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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA 12ª VARA DE

TRABALHO DE FLORIANÓPOLIS/SC

Processo nº 6532421-05.2021.5.12.0000

TREK AEROMOTORES S.A, já qualificada


nos autos da Ação Trabalhista nº 6532421-
05.2021.5.12.0000, já qualificada nos autos do
processo acima descrito, por seu advogado que
esta subscreve, na Reclamação Trabalhista
proposta por Mateus Kirk, inconformado com
a respeitável sentença contida nas fls. 12, 13,
vem, tempestiva e respeitosamente a presença
de Vossa Excelência, interpor

RECURSO ORDINÁRIO

Com base no artigo 895, inciso I, da CLT, de


acordo com as razões em anexo, as quais
requer que sejam recebidas e remetidas ao
Egrégio Tribunal Regional da 12ª Região.

Segue comprovante de recolhimento das custas e depósito recursal.

Termos em que,
Pede deferimento.

Florianópolis/SC, 5 de outubro de 2021.

_______________________ ______________________ ______________________


Pedro Martins OAB: XX/SC Edio Borges OAB: YY/SC Roger Cruz OAB: YX/ SC
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 12ª REGIÃO

Processo nº: 0002421-05.2021.5.12.0000


Recorrente: TREK AEROMOTORES S.A
Recorrido: MATEUS KIRK

Colenda turma,

RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO.

1. Pressupostos de Admissibilidade

O presente recurso é cabível em conformidade com o disposto no art. 895, I, da


CLT, e pugna pela reforma da sentença proferida pelo Juiz do Trabalho da Vara de
Araranguá/SC. Atentamente ao prazo tempestivo de 8 (oito) dias desde a intimação e com
todas as custas processuais já pagas conforme comprovante em anexo.
Logo, preenchidos os pressupostos de admissibilidade, requer seja o presente
recurso processado e o seu mérito apreciado.

2. Dos fatos

O recorrido alega que foi contratado em 02.04.2014 para trabalhar de segunda


a sexta feira, das 08h00 às 17h00, com uma hora de intervalo para refeição e descanso, e aos
sábados das 12h00 às 16h00, mas deveria desligar o seu computador e demais aparelhos
apenas após o seu expediente e, por isso, costumava sair do trabalho com atraso de 4 (quatro)
minutos diariamente, os quais pretende sejam considerados como horas extras; e foi demitido
por justa causa em 02.02.2016 não recebendo as férias proporcionais, apesar da previsão da
Convenção 132 da OIT.
Por consequência pleiteou a condenação nos 04 min como horas extras, férias
proporcionais e 1/3 e por consequência a multa dos art. 467 e 477 da CLT
Em audiência, embora a recorrente tenha levado testemunha para demonstrar a
inexistência dos fatos alegados na inicial, especialmente de que além de não serem devidas
horas extras, as mesmas não ocorriam, o Juiz indeferiu a sua oitiva, alegando que estava
suficientemente convencido sobre os fatos, ocasião em que o advogado consignou em ata os
seus protestos.
A sentença prolata pelo Juiz da Vara do Trabalho de Araranguá/SC, julgou
totalmente procedentes os pedidos, condenando a recorrente ao pagamento de horas extras
diante dos 4 (quatro) minutos que recorrido ficava além do expediente e das férias
proporcionais acrescidas de 1/3 e por consequência a multa dos art. 467 e 477 da CLT,
atribuindo à condenação o valor de R$10.000,00.

3. Do Direito

Por tópicos, seguem abaixo os motivos para o presente recurso, de forma a


esclarecer os pontos da sentença do Juiz de primeiro grau que a recorrido pugnará.

3.1. Das Horas Extras

As horas extra não são devidas, o tempo que o recorrido gastava para finalizar
seu dia de trabalho excedia uma pequena fração de tempo, que no direito positivado e na
jurisprudência pátria firmada, não deve ser considerado como hora extra o tempo que não
ultrapasse os dez minutos diários, sendo pagos tais minutos como horas simples.
Abaixo, Súmula 366 do TST, reforça o posicionamento da recorrente:
Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações de
horário do registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite
máximo de dez minutos diários. Se ultrapassado esse limite, será considerada como
extra a totalidade do tempo que exceder a jornada normal, pois configurado tempo à
disposição do empregador, não importando as atividades desenvolvidas pelo
empregado ao longo do tempo residual (troca de uniforme, lanche, higiene pessoal,
etc).

Com base no posicionamento do Tribunal Superior do Trabalho, a seguir,


jurisprudência também do TST a respeito do tema:
RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAORDINÁRIAS. MINUTOS QUE
ANTECEDEM E SUCEDEM A JORNADA DE TRABALHO. SÚMULA 366
DO C. TST. JORNADA CONTRATUAL. Segundo jurisprudência desta C.
Corte, consubstanciada na Súmula 366, "Não serão descontadas nem computadas
como jornada extraordinária as variações de horário do registro de ponto não
excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez minutos
diários.  Se ultrapassado esse limite, será considerada como extra a totalidade do
tempo que exceder a jornada normal ". Deve ser considerada, assim, a jornada
contratual do empregado para fins de cômputo dos minutos excedentes ao início e
término da jornada. Recurso de revista conhecido e provido.
[...]
RESOLVEU O EGRÉGIO TRIBUNAL, por maioria, JULGAR PROCEDENTE o
presente Incidente de Uniformização de Jurisprudência para, embora
reconhecendo a inexistência de horas extras, declarar que todos os tempos
registrados nos cartões de ponto sejam objeto de pagamento simples, salvo se não
exceder de dez minutos por dia, até o limite de 08 (oito) horas . (Grifei)

É visto que o tempo declarado pelo recorrido está dentro da carência de 10


(dez) minutos que a lei prevê e entende como hora simples, por isso, a recorrente pugna pelo
reajuste do montante que foi dado na sentença que antecede o presente recurso ordinário.

3.2. Das Férias Proporcionais

Inicialmente, com relação às férias em que a recorrente foi condenada a pagar,


cabe ressaltar que a convenção alegada em primeira instância como base pelo juiz já se deu
revogada pelo Decreto 10.088/2019.
Ao final da relação de trabalho entre as partes, a demissão por justa causa
exclui do empregado o direito as férias proporcionais. Fortalecendo com base na lei, dispõe o
art. 146, caput, e parágrafo único, da CLT, a respeito das férias em demissão por justa causa:
Art. 146 - Na cessação do contrato de trabalho, qualquer que seja a sua causa, será
devida ao empregado a remuneração simples ou em dobro, conforme o caso,
correspondente ao período de férias cujo direito tenha adquirido.
Parágrafo único - Na cessação do contrato de trabalho, após 12 (doze) meses de
serviço, o empregado, desde que não haja sido demitido por justa causa, terá direito
à remuneração relativa ao período incompleto de férias, de acordo com o art. 130, na
proporção de 1/12 (um doze avos) por mês de serviço ou fração superior a 14
(quatorze) dias. (Grifei).

O Tribunal Superior do Trabalho, em seu caderno de súmulas, dispõe na 171


que:
FÉRIAS PROPORCIONAIS. CONTRATO DE TRABALHO. EXTINÇÃO
Salvo na hipótese de dispensa do empregado por justa causa, a extinção do contrato
de trabalho sujeita o empregador ao pagamento da remuneração das férias
proporcionais, ainda que incompleto o período aquisitivo de 12 (doze) meses (art.
147 da CLT) (ex-Prejulgado nº 51).
Com base na súmula 171, abaixo, jurisprudência do TST:
RECURSO DE REVISTA. DISPENSA POR JUSTA CAUSA. FÉRIAS
PROPORCIONAIS. SÚMULA 171/TST . Nos termos da Súmula 171/TST, a
extinção do contrato de trabalho, na hipótese de dispensa do empregado por justa
causa, não sujeita o empregador ao pagamento da remuneração das férias
proporcionais. Recurso de revista conhecido e provido.

Apresentados os argumentos, requer que seja reformado a sentença de primeiro grau no


tocante as férias proporcionais devidas para o reclamado, assim, excluindo-as do total a ser pago pela
recorrente.

3.3. Das Multas

As multas a que o Juiz condenou a recorrente estão previstas no art. 466 e 477,
§8º, ambos da CLT.
Todas elas merecem reforma tendo em vista os comprovantes anexados ao
processo, demonstrando o pagamento do valor correto e dentro do prazo legal.

3.4. Do Cerceamento de Defesa

Alegando convencimento sobre os fatos apresentados pelo recorrido, o juiz


cerceou a defesa da recorrente, indeferiu a oitiva de importante testemunha, que tinha
compromisso com a verdade em declarar a inexistência dos fatos alegados na inicial,
especialmente em relação às horas extras, que eram devidas, e também que as mesmas não
ocorriam.
O direito à legitima defesa é garantido constitucionalmente pelo art. 5º, inciso
LV. O indeferimento de oitiva de testemunha já foi apreciado pelo Tribunal Regional do
Trabalho, assim, temos a manifestação a seguir:
NULIDADE DO JULGADO. CERCEAMENTO DE DEFESA.
INDEFERIMENTO DE OITIVA DE TESTEMUNHA. Caracteriza violação ao
art. 5º, LV, da CF/88 o indeferimento de oitiva de testemunha, desde que dentro do
número previsto em lei e registrados os competentes protestos nos momentos
oportunos, quando decisão desfavorável à parte está fundamentada na ausência de
prova válida e a matéria admite tal modalidade probatória. Nulidade do julgado que
se impõe com retorno dos autos à origem para a produção da prova obstada.
Aplicação dos arts. 794 e 795 da CLT e de precedentes desta Câmara. (TRT12 -
ROT - 0000006-73.2019.5.12.0004, CARLOS ALBERTO PEREIRA DE CASTRO,
1ª Câmara, Data de Assinatura: 11/12/2020).

É evidente o dano causado a recorrente que teve julgamento desfavorável e em


desconformidade com as fontes do direito, assim, almeja com o presente recurso, que seja
declarada nula a sentença do Juiz da Vara do Trabalho de Araranguá, com base no exposto.
4. Dos Pedidos

Diante do exposto, requer-se:


a) o conhecimento do presente recurso ordinário;
b) o provimento do recurso, tendo o mesmo atendido aos pressupostos de
admissibilidade, com a finalidade de reformar a decisão que o antecede, no tocante aos
temas especificados, e na nulidade do julgamento como um todo, apresentado o
direito;
c) a notificação do Recorrido para se manifestar;
d) a condenação ao do recorrido ao pagamento das custas e honorários sucumbenciais.

Nestes termos, pede e espera deferimento.

Florianópolis/SC, 5 de outubro de 2021.

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Pedro Martins OAB: XX/SC Edio Borges OAB: YY/SC Roger Cruz OAB: YX/ SC

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