últimos anos da 1ª república).

Todas essas revoltas demonstravam as limitações da 1ª república brasileira.

Em relação à mentalidade social, muito do que era fruto da desigualdade social era explicado
na época pelas teorias raciais do século XIX baseado no Darwinismo social.
a

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