A elite brasileira incomodava-se com a divisão de ganhos com o governo
metropolitano e, durante o , também não aceitava alterar seus
rendimentos ante os ganhos políticos e econômicos conquistados com a presença da Corte. A articulação entre a aristocracia brasileira e D. Pedro conduziria o processo de independência do Brasil, marcando suas características conservadoras, tanto no aspecto social quanto na manutenção da unidade territorial. A forma de governo instalada seguiu a herança monárquica de Portugal e do Período Joanino, estabelecendo outro elemento de distinção se considerarmos os outros Estados americanos. AMÉRICO, Pedro. Independência ou Morte. 1888. óleo sobre tela, 415cm x 760cm. Museu Paulista, São Paulo. A pintura retrata, de maneira idealizada, o Dia da Independência no Brasil O latifúndio, a elitização, a escravidão e os princípios monárquicos, tradicionais e excludentes, mantiveram-se encravados no cerne da Estado que se construía, suprimindo os valores de República, Abolicionismo e Igualdade Social. Muitos sonhos ou ideais só seriam atingidos décadas mais tarde e, ainda assim, com grandes restrições à verdadeira simbologia que as palavras possuem em sua essência. Como consequência, constitui-se, na origem da Nação brasileira, o distanciamento entre o Estado e a Sociedade. Jean-Baptiste Debret – Aclamação de D. Pedro I no campo de Santana (1834) – Viagem Pitoresca pelo Brasil Nem todas as regiões brasileiras aceitaram a independência pacificamente. Muitas tropas portuguesas tiveram que ser expulsas da Bahia, do Pará, do Maranhão e do Piauí, onde o domínio dos comerciantes portugueses se fazia mais presente.
Major Cunha Fidié (Comandante de Armas)
não aceita independência. Reação popular e bloqueio da esquadra de Lord Cochrane.
Divisão portuguesa (general Madeira de
Mello) continuou fiel à Coroa. Atuaram como “pacificadores” os mercenários Lord Cochrane Graças à intervenção de Cochrane, os partidários da independência conseguiram expulsar os portugueses da Bahia em julho de 1823. e general Labatut. O primeiro passo para a independência da Bahia, óleo sobre tela, Antônio Parreiras, 1931. Junta de Governo se recusa à reconhecer o Império. Reação popular e chegada de Lord Cochrane. Rendição portuguesa em 26/07/1823.
Junta de Governo não reconhece independência.
Participação do almirante John Greenfell e prisão dos membros da Junta.
Comandante de Armas D. Álvaro da Costa não aderiu ao
império. Conflito com general Frederico Lecor (Império). Início da luta de independência (26 de maio de 1824) • Doutrina Monroe (“América para os americanos”) – Reação ao Congresso de Viena e posicionamento buscando ampliar a área de influência política e econômica.
(29 de agosto de 1825)
• Exigiu o pagamento de indenização de £$ 2.000.000 (Dois Milhões de Libras), emprestados pelos ingleses, com o compromisso do Brasil em não incentivar movimentos emancipacionistas em África. • Reconhecimento de D. João VI como “Imperador de Honra” do Brasil.
(05 de janeiro de 1827)
• Intermedia o reconhecimento de Portugal e fornece o empréstimo para o pagamento da indenização através do Banco Rothschild. • Renovação dos Tratados de 1810 – taxa preferencial de 15%, com carência em dois anos e vigência de quinze anos. • Compromisso de eliminar o tráfico de escravos em três anos. Tio Sam protegendo os americanos contra os europeus. A placa diz: “Não ultrapasse – América para os americanos – Tio Sam”. Disponível em: <i23.photobucket.com/albums>. Em 1° de dezembro de 1822, D. Pedro é coroado imperador do Brasil, com o título de D. Pedro I.
No decorrer do Primeiro Reinado, D. Pedro I teve grande
dificuldade para manter a governabilidade, fosse em razão da crise econômica, fosse em razão de seu autoritarismo.
muitos achavam que D. Pedro I, sendo português, estava
Debret - Coroação de D. Pedro I, 1828, óleo sobre tela 340 cm x 640 cm mais preocupado com a situação de Portugal.
A postura do Imperador em relação a Constituição de 1824, a Confederação do Equador e a Guerra
da Cisplatina foram alguns dos fatos que levaram à sua abdicação, em 1831. Além disso, muitos achavam que D. Pedro I, sendo português, em vez de se preocupar com os brasileiros, estava mais preocupado com a situação de Portugal. Já havia sido convocada na Regência de D. Pedro I, em junho de 1822, presidindo sua abertura em 03/05/1823. Formada por 100 Deputados, representando 19 Províncias, cujas origens eram ligadas às elites. Partido Brasileiro (aristocracia rural) • Defendiam a limitação do poder do Imperador
Partido Português (burocracia civil e militar)
• Defendiam a ampliação do poder do Imperador
Elabora o anteprojeto conhecido como Constituição da Mandioca
Influência das Constituições europeias (Montesquieu e os limites aos poderes) - Três Poderes: Executivo (limitado), Legislativo e Judiciário. Voto censitário (renda calculada em alqueires de farinha de mandioca) Lusofobismo (rejeição aos privilégios dos portugueses). Após a Noite da Agonia, a Assembleia é dissolvida e D. Pedro I convoca o Conselho de Estado. “Havendo Eu convocado, como tinha o direito de convocar, a Assembleia Geral Constituinte e Legislativa, por Decreto de 3 de junho do ano próximo passado, a fim de salvar o Brasil dos perigos que lhe estavam iminentes, e havendo a dita Assembleia perjurado ao tão solene juramento que prestou à Nação de defender a integridade do Império, sua Independência e Minha Dinastia: Hei por bem, como Imperador e Defensor Perpétuo do Brasil, dissolver a mesma Assembleia, e convocar já uma outra na forma das Instruções feitas para convocação desta,[...], que será duplicadamente mais liberal do que a extinta Assembleia acabou de fazer. Os meus Ministros e Secretários de Estado de todas as diferentes Repartições o tenham assim entendido e façam executar, a bem da salvação do Império.” Justificativa de D. Pedro I para dissolver a Assembleia Constituinte Rio de Janeiro, 12/11/1823 Outorgada em 25/03/1824. Defendida pelo imperador como “duplicadamente liberal”) Simplificação da Constituição da Mandioca (Continuava fiel aos interesses da elite rural). Definia o regime político como uma Monarquia Imperial, de caráter hereditário, constitucional e representativo, estabelecido por quatro poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário e Moderador. O Poder Moderador é uso exclusivo e pessoal do Imperador (sistema unitário) Religião Oficial: Católica, permitindo a tolerância religiosa (privado) Padroado (submissão da Igreja ao Estado) / Beneplácito (consentimento do Imperador)
Definia o cargo de Senador como vitalício e dava ao Imperador a autoridade para
nomear os Presidentes das Províncias (Estados). O sistema eleitoral manteria o critério censitário, excluindo a maioria da sociedade. Voto Censitário, descoberto, com eleições indiretas Exclusão de menores de 25 anos, padres, criados e escravos
Eleitores de Paróquia (renda mínima de 100.000 réis)
Eleitores Provinciais (renda mínima de 200.000 réis) Deputados (renda mínima de 400.000 réis) Senadores (renda mínima de 800.000 réis) A foi uma tentativa de estabelecer um governo republicano independente, no nordeste, em 1824. Envolveu as províncias de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. Dentre os motivos da revolta, podemos destacar o autoritarismo do Imperador, que nomeava pessoalmente os presidentes das províncias. Esta nomeação ignorava, muitas vezes, os interesses da população local. O caráter centralizador da Constituição de 1824 gerou um desconforto em muitas províncias brasileiras, como era o caso da politizada Pernambuco. O estopim para a eclosão da revolta foi a nomeação do Presidente da Província, sem o apoio político local. Rebeldes tomam o poder e proclamam a República da Confederação do Equador e adotam como orientação jurídica a Constituição da Colômbia. Repressão violenta do Império – (saque, destruição, assassinato) / Ajuda inglesa (capital) e mercenários por mar (Cochrane e Taylor)
Muitos foram presos e muitos rebeldes morreram em combate.
Paes de Andrade conseguiu fugir do país e Frei Caneca foi preso e condenado à forca. Como os carrascos de Recife recusaram-se a enforcá-lo, o frei carmelita foi fuzilado por ordem expressa de D. Pedro I. Outros envolvidos nas províncias do Ceará e Rio Grande do Norte foram fuzilados. A repressão, além da esperada, demonstrou a forma como o Imperador trataria qualquer movimento que contestasse sua autoridade. Foi um conflito que ocorreu entre 1825 a 1828, na Província Cisplatina, atual Uruguai, que foi incorporada ao Brasil em 1821, após quatro anos de lutas sangrentas contra as tropas de D. João VI. Porém, com costumes, tradições e língua diferentes, os uruguaios queriam formar um país independente. Em 1825, apoiados pela Argentina, começaram a luta contra o Brasil. Depois de três anos de combate, D. Pedro I teve que fazer um acordo. Brasil e Argentina reconheceram a independência do Uruguai. O conflito trouxe muitas mortes e perdas materiais para o Brasil. Por esse motivo, D. Pedro I enfrentou oposição cada vez mais forte por parte de muitos políticos e da população. NOVAES, Carlos Eduardo. História do Brasil para Principiantes. São Paulo: Ática, 2004
Como observamos, vários motivos levaram populares e políticos a exigir a renúncia de D.
Pedro I. Isto porque, o imperador resolvia os problemas de forma autoritária. Na Europa, a queda das forças absolutistas, como o caso de Carlos X da França, também influenciava na situação brasileira. A crise se aprofundou após a morte de D. João VI (1826), desencadeando a luta pela sucessão do trono de Portugal, gerando gastos e mais críticas. D. Pedro I abdica em favor de sua filha Maria da Glória, que teria como tutor D. Miguel (irmão de D. Pedro). Contudo D. Miguel tomou para si o trono português, provocando a reação de D. Pedro I. Os brasileiros não aprovaram as atitudes de D. Pedro I, que deveria se preocupar com os problemas do país e não podia usar recursos ou tropas nacionais para intervir em questões internas de Portugal, contribuindo para desgastar ainda mais o Imperador. Caricatura do francês Honoré Daumier ironizando a disputa pelo trono português (1832) Outro fator tornou a situação ainda mais difícil. Em 1830, o jornalista Líbero Badaró, de oposição, foi morto a tiros (a mando de um Juiz de Paz, que apoiava D. Pedro I). O imperador não permitiu as investigações sobre o crime. Além disso, a vida pessoal de D. Pedro I era muito criticada. D. Pedro tinha várias amantes. Uma delas, a Marquesa de Santos, ficou muito conhecida entre os brasileiros.
Tentando diminuir o clima de tensão, D. Pedro viaja para Minas
Gerais, onde é recebido com faixas de luto, vaias e protestos. O choque entre os partidários do imperador, e aqueles que eram contrários a ele, tornava-se cada vez mais violento, refletindo a crise e a instabilidade do período. Domitila de Castro – Marquesa de Para Saber um pouco mais: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/8- Santos, amante de D. Pedro I fatos-sobre-marquesa-de-santos-santa-das-prostitutas.phtml Ao retornar ao Rio de Janeiro, os portugueses, para demonstrar apoio a D. Pedro I, resolvem recepcioná-lo. Contudo, oposicionistas brasileiros entraram em conflito com os portugueses na chamada (13/03/1823). O apogeu da crise se deu com a nomeação do Ministério dos Brasileiros, logo substituído pelo Ministério dos Marqueses, de orientação absolutista Percebendo que tinha perdido a autoridade e o respeito da população, D. Pedro I resolveu abdicar, em 7 de abril 1831. Voltou para Portugal e deixou o trono para seu filho, Pedro de Alcântara, que tinha apenas cinco anos de idade. Como a Constituição estabelecia que, em caso de menoridade do sucessor legítimo, seria indicado um Representação dos confrontos que marcaram a Noite das Garrafadas. . Caricatura ironizando a entrega da Coroa por A abdicação de D. Pedro I, imperador do Brasil. Óleo sobre tela. Aurélio de Figueiredo. 1911 D. Pedro I ao seu filho Pedro de Alcantara.